sexta-feira, 5 de setembro de 2014

O Brasil Real - de 2002 a 2013 05/09/2014


Enviado por [*] Luiz Alberto de Vianna Moniz Bandeira
Gráficos: redecastorphoto




Orçamento da Saúde 1995 -2014
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Dívida Pública como porcentagem do PIB
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Percentuais em relação ao PIB
Gráfico elaborado por Laury A. Bueno
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O Brasil de 2002 a 2013

1. Produto Interno Bruto:
2002 – R$ 1,48 trilhões
2013 – R$ 4,84 trilhões

2. PIB per capita:
2002 – R$ 7,6 mil
2013 – R$ 24,1 mil

3. Dívida líquida do setor público:
2002 – 60% do PIB
2013 – 34% do PIB

4. Lucro do BNDES:
2002 – R$ 550 milhões
2013 – R$ 8,15 bilhões

5. Lucro do Banco do Brasil:
2002 – R$ 2 bilhões
2013 – R$ 15,8 bilhões

6. Lucro da Caixa Econômica Federal:
2002 – R$ 1,1 bilhões
2013 – R$ 6,7 bilhões

7. Produção de veículos:2002 – 1,8 milhões
2013 – 3,7 milhões

8. Safra Agrícola:
2002 – 97 milhões de toneladas
2013 – 188 milhões de toneladas

9. Investimento Estrangeiro Direto:
2002 – 16,6 bilhões de dólares
2013 – 64 bilhões de dólares

10. Reservas Internacionais:
2002 – 37 bilhões de dólares
2013 – 375,8 bilhões de dólares

11. Índice Bovespa:
2002 – 11.268 pontos
2013 – 51.507 pontos

12. Empregos Gerados:
Governo FHC – 627 mil/ano
Governos Lula e Dilma – 1,79 milhões/ano

13. Taxa de Desemprego:
2002 – 12,2%
2013 – 5,4%

14. Valor de Mercado da Petrobras:
2002 – R$ 15,5 bilhões
2014 – R$ 104,9 bilhões

15. Lucro médio da Petrobras:
Governo FHC – R$ 4,2 bilhões/ano
Governos Lula e Dilma – R$ 25,6 bilhões/ano

16. Falências Requeridas em Média/ano:
Governo FHC – 25.587
Governos Lula e Dilma – 5.795

17. Salário Mínimo:
2002 – R$ 200 (1,42 cestas básicas)
2014 – R$ 724 (2,24 cestas básicas)

18. Dívida Externa em Relação às Reservas:
2002 – 557%
2014 – 81%

19. Posição entre as Economias do Mundo:
2002 - 13ª
2014 - 7ª

20. PROUNI – 1,2 milhões de bolsas

21. Salário Mínimo Convertido em Dólares:
2002 – 86,21
2014 – 305,00

22. Passagens Aéreas Vendidas:
2002 – 33 milhões
2013 – 100 milhões

23. Exportações:
2002 – 60,3 bilhões de dólares
2013 – 242 bilhões de dólares

24. Inflação Anual Média:
Governo FHC – 9,1%
Governos Lula e Dilma – 5,8%

25. PRONATEC – 6 Milhões de pessoas

26. Taxa Selic:
2002 – 18,9%
2012 – 8,5%

27. FIES – 1,3 milhões de pessoas com financiamento universitário

28. Minha Casa Minha Vida –1,5 milhões de famílias beneficiadas

29. Luz Para Todos – 9,5 milhões de pessoas beneficiadas

30. Capacidade Energética:
2001 - 74.800 MW
2013 - 122.900 MW

31. Criação de 6.427 creches

32. Ciência Sem Fronteiras –100 mil beneficiados

33. Mais Médicos(Aproximadamente 14 mil novos profissionais): 50 milhões de beneficiados

34. Brasil Sem Miséria –Retirou 22 milhões da extrema pobreza

35. Criação de Universidades Federais:Governos Lula e Dilma - 18
Governo FHC - zero

36. Criação de Escolas Técnicas:
Governos Lula e Dilma - 214
Governo FHC - 0

De 1500 até 1994 - 140

37. Desigualdade Social:
Governo FHC - Queda de 2,2%
Governo PT - Queda de 11,4%

38. Produtividade:
Governo FHC - Aumento de 0,3%
Governos Lula e Dilma - Aumento de 13,2
%

39. Taxa de Pobreza:
2002 - 34%
2012 - 15%

40. Taxa de Extrema Pobreza:
2003 - 15%
2012 - 5,2%

41. Índice de Desenvolvimento Humano:
2000 - 0,669
2005 - 0,699
2012 - 0,730

42. Mortalidade Infantil:
2002 - 25,3 em 1000 nascidos vivos
2012 - 12,9 em 1000 nascidos vivos

43. Gastos Públicos em Saúde:
2002 - R$ 28 bilhões
2013 - R$ 106 bilhões

44. Gastos Públicos em Educação:
2002 - R$ 17 bilhões
2013 - R$ 94 bilhões

45. Estudantes no Ensino Superior:
2003 - 583.800
2012 - 1.087.400

46. Risco Brasil (IPEA):
2002 - 1.446
2013 - 224

47. Operações da Polícia Federal:
Governo FHC - 48
Governo PT - 1.273 (15 mil presos)

48. Varas da Justiça Federal:
2003 - 100
2010 - 513

49. 38 milhões de pessoas ascenderam à Nova Classe Média (Classe C)

50. 42 milhões de pessoas saíram da miséria
FONTES:
42 - OMS, Unicef, Banco Mundial e ONU
37 - índice de GINI: www.ipeadata.gov.br
45 - Ministério da Educação
13 – IBGE
26 - Banco Mundial
___________________________

[*] Luiz Alberto de Vianna Moniz Bandeira, mais conhecido como Moniz Bandeira (Salvador, 30 de Dezembro de 1935), é um professor universitário, cientista político e historiador luso-brasileiro, especialista em política exterior do Brasil e suas relações internacionais, principalmente com a Argentina e os Estados Unidos, sendo autor de várias obras, publicadas no Brasil e na Argentina, bem como em outros países.
Formado em Direito, doutorou-se em Ciência Política pela Universidade de São Paulo, com a tese “O papel do Brasil na Bacia do Prata”, posteriormente publicada como livro, com o título A expansão do Brasil e formação dos Estados na Bacia do Prata.
Enquanto estudava Direito no Rio de Janeiro, trabalhou em importantes jornais como o: Correio da Manhã e o Diário de Notícias. Aos 25/26 anos, Moniz Bandeira publicou seus primeiros livros de ensaio político, intitulado “O 24 de Agosto de Jânio Quadros” (1961), sobre a renúncia do presidente Jânio Quadros, e “O Caminho da Revolução Brasileira”, no qual defendeu a tese de que o Brasil já era um país com uma economia capitalista madura, pois estava produzindo e exportanado mais bens industrializados que produtos primários e previu o golpe militar de 1964.

Títulos:
  • Doutor em Ciência Política pela Universidade de São Paulo;
  • Doutor Honoris Causa pelas Faculdades Integradas do Brasil;
  • Bundesverdienst Kreuz (Erster Klasse), (Cruz do Mérito - Primeira Classe), conferida pelo governo da República Federal da Alemanha;
  • Grande Oficial da Ordem do Mérito Barão do Rio Branco (Brasil);
  • Comendador da Orden de Mayo (Argentina);
  • Intelectual do Ano de 2005 pela União Brasileira de Escritores (Prêmio Juca Pato);
  • Comendador da Ordem do Mérito Cultural (Brasil).
Obras mais recentes:


  • 2005 − Formação do Império Americano (Da guerra contra a Espanha à guerra no Iraque).
  • 2004 − As Relações Perigosas: Brasil-Estados Unidos (De Collor a Lula).
  • 2003 − Brasil, Argentina e Estados Unidos (Da Tríplice Aliança ao MERCOSUL), também traduzida e publicada na Argentina.
  • 2000 – O Feudo – A Casa da Torre de Garcia d’Ávila: da conquista dos sertões à independência do Brasil, Rio de Janeiro, Editora Civilização Brasileira, 601 pp.
  • 1999 – Brasil – Estados Unidos no Contexto da Globalização, vol. II (2ª. revista, aumentada e atualizada de Brasil-Estados Unidos: A Rivalidade Emergente, São Paulo, Editora SENAC, 224 pp.
POSTADO POR CASTOR FILHO

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quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Keynes está morto. Viva Marx 04/09/2014


1/9/2014, [*] Ismael Hossein-Zadeh, Asia Times Online
Keynes is dead; long live Marx
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu


No coração da frustração ou do desapontamento dos economistas keynesianos está a percepção não realista de que políticas econômicas seriam produtos intelectuais, e que construir políticas seria, antes de tudo, questão de expertise técnica e de preferência pessoal. O que esses economistas não veem é que construir políticas econômicas não é simples questão de escolha, quer dizer, de política “boa” versuspolítica “má”. Muito mais importante: construir políticas econômicas é fazer política de classes. (...)

Talvez mais importante que isso, a visão marxiana de que programas duradouros, significativos de redes de segurança social só podem ser criados e mantidos se houver dedicada e grande pressão das massas − e só em escala global coordenada − garante solução mais lógica e mais promissora ao problema dos sofrimentos econômicos que sempre pesam sobre a maioria da população mundial. Muito mais lógica e mais promissora que os pacotes “limpos”, puramente acadêmicos e essencialmente despolitizados dos estímulos keynesianos em nível nacional.




Muitos economistas liberais viram uma nova aurora para o keynesianismo no desastre financeiro de 2008. Quase seis anos depois, já é claro que as muito aguardadas prescrições keynesianas foram e são completamente ignoradas. Por quê? Resposta do economista keynesiano: por culpa da “ideologia neoliberal”, que [no governo dos EUA] eles rastreiam até o governo do presidente Reagan.

Nesse artigo, ao contrário, argumento que (a) a transição da economia keynesiana para a economia neoliberal tem raízes muito mais profundas que a pura ideologia; que a transição começou muito antes de Reagan ser eleito presidente; que a confiança que os keynesianos têm em os governos serem capazes de re-regular e reviver a economia mediante polícias de gestão de demanda repousa sobre uma percepção-desejo de que o estado possa controlar o capitalismo; mas que (b), ao contrário dessas percepções-desejos, políticas públicas são mais que questões de escolha administrativa ou técnica; e que, mais importante que isso, são políticas de classe.

O estudo também argumenta que a teoria marxiana do desemprego, baseada na teoria de Marx, do exército de reserva de mão de obra, oferece explicação muito mais robusta para os prolongados altos níveis de desemprego, que o que dizem os keynesianos, que atribuem a praga do desemprego “às más políticas do neoliberalismo”. Assim também, a teoria marxiana da persistência de salários sempre próximos à linha da miséria dá conta, com muito mais consistência, de como ou de por quê esses salários de miséria, e a predominância em geral da miséria, podem acompanhar e de fato acompanham altos níveis de lucros e de riqueza concentrada, muito mais do que os keynesianos percebem, quando pregam altos níveis de empregos e de salários como condições necessárias para um ciclo econômico de expansão. [1]



Além das Explicações Comuns da Crise Financeira
O Capital Financeiro Parasitário

Mais profundo que “ideologia neoliberal”
O questionamento e o abandono gradual das estratégias keynesianas de gestão da demanda aconteceram não simplesmente por causa de proclividades puramente ideológicas de Republicanos “de direita” ou de preferências pessoais de Ronald Reagan, como muitos economistas liberais e radicais argumentam, mas por causa de mudanças estruturais reais nas condições econômicas ou de mercado, no plano nacional e internacionalmente.

As políticas do New Deal/Social-Democratas foram implantadas depois da Grande Depressão, enquanto trabalhadores e outros movimentos de base recém acordados em termos políticos, e as condições econômicas favoráveis do momento, tornaram efetivas aquelas políticas. Uma daquelas condições favoráveis era a necessidade de investir e reconstruir economias devastadas do pós-guerra por todo o mundo, a demanda quase ilimitada por manufaturas norte-americanas, tanto em casa como no exterior, e a nenhuma concorrência contra o capital e o trabalho norte-americanos.

Essas condições propícias, assim como a pressão de baixo, permitiu aos trabalhadores norte-americanos demandarem salários e benefícios respeitáveis, ao mesmo tempo em que gozaram de taxas mais altas de emprego. Os altos salários e a forte demanda então serviu como delicioso estímulo que precipitou o longo ciclo expansional do período do imediato pós-guerra, na modalidade de um ciclo virtuoso.

Mas no final dos anos 1960s e começo dos 1970s, contudo, ambos, o capital e o trabalho norte-americanos já não eram dominantes nos mercados globais. Mais que isso, durante o longo ciclo da expansão no imediato pós-guerra as manufaturas norte-americanas haviam investido tanto em capital fixo, ou construção de capacidade [orig. capacity building], que ao final dos anos 1960s suas taxas de lucro já começavam a declinar, quando quantidades enormes dos chamados “custos irrecuperáveis” [orig. “sunk costs”; lit. “custos naufragados”], principalmente sob a forma de fábricas e equipamentos, tornaram-se altos demais. [2]

Mais que qualquer outra coisa, foram essas importantes mudanças nas reais condições de produção, e o concomitante realinhamento dos mercados globais, que ocasionaram ocasionais reservas contra e, afinal, o abandono da economia keynesiana. Ao contrário do que muito repetem os liberais e partidários do keynesianismo, não foram as ideias ou os esquemas de Ronald Reagan que levaram aos planos para desmantelar as reformas do New Deal; em vez disso, foi a globalização, primeiro do capital e, depois, do trabalho, que tornaram as economias de tipo keynesiano pouco atraentes para a lucratividade capitalista, e geraram a economia de Ronald Reagan e a austeridade neoliberal. [3]





Deve-se enfatizar que as políticas keynesianas de estabilização não foram abandonadas por razões puramente ideológicas; i.e., por que, como insistem muitos críticos do neoliberalismo, espalhou-se a partir de Chicago um animus de laisser-faire, que teria infectado políticos de todos os partidos e os teria persuadido das grandes vantagens e benefícios dos livres mercados (...). Sistema keynesianos de regulação financeira (controle de capitais e taxas de juro gerenciadas) não conseguiriam sustar os crescentes pools de créditos internacionais não regulados, os euromercados, que vieram para dominar a finança internacional. [4]

Quando as regulações financeiras, controles de capital e um novo sistema monetário internacional foram estabelecidos na Conferência de Bretton Woods logo depois da IIª Guerra Mundial, os mercados financeiros ou de crédito, internacionais, eram efetivamente inexistentes. O dólar norte-americano (e em menor extensão o ouro) foi, de longe, amplamente, o único meio internacional de comércio e de crédito. Nessas circunstâncias, o crédito internacional aconteceu amplamente entre o Fundo Monetário Internacional (FMI) e os bancos centrais dos países emprestadores/tomadores – daí a possibilidade, a viabilidade, de aplicarem-se os controles.

Esse quadro dos mercados internacionais de crédito/financeiros, contudo, mudou gradualmente; e ao final dos anos 1960 e início dos 1970s, aqueles mercados já alcançavam centenas de bilhões de dólares, permitindo portanto transações internacionais de crédito por fora do canal FMI−bancos centrais. Os dois maiores fatores que contribuíram significativamente para a drástica inflação dos mercados financeiros internacionais foram (a) o crédito internacional gerado por computador; e (b) a imensa proliferação de eurodólares, isto é, dólares norte-americanos depositados em bancos do outro lado do Atlântico. A finança/crédito global completamente “solta” havia crescido tanto durante as últimas várias décadas que tornara quaisquer controles ou regulações domésticas ou nacionais já virtualmente inefetivos:



Críticos da finança internacional fizeram várias propostas para estabilizar o sistema e torná-lo mais propício para os objetivos do desenvolvimento econômico e social. A sugestão mais comum foi um retorno aos controles transfronteiriços de capital que existiam nos anos 1940s e 1950s. Esses controles, em muitos casos, não foram eliminados até os anos 1990s. Mas depósitos bancários internacionais e ativos financeiros mantidos no exterior são hoje tão grandes, que seria difícil implantar tais controles. De fato, a principal razão para livrar-se de tais regulações foi, exatamente, que não havia como aplicá-las. [5]


É óbvio, pois, que o enfraquecimento ou o depauperamento dos controles ou das salvaguardas regulatórias foi provocado não tanto por tendências puramente ideológicas de algum eleitos ou estrategistas políticos, mas, mais, pelos desenvolvimentos reais nos mercados financeiros internacionais.


Começou muito antes de Reagan

O argumento de que o abandono de políticas keynesianas em favor de políticas neoliberais começou com a chegada de Ronald Reagan à Casa Branca nos anos 1980 é factualmente falso. Provas incontornáveis mostram que o prazo de validade das receitas keynesianas haviam expirado pelo menos uma dúzia de anos antes. As políticas keynesianas de expansão econômica mediante gerenciamento da demanda haviam perdido o gás (vale dizer: haviam chegado ao seu limite sistêmico) ao final dos anos 1960s e início dos 1970s; não aconteceram de repente, do nada, no momento em que Reagan assumiu o timão.



Como o professor Alan Nasser do Evergreen State College anota, argumentos de que “políticas de igualdade econômica representam redução em termos de eficiência” já se faziam ouvir, produzidos por conselheiros econômicos de governos Democratas muito antes de a “Reaganomics” dar solenidade àqueles argumentos. Arthur Okun e Charles Schultze, ambos, serviram como presidente do Grupo de Aconselhamento Econômico de presidentes Democráticos. Em seu Equality and Efficiency: The Big Tradeoff, Okun (1975) já dizia que “o objetivo intervencionista de maior igualdade teve custos em ineficiência, que muito feriram a economia privada”. Schultze (1977) também dizia que “políticas de governo que impactam os mercados em nome da justiça e da igualdade são necessariamente ineficientes” – e essas políticas “geram desvantagens para o mesmo povo que os políticos pensaram estar protegendo, e desestabilizam a economia privada no processo”. [6]


Jerome Kalur diz também que “esforços de Mesas Redondas de Câmaras do Comércio e Associações de Empresários para conseguir controlar o sistema governamental de tomadas de decisões regulatórias começaram pelo menos nove anos antes” de Ronald Reagan ser eleito, “quando o advogado de corporações Lewis Powell apresentou à Câmara de Comércio seu hoje bem-conhecido “Ataque contra o sistema da livre empresa nos EUA”. [7] Em concerto com a ofensiva “advocatícia” de Powel contra o trabalho e padrões regulatórios, o big business movimentou-se firmemente para “impedir a organização sindical” e para “eliminar quaisquer controles regulatórios mediante fluxos gigantes de propaganda produzida por think-tanks do tipo doThe American Enterprise Institute (1972), The Heritage Foundation (1973) e oCato Institute (1977)”. [8] Kalur escreve, ainda mais:




Lewis Powell

Quando Powell entregou seu memorando à Câmara, o business norte-americano já tinha registradas 175 empresas de lobby a seu serviço. Em 1982, o número de “torcedores-de-braços” pagos por empresas já subira para 2.500. O número desses “assessores” mantidos por empresas já chegara a 400 no início dos anos 1970s, e a 1.200, em 1980. Em resumo, o big business já estava provocando um declínio no número de empregados sindicalizados; já influenciava fortemente legisladores e agências federais; e controlava o quadro muito antes de começar o governo Reagan. Com Powell nomeado afinal para a Suprema Corte, o business norte-americano já marchava, em 1978, na direção da sua meta de acabar com toda e qualquer restrição às contribuições para campanhas eleitorais através de veículos clandestinos. [9]

Se a virada teórica da economia do New Deal−keynesiana dentro da cabeça dos luminares do Partido Democrata aconteceu antes do governo Carter, a implementação daquelas teorias começou já sob governo do presidente Carter. E Reagan pegou a cópia da agenda gradual de neoliberalismo dos Democratas e a fez correr mais depressa; substituiu a retórica do capitalismo-com-face-humana, pela retórica imperiosa, arrogante, do mais feroz individualismo, com a cobiça, a ganância e o autointeresse como principais virtudes a serem promovidas. Tampouco o presidente Clinton cuidou de aliviar as políticas econômicas dos anos Reagan. E Obama, como se sabe, não hesitou em fazer a mesma coisa.

O papel do estado

A ideia keynesiana de que o governo poder fazer a sintonia econômica fina mediante políticas fiscais e monetárias, para manter crescimento contínuo, baseia-se na ideia de que o capitalismo pode ser controlado ou manipulado pelo estado e gerido por economistas profissionais de departamentos governamentais com vistas a preservar o interesse de todos. A efetividade do modelo keynesiano portanto depende, em vasta medida, de uma esperança, ou de uma ilusão; porque, na realidade, a relação de poder entre o estado e o mercado/capitalismo é, quase sempre, exatamente o contrário disso. Ao contrário da percepção keynesiana, fazer política econômica é mais do que simplesmente questão administrativa ou de tomadas de decisões técnicas; muito mais importante que isso, fazer política econômica é questão profundamente sociopolítica, organicamente entrelaçada com a natureza de classe do governo e do aparelho de produzir políticas.

A ilusão keynesiana foi alimentada, ou mascarada, por dois grandes mitos



John Maynard Keynes

O primeiro mito brota da percepção que atribui a implementação do New Deal e das reformas Social-Democratas que se seguiram à Grande Depressão e à IIª Guerra Mundial, ao gênio de Keynes. Provas mostram contudo que a implementação daquelas reformas e, portanto, a ascensão de Keynes ao “estrelato” foram, mais, produto de ferozes lutas de classes e das fortíssimas pressões dos movimentos de base, que “recompensa” pelo “brilho” dos neurônios de especialistas como Keynes. De fato, fora dos estreitos círculos acadêmicos, Keynes não era absolutamente conhecido nos EUA, quando as principais reformas do New Deal foram postas em prática.

O segundo mito brota da visão que atribuiu a longa expansão econômica do período 1948-68 nos EUA à eficácia ou ao sucesso das políticas keynesianas de gestão da demanda. Embora seja com certeza certo que as políticas de governo expansionistas do tempo tiveram grande papel nos fantásticos desenvolvimentos econômicos daquele período, outras condições ou fatores favoráveis também contribuíram para o sucesso daquela expansão. Dentre essas, a necessidade de investir e reconstruir as economias devastadas do pós-guerra em todo o mundo; a necessidade de suprir a vasta demanda global dos consumidores; por bens de capital; e a falta de concorrentes para os produtos e capitais norte-americanos nos mercados globais – em resumo, o fato de que havia espaço gigantesco para crescimento e expansão no período imediatamente depois da guerra.

Acolhendo esses mitos e ilusões, os economistas keynesianos anteviram para eles mesmos a moldura de ouro ideal, na quebradeira e no período que se seguiu à Grande Recessão: uma oportunidade para uma nova alvorada de economia keynesiana. Quase seis anos depois, é muito claro que as prescrições de políticas keynesianas estão caindo em ouvidos surdos.

Ignoradas e deixadas de lado, as esperanças e ilusões keynesiana converteram-se em amargura, desapontamento e ira. Por exemplo, servindo-se de sua coluna noNew York Times [que O Estado de S.Paulo reproduz caninamente, porque esse pensamento liberal à Keynes de Paul Krugman é o máximo que a UDN admite nas suas páginas de jornalismo econômico (e qualquer outro) imprestável (NTs)], o professor Paul Krugman frequentemente ataca o governo Obama por ignorar políticas keynesianas de expansão econômica e geração de empregos:



Paul Krugman

A verdade é que criar empregos em economia em depressão é coisa que o governo pode e deve fazer (...) Pensem bem: onde estão os grandes projetos de obras públicas? Onde estão os exércitos de trabalhadores do estado? Há hoje de fato meio milhão de empregados do governo a menos, do que quando o Sr. Obama assumiu a Casa Branca. [10]


No coração da frustração ou do desapontamento dos economistas keynesianos está a percepção não realista de que políticas econômicas seriam produtos intelectuais, e que construir políticas seria, antes de tudo, questão de expertise técnica e de preferência pessoal. O que esses economistas não veem é que construir políticas econômicas não é simples questão de escolha, quer dizer, de política “boa” versus política “má”. Muito mais importante: construir políticas é fazer política de classes.

Não basta ter coração ou alma compassiva; também é preciso não perder de vista o modo como se faz política pública sob o capitalismo. Não basta espancar repetidamente Ronald Reagan como o rei mau, e elogiar Franklin Delano Roosevelt como rei bom. A tarefa realmente importante é explicar por que a classe dominante expulsou o rei bom, nos EUA, e pôs no trono o rei mau.

Como diz o professor Peter Gowan da London Metropolitan University, “keynesianos fazem uma discussão essencialmente falsa a favor da re-regulação, quando absolutamente não veem que o Estado e Wall Street são uma e a mesma entidade”. [11]


Desemprego

Crescimento e emprego: Keynes versus Marx

Não foi só o modo como economistas liberais veem os desenvolvimentos reais, que levaram ao abandono do keynesianismo e ao aparecimentos dos vícios neoliberais; também o modo como explicam os problemas correntes de desemprego e de estagnação econômica. Ao persistentemente culpar o “capitalismo neoliberal” – em vez de culpar o próprio e total capitalismo – pelas altas taxas de desemprego, os propositores de economias keynesianas tendem a perder de vista as causas estruturais ou sistêmicas do desemprego: a tendência secular e/ou sistêmica da produção capitalista para constantemente substituir o trabalho humano por máquinas, e, assim, criar massa considerável de desempregados, um “exército de reserva de mão de obra”, nas palavras de Karl Marx.

As leis fundamentais da oferta e demanda de mão de obra no capitalismo são pesadamente influenciadas, ensina Marx, pela capacidade do mercado para produzir regularmente um exército de reserva do mão de obra, um “superávit populacional”. Esse exército de reserva de mão de obra é portanto tão importante para a produção capitalista quanto o exército ativo (realmente já empregado) de mão de obra. Assim como um ajuste regular e na hora devida, do nível do corpo de água de uma represa usada para irrigação é crucial para o aproveitamento estável da água, assim também o tamanho “adequado” de um corpo de desempregados é criticamente importante para a rentabilidade da produção capitalista:


Karl Marx

O exército industrial de reserva, durante os períodos de estagnação e prosperidade média, derruba todo o exército de trabalho ativo; durante os períodos de superprodução e paroxismo, mantém em xeque suas pretensões. Populações em relativo superávit são, pois, o pivô sobre o qual opera a lei de oferta e demanda de trabalho. Assim se limita o campo de ação dessa lei, dentro dos limites absolutamente convenientes para a atividade de exploração e para a dominação pelo capital.[12]

Na era da globalização da produção e do emprego, o exército de reserva de mão de obra foi drasticamente expandido para fora das fronteiras nacionais. Segundo pesquisa recente da Organização Mundial do Trabalho (OMT), entre 1980 e 2007 a força de trabalho global cresceu cerca de 63%. O relatório também mostra que, dada a urbanização em todo o planeta e/ou a saída dos camponeses dos campos, a razão entre exército ativo de exército de reserva de trabalho é hoje de menos que 50%, quer dizer, mais da metade da mão de obra global está hoje desempregada. [13]

Esse vasto e rapidamente acessível bolsão de desempregados, além da facilidade relativa para mudar a produção para qualquer ponto do mundo – e não alguma “intenção malévola de Republicanos direitistas ou de neoliberais safados” – é que obrigaram a classe trabalhadora, principalmente nos países capitalistas centrais, a baixar a cabeça: e a submeter-se aos brutais esquemas de austeridade nos salários e cortes de benefícios, às demissões, ao esvaziamento dos sindicatos, aos empregos de meio período, ao trabalho precário e a tudo mais que se vê.

Isso também explica por que repetidas convocações, feitas pelos keynesianos, para que se embarque em pacotes de estímulo de tipo keynesiano, para ajudar a pôr fim à recessão e aliviar o desemprego, continuam a soar como propostas ocas. Sob as novas condições de produção, que deixaram o nível nacional e ganharam níveis globais, e na ausência de fortes pressões políticas que os trabalhadores e movimentos de base em geral possam exercer, simplesmente não há refills para as receitas do Dr. Keynes – as quais foram pensadas para condições socioeconômicas radicalmente diferentes das que há hoje, e para circunstâncias nacionais, não globais.




Teoricamente, a estratégia keynesiana de um “ciclo virtuoso” de altas taxas de crescimento e emprego é ao mesmo tempo simples e racional: gastos governamentais massivos em períodos de sério revés econômico fazem aumentar empregos e salários, injetam poder de compra na economia, o que, por sua vez, empurra os produtores a produzir e contratar, o que, por sua vez, faz subir emprego, salários, demanda, oferta... ad infinitum. Mas, por mais que a estratégia soe relativamente simples e satisfatoriamente racional, ela está cheia de falhas.

Para começar, ela implicitamente assume que empregadores e fazedores de políticas governamentais estejam genuinamente interessados em gerar pleno emprego, mas, apenas, ‘não sabem’ como alcançar essa boa meta comum. Mas produção de pleno emprego pode não ser necessariamente o nível ideal ou nível de máximos lucros, da produção capitalista; significa que pode não ser o objetivo real dos empresários, empregadores e ou políticos encarregados de conceber políticas públicas.

Como já anotamos aqui, um bolsão considerável de desempregados é essencial para manter a lucratividade capitalista, tanto quanto o número de empregados a ser realmente posto a trabalhar. Em sua ânsia para manter o custo do trabalho o mais baixo possível, mantendo a classe trabalhadora o mais dócil possível, o capitalismo tende sempre a preferir altas taxas de desemprego e salários baixos, a baixas taxas de desemprego e salários altos.

Isso também explica por que, por exemplo, o mercado de ações sempre tende a subir, quando há relatos de desemprego crescente, e vice-versa. Também explica por que, colhendo vantagens do longo (e ainda em andamento) ciclo de recessão, os empresários/políticos criadores de políticas públicas nos países capitalistas centrais, embarcaram em programa de austeridade sem precedentes, com cortes de gastos e redução do setor público, movimentos cujo objetivo é enfraquecer o trabalho e baixar os salários (“reduzir o custo do trabalho”).

Em segundo lugar, o argumento keynesiano, de que um “ciclo virtuoso” de alto emprego, altos salários e alto crescimento seria facilmente alcançável, não fossem as “más” políticas do neoliberalismo ou a oposição dos empresários empregadores, baseia-se no pressuposto de que empregadores/produtores estariam “deixando de lado” os seus próprios interesses. Se prestassem atenção aos benefícios proverbiais dos “salários fordistas” sobre as vendas, prossegue o argumento keynesiano, eles conseguiriam ajudar-se simultaneamente a eles próprios e aos trabalhadores... e teríamos crescimento econômico e prosperidade para todos.

A visão do conhecido professor liberal (e ex-secretário do Trabalho no governo Clinton) Robert Reich sobre esse tema é típica do que dizem e pensam os keynesianos:


Robert Reich

Durante a maior parte do século passado, a barganha básica no coração da economia norte-americana foi que empregadores pagassem o suficiente aos seus empregados, de modo a que empregados pudessem comprar o que os empregadores estivessem vendendo (...) Essa barganha básica criou um ciclo virtuoso de alto padrão de vida, mais empregos e melhores salários (...) A barganha básica acabou-se (...) Os lucros das empresas estão no alto, em vasta medida porque o salário está no muito baixo e as empresas não estão contratando. Mas esse é jogo de perde-perde para as empresas, no longo prazo. Sem número suficiente de consumidores norte-americanos, seus dias de lucros estão contados. Afinal, há um limite para o máximo de lucros que podem obter cortando na folha de pagamento dos norte-americanos. [14]

Há duas grandes falhas nesse argumento. O primeiro problema é que o argumento assume (implicitamente) que os produtores norte-americanos dependem dos trabalhadores que vivam nos EUA, não só como mão de obra, mas também como consumidores – como aconteceria numa economia fechada. Na realidade porém, os empresários norte-americanos estão-se tornando cada dia menos e menos dependentes seja da mão-de-obra doméstica seja para vendas, dado que vão expandindo sempre a produção e as vendas para mercados externos:

Nas duas pontas, na oferta [de empregos] e na demanda, o trabalhador/ consumidor norte-americano já é visto como cada dia mais inessencial. [15]

O segundo problema com o argumento é que salários e benefícios são categorias micro (ou de nível empresarial) decididas por empregados individuais e/ou gerentes de corporações, não por algum tipo de planejador macro (ou estatal/nacional) de demanda agregada (numa economia centralmente planejada). Produtores individuais (pequenos ou grandes) veem salários e benefícios primeiro, e sobretudo, como altos custos de produção que sempre têm de ser minimizados o mais possível; e só em segundo lugar (quando acontece!) é que os veem como parte da demanda nacional agregada que pode (por vias complexas e não garantidas) contribuir para a venda de seus produtos.

Marx caracterizou a capacidade e a disposição do capitalismo para criar grandes bolsões de desempregados (para criar uma classe trabalhadora cada vez maior e mais pobre), como capacidade e disposição para “miserificar” [é a “miserificação”, orig. ing. “immiseration”] e para submeter a força de trabalho – um mecanismo inserido no capitalismo, essencial para a “lei geral” da acumulação capitalista:



O Capital

Decorre daí portanto que na proporção em que o capital acumula, a parte do trabalhador, seu pagamento, alto ou baixo, vai piorando. Essa, afinal, é a lei que equilibra o superávit de população, ou o exército industrial de reserva, conforme a extensão e a energia da acumulação, a lei que solda o trabalhador ao capital, mais firmemente do que as correntes de Vulcano prenderam Prometeu àquela montanha. Ela estabelece a acumulação da miséria, correspondente à acumulação do capital. Acumulação de riqueza num polo; e, portanto, ao mesmo tempo, acumulação de miséria, agonia do trabalho sem fim, escravidão, ignorância, brutalidade, degradação mental, no polo oposto, quer dizer, no lado oposto da classe que produz seu próprio produto na forma de capital. [16]

Conclusão

A teoria marxiana do desemprego, baseada na teoria do exército industrial de mão de obra de reserva, oferece explicação muito mais potente para os altos e prolongados níveis de desemprego, que a ideia keynesiana que atribui a praga do desemprego a políticas “malévolas” ou “mal orientadas” do neoliberalismo. Assim também, a teoria marxiana da subsistência dos salários de miséria oferece explicação muito mais cogente de como ou por que esses níveis de salários de miséria, além de uma predominância generalizada ou nacional da miséria, podem sempre andar de mãos dadas com altos níveis de lucros de empresas e do mercado de ações, do que as ideias keynesianas; para essas, altos níveis salariais seriam condição necessária para ciclo econômico de expansão.



Franklin Delano Roosevelt e o New Deal

Talvez mais importante que isso, a visão marxiana de que programas duradouros, significativos de redes de segurança social só podem ser criados e mantidos se houver dedicada e grande pressão das massas – e só em escala global coordenada − garantindo solução mais lógica e mais promissora ao problema dos sofrimentos econômicos que sempre pesam sobre a maioria da população mundial. Muito mais lógica e mais promissora que os pacotes “limpos”, puramente acadêmicos e essencialmente despolitizados dos estímulos keynesianos em nível nacional.

Não importa por quanto tempo ou com quanto entusiasmo os keynesianos de bom coração supliquem por empregos e por outras reformas de tipo New Deal; as suas súplicas para implantação desses programas serão sistematicamente ignoradas por governos que são eleitos e controlados por poderosos interesses do dinheiro.

A falha fundamental nas prescrições keynesianas de demanda administrada é que não passa de um conjunto de propostas populistas que atropelam a política de classes, quer dizer, que ignoram as condições necessárias para pôr em execução aquelas propostas.

Só com mobilizações de massas de trabalhadores (e outros movimentos de base) e com luta, em vez de só suplicar, por fatia justa do que, de fato, é produto do trabalho da maioria que trabalha, essa maioria poderá alcançar segurança econômica e dignidade humana.

Notas de rodapé

[1] Esse artigo é versão muito reduzida do Cap. 2 de meu livro Beyond Mainstream Explanations of the Financial Crisis: Parasitic Finance Capital (Routledge 2014).

[2] Anwar Shaikh, “The Falling Rate of Profit and the Economic Crisis in the US”, in The Imperiled Economy, Book I, New York, NY: Union for Radical Political Economy (1987).

[3] Harry Shutt, The Trouble with Capitalism: An Enquiry into the Causes of Global Economic Failure, London: Zed Books (1998).

[4] Jan Toporowski, Why the World Economy Needs a Financial Crash and Other Critical Essays on Finance and Financial Economics, London: Anthem Press, 2010, p. 18.

[5] Jan Toporowski, Why the World Economy Needs a Financial Crash and Other Critical Essays on Finance and Financial Economics, London: Anthem Press, 2010, p 25.

[6] Citado em Alan Nasser, New Deal Liberalism Writes Its Obituary.


[7] Jerome S Kalur, Review of Andrew Kliman's: The Failure of Capitalist Production.

[8] Ibid.

[9] Ibid.

[10] Paul Krugman, No, We Can't? Or Won't?.

[11] Peter Gowan, “The Crisis in the Heartland,” in M. Konings (ed.) The Great Credit Crash, London and New York: Verso, 2010.

[12] Karl Marx, Capital, vol. 1, New York: International Publishers, 1967, p 639.

[13] International Labor Organization (ILO), The Global Employment Challenge, Geneva, 2008; as cited in John Bellamy Foster, Robert W McChesney and R Jamil Jonna, The Global Reserve Army of Labor and the New Imperialism.

[14] Robert Reich, Restore the Basic Bargain.

[15] Alan Nasser, The Political Economy of Redistribution: Outsourcing Jobs, Offshoring Markets.

[16] Karl Marx, Capital, vol. 1, New York: International Publishers, 1967, p 645.

______________


[*] Ismael Hossein-Zadeh é Professor Emérito de Economia (Drake University). É autor de Beyond Mainstream Explanations of the Financial Crisis (Routledge 2014), The Political Economy of U.S. Militarism (Palgrave- Macmillan 2007) e Soviet Non-capitalist Development: The Case of Nasser's Egypt (Praeger Publishers 1989). É um dos autores-contribuidores que publicaram Hopeless: Barack Obama and the Politics of Illusion (AK Press 2012).


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terça-feira, 2 de setembro de 2014

Brasil. Como sobreviver? 02/09/2014


[*] Adriano Benayon 01.09.2014
Texto enviado pelo autor
Ilustrações catadas na internet por Castor Filho







1. As TVs e a grande mídia promovem intensamente a candidata que surgiu com a morte do desaparecido na explosão. Marina da Silva costuma ser apresentada como defensora do meio-ambiente e como diferente de políticos que têm levado o País à ruína financeira e estrutural, como foram os casos, em especial, de Collor e de FHC.


2. Mas Marina não representa ambientalismo algum honesto, nem qualquer outra coisa honesta. O que tem feito é, a serviço do poder imperial angloamericano, usar a preservação do meio ambiente como pretexto para impedir - ou retardar e tornar absurdamente caras - muitas obras de infra-estrutura essenciais ao desenvolvimento do País.


3. Pior ainda, a tirania do poder mundial, com a colaboração de seus agentes locais, já ocupa enormes áreas, notadamente na região amazônica, para explorar não só a biodiversidade, mas os fabulosos recursos do subsolo, verdadeiro delírio mineral, na expressão do falecido Almirante Gama e Silva, profundo conhecedor da região e, durante muitos anos, diretor do projeto RADAM.


4. Além da pregação enganosa sobre o meio ambiente, o império vale-se de hipocrisia semelhante em relação à pretensa proteção aos direitos dos indígenas, a fim de apropriar-se de imensas áreas, que os três poderes do governo têm permitido segregar do território nacional, pois brasileiro não entra mais nelas.



EUA& INGLATERRA
Reconquistando o Mundo!

5. As ONGs ditas ambientalistas, locais e estrangeiras, financiadas pela oligarquia financeira britânica, como a Greenpeace e o WWF (Worldwide Fund for Nature) trabalham para quem as sustenta, não estando nem aí para o meio-ambiente.



6. Isso é fácil de notar, pois não dão sequer um pio contra a poluição dos mares, produzida pelo cartel anglo-americano do petróleo: a mais terrível poluição que sofre o planeta, pois os oceanos são a fonte principal do oxigênio e do equilíbrio da Terra.


7. Marina foi designada ministra do meio ambiente, em Nova York, quando Lula, antes de sua posse, em janeiro de 2003, foi peitado por superbanqueiros, em reunião após a qual anunciou suas duas primeiras nomeações: Meirelles para o BACEN e Marina Silva para o MME.


8. Empossada no MME, Marina, nomeou imediatamente Secretário-Geral do Ministério o Presidente da Greenpeace, no Brasil.


9. Marina foi dos poucos brasileiros presentes, quando o príncipe Charles reuniu, na Amazônia, outros chefes de Estado da OTAN e caciques das terras que ele e outros membros e colaboradores da oligarquia mundial já estão controlando por meio de suas ONGs e organizações “religiosas”, como igreja anglicana, Conselho Mundial das Igrejas etc..


10. Todos deveriam saber que os cartéis britânicos da mineração praticamente monopolizam a extração dos minerais preciosos, e a maioria dos estratégicos, notadamente no Brasil, na África, na Austrália e no Canadá.



Marina Silva em Londres - 2010

11. Os menos desavisados entenderam por que Marina desfilou em Londres, nas Olimpíadas de 2012, única brasileira a carregar a bandeira olímpica.


12. É difícil inferir que o investimento da oligarquia do poder mundial em Marina da Silva visa a assegurar o controle absoluto pelo império angloamericano das riquezas naturais do País?


13. Algo mais notório: a mentora ostensiva da candidatura de Marina é a Sra. Neca Setúbal, herdeira do Banco Itaú, o que tem maiores lucros no Brasil, beneficiário, como os demais, das absurdas taxas de juros de que eles se cevam desde os tempos de FHC, insuficientemente reduzidas nos governos do PT.


14. Não há como tampouco ignorar as conexões do Itaú e de outros bancos locais com os do eixo City de Londres e Wall Street de Nova York.


15. D. Marina nem esconde desejar que o Banco Central fique ainda mais à vontade para privilegiar os bancos a expensas do País, que já gasta 40% de suas receitas com a dívida pública, sacrificando os investimentos em infra-estrutura, saúde, educação etc..


16. Contados os juros e amortizações pagos em dinheiro e os liquidados com a emissão de novos títulos, essa é despesa anual com a dívida pública, a qual, desse modo, cresce sem parar (já passa de quatro trilhões de reais)



Neca Setúbal e Marina Silva

17. Ninguém notou que Marina − além de regida pelo Itaú − já tem, para comandar sua política uma equipe de economistas tão alinhada com a política pró-imperial como a que teve o mega-entreguista FHC, e como a de que se cercou Aécio Neves?


18. Como assinalou Jânio de Freitas, Marina e Aécio se apresentam com programas idênticos. Na realidade, é um só programa, o do alinhamento com tudo que tem sido reclamado pela mídia imperial, tanto pela do exterior, como pela doméstica.


19. Da proposta de desativar o pré-sal – a qual fere mortalmente a Petrobrás, que ali já investiu dezenas de bilhões de reais, e beneficiar as empresas estrangeiras, as únicas, no caso, a explorá-lo − até à substituição do MERCOSUL por acordos bilaterais − como exige o governo dos EUA. Marina e o candidato do PSDB estão numa corrida montando cavalos do mesmo proprietário, com blusas idênticas, diferenciadas só por uma faixa.



Miguel Arraes

20. Por tudo, a figura de Marina antagoniza o pensamento do patrono do PSB, João Mangabeira, e o de seu fundador, Miguel Arraes, cujas memórias estão sendo rigorosamente afrontadas.


21. Não há, portanto, como admitir que os militantes do PSB fiquem inertes vendo a sigla tornar-se instrumento de interesses rapinadores das riquezas nacionais e prestando-se a que oligarcas internos e externos se aproveitem do crédito que os grandes nomes do Partido granjearam no coração de milhões de brasileiros de todos os Estados.


22. Há, sim, que recorrer a medidas apropriadas, previstas ou não, nos Estatutos do Partido, para que este sobreviva e ajude o Brasil a sobreviver.


23. De fato, estamos diante de um golpe de Estado perpetrado por meios aparentemente legais, incluindo as eleições. Parafraseando o Barão de Itararé, há mais coisas no ar, além da explosão de avião contratado por um candidato em campanha.


24. A coisa começou quando políticos e parlamentares notoriamente alinhados com os interesses da alta finança, e outros enrustidos, articularam a entrada de Marina na chapa do PSB, acenando a Eduardo Campos com o potencial de votos e de grana que ela traria.


25. Fazendo luzir a mosca azul, a Rede o pegou como peixes de arrastão.


26. Alguém viu a foto de Marina sorrindo no funeral do homem? Alguém notou que, imediatamente após a notícia da morte dele, a grande mídia, em peso, dedicou incessantemente o grosso de seus espaços à tarefa de exaltar D. Marina?



Império Anglo/Americano

27. Os golpes, intervenções armadas e outras interferências, por meio de corrupção, praticadas a serviço da oligarquia financeira angloamericana, em numerosos países, inclusive o nosso, desde o Século XIX, deveriam alertar-nos para dar mais importância a contar com bons serviços de informação e de defesa.


28. Golpes de Estado podem ser dados através de parlamentos, poderes judiciários, além de lances como os que estão em andamento. Agora, a moda adotada pelo império angloamericano, como se viu em Honduras e no Paraguai, na suposta primavera árabe, na Ucrânia etc., é promover golpes de Estado, sem recorrer às forças armadas, as quais, de resto, no Brasil, têm sido esvaziadas e enfraquecidas, a partir dos governos dirigidos por Collor e FHC.





[*] Adriano Benayon: Consultor em finanças e em biomassa. Doutor em Economia, pela Universidade de Hamburgo, Bacharel em Direito, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ. Diplomado no Curso de Altos Estudos do Instituto Rio Branco, Itamaraty. Diplomata de carreira, postos na Holanda, Paraguai, Bulgária, Alemanha, Estados Unidos e México. Delegado do Brasil em reuniões multilaterais nas áreas econômica e tecnológica. Consultor Legislativo da Câmara dos Deputados e do Senado Federal na área de economia. Professor da Universidade de Brasília (Empresas Multinacionais; Sistema Financeiro Internacional; Estado e Desenvolvimento no Brasil). Autor de Globalização versus Desenvolvimento, 2ª ed. Editora Escrituras, São Paulo.


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segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Obama e Putin disputam a Ucrânia pescoço a pescoço 01/09/2014



31/8/2014, [*] MK Bhadrakumar, Indian Punchline - RediffBLOGS
Obama, Putin neck and neck on Ukraine
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu



Dmitry Orlov (em 2009)

Gosto do blogueiro Dmitry Orlov, porque ele diz as coisas claramente, o que me ajuda muito, nessa minha idade, a ver através do fog da guerra na Ucrânia. Pena, só, que ele escreva tão raramente...


Em recente postado em seu blog [já traduzido no blog redecastorphoto], Orlov lista dez sinais indisfarçáveis, incontestáveis, de mudança em solo no leste da Ucrânia, em termos militares, que todos veriam, se forças russas tivessem realmente invadido a região, como a narrativa ocidental insiste em repetir que teria acontecido, desde a semana passada, a partir da cúpula de Minsk na 2ª-feira (25/8/2014), que se realizou entre bem-vindos sinais de que alguma paz começa a ser possível.


É impossível discordar de Dmitry, quando diz que nenhum daqueles sinais é visível no mundo real, pelo menos por enquanto. O que impõe uma grande pergunta: por que a narrativa “da invasão”, tão absolutamente sem provas, está sendo introduzida de modo tão rude pelos EUA, em todos os discursos que tenham a ver com a situação da Ucrânia?


Parece-me que os EUA fazem deliberadamente o que estão fazendo, porque, na “mudança de regime” na Ucrânia, o presidente Barack Obama está liderando da frente, não da retaguarda como na Líbia ou Síria. Disso, não tenho dúvidas.



Samantha Power

Quem duvide, passe os olhos pelo discurso da embaixadora Samantha Power dos EUA no Conselho de Segurança da ONU na 5ª-feira (28/8/2014), quando tirou as luvas e sentou a pua. Até faz lembrar o famoso discurso do embaixador Adlai Stevenson dos EUA, na reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU dia 25/10/1962, nas sombras da crise dos mísseis em Cuba.


As trocas de farpas entre Power e o embaixador Vitaly Churkin parecem-se cada dia mais com as de Stevenson com o embaixador russo Valerian Zorin. É, sem tirar nem pôr, cena clássica de Guerra Fria. De diferente, claro, que as falas de Stevenson eram elegantes, bem redigidas, bem lidas, bem pensadas, inteligentes, para acalmar os ânimos; e Power fala aos guinchos, aos pulos, em tom de provocação, intolerante, como se estivesse nas trincheiras da extinta Iugoslávia.


Mas voltando à Ucrânia: o que explica a narrativa explosiva que o “ocidente” está impondo? De fato, realmente não mostraram nem um fiapo de prova de que a tal “invasão” russa teria acontecido. O que nos garante que, como no caso do conto do infeliz avião da Malaysia Airlines abatido a tiros no leste da Ucrânia, toda a conversa sobre “invasão” não seja, outra vez, mais subterfúgios? Claramente, ninguém no ocidente quer voltar, nem agora nem nunca, a falar sobre o avião malaio, sobretudo em Washington.



Voo MH17 da Malasya Airlines

A parte mais perturbadora é que, ao lado da narrativa sobre a “invasão” russa na Ucrânia, há movimentação frenética em solo, do lado da Organização do Tratado do Atlântico Norte,OTAN. Pior: para criar, num momento como o atual... uma Força Expedicionária da OTAN.


A intrusiva narrativa ocidental sobre a “invasão” russa na Ucrânia, da qual não há provas, e que Dmitry Orlov demonstra que é completamente inverossímil, será de fato apenas “sessão de esquenta” antes da reunião da OTAN que acontecerá em Gales, Grã-Bretanha, na 5ª-feira próxima (4/9/2014)? Pode muito bem ser. Considerem o seguinte.



Anders Fogh Rassmussen

Ao longo da semana passada, a liderança pró-ocidente em Kiev começou a clamar que dessem status de membro da OTAN à Ucrânia. O secretário-geral da aliança, Anders Fogh Rasmussen, respondeu imediatamente, como se estivesse à espera, na 6ª-feira (29/8/2014):


Respeitamos integralmente as decisões da Ucrânia sobre a política de segurança da Ucrânia e o pedido de afiliação à aliança. Não interferirei nas discussões políticas na Ucrânia, mas permitam-me lembrá-los da decisão que a OTAN tomou na cúpula de Bucareste em 2008, segundo a qual a Ucrânia receberá status de membro, se, claro, a Ucrânia assim o desejar e a Ucrânia satisfizer os necessários critérios.


O que Rasmussen se esqueceu de registrar aí foi que, na cúpula de Bucareste, o governo de George W. Bush fazia de tudo para promover a expansão da OTAN e incluir a Ucrânia, mas a empreitada foi completamente barrada pela Alemanha; Berlin disse que não; que provocação pela aliança ocidental despacharia as relações entre Europa e Rússia para o fundo do poço.


Será que a Alemanha manterá a mesma posição, ante a narrativa ocidental pilotada de Washington, segundo a qual a Rússia teria “invadido” a Ucrânia? Saberemos no próximo fim de semana, depois da cúpula da OTAN em Gales. O presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, foi convidado para a reunião da OTAN em Gales. (Mas a Rússia foi acintosamente excluída, mais uma vez, como tem sido prática desde meados dos anos 1990s).


Há crescentes sinais de que a resistência alemã contra a associação da Ucrânia à OTAN está se diluindo numa guerra diplomática de atrito sustentado movida pelo governo Obama. A Grã-Bretanha, como sempre, estará obedecendo ao roteiro que o Pentágono passou-lhe, na cúpula no ninho de Gales, onde, como país anfitrião, tem força especial.


Enquanto isso, Rasmussen revelou que a aliança planeja instalar novas bases no leste da Europa. A ideia é que tropas de países OTAN como Canadá façam estadias nessas bases, de vários meses de cada vez, de modo que Bruxelas não apenas economizará em custos de infraestrutura, como também poderá dizer que não está por ali em caráter permanente (o que seria violar os termos do ato assinado por OTAN-Rússia, em 1997). Cerca de mil soldados canadenses estão partindo para a Europa, com esse destino.



HMCS Toronto da marinha canadense

A Ucrânia forma um padrão na política doméstica canadense, por causa do “banco de votos” da comunidade de emigrados. Ottawa, pois, está assumindo papel protagonista na Ucrânia. O HMCS Toronto foi deslocado para o Mar Negro. A Infantaria de Alberta participou de exercícios militares na Polônia, com soldados dos EUA. Depois disso, unidades de infantaria de Ontário serviram na Polônia. Quatro jatos F-18 canadenses que participavam de “treinamento” na Romênia, foram movidos para a Lituânia (onde há uma das maiores bases aéreas do período soviético).


Nem é preciso dizer que a retórica russofóbica ajudaria Washington a fazer pressão sobre a União Europeia (que está reunida hoje, 31/8/2014, em Bruxelas) e sobre a OTAN para que ajam no sentido de isolar Moscou, o que se alinharia bem com a estratégia geral de contenção, dos EUA.


Não surpreende, portanto, que nos últimos quatro dias o presidente russo tenha falado por telefone com a chanceler alemã Angela Merkel, com o primeiro-ministro da Itália Matteo Renzi, com o presidente da Comissão Europeia José Manuel Barroso e com o presidente da França François Hollande. O assunto de todas essas conversas foi a reunião entre Putin e Poroshenko em Minsk, Bielorrússia, na 2ª-feira passada (25/8/2014).



Países membros da OTAN

Interessante: todas essas conversas (exceto com Hollande) aconteceram por iniciativa europeia. Depois de conversar com os europeus, Putin falou por telefone com o presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, no sábado (31/8/2014), sobre reunião em Minsk, do Grupo de Contato sobre a Ucrânia (que compreende a OSCE - Organização de Segurança e Coordenação da Europa, a Rússia e representantes do leste da Ucrânia) e o governo ucraniano. Esperemos, agora, o contramovimento de Obama sobre o tabuleiro de xadrez. Semana que vem Obama visitará a Estônia e não viajaria até aquele vizinho mais próximo dos russos, de mãos vazias.
___________________________



[*] MK Bhadrakumar foi diplomata de carreira do Serviço Exterior da Índia. Prestou serviços na União Soviética, Coreia do Sul, Sri Lanka, Alemanha, Afeganistão, Paquistão, Uzbequistão e Turquia. É especialista em questões do Oriente Médio, Afeganistão e Paquistão e escreve sobre temas de geopolítica, de energia e de segurança para várias publicações, dentre as quais The Hindu e Ásia Times Online, Al Jazeera, Counterpunch, Information Clearing House, e muita outras. Anima o blog Indian Punchline no sítio Rediff BLOGS. É o filho mais velho de MK Kumaran (1915–1994), famoso escritor, jornalista, tradutor e militante de Kerala, Índia.


POSTADO POR CASTOR FILHO


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domingo, 31 de agosto de 2014

Globo Rural: Mais Médicos 31/08/2014

Conheça a Usina Hidro Elétrica de Belo Monte 31/08/2014

“Pivô” de Washington bate num muro de tijolos − “Derrota catastrófica” de Obama na Ucrânia 31/08/2014




29-31/8/2014, [*] Mike Whitney, Counterpunch − Weekend Ediction
Washington's "Pivot" hits a Brick Wall − Obama’s “Catastrophic Defeat” in Ukraine
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu


Barack Obama empurrou a Ucrânia para a beira de um colapso político, econômico e social. Agora quer culpar a Rússia pelo dano que causou. É absurdo. Moscou não é de modo algum responsável por a Ucrânia estar no rumo da anarquia. É Washington. Washington já fez o mesmo no Iraque, no Afeganistão, na Líbia e agora faz na Síria, sempre Washington. Quem queira o culpado, culpe Obama.


Estamos no momento assistindo a um evento histórico e épico. O exército ucraniano regular e os batalhões punitivos estão sofrendo derrota catastrófica no sul de Donetsk (...). Ainda não se sabe com clareza como a Junta planeja evitar derrota total por aqui. (...) Ao desperdiçar as brigadas mais capazes, em termos de capacidades de combate, em operações sistemáticas de ofensiva, a Junta sofreu perdas enormes e, ao mesmo tempo, sofreu derrota puramente militar acachapante. O front sul colapsou. The Southern Front Catastrophe – 27/8/2014, Colonel Cassad −Military Briefing, Novorossiya, Ucrânia


As notícias que chegam da Novorússia são incríveis (...) fontes noticiam que as forças da Novorússia já contornaram Mariupol vindas do norte e entraram na região de Zaporozhie! – News from the Front, The Vineyard of the Saker






Entreouvido na Vila Vudu: Obama não é mais aquele. Olhassó a cara dele, sô! Comé? Pensou que tuuudo o que fez de mal ao mundo lhe sairia de grátis?! Impressionante. Dá dó. /o\ /o\



Barack Obama empurrou a Ucrânia para a beira de um colapso político, econômico e social. Agora quer culpar a Rússia pelo dano que causou. É absurdo. Moscou não é de modo algum responsável por a Ucrânia estar no rumo da anarquia. É Washington. Washington já fez o mesmo no Iraque, no Afeganistão, na Líbia e agora faz na Síria, sempre Washington. Quem queira o culpado, culpe Obama.


A desgraça da Ucrânia começou quando o Departamento de Estado dos EUA derrubou o presidente eleito em fevereiro e substituiu-o por um pateta servil, que obedecia o que Washington mandasse. O novo governo da “junta” imediatamente iniciou guerra total contra os ucranianos falantes de russo no leste, o que dividiu a população civil e levou o país à ruína. O plano para “pacificar” o leste do país foi concebido em Washington, não em Kiev, não, com certeza, em Moscou.


Moscou pediu repetidas vezes o fim da violência e o reinício de negociações, mas cada pedido foi descartado pelo fantoche de Obama em Kiev, o que levou, sempre, a novas rodadas de hostilidades. Washington não quer paz. Washington quer a mesma solução que impôs no Iraque, Afeganistão, Líbia e Síria, quer dizer: um estado caótico falido, no qual animosidades étnicas e sectárias são mantidas em ponto de ebulição, de modo que seja possível fazer avançar sem resistência a implantação de bases norte-americanas operacionais, para que os países possam sem sangrados, seus recursos extraídos à vontade, e mais uma nação formalmente independente possa ser reduzida a “estado permanente de dependência colonial” (Chomsky). Esse é o plano de jogo básico, onde quer que Washington ponha a mão. Vale também para a Ucrânia. A única opção que resta às pessoas é armarem-se e resistir. Foi o que fizeram.


Donetsk e Lugansk formaram milícias e devolveram a guerra aos inimigos. Enfrentaram o exército-por-procuração de Obama em combate e fizeram dele picadinho. Por isso Obama mandou seus propagandistas inventarem uma “invasão russa”. O governo precisa distrair as massas, porque as forças da Novorússia (também chamadas “separatistas pró-Rússia”) estão aplicando surra gigante nas legiões obamistas. Eis por que Washington e Kiev estão em modo de pânico total, porque não era para acontecer o que está acontecendo. Obama imaginou que o exército esmagaria a insurreição, atropelaria a resistência e o levaria um passo mais perto de conseguir implantar bases da OTAN e mísseis de defesa no flanco ocidental da Rússia.




Pois e não é que... Adivinhem! Nada está acontecendo desse modo e provavelmente nunca acontecerá desse modo. Os combatentes pró Novorússia são gente dura demais, esperta demais, motivada demais para deixar-se assustar pelos soldados frouxos de Obama (assistam, para conhecer o comando da Novorrússia, a essa entrevista de 15 minutos. Vocês verão por que os rebeldes estão vencendo [do blog Vineyard of the Saker traduzido na redecastorphoto]).



Mapa da "oblast" de Donetsk no Donbass

Putin não mandou tanques nem artilharia para a Ucrânia. Não precisa mandar. As milícias são constituídas de veteranos que sabem combater e combatem muito bem. Perguntem a Poroshenko, cujo exército já entendeu, ao longo das semanas recentes. Leiam o que Itar-Tass noticiava anteontem, 5ª-feira (28/8/2014):


Entre 16-23/8, os insurgentes capturaram 14 T-64s (carros), 25 VCI (Veículos de Combate de Infantaria), 18 VTT (Veículos de Transporte de Tropas), um sistema “Uragan” de lançamento simultâneo de foguetes, 2C1 “Gvozdika”, 14 howitzers D-30, 4 morteiros de 82-mm, um sistema de defesa aérea 23-mm ZU-23-2 e 33 veículos.


Estão vendo o quadro? O exército ucraniano está sendo batido como massa de bolo, o que implica dizer que a gloriosa “estratégia de pivô” de Obama deu de cara contra um muro de tijolos.


Resumo da história: a Rússia não invadiu a Ucrânia. Os propagandistas na imprensa-empresa só estão tentando ocultar o fato de que as Forças Armadas da Novorússia (FAN), que os “jornalistas” insistem em chamar de “separatistas pró-Rússia”, estão chutando traseiros, por lá, a valer. Isso é o que está realmente acontecendo. Por isso Obama e sua gangue de gângsteres neoconservadores estão em fúria. Porque não sabem o que fazer na sequência; então, voltaram à posição-padrão em todos os casos: mentir, mentir, mentir sem parar, até que consigam inventar algum plano.


Naturalmente, vão culpar Putin pela confusão em que se meteram. O que mais poderiam fazer?


Encontraram pela frente exército muito superior. OK. Como é que explicam “lá em casa”? Observem o que escreve Michael Gordon, principal ficcionista a serviço do “jornalismo” doThe New York Times (homem que, não surpreendentemente, assinou colunas ditas “jornalísticas” com a infame Judy Miller, que empurraram os EUA para a guerra do Iraque):



Michael Gordon

Determinada a proteger a revolta pró-Rússia no leste da Ucrânia, Rússia ampliou o que funcionários ocidentais e ucranianos descreveram como invasão invisível na 4ª-feira (27/8/2014), enviando tropas blindadas através da fronteira, expandindo o conflito para nova seção do território ucraniano.


A mais recente incursão, que segundo militares ucranianos incluía cinco veículos blindados para transporte de pessoa, foi no mínimo o terceiro movimento de tropas e de armas da Rússia que cruzaram a parte sudeste da fronteira essa semana, comprometendo assim os ganhos que as forças ucranianas vinham obtendo na ação de enfraquecer os insurgentes em seus redutos de Donetsk e Lugansk bem mais ao norte. Evidência de que está acontecendo alguma coisa ali foi a retirada em pânico de soldados ucranianos na 3ª-feira (26/8/2014), ante um exército que, segundo eles, avançava da fronteira russa. (Ukraine Reports Russian Invasion on a New Front, The New York Times)


“Invasão invisível”? É simples: Gordon já inventou um substituto para as Armas de Destruição em Massa. Grande novidade!


Não é sequer boa ficção: está mais para Contos de Fadas de Grimm. Provas? Fotos? Se há imagens, publique, Gordon, queremos ver. Mas, por favor, cuide para fazer melhor do que da outra vez, com as fotos falsificadas que vc publicou, de soldados russos que estariam “operando” na Ucrânia. Mais mentiras, não é? (Ver Another NYT-Michael Gordon Special?, Robert Parry, Consortium News).





John "Mentiroso Patológico" Kerry

Ou, então feito o caso do avião malaio. Lembram como Kerry acorreu a mostrar a cara em cinco programas de TV já logo no dia seguinte, para fazer as mais espúrias acusações sobre mísseis terra−ar e comboios fantasmas russos, sem um fiapo de prova? E depois, já logo no dia seguinte, especialistas militares russos sérios, falando com calma e precisão, mostraram impressionante coleção de provas muito fortes, de dados de radar e satélites, que esclareciam que, sim, um jato de combate ucraniano foi fotografado bem próximo ao MH17, momentos antes de o avião ser derrubado. (E a BBC entrevistou testemunhas oculares que viram o jato ucraniano SU 25 ao lado do avião de passageiros.) Por tudo isso, em quem você acredita: em Kerry ou nos fatos?


E, dessa vez, vai acreditar em quem? Em Gordie do NYT ou no monitor Andrey Kelin da Organização para Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), que disse ontem:


Já dissemos que não há registro de nenhum tipo de envolvimento dos russos, nem há soldados ou equipamentos por aqui.


Acusações sobre comboios de carros blindados de transporte de tropas foram ouvidas semana passada e na semana anterior. Todas essas acusações comprovaram-se falsas naquele momento e novamente se comprovaram falsas agora. (RT)



Andrey Kelin

Repitam: “nenhum tipo de envolvimento dos russos”. “Todas essas acusações comprovaram-se falsas”. “Falsas” significa: falsas, falsificadas, mentirosas, inventadas, propaganda, conversa fiada, mentira – precisamente a área de especialização “jornalística” de Gordon do NYT.


Qualquer pessoa que esteja acompanhando o conflito sabe que a Junta apoiada por Washington em Kiev fez guerra contra o próprio povo no leste; e que bombardearam hospitais, escolas, bibliotecas, residências, prédios públicos, bairros residenciais, etc., tudo isso para arrastar Putin para uma guerra que sabotaria a integração econômica entre União Europeia e Moscou e promoveria “interesses” dos EUA na área. É tudo, geopolítica. Lembram-se do pivô para a Ásia? Em tempo real, significa bombardeio contra civis na Ucrânia. Montanhas de cadáveres, para que os rapazes do big Money em Washington consigam continuar com as garras fincadas no poder global por mais um, dois séculos.


OK, OK, podem depor o cachimbo do crack, porque as coisas não saíram bem como o delírio de vocês, principalmente porque um grupo de ex-militares escolados no leste da Ucrânia organizaram eles mesmos suas milícias efetivas e letais, que em pouco tempo puseram em fuga os golpistas. Se você acompanha os eventos em blogs que veiculam informação real, dia a dia, você sabe que o que aqui escrevo é a mais pura verdade. As gangues desorganizadas e desmoralizadas que alguns ainda chamam de Exército Ucraniano foram postas em fuga, em praticamente todos os encontros que tiveram com as milícias novorussas. Eis o que escreveu o blogueiro de Moon of Alabama, na 5ª-feira, 28/8/2014:



Petro Poroshenko

O moral deles está péssima, o equipamento é velho, a munição é pouca e todo o objetivo da campanha deles é duvidoso. Agora, qualquer ameaça de resistência e contra-ataque já os põe em correria.


Poderia acrescentar à litania o fato de que são governados pelo mais perfeito idiota que algum dia foi presidente de alguma coisa, Petro Poroshenko, bufão obeso que pensa que é um Heinz Guderian distribuindo suas divisões Panzers pelas florestas de Ardennes rumo a Paris. Que piada!


O Times até admite que o exército ucraniano está com o moral baixíssimo. Observem:


Alguns soldados ucranianos parecem desinteressados da luta. O comandante dessa unidade, parte da 9ª Brigada de Vinnytsia, no oeste da Ucrânia, berrou o mais que pôde para os seus soldados, sem conseguir que ninguém se movesse. “Certo”, disse ele. “Os que se recusam a lutar sentem-se desse lado, separados dos demais”. 11 homens mudaram de lugar, e os demais voltaram à cidade.


Há soldados em plena debandada: um ônibus urbano lotado deles foi visto na estrada em direção oeste, com cortinas vermelhas baixadas sobre as janelas com vidros quebrados por tiros (New York Times).


Alguém algum dia ouviu falar de comandante que pergunta quem quer combater e quem não quer? É ridículo. Esse é exército derrotado, e qualquer um vê. Não é difícil compreender o estado de espírito do recrutado mediano. A maioria dos rapazes recrutados não tem nem vontade nem estômago para matar seus próprios conterrâneos. Só quer que a guerra acabe, para poder voltar para casa. Por isso são tão facilmente derrotados: porque o coração deles não está nessa luta.


Por sua vez, os agricultores, donos de lojas e os mineiros que constituem as milícias de defesa do Donbass, esses, sim, estão altamente motivados. Para eles, a coisa não é só geopolítica. Muitos desses homens viveram toda a vida nessas cidades. E agora veem vizinhos assassinados nas ruas ou retiram cadáveres de amigos, conhecidos e parentes, dos escombros de prédios bombardeados. Para eles, a guerra é real. E é pessoal. Estão defendendo a cidade deles, a família deles, o modo como sempre viveram ali. Dessa matéria prima se faz a coragem e a decisão de não ceder. (...)



Sergey Lavrov

Eis como o ministro Sergei Lavrov, de Relações Exteriores da Rússia, respondeu aos boatos de que teria havido “invasão russa”:


Não é a primeira vez que ouvimos esse opinionismo desenfreado, e, até agora, não se viu jamais fato algum, ninguém apresentou qualquer fato, qualquer prova de coisa alguma (...).


Houve quem falasse de imagens de satélite que mostrariam movimentação de tropas russas. Foi-se ver, eram imagens de videogames. Novas acusações que apareceram foram desse mesmo tipo, dessa qualidade.


Reagiremos, persistindo em nosso esforço para reduzir o derramamento de sangue e apoiar negociações sobre o futuro da Ucrânia, com participação de todas as regiões e todas as forças políticas da Ucrânia, termos que já haviam ficado acertados em abril, em Genebra, mas que estão agora sendo deliberadamente desrespeitados por nossos parceiros ocidentais.


Aí está, portanto; não há qualquer invasão russa, assim como não havia Armas de Destruição em Massa, nem laboratórios móveis no Iraque, nem “tubos de alumínio”, nem gás Sarin na Síria, etc., etc., etc. Só papo-merda, distribuído por empresas-imprensa de uma “mídia” servil que só faz promover a agenda de um establishment político-industrial fazedor-de-guerras que deseja ver escalar a qualquer custo, a conflagração no leste da Ucrânia. Mesmo que leve a uma terceira guerra mundial.
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[*] Mike Whitney é um escritor e jornalista norte-americano que dirige sua própria empresa de paisagismo em Snohomish (área de Seattle), WA, EUA. Trabalha regulamente como articulista free lance nos últimos 7 anos. Em 2006 recebeu o premio Project Censored por uma reportagem investigativa sobre a Operation FALCON, um massiva, silenciosa e criminosa operação articulada pela administração Bush (filho) que visava concentrar mais poder na presidência dos EUA. Escreve regularmente em Counterpunch e vários outros sites. É co-autor do livro Hopeless: Barack Obama and the Politics of Illusion (AK Press) o qual também está disponível em Kindle edition.
Recebe e-mails por: fergiewhitney@msn.com.



POSTADO POR CASTOR FILHO

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