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Enquanto isso, o periódico francês Fígaro,
citando diplomatas da União Europeia, divulgou os números assustadores:
cerca de 800 voluntários jihadistas, procedentes da UE, estão combatendo
hoje nas fileiras de opositores ao regime do Presidente sírio. À luz
disso, quem é que pode ser acusado de intervenção e de fomento das
atrocidades? O jornal informa ainda que a maioria de extremistas da
Europa aderiu às organizações ligadas à Al-Qaeda e, antes de mais, ao
grupo terrorista Jabhat al-Nusra, que recentemente prestou “juramento de
fidelidade” à Al-Qaeda.
Recorde-se que a Al-Qaeda
reuniu os islamistas radicais sunitas que qualificam o governo de Bashar
Assad de “ateísta”. É para eles que a Europa pretende agora fornecer as
armas e munições. Em 27 de maio, os ministros das Relações Exteriores
dos países-membros da UE tencionam levantar o embargo aos fornecimentos
de armas para a Síria. A jornalista argelina Nabila Ramdani, autora de
monografias sobre conflitos no Oriente Médio, considera que o Ocidente
se tornou, de facto, um fornecedor de armas para os terroristas e um
lobista dos interesses de sunitas radicais da Arábia Saudita.
“Em
princípio, a Arábia Saudita gostaria de expandir o domínio da sua
religião – o sunismo – à região inteira. Além disso, pretende reduzir ao
mínimo a influência da minoria islâmica shiita. A Síria tem pouca
sorte: ela se transformou num campo de batalha pelo poder entre os
sunitas e shiitas. E, uma vez que os shiitas são apoiados pelo Irã e
pela Hezbollah, ambas as forças estão sendo demonizadas tanto por
ideólogos sauditas, como por seus aliados ocidentais. Assim, os radicais
sauditas obtiveram um aliado na pessoa do Ocidente.”
Resta
saber, contudo, como o auxílio prestado aos fanáticos sunitas e aos
terroristas, que ostentam o canibalismo perante as câmaras, combina na
Europa e nos EUA com as conversas sobre os direitos do homem e a
democracia. De notar que tais incongruências se iniciaram ainda no
período em que a OTAN apoiava os extremistas islâmicos no Kosovo. O
Figaro destaca que, no meio de centenas de milícias europeus que
combatem na Síria, figuram muitos extremistas oriundos do Kosovo. Há,
contudo uma centena de combatentes procedentes da Grã-Bretanha, cerca de
80 islamistas da Bélgica e, além disso, dezenas de terroristas,
titulares de passaportes da Dinamarca, Irlanda e Alemanha.
Em
paralelo com o encontro dedicado ao levantamento do embargo, os
representantes diplomáticos da UE vão discutir o futuro destino dos
jihadistas quando estes regressarem aos seus lares. Duvidamos que a sua
experiência de combate possa contribuir para um ambiente de paz em suas
casas.
O periódico realça que as autoridades judiciárias
da UE dificilmente podem chamar à responsabilidade as pessoas que lutam
contra um regime demonizado pelos próprios países comunitários.
Entretanto, não resultam em nada as acusações lançadas à Rússia e ao
Irã, segundo as quais o Presidente Assad se mantém no poder “graças às
armas russas e iranianas”. Mohammed Morandi, decano da Faculdade de
Pesquisas Internacionais junto da Universidade Estatal de Teerã, não
partilha esta abordagem, apontando para as falhas cometidas pelo governo
dos EUA que subestimou a popularidade do regime de Bashar Assad.
“Os
extremistas estão ganhando força em todos os países do Oriente Médio.
Mas isto acontece na sequência da política dos EUA que apoia os regimes a
criarem condições propícias para o crescimento do número de
extremistas, em primeiro lugar – a Arábia Saudita e o Qatar.”
O
itinerário de fornecimentos de armas aos rebeldes sírios é bem
conhecido. O dinheiro do Qatar e da Arábia Saudita vai para os mercados
da Turquia de onde as armas, através da fronteira controlada por
rebeldes, se espalham pelo país inteiro. Existem depósitos de armas na
Jordânia e no Líbano vizinhos. Eis de onde, como se dizia nos tempos
antigos, advém a ameaça à paz.
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