A presidente Dilma Rousseff disse em entrevista publicada nesta quarta-feira por um jornal britânico que o Brasil foi o último "almoço grátis" no mundo para os bancos internacionais, e que o futuro brasileiro está em atividades produtivas que "fazem bem ao país".
Em entrevista concedida ao jornal econômico "Financial Times", Dilma fez referência à queda da taxa de juros durante o seu governo, que diminuiu a rentabilidade dos bancos que operam no Brasil e incentivou setores produtivos como a indústria.
A entrevista, assinada pelo correspondente do jornal em São Paulo, Joe Leahy, diz: "O Brasil foi o último almoço grátis no mundo para os bancos, afirma ela [Dilma], em referência aos altos juros que eles cobram aqui de seus clientes."
Dilma disse ao jornal: "Nós estamos voltando a um patamar com níveis normais de lucratividade. Isso significa que alguns de nós terão de começar a buscar lucros adequados em atividades produtivas que são boas para o país."
Energia, aeroportos e pobreza
O texto do jornal – intitulado "Nós queremos um Brasil de classe média, diz Dilma" – lembra que a presidente tem se empenhado neste ano a reduzir os juros cobrados por bancos. A entrevista coincide com o lançamento da versão impressa do Financial Times, em inglês, em algumas cidades brasileiras.
A reportagem – que mistura trechos da entrevista de Dilma ao jornal com análises de economistas e cientistas políticos brasileiros e impressões do autor do texto – faz um balanço das medidas econômicas tomadas pela presidente neste ano.
Entre as medidas destacadas pelo jornal, está a redução da tarifa de energia cobrada pelas companhias brasileiras – que exigiu um esforço de negociação do governo e uma renúncia fiscal a impostos federais.
"Isso é muito importante porque precisamos reduzir os custos [de se produzir no Brasil]", disse Dilma ao jornal. O Financial Times diz que o resultado da medida foi energia mais barata em até 16% para consumidores e 28% para indústrias.
O jornal também lembra que Dilma colocou três grandes aeroportos brasileiros – de Guarulhos, Viracopos e Brasília – sob administração de operadores privados, uma medida considerada "crucial" para a preparação do Brasil para sediar a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016.
"Nós queremos parceiros do setor privado de qualquer origem", disse Dilma ao jornal.
"Nós estamos voltando a um patamar com níveis normais de lucratividade. Isso significa que alguns de nós terão de começar a buscar lucros adequados em atividades produtivas que são boas para o país."
Dilma Rousseff, em entrevista ao Financial Times
A presidente também falou ao "Financial Times" sobre a redução no nível de pobreza durante os dez anos de gestão do PT da Presidência da República."Isso, eu acho, é um ganho muito importante para o Brasil – ou seja, transformar o Brasil em uma população de classe média. Nós queremos isso; nós queremos um Brasil de classe média", afirmou a presidente ao jornal.
No artigo, o Financial Times diz que o Brasil teve "progresso notável" nos últimos anos, mas alerta que economia está "lentamente desacelerando ao ponto de rastejar".
"Rousseff precisa achar um novo modelo de desenvolvimento. Em um mundo afetado por crise econômica, a questão é se ela conseguirá implementar as mudanças necessárias para dar uma arrancada em uma segunda década de crescimento", escreve o autor da reportagem. "Isso inclui enfrentar os problemas espinhosos de falta de competitividade e altos custos de trabalho do Brasil."
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