Um dos
veículos que integram o Quadro de Material Bélico é o Cascavel. Na foto,
duas viaturas Cascavel, durante o desfile alusivo ao Dia da
Independência, popular 7 de Setembro, em Porto Alegre (RS). - Foto:
Gustavo Nardon/Defesanet
As origens do Material Bélico (Mat Bel)
remontam ao Brasil Colônia, quando aqui se procurou organizar uma
estrutura embrionária de manutenção para os equipamentos das forças
militares. Não existiam estabelecimentos fabris, o que acarretou grandes
dificuldades para as atividades de manutenção e suprimento das armas e
demais petrechos de guerra.
Nesse contexto, em 1762, na Capitania do Rio de Janeiro, foi fundada a primeira unidade específica de material bélico, a CASA DO TREM. Esta denominação provém da expressão portuguesa “Trem de Artilharia”, que compreendia todo o material bélico utilizado pelas tropas.
No brasão de armas da Casa do Trem, estavam sobrepostos dois canhões coloniais cruzados, os quais, até hoje, são ostentados orgulhosamente pelos matbelianos em seus uniformes, como guardiões de uma tradição de mais de dois séculos.Com a vinda da Família Real, novas medidas foram implementadas por determinação do Príncipe Regente D. João. Em 1810, criou-se a Companhia de Artífices, que passou a formar mão de obra especializada para o Arsenal Real, em substituição aos soldados que, até então, eram oriundos dos Regimentos de Artilharia.
Em 1811, D. João mandou criar a Real Junta de Fazenda dos Arsenais, Fábricas e Fundição da Capitania do Rio de Janeiro, nomeando seu primeiro presidente o Tenente-General Carlos Antônio Napion, que já havia exercido cargo semelhante em Portugal.
O Tenente-General Carlos Antônio Napion nasceu em Turim (Itália), em 30 de outubro de 1757. Sua história confunde-se com os primórdios do Material Bélico no Brasil.
Em 1800, após a conquista da Itália por Napoleão, o Ten Gen Napion passou a servir ao Reino de Portugal, vindo para o Brasil em 1808, na comitiva da Família Real. Aqui chegando, foram-lhe atribuídas múltiplas e difíceis missões ligadas à defesa e à implantação da indústria e do ensino militar superior.
No setor de Material Bélico, criou e dirigiu a Fábrica de Pólvora da Lagoa e o Arsenal Real do Exército, origem do atual Arsenal de Guerra do Rio de Janeiro. Foi também Inspetor Geral de Artilharia, aprimorando a estrutura das fortalezas da Colônia e ampliando a Real Fábrica de Armas da Conceição. Tais organizações foram as raízes da estrutura de Material Bélico no Exército Brasileiro.
Como presidente da Junta Militar da Academia Real Militar, criada por D. João, em 1810, coube ao Ten Gen Napion organizá-la e dirigi-la, fato este que lhe conferiu o privilégio de ter sido o primeiro comandante das Academias Militares em terras brasileiras e ter o seu nome em primeiro lugar na galeria de ex-comandantes da Academia Militar das Agulhas Negras, permanecendo nesta função até a sua morte, em 27 de junho de 1814.
O precioso legado de suas profícuas realizações tornou-o merecedor do reconhecimento da Instituição e do País, que o consagrou Patrono do Quado de Material Bélico
Após a independência, novos arsenais foram construídos no Rio Grande do Sul, na Bahia e em São Paulo, os quais, juntamente com o “Trem de Mato Grosso”, incumbiram-se de realizar, naquelas regiões, as atividades do apoio de Material Bélico. Espingardeiros, coronheiros e artífices disseminavam, assim, as tradições que o matbeliano de hoje trabalha por honrar.
A Guerra da Tríplice Aliança representou o ponto alto da atuação dos arsenais e fábricas no século XIX. Afora a deficiência de suprimentos, o então Marquês de Caxias deparou-se com a precariedade do material bélico existente. Em sua preparação para a arrancada vitoriosa, o invicto General reequipou a Infantaria e a Cavalaria, bem como dotou a Artilharia com novas peças, fabricadas, em sua maior parte, no País, a fim de reduzir ao máximo a dependência da importação de armamento e munição, indispensáveis às operações de guerra.
Durante a República, em 1915, instituiu-se, no Exército Brasileiro, o Serviço de Material Bélico e, três anos depois, foi inaugurado, no Rio de Janeiro, o Depósito Central de Material Bélico, com a missão de estocar o armamento e a munição da então denominada Diretoria de Material Bélico.
O Estado-Maior do Exército criou, na década de 1930, a Seção de Motomecanização. Em 1938, os blindados Renault, adquiridos na década anterior, foram substituídos pelos carros Ansaldo, de fabricação italiana, que passaram a mobiliar o recém-criado Esquadrão de Autometralhadoras. Mais tarde, tornou-se o Centro de Instrução de Motorização e Mecanização (CIMM), primeiro centro de instrução de Material Bélico. Em 1942, o CIMM transformou-se em Escola de Motomecanização, sob o comando do então Tenente-Coronel Artur da Costa e Silva, futuro Presidente da República.
Durante a Segunda Guerra Mundial, implementou-se a 1ª Companhia Leve de Manutenção, integrante da 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária, a qual foi organizada em três pelotões: o de suprimentos, o de evacuação e reparação auto e o de reparação de armamento, além de uma seção de comando. Fruto das experiências colhidas na campanha da Itália, o Exército reformulou seu apoio de Material Bélico, criando, em 1946, batalhões de manutenção e companhias de manutenção leves, médias e especiais.
Como consequência natural de toda essa evolução, em 1959, foi criado o mais novo componente operacional do Exército, o Quadro de Material Bélico. Sua lei de criação estabelecia que o Material Bélico tivesse as seguintes finalidades:
“Reunir, num só quadro, todos os oficiais que exerçam funções relativas à pesquisa, estudo, fabricação, recuperação, armazenamento e manutenção de material bélico: armamento, munições e explosivos, material de guerra química, instrumentos e equipamentos de observação e direção de tiro,
viaturas, combustíveis e lubrificantes;
Prover as necessidades em pessoal especializado para o exercício de funções de direção, chefia e comando e execução em órgãos da alta administração do Ministério da Guerra, diretorias incumbidas do suprimento, manutenção e fabricação de material bélico, serviços dos grandes comandos, fábricas, arsenais, parques e depósitos, bem como unidades de manutenção.”
Em 1986, com a aprovação pelo Estado-Maior do Exército do manual de campanha C 9-1 – Emprego do Material Bélico, definiu-se a doutrina de emprego até hoje vigente, atribuindo-se ao Quadro, desde então, missões de combate, de apoio ao combate e de apoio logístico.
As missões de combate consistem no seu emprego como arma base e englobam a defesa de seus locais de trabalho, a sua própria proteção em marchas e estacionamentos, as ações preventivas e repressivas como integrante de forças de segurança de área de retaguarda e, mesmo, o seu emprego como infantaria em situações excepcionais de combate.
As missões de apoio ao combate compreendem a destruição e remoção de granadas e bombas, as informações e a assistência técnica, a defesa química, biológica e nuclear, as inspeções e o estabelecimento de normas técnicas.
As missões logísticas, razão inicial da criação do Material Bélico, são cumpridas por meio de atividades de suprimento e manutenção dos materiais de defesa, da coleta e evacuação do material salvado e capturado; em situações peculiares, essas missões poderão incluir o transporte de material de defesa.
Em síntese, cabe ao Material Bélico assegurar o apoio cerrado e contínuo, que confere o poder de fogo e a mobilidade ao Exército Brasileiro. O renascimento da Aviação do Exército e as recentes operações de manutenção de paz têm demonstrado que, sem um eficiente apoio de Material Bélico, tais missões ficam seriamente comprometidas.
Sendo assim, com as perspectivas de o Brasil se firmar cada vez mais como uma liderança no cenário internacional, aliado ao fato de o País possuir uma das maiores reservas de biodiversidade do planeta, cresce em importância a aquisição, por parte do Exército Brasileiro, de modernos materiais de defesa capazes de garantir a operacionalidade da tropa em ambientes de combate com características assimétricas. Nesse sentido, os integrantes do Quadro de Material Bélico vêm buscando seu constante aperfeiçoamento, a fim de estar à altura dos novos desafios advindos do combate moderno.
Nesse contexto, em 1762, na Capitania do Rio de Janeiro, foi fundada a primeira unidade específica de material bélico, a CASA DO TREM. Esta denominação provém da expressão portuguesa “Trem de Artilharia”, que compreendia todo o material bélico utilizado pelas tropas.
No brasão de armas da Casa do Trem, estavam sobrepostos dois canhões coloniais cruzados, os quais, até hoje, são ostentados orgulhosamente pelos matbelianos em seus uniformes, como guardiões de uma tradição de mais de dois séculos.Com a vinda da Família Real, novas medidas foram implementadas por determinação do Príncipe Regente D. João. Em 1810, criou-se a Companhia de Artífices, que passou a formar mão de obra especializada para o Arsenal Real, em substituição aos soldados que, até então, eram oriundos dos Regimentos de Artilharia.
Em 1811, D. João mandou criar a Real Junta de Fazenda dos Arsenais, Fábricas e Fundição da Capitania do Rio de Janeiro, nomeando seu primeiro presidente o Tenente-General Carlos Antônio Napion, que já havia exercido cargo semelhante em Portugal.
O Tenente-General Carlos Antônio Napion nasceu em Turim (Itália), em 30 de outubro de 1757. Sua história confunde-se com os primórdios do Material Bélico no Brasil.
Em 1800, após a conquista da Itália por Napoleão, o Ten Gen Napion passou a servir ao Reino de Portugal, vindo para o Brasil em 1808, na comitiva da Família Real. Aqui chegando, foram-lhe atribuídas múltiplas e difíceis missões ligadas à defesa e à implantação da indústria e do ensino militar superior.
No setor de Material Bélico, criou e dirigiu a Fábrica de Pólvora da Lagoa e o Arsenal Real do Exército, origem do atual Arsenal de Guerra do Rio de Janeiro. Foi também Inspetor Geral de Artilharia, aprimorando a estrutura das fortalezas da Colônia e ampliando a Real Fábrica de Armas da Conceição. Tais organizações foram as raízes da estrutura de Material Bélico no Exército Brasileiro.
Como presidente da Junta Militar da Academia Real Militar, criada por D. João, em 1810, coube ao Ten Gen Napion organizá-la e dirigi-la, fato este que lhe conferiu o privilégio de ter sido o primeiro comandante das Academias Militares em terras brasileiras e ter o seu nome em primeiro lugar na galeria de ex-comandantes da Academia Militar das Agulhas Negras, permanecendo nesta função até a sua morte, em 27 de junho de 1814.
O precioso legado de suas profícuas realizações tornou-o merecedor do reconhecimento da Instituição e do País, que o consagrou Patrono do Quado de Material Bélico
Após a independência, novos arsenais foram construídos no Rio Grande do Sul, na Bahia e em São Paulo, os quais, juntamente com o “Trem de Mato Grosso”, incumbiram-se de realizar, naquelas regiões, as atividades do apoio de Material Bélico. Espingardeiros, coronheiros e artífices disseminavam, assim, as tradições que o matbeliano de hoje trabalha por honrar.
A Guerra da Tríplice Aliança representou o ponto alto da atuação dos arsenais e fábricas no século XIX. Afora a deficiência de suprimentos, o então Marquês de Caxias deparou-se com a precariedade do material bélico existente. Em sua preparação para a arrancada vitoriosa, o invicto General reequipou a Infantaria e a Cavalaria, bem como dotou a Artilharia com novas peças, fabricadas, em sua maior parte, no País, a fim de reduzir ao máximo a dependência da importação de armamento e munição, indispensáveis às operações de guerra.
Durante a República, em 1915, instituiu-se, no Exército Brasileiro, o Serviço de Material Bélico e, três anos depois, foi inaugurado, no Rio de Janeiro, o Depósito Central de Material Bélico, com a missão de estocar o armamento e a munição da então denominada Diretoria de Material Bélico.
O Estado-Maior do Exército criou, na década de 1930, a Seção de Motomecanização. Em 1938, os blindados Renault, adquiridos na década anterior, foram substituídos pelos carros Ansaldo, de fabricação italiana, que passaram a mobiliar o recém-criado Esquadrão de Autometralhadoras. Mais tarde, tornou-se o Centro de Instrução de Motorização e Mecanização (CIMM), primeiro centro de instrução de Material Bélico. Em 1942, o CIMM transformou-se em Escola de Motomecanização, sob o comando do então Tenente-Coronel Artur da Costa e Silva, futuro Presidente da República.
Durante a Segunda Guerra Mundial, implementou-se a 1ª Companhia Leve de Manutenção, integrante da 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária, a qual foi organizada em três pelotões: o de suprimentos, o de evacuação e reparação auto e o de reparação de armamento, além de uma seção de comando. Fruto das experiências colhidas na campanha da Itália, o Exército reformulou seu apoio de Material Bélico, criando, em 1946, batalhões de manutenção e companhias de manutenção leves, médias e especiais.
Como consequência natural de toda essa evolução, em 1959, foi criado o mais novo componente operacional do Exército, o Quadro de Material Bélico. Sua lei de criação estabelecia que o Material Bélico tivesse as seguintes finalidades:
“Reunir, num só quadro, todos os oficiais que exerçam funções relativas à pesquisa, estudo, fabricação, recuperação, armazenamento e manutenção de material bélico: armamento, munições e explosivos, material de guerra química, instrumentos e equipamentos de observação e direção de tiro,
viaturas, combustíveis e lubrificantes;
Prover as necessidades em pessoal especializado para o exercício de funções de direção, chefia e comando e execução em órgãos da alta administração do Ministério da Guerra, diretorias incumbidas do suprimento, manutenção e fabricação de material bélico, serviços dos grandes comandos, fábricas, arsenais, parques e depósitos, bem como unidades de manutenção.”
Em 1986, com a aprovação pelo Estado-Maior do Exército do manual de campanha C 9-1 – Emprego do Material Bélico, definiu-se a doutrina de emprego até hoje vigente, atribuindo-se ao Quadro, desde então, missões de combate, de apoio ao combate e de apoio logístico.
As missões de combate consistem no seu emprego como arma base e englobam a defesa de seus locais de trabalho, a sua própria proteção em marchas e estacionamentos, as ações preventivas e repressivas como integrante de forças de segurança de área de retaguarda e, mesmo, o seu emprego como infantaria em situações excepcionais de combate.
As missões de apoio ao combate compreendem a destruição e remoção de granadas e bombas, as informações e a assistência técnica, a defesa química, biológica e nuclear, as inspeções e o estabelecimento de normas técnicas.
As missões logísticas, razão inicial da criação do Material Bélico, são cumpridas por meio de atividades de suprimento e manutenção dos materiais de defesa, da coleta e evacuação do material salvado e capturado; em situações peculiares, essas missões poderão incluir o transporte de material de defesa.
Em síntese, cabe ao Material Bélico assegurar o apoio cerrado e contínuo, que confere o poder de fogo e a mobilidade ao Exército Brasileiro. O renascimento da Aviação do Exército e as recentes operações de manutenção de paz têm demonstrado que, sem um eficiente apoio de Material Bélico, tais missões ficam seriamente comprometidas.
Sendo assim, com as perspectivas de o Brasil se firmar cada vez mais como uma liderança no cenário internacional, aliado ao fato de o País possuir uma das maiores reservas de biodiversidade do planeta, cresce em importância a aquisição, por parte do Exército Brasileiro, de modernos materiais de defesa capazes de garantir a operacionalidade da tropa em ambientes de combate com características assimétricas. Nesse sentido, os integrantes do Quadro de Material Bélico vêm buscando seu constante aperfeiçoamento, a fim de estar à altura dos novos desafios advindos do combate moderno.
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