O governo deve anunciar, nesta terça-feira (4)
um plano de investimentos de R$ 25 bilhões em cinco anos para a construção de
silos, com o objetivo de melhorar as condições de armazenamento e auxiliar o
escoamento da produção de grãos. As áreas beneficiadas se localizam em regiões
onde há maior deficiência na infraestrutura para estocagem da safra. O
lançamento coincide com o anúncio do novo Plano de Safra Agrícola e Pecuário
2013/14, que deve somar R$ 136 bilhões.Uma das novidades é a inclusão de empresas
produtoras de cereais entre os beneficiários do programa de incentivo à
armazenagem, que antes só contemplava os produtores rurais e suas cooperativas.Os juros serão subvencionados com dinheiro
público, o que permitirá a oferta de uma taxa de 3,5% ao ano. Como a inflação
está acima desse patamar, na prática serão juros reais negativos.O governo pretende que os repasses de recursos
pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) às
instituições financeiras incentivem a construção de armazéns que permitam
aumentar em 13 milhões de toneladas por ano a capacidade estática de
armazenagem do País.O plano prevê a liberação de R$ 5 bilhões de
financiamento ao ano, de forma a elevar a capacidade nacional de armazenamento
em um total de 65 milhões de toneladas.O impacto real, porém, não será imediato, já que
cada armazém leva, em média, dois anos para ser construído. Se não houver
atrasos, os novos silos estarão prontos em sete anos.O governo também avaliou a questão da capacidade
dos fabricantes de atender à demanda pela construção de armazéns. Conversou com
a indústria e deixou claro que, se os custos subirem e os preços ficarem mais
altos por causa da demanda que será criada com o plano, não hesitará em liberar
a importação de matérias-primas, incluindo o aço.Hoje, a chamada capacidade estática de
armazenagem é de 145 milhões de toneladas, aí incluídos os 96 armazéns públicos
e os 265 privados espalhados pelo País.Só que a safra estimada no momento é de 184
milhões de toneladas o que daria um déficit de armazenamento de grãos de cerca
de 39 milhões. O governo federal, com seus 96 armazéns públicos, tem capacidade
para guardar apenas 3,2 milhões de toneladas.A FAO, órgão das Nações Unidas para Agricultura
e Alimentação, recomenda que os países tenham 20% a mais de capacidade estática
de armazenagem. E essa é a meta do governo federal, embora não deva ser
concretizada.Com esse plano de financiamento para construção
de silos, a capacidade estática cresceria para 210 milhões de toneladas,
considerando que a produção ficasse estagnada em 184 milhões de grãos ao ano.
Só que o volume ideal recomendado seria de 220 milhões de toneladas, diante do
tamanho da safra.A ideia do governo é descentralizar a estocagem
de alimentos com a transferência para novas regiões e assim facilitar o
escoamento de grãos. A prioridade é a nova fronteira agrícola batizada de
Matopiba, que representa as iniciais de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.
Mato Grosso e Paraná, tradicionais produtores de grãos, também apresentam
graves problemas de falta de armazéns e receberão financiamentos para a
construção de locais, com o objetivo de evitar que os produtos continuem a
ficar a céu aberto.
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