segunda-feira, 31 de março de 2014

Fraude bancario 31/03/2014

Fander Falconí
El Telégrafo

A las 11:00, con puntualidad inglesa, diariamente la Asociación de Banqueros Británicos fija la tasa de interés libor. Pero la puntualidad no significa transparencia. El Gobierno de Estados Unidos, a través de una agencia independiente, la Federal Deposit Insurance Corporation (Corporación Federal de Seguro de Depósitos), ha iniciado una demanda a los 16 bancos más grandes del mundo por la manipulación de la tasa de interés libor.

La tasa libor es, para muchos, el número más importante del planeta. La libor (London InterBank Offered Rate) es una tasa de referencia diaria basada en las tasas de interés a la cual los bancos ofrecen préstamos a otros bancos en el mundo. Se estima un monto de afectación entre 300-550 trillones (un millón de millones) de dólares por la manipulación y colusión de la tasa libor, entre los años 2005 y 2011.

Entre los bancos acusados están los más grandes del mundo: Bank of America Corp, Barclays PLC, Citigroup Inc, Credit Suisse Group AG, Deutsche Bank AG, HSBC Holdings PLC, JPMorgan Chase & Co., The Royal Bank of Scotland Group PLC, UBS AG, Rabobank, Lloyds Banking Group PLC, Societe Generale, Norinchukin Bank, Royal Bank of Canada, Bank of Tokyo-Mitsubishi UFJ.

La falta de regulación y supervisión del sistema financiero norteamericano ha generado monstruos bancarios que, al ser demasiado grandes para quebrar, alcanzan una situación de tanto poder que les permite hacer operaciones financieras, cada vez de mayor riesgo, porque saben que el Estado y los habitantes de un país serán, en última instancia, quienes tendrán que pagar por su quiebra para evitar que todo el sistema económico colapse.

William Black, uno de los más importantes economistas de la corriente de la Escuela de la Teoría Monetaria Moderna, indica en un reciente artículo, al referirse al tema de la manipulación de la tasa libor, que los 16 bancos más grandes del mundo establecieron un cartel para manipular la tasa de interés y defraudar al público.

Al respecto, se podrían inferir tres argumentos fuertes. Primero, si la libor es la tasa que fija el costo del endeudamiento externo de los países del sur, entonces la deuda externa es estructuralmente ilegítima.

Segundo, si los gobiernos de los países capitalistas del centro sabían de esto (al menos desde 2005), son cómplices. Por lo tanto, debería incoarse contra ellos una masiva demanda internacional, paralela a la demanda por fraude que la comunidad internacional debería incoar contra esos bancos y banqueros.

Y, por último, es una nueva evidencia de la falacia de la autorregulación, de la decrepitud del Fondo Monetario Internacional, del Banco Mundial y del Grupo de Acción Financiera Internacional (GAFI), entre otros organismos multilaterales que no hacen nada al respecto. Esto nos lleva a reconfirmar la necesidad de perseverar en la conformación de la nueva arquitectura financiera internacional.

http://www.telegrafo.com.ec/opinion/columnistas/item/fraude-bancario.html

Dilma, sobre 64: verdade não é esquecimento, não é ódio, não é ressentimento, mas não é perdão. Assista 31/03/2014

 Autor: Fernando Brito




Trancrevo a fala, hoje, da Presidenta Dilma Rousseff, sobre os 50 anos do golpe militar de 1964, do qual ela própria foi uma vítima, submetida á prisão e à tortura.

Que diferença dos tempos que vivi, quando esta data era lembrada com ameaças e advertências sobre os – nunca vou esquecer esta expressão – perigos da subversão “solerte e soez” , lido por caras duras e ferozes.

Toda dor, disse a presidenta, pode ser suportada se sobre ela podemos contar sua história, como finalmente o Brasil começa a fazer.

Mas isso não quer dizer voltarmos nossos olhos sobre o passado, por vingança ou rancor.

É a única e sadia forma de expurgar os fantasmas que fazem um país, como fazem a uma pessoa, viver agarrado a algo ruim, muito ruim.

E livre assim sua memória poder , como ensina o poeta Chico Buarque, “… quebrar todas as grades de que um homem é feito pra esquecer de voar”.

Assista o vídeo e leia o trecho da fala de Dilma.



Cinquenta anos atrás, na noite de hoje, o Brasil deixou de ser um país de instituições ativas, independentes e democráticas. Por 21 anos, mais de duas décadas, nossas instituições, nossa liberdade, nossos sonhos foram calados. Hoje, nós podemos olhar para esse período, olhar justamente do ponto de vista dessa obra específica, mas que mostra toda a capacidade e o envolvimento de todas as instituições num clima de democracia. Nós podemos olhar para este período e aprender com ele, porque nós o ultrapassamos. O esforço de cada um de nós, o esforço de todas as lideranças do passado, daqueles que vivem e daqueles que morreram, fizeram com que nós ultrapassássemos essa época, os 21 anos.

Nós aprendemos o valor da liberdade, o valor de um Legislativo e de um Judiciário independentes e ativos. Aprendemos o valor da liberdade de imprensa, o valor de eleger pelo voto direto e secreto de todos os brasileiros governadores, prefeitos, de eleger, por exemplo, um ex-exilado, um líder sindical, que teria sido preso, que foi preso várias vezes, e uma mulher também que foi prisioneira. Aprendemos o valor de ir às ruas e nós mostramos um diferencial quando as pessoas foram às ruas demandar mais democracia. Aqui no Brasil não houve um processo de abafamento desse fato. O valor, portanto, de ir às ruas, o valor de ter direitos e de exigir mais direitos.

Embora nós saibamos que os regimes de exceção sobrevivem sempre pela interdição da verdade, pela interdição da transparência, nós temos o direito de esperar que, sob a democracia, se mantenha a transparência, se mantenha também o aceso e a garantia da verdade e da memória e, portanto, da história. Aliás, como eu disse quando instalamos a Comissão da Verdade, a palavra “verdade” na tradição ocidental nossa, que é grega, é exatamente o oposto do esquecimento e é algo tão forte que não dá guarida para o ressentimento, o ódio, nem tampouco para o perdão. Ela é só e, sobretudo, o contrário do esquecimento, é memória e é história. É nossa capacidade de contar tudo o que aconteceu.

O dia de hoje exige que nós nos lembremos e contemos o que aconteceu. Devemos isso a todos os que morreram e desapareceram, devemos aos torturados e aos perseguidos, devemos às suas famílias, devemos a todos os brasileiros. Lembrar e contar faz parte, é um processo muito humano e faz parte desse processo que nós iniciamos com as lutas do povo brasileiro, pelas liberdades democráticas, pela anistia, pela Constituinte, pelas eleições diretas, pelo crescimento com inclusão social, pela Comissão da Verdade, enfim, por todos os processos de manifestação e de ampliação da nossa democracia que temos vividos ao longo das ultimas décadas, graças a Deus.

Um processo que eu foi construído passo a passo durante cada um dos governos eleitos depois da ditadura. Nós reconquistamos a democracia a nossa maneira, por meio de lutas e de sacrifícios humanos irreparáveis, mas também por meio de pactos e acordos nacionais. Muitos deles traduzidos na Constituição de 1988. Como eu disse, na instalação da Comissão da Verdade, assim como eu respeito e reverencio os que lutaram pela democracia, enfrentando a truculência ilegal do Estado e nunca deixarei de enaltecer esses lutadores e essas lutadoras, também reconheço e valorizo os pactos políticos que nos levaram a redemocratização.

A grande Hanna Arendt escreveu um dia que toda dor humana pode ser suportada se sobre ela puder ser contada uma história. A dor que nós sofremos, as cicatrizes visíveis e invisíveis que ficaram nesses anos, elas podem ser suportadas e superadas porque hoje temos uma democracia sólida e podemos contar nossa história.

Como eu disse, nesse Palácio, repito, há quase dois anos atrás, quando instalamos a Comissão da Verdade, eu disse: se existem filhos sem pais, se existem pais sem túmulos, se existem túmulos sem corpos, nunca, nunca, mas nunca mesmo, pode existir uma história sem voz. E quem da voz à história são os homens e as mulheres livres que não têm medo de escrevê-la. E acrescento: quem dá voz à história somos cada um de nós, que no nosso cotidiano afirma, protege, respeita e amplia a democracia no nosso país. Muito obrigada.

http://tijolaco.com.br/blog/?p=16106

Brasil doa alimentos para 5 milhões de refugiados palestinos 31/03/2014

A delegação brasileira da Terceira Missão de Solidariedade ao Povo Palestino foi recebida na última sexta-feira (28) por Paulo Roberto França, embaixador do Brasil para a Palestina em Ramallah, na Cisjordânia. Durante a reunião, França falou sobre as iniciativas na região e ressaltou o papel do Brasil na luta pelo reconhecimento do Estado palestino.

Théa Rodrigues, de Ramallah para o Portal Vermelho



Théa Rodrigues/Portal Vermelho

Embaixador do Brasil para a Palestina em Ramallah, Paulo Roberto França, recebe comitiva brasileira da Terceira Missão de Solidariedade ao Povo Palestino.

“O Brasil tem sido muito consistente no apoio à causa palestina”, disse o diplomata ao recordar que o país votou a favor do reconhecimento de um Estado palestino observador não-membro na Assembleia Geral da ONU em 2012. França lembrou também que a presidenta Dilma Rousseff frequentemente inclui em seus discursos uma menção ao direito de autodeterminação e soberania do povo palestino. Segundo ele, este tipo de posicionamento “facilita o trabalho diplomático do ponto de vista político”.

O embaixador comentou à delegação brasileira de solidariedade e ao Portal Vermelho que um acordo de livre comércio com a Palestina está sendo submetido ao Congresso para ratificação. De acordo com ele, “a ideia é que com a eventual aprovação deste acordo, o intercâmbio com o Brasil favoreça a produção e a criação de empregos na Palestina”.

O Brasil também tem um acordo de livre comércio com Israel, contudo, o decreto legislativo diz de maneira clara que os produtos originários de assentamentos não podem ser beneficiados com a isenção de imposto. França disse que o Brasil apresentou essa posição ao governo israelense e afirmou que o tema será objeto de discussão no decorrer deste ano, na comissão do acordo.

Sobre as iniciativas da Embaixada brasileira na Palestina, o diplomata disse que foram desenvolvidos diversos programas nas áreas de educação, saúde e segurança alimentar. “No ano passado, durante a visita do ministro da saúde, Alexandre Padilha, estivemos em Hebron, onde inauguramos uma clínica, que foi financiada pelo Brasil”, contou França, que afirmou ter sido um momento de grande emoção por ser a concretização da contribuição brasileira para o desenvolvimento da Palestina. “Também na região de Hebron, construímos uma escola e, na inauguração, fui recebido por crianças palestinas com bandeiras do Brasil nas mãos”, relatou o embaixador brasileiro.



Delegação brasileira da Terceira Missão de Solidariedade ao Povo Palestino é recebida pelo embaixador
Paulo Roberto França em Ramallah


Contribuição brasileira aos refugiados palestinos

O Brasil também contribui com a Agência da ONU de Trabalhos e Assistência aos Refugiados palestinos (UNRWA, em inglês), que tem como principais funções o fornecimento de produtos alimentícios, educação e saúde. Segundo França, nos últimos dois anos, o governo brasileiro aportou entre 9 e 10 milhões de dólares em dinheiro para a UNRWA. Trata-se do primeiro país em desenvolvimento e o primeiro do grupo dos Brics (formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) que tem tão alto nível de contribuição.

Não obstante, recentemente, o Brasil enviou 8 milhões de dólares em arroz que serão distribuídos em todos os campos de refugiados palestinos administrados pela UNRWA. “O Brasil está doando arroz para 5 milhões de pessoas na Cisjordânia, em Gaza, no Líbano, na Síria e na Jordânia”, disse França ao ressaltar que essa iniciativa equivale ao consumo de um ano de todos esses refugiados. Segundo o diplomata, o primeiro lote desta contribuição brasileira deve chegar já no mês de abril à Gaza.

Cooperação com outros países

O Brasil, a África do Sul e a Índia mantêm uma parceria em três projetos de solidariedade ao povo palestino. Um deles é o financiamento da renovação de todo um setor do Hospital Crescente Vermelho, em Gaza. “São salas de cirurgia com equipamentos cardiovasculares com um nível de qualidade que não existe hoje naquela região”, afirmou França.Obras brasileiras na Palestina

O governo do Brasil também investiu na construção de um Palácio de Esportes em Ramallah e de um centro de reabilitação em Nablus. Além disso, de acordo com as informações expostas pelo embaixador brasileiro, em uma cooperação bilateral, o Brasil participou da edificação de três pontes em Gaza, com auxilio do PNUD.

“Infelizmente, uma dessas pontes que ia ser inaugurada em novembro do ano passado, foi destruída pelas operações militares israelenses, durante o conflito”, relatou França. Apesar disto, a avaliação do diplomata em relação ao apoio brasileiro à causa palestina é bastante positiva. “Estamos contribuindo para o desenvolvimento de um Estado da Palestina”, afirmou.


http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=238969&id_secao=9

domingo, 30 de março de 2014

Os robôs da direita manipulam a Internet 30/03/2014


Aécio sabia do que falava. Há mesmo o “mensalão da Internet”: o da direita…
30 de março de 2014 | 07:02 Autor: Fernando Brito




No final de maio do ano passado, o senador Aécio Neves publicou umartigo na Folha, fazendo coro às acusações de Marina Silva de que havia um ”Mensalet” ou “mensalão da internet”, “uma indústria subterrânea voltada a disseminar calúnias e a tentar destruir reputações”.

“Fingindo espontaneidade, perfis falsos inundam as áreas de comentários de sites e blogs com palavras-chaves previamente definidas; robôs são usados para induzir pesquisas com o claro objetivo de manipular os sistemas de busca de conteúdo; calúnias são disparadas de forma planejada e replicadas exaustivamente, com a pretensão de parecerem naturais.“, escreveu Aécio.

Hoje, o Estadão mostra que o presidente do PSDB sabia do que estava falando.

Pouco antes do julgamento dos embargos infringentes, segundo o jornal, “um ‘exército de “robôs’ entrou em campo no Twitter durante o julgamento do mensalão com o provável objetivo de levar um slogan aos “trending topics” – a lista de termos mais citados”.

A mensagem “diga #NaoAosEmbargosInfringentes” foi espalhada por 23.846 usuários.

Deles, apenas três pessoas de verdade.

Os outros 23.843 eram perfis falsos, criados em série e, informa o repórter Daniel Bramatti, “seguidos por zero usuários e também não seguiam ninguém no Twitter; entraram na rede em 13 ou 14 de setembro”.

Todas as mensagens remetiam a um vídeo no Youtube, o “#OperaçãoBrasilSemPT.”.

O senador Aécio Neves, que foi à Justiça tentar bloquear menções a seu nome que o associassem a entorpecentes ou a desvios de verba, certamente vai apoiar uma investigação sobre este “exército” de “robôs” que visava pressionar o Supremo e criar um clima de comoção nas redes sociais, não é?

E não precisa ser sob sigilo de Justiça, como fez ele, identificando-se apenas como “A.N. da C.”.

Pode e deve ser aberto, conduzido pelo Ministério Público Eleitoral, já que a menção ao “Brasil sem PT” deixa evidente o cunho de propaganda antipartido da propaganda e, portanto, tão propaganda eleitoral irregular quanto aquela que é a favor.

Basta imaginar o que estariam fazendo, a esta hora, os tucanos se a chamada fosse para um “#OperaçãoBrasilsemPSDB”.

É, simples, simples, descobrir a origem: basta pedir ao Twitter os “IP” dos criadores ou do criador dos perfis falsos, naqueles dois únicos dias. Identificado, ver quem o contratou.

Você acredita que o PT vá pedir essa apuração? Nem eu.

E os “brucutus” tucanos vão continuar agindo na certeza da impunidade.


http://tijolaco.com.br/blog/?p=16041

Venezuela: Derrotar o fascismo antes que seja demasiado tarde 30/03/2014

por James Petras


O capitão Jose Guillen Araque, da Guarda Nacional Venezuelana, deu recentemente ao Presidente Maduro um livro sobre a ascensão do nazismo, alertando para que "o fascismo tem que ser derrotado antes que seja tarde demais"! Como retaliação ao seu aviso profético, o jovem capitão patriótico foi morto a tiro por um assassino, a soldo dos EUA, nas ruas de Marcay no estado de Aragua no dia 16 de Março de 2014. Isto elevou para 29 o número dos soldados e polícias venezuelanos mortos desde o levantamento fascista. A morte de um oficial destacado e patriótico numa rua principal duma capital provincial é mais uma indicação de que os fascistas venezuelanos estão activos, confiantes do seu apoio por Washington e por uma ampla faixa das classes alta e média venezuelanas. Constituem uma minoria do eleitorado e não têm ilusões quanto a conseguirem conquistar o poder por meios constitucionais e democráticos.

O capitão Guillen Araque avançou para lembrar ao Presidente Maduro que, em toda a história contemporânea, o caminho para o poder dos grupos nazis e fascistas totalitários foi atapetado com os cadáveres de democratas e social-democratas bem-intencionados que não utilizaram os seus poderes constitucionais para esmagar os inimigos da democracia

A história da ascensão do fascismo nas democracias

O termo "fascista" na Venezuela aplica-se com toda a propriedade aos violentos grupos políticos organizados que estão actualmente envolvidos em terrorismo de massas numa campanha para desestabilizar e derrubar o governo bolivariano democraticamente eleito. Os puristas académicos bem podem argumentar que os fascistas venezuelanos não têm a ideologia racista e nacionalista dos seus antecessores alemães, italianos, espanhóis e portugueses. Embora isso seja verdade, também é irrelevante. A marca venezuelana do fascismo está profundamente dependente do imperialismo dos EUA e seus aliados colombianos, e age como seu lacaio. Num certo sentido, porém, o racismo do fascismo venezuelano é dirigido contra as classes trabalhadoras e camponesas dos venezuelanos afro-ameríndios multirraciais – conforme demonstrado pelo seu racismo pernicioso contra o falecido Presidente Hugo Chavez. A ligação essencial com movimentos fascistas antigos encontra-se (1) na sua profunda hostilidade de classe para com a maioria popular; (2) no seu ódio visceral para com o Partido Socialista Chavista, que ganhou 18 das últimas 19 eleições; (3) no recurso à tomada armada do poder por uma minoria que age por conta das classes dominantes imperialistas, internas e americanas; (4) na sua intenção de destruir as próprias instituições e procedimentos democráticos que explora a fim de ganhar espaço político; (5) no seu direccionamento para as instituições da classe trabalhadora – conselhos comunais, associações de vizinhos, clínicas de saúde pública e dentais, escolas públicas, transportes, armazéns de produtos alimentares subsidiados, locais de reuniões políticas, associações de crédito público, organizações sindicais e cooperativas camponesas; (6) e no seu apoio aos bancos capitalistas, enormes latifúndios comerciais e empresas produtoras.

Na Alemanha, Itália, Espanha, França e Chile, os movimentos fascistas também começaram como pequenos grupos terroristas, que conquistaram o apoio financeiro da elite capitalista por causa da sua violência contra organizações da classe trabalhadora e instituições democráticas e faziam o seu recrutamento principalmente entre estudantes universitários da classe média, profissionais livres de elite (em especial médicos) e oficiais de altas patentes, no activo ou reformados – unidos na sua hostilidade contra a ordem democrática.

Tragicamente e também demasiadas vezes, os líderes democráticos, que funcionavam num governo constitucional, tiveram a tendência de considerar os fascistas apenas como "mais um partido", recusando-se ou não se mostrando dispostos a esmagar os assassinos armados, que aliavam o terrorismo nas ruas às eleições para conquistar o poder do estado. Os democratas constitucionalistas não viram ou não quiseram ver o braço político e civil dos nazis como fazendo parte de um inimigo totalitário orgânico; por isso, negociaram e discutiram infindavelmente com fascistas de elite que, entretanto, destruíram a economia enquanto os terroristas desfaziam os fundamentos políticos e sociais do estado democrático. Os democratas recusaram-se a enviar os seus muitos milhões de apoiantes de massa para fazer frente às hordas fascistas. Pior ainda, até se orgulharam de prender os seus apoiantes, polícias e soldados, que eram acusados de usar de 'força excessiva' na sua confrontação com os arruaceiros assassinos fascistas. Assim, os fascistas passaram com facilidade das ruas para o poder do estado. Os democratas eleitos preocuparam-se tanto com a crítica dos meios de comunicação internacionais e capitalistas, com a crítica da elite e com as organizações que se intitulavam dos 'direitos humanos', que facilitaram a conquista aos fascistas. O direito do povo à defesa armada da sua democracia foi subordinado ao pretexto de defender as 'normas democráticas' – normas que qualquer estado burguês sob ataque teria rejeitado! Os democratas constitucionais não reconheceram como a política tinha mudado drasticamente. Já não estavam a dialogar com uma oposição parlamentar para preparação das eleições seguintes; foram confrontados com terroristas armados e sabotadores empenhados numa luta armada e na conquista do poder político por qualquer meio – incluindo golpes de estado violentos.

No léxico do fascismo, a conciliação democrática é uma fraqueza, uma vulnerabilidade e um convite aberto à escalada da violência; os slogans de 'paz e amor' e de 'direitos humanos' servem para ser explorados; os pedidos de 'negociações' são preâmbulos para a rendição; e os 'acordos' prelúdios para a capitulação.

Para os terroristas, os políticos democráticos que alertam para uma 'ameaça do fascismo' enquanto agem como se estivessem metidos em 'escaramuças parlamentares', tornam-se um alvo aberto para ataques violentos.

Foi assim que os fascistas chegaram ao poder na Alemanha, em Itália e no Chile, enquanto os democratas, constitucionalistas até ao fim, se recusaram a armar os milhões de trabalhadores organizados que podiam ter sufocado os fascistas e salvo a democracia e preservado as suas vidas.

O fascismo na Venezuela: Uma ameaça mortal hoje

O alerta do herói mártir, o capitão Guillen Araque, sobre um iminente perigo fascista na Venezuela tem uma poderosa base substantiva. Enquanto a violência terrorista aberta vai e vem, a base estrutural subjacente do fascismo na economia e na sociedade mantém-se intacta. As organizações clandestinas, o financiamento e a organização do fluxo de armamento para os fascistas expectantes mantêm-se em funcionamento.

Os líderes políticos da oposição estão a jogar um jogo enganador, passando constantemente de formas legais de protesto para uma cumplicidade secreta com os terroristas armados. Não há qualquer dúvida de que em qualquer putsch fascista, os oligarcas políticos surgirão como os verdadeiros dirigentes – e partilharão o poder com os líderes das organizações fascistas. No entanto, a sua 'respeitabilidade' fornece cobertura política, as suas campanhas de 'direitos humanos' para libertar arruaceiros assassinos e incendiários encarcerados conquistam o 'apoio dos meios de comunicação internacionais, enquanto servem de 'intermediários' entre as organizações americanas de financiamento e o subterrâneo terrorista clandestino.

Quando se mede o âmbito e a profundidade do perigo fascista, é um erro contar apenas o número dos bombistas, incendiários e atiradores, sem incluir os grupos de apoio logístico, de reserva e periféricos e os apoiantes institucionais que alimentam os agentes no terreno.

Para 'derrotar o fascismo antes que seja tarde demais', o governo tem que avaliar realisticamente os recursos, a organização e o código operacional do comando fascista e rejeitar os anúncios abertamente tranquilizadores e 'optimistas' de alguns ministros, conselheiros e legisladores.

Primeiro, os fascistas não são apenas um pequeno bando que se limita a bater em panelas e a atacar trabalhadores municipais nos subúrbios da classe média-alta de Caracas em benefício dos meios de comunicação internacionais e corporativos. Os fascistas estão organizados numa base nacional; os seus membros estão activos por todo o país.

Visam instituições e infra-estruturas vitais em inúmeros locais estratégicos.

A sua estratégia é controlada centralmente, as suas operações são descentralizadas.

Os fascistas são uma força organizada; o seu financiamento, armamento e acções são planeados. As suas manifestações não são 'espontâneas', são acções organizadas localmente, que reagem à 'repressão' governamental tal como descrevem os meios de comunicação burgueses e imperialistas.

Os fascistas reúnem diversas correntes de grupos violentos, que frequentemente aliam profissionais livres de direita, motivados ideologicamente, grupos de contrabandistas de grande escala, e traficantes de drogas (em especial nas regiões fronteiriças), grupos paramilitares, mercenários e criminosos conhecidos. Estes são os 'fascistas da linha da frente', financiados pelos grandes especuladores de divisas, protegidos por funcionários locais eleitos, a quem os investidores imobiliários e os burocratas universitários de alto nível oferecem 'santuário'.

Os fascistas tanto são 'nacionais' como internacionais: Incluem assassinos pagos localmente e estudantes de famílias da classe alta; soldados paramilitares colombianos, mercenários profissionais de todos os tipos, 'assassinos a soldo' de organizações de 'segurança' e operacionais clandestinos das Forças Especiais dos EUA; e 'internacionalistas' fascistas recrutados em Miami, na América central, na América Latina e na Europa.

Os terroristas organizados têm dois santuários estratégicos para desencadear as suas operações violentas – Bogotá e Miami, onde líderes destacados, como o ex-Presidente Alvaro Uribe e líderes do Congresso dos EUA fornecem apoio político.

A convergência da actividade económica criminosa, altamente lucrativa, e do terrorismo político apresenta uma formidável ameaça dupla à estabilidade da economia venezuelana e à segurança do estado… Criminosos e terroristas encontram uma casa comum na tenda política dos EUA, destinada a derrubar o governo democrático da Venezuela e a esmagar a revolução bolivariana do povo venezuelano.

As interligações, a montante e a jusante, entre criminosos e terroristas dentro e fora do país, entre os políticos seniores de Washington, passadores de droga nas ruas e contrabandistas, alimentam os porta-vozes da elite internacional e proporcionam o músculo para os arruaceiros e os atiradores.

Os alvos terroristas não são escolhidos ao acaso; não são produto de cidadãos enfurecidos contra as desigualdades sociais e económicas. Os alvos do terrorismo, cuidadosamente seleccionados, são os programas estratégicos que sustentam a administração democrática; são sobretudo as instituições sociais de massas que formam a base do governo. Isso explica porque é que os terroristas lançam bombas nas clínicas de saúde dos pobres, nas escolas públicas e nos centros de ensino para adultos nos barrios, nos armazéns de alimentos subsidiados pelo estado e no sistema de transportes públicos. Fazem parte do vasto sistema de segurança social popular instituído pelo governo bolivariano. São os blocos fundamentais de construção que garantiram o apoio maciço de votantes em 18 das 19 eleições e o poder popular nas ruas e nas comunidades. Destruindo a infra-estrutura de bem-estar social, os terroristas esperam quebrar os elos sociais entre o povo e o governo.

Os terroristas visam o legítimo sistema de segurança nacional: nomeadamente, a polícia, a Guarda Nacional, os juízes, os promotores públicos e outras autoridades encarregadas da salvaguarda dos cidadãos. Os assassínios, os ataques violentos e as ameaças contra funcionários públicos, as bombas incendiárias em edifícios públicos e transportes públicos destinam-se a criar um clima de medo e demonstrar que o estado é fraco e incapaz de proteger a vida quotidiana dos seus cidadãos. Os terroristas querem projectar uma imagem de 'poder dual' apoderando-se de espaços públicos e bloqueando o comércio normal… e 'governando as ruas à ponta da espingarda'. Acima de tudo, os terroristas querem desmobilizar e constranger as contra-manifestações populares bloqueando as ruas e disparando contra activistas empenhados na actividade política em subúrbios disputados. Os terroristas sabem que podem contar com os seus aliados da oposição política 'legal' para lhes fornecerem uma base de massas através de manifestações públicas, que servem de escudo para ataques violentos e um pretexto para uma sabotagem maior.

Conclusão

O fascismo, nomeadamente o terrorismo armado dirigido para derrubar pela violência um governo democrático, é uma ameaça real e imediata na Venezuela. Os altos e baixos da luta diária na rua e os fogos-postos não são uma medida adequada desta ameaça. Como assinalámos, os apoios chave, estruturais e organizativos, subjacentes à ascensão e crescimento do fascismo são muito mais importantes. O desafio na Venezuela é cortar a base económica e política do fascismo. Infelizmente, até há pouco tempo o governo tem sido extremamente sensível à crítica hostil das elites além-mar e internas que se apressam a defender os fascistas – em nome da 'liberdade democrática'. O governo da Venezuela tem recursos enormes à sua disposição para erradicar a ameaça fascista. Mesmo que uma acção firme desencadeie o protesto dos amigos liberais além-mar, a maior parte dos defensores pró-democracia acredita que cabe ao governo agir contra esses funcionários da oposição que continuam a incitar a rebelião armada.

Mais recentemente, tem havido nítidos sinais de que o governo venezuelano, com o seu poderoso mandato democrático e constitucional, tem-se movimentado com consciência do perigo fascista e agirá com determinação para o afastar das ruas e nas suites.

A Assembleia Nacional aprovou a suspensão da imunidade de deputada na Assembleia Nacional, a congressista Corina Machado, para que ela possa ser acusada de incitação à violência. O Presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello apresentou provas documentais pormenorizadas do papel dela na organização e promoção de rebelião armada. Vários presidentes de municipalidades da oposição, activamente envolvidos na promoção e protecção de atiradores furtivos, arruaceiros e incendiários foram acusados e detidos.

A maioria dos venezuelanos confrontados com a maré crescente da violência fascista, apoia a punição destes altos funcionários envolvidos na sabotagem ou que a apoiam. Sem uma acção firme, as organizações de informações venezuelanas e o cidadão médio estão de acordo em que esses políticos da 'oposição' vão continuar a promover a violência e a proporcionar um santuário aos assassinos paramilitares.

O governo já percebeu que está envolvido numa verdadeira guerra, planeada por uma liderança centralizada e executada por operacionais descentralizados. Os líderes legislativos estão a ser confrontados com a psicologia política do fascismo, que interpreta as propostas de conciliação política e de brandura judicial do Presidente como uma fraqueza a ser explorada através de mais violência.

O avanço mais significativo para deter a ameaça fascista reside no reconhecimento pelo governo dos elos entre a elite parlamentar e empresarial e os terroristas fascistas: especuladores financeiros, traficantes e grandes açambarcadores de alimentos e de outros bens essenciais, todos eles fazem parte do mesmo ímpeto fascista para o poder, juntamente com os terroristas que lançam bombas em mercados públicos de alimentos e atacam os camiões que transportam alimentos para os subúrbios pobres. Um trabalhador revolucionário disse-me depois duma escaramuça de rua: "Por la razon y la fuerza no pasaran!" (Pela razão e pela força, serão derrotados)…

23/Março/2014

Ver também:

La fase terrorista de la ultraderecha: envenenar el agua

Comunicado del Alto Mando Militar de la Fuerza Armada Nacional Bolivariana



Manual USA para derrocar gobiernos

O original encontra-se em www.globalresearch.ca/defeating-fascism-before-its-too-late/5374832 . Tradução de Margarida Ferreira.

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/

sábado, 29 de março de 2014

El arte de mentir con imágenes 29/03/2014


El capitalismo su fotografía y sus fotógrafos

Fernando Buen Abad Domínguez
Rebelión/Universidad de la Filosofía

Imágenes para la dominación de los imaginarios

Son capaces de usar “fotos” para cualquier cosa. A la vista de todos nosotros, la ideología de la clase dominante, y sus negocios, miente con el fin de disociar la realidad de sus ficciones (y viceversa). Para eso fundó una industria del registro fotográfico, y una industria de la propagación de imágenes que, en uno de sus trabajos más nefastos, no ha dejado de especializarse en todas las posibilidades de la mentira. Suelen ser “fotos” sin lugar, sin fecha, sin autor. Uno de sus reinos predilectos es el del “periodismo” que las burguesías han consolidado como “armas de guerra ideológica” y herramientas para la invisibilización de lo evidente. La sobresaturación con imágenes ha servido para anestesiar al pensamiento. Diremos, sólo por rigor de método, que no son todos… pero. ¿Cuánto puede esconderse lo real en una fotografía?

Hemos visto una revolución burguesa de la tecnología, y del lenguaje fotográfico, para la des-información. El viejo interés humano por el “registro fiel de los hechos” quedó sepultado bajo el dispositivo ideológico especializado en sembrar una mezcla de zozobra, desorientación y miedo. Fascismo. Hoy la mentira fotográfica tiene herramientas inimaginables al servicio de la irracionalidad del mercado y de los engaños que sirven para “mostrar” con fotografías, hechos que no son o que nunca fueron lo que dicen que son. Obra cumbre, no única, de esta degeneración es el diario “El País” de España que publicó una fotografía en la que se afirmó aparecía el presidente Hugo Chávez en un quirófano.

Muchos pagan cualquier cifra por fotografías útiles para ilustrar y demostrar la “verdad” de los especialistas en mentir. No importa dónde ocurrió el hecho, quién es la víctima, en qué fecha se produjo. Cualquier persona que posea un modo de registro (cámara o teléfono) puede convertirse en comerciante de la mentira hegemónica. No hay inocencia, se pagan sumas jugosas. Para el negocio de mentir con fotografías nada mejor que una camarita discreta, fácil de usar, gran calidad y conexión a Internet vía Wifi ¿Es neutra la tecnología? No hay control posible en un fenómeno basado en la saturación de imágenes y menos si, con esa saturación, se fortalece el sistema de mentiras que se ha vuelto salida mercantil e ideológico-política. Internet ha multiplicado, exponencialmente, el número de fotografías realizadas por profesionales, y por aficionados, para mentir a cada día.

La fotografía no es la verdad… es una herramienta para su búsqueda. Por eso, acaso, nadie parece preocuparse por la verdad, en la información fotográfica, entre otras razones porque la mentira se ha vuelto uno de los grandes pilares del negocio del periodismo burgués contemporáneo. Se organizan algunas redacciones en función de lo que la fotografía consigue en lugar de ceñirse estrictamente a los hechos y a sus protagonistas. Los operadores mediáticos se frotan las manos con la posibilidad de aumentar sus negocios, y sus intereses ideológicos, saturando con fotografías “testigo” sus periódicos y revistas. No importa que sean falsas.

Es el capitalismo mundial que financia guerras, que encarece medicamentos, que devasta selvas y mares, que intoxica el aire, derrite glaciares, reseca los lagos... extermina especies vegetales, animales… humanas. Es el capitalismo retratado en personas, inocentes, frágiles, olvidadas… engañadas sistemáticamente con un arma ideológica de enajenación masiva, infernal y humillante, que son sus “fotografías”. Es el retrato de la barbarie y se ve clarísimo. La evidencia de que los horrores puedan acabar convirtiéndose en un espectáculo “informativo” muy rentable.

A estas alturas de su historia los trabajadores de la producción fotográfica andan flacos de organización y movilización solidarias. Los ha golpeado la crisis de sobreproducción fotográfica, el recorte de los salarios, los despidos masivos y el avance tecnológico manipulado por la burguesía. Hay excepciones, claro, pero en todo el espectro de la producción fotográfica se ven los estragos del capitalismo inmisericorde e inclemente. Igual que en el resto de las actividades productivas.

Alguna vez se pensó que las fotografías no mentían, que eran prueba palmaria de un acontecimiento y que su fidelidad con la “realidad” garantizaría una transformación revolucionaria en nuestra relación con los hechos y el conocimiento “objetivo” sobre ellas. Pero está naciendo un espectador cómplice de fotografías, dispuesto a ignorar que pueden mentirle. Es que la verdad exige mucho trabajo. El truco consiste en manipular los hechos para que se adapten a las matrices ideológicas. Las fotos más falaces, las mentiras apoyadas con imágenes, exigen una brutalidad ideológica previa que es necesario conocer y denunciar. Y combatir.

Si como supone Umberto Eco, acaso no sin un dejo de cinismo humorista, que la Semiótica es “la disciplina que estudia todo lo que puede usarse para mentir”, urge, entonces, una Semiótica de la fotografía, también, para revolucionar su definición apoyados en una praxis que la coloque como disciplina científica en combate, cuyo objeto de estudio no sea sólo lo que vehicula un contenido sino el desmontaje de la relación dialéctica entre el contenido y su representación, en un momento histórico preciso, bajo el signo de la lucha de clases… o acaso, en otra perspectiva, como ciencia que estudia las leyes del desarrollo de la producción de sentido. Y así desmontar en la fotografía, que la burguesía alienta, cómo sirven, y a quiénes, sus fotógrafos y sus propagandistas a la hora de mentirnos con imágenes.

Por ejemplo. Hay que legislar y protocolizar el uso de las fotografías con obligatoriedad ética en su identificación espacio-temporal y su autoría. Hay que entrenarnos en la exigencia crítica y en la denuncia de combate cada vez que cada imagen esconda, tergiverse, sepulte o criminalice a alguien, o algo, por el sólo hecho de que así decidan los operadores de las armas de guerra ideológica de la burguesía. Ejercer el derecho humano fundamental a defendernos de las mentiras de los poderosos. Ejercer el derecho social a combatir los ataques contra los imaginarios colectivos y la siembra de dispositivos ideológicos tóxicos fabricados en los laboratorios de guerra psicológica. Ejercer, en suma, la responsabilidad revolucionaria y socialista de combatir cada milímetro y cada instante a la ideología de la clase dominante y sus mil maneras de camuflarse e infiltrarse en las cabezas, los corazones y los tejidos sociales. Incluso con “fotos” ocurran donde ocurran. ¡Clíc!


Rebelión ha publicado este artículo con el permiso del autor mediante una licencia de Creative Commons, respetando su libertad para publicarlo en otras fuentes.

Hoje, aniversário de Salvador e Bahia pelas lentes do baiano Bel Saffe 29/03/2014

Do blog de Assis Ribeiro

No aniversário de Salvador, nós baianos, mandamos um forte abraço para todos os comentaristas do blog



http://www.msccruzeiros.com.br/br_pt/Images/salvador-de-bahia_MSC0808147_tcm31-3479.jpg

http://www.decolar.com/blog/wp-content/uploads/2011/03/Pelourinho_Salvador.png




A Bahia pelas lentes do baiano Bel Saffe 


Parabéns Bahia ! Obrigada Assis Ribeiro, um abraço aos baianos. 
Por Tamára Baranov

O martírio da jovem Nilda Carvalho Cunha, 17 anos, nos porões da ditadura 29/03/2014


Enviado por IV AVATAR

PODERIA TER SIDO SUA FILHA, SUA IRMÃ, SUA NAMORADA...



Nilda Carvalho Cunha foi presa na madrugada de 19 para 20 de agosto de 1971, no cerco montado ao apartamento onde morreu Iara Iavelberg. Foi levada para o Quartel do Barbalho e, depois, para a Base Aérea de Salvador. Sua prisão é confirmada no relatório da Operação Pajuçara, desencadeada para capturar ou eliminar o guerrilheiro Carlos Lamarca e seu grupo.

Nilda foi liberada no início de novembro do mesmo ano, profundamente debilitada em consequência das torturas sofridas. Morreu em 14 de novembro, com sintomas de cegueira e asfixia. Ela tinha acabado de completar 17 anos quando foi presa. Fazia o curso secundário e trabalhava como bancária na época em que passou a militar no MR-8 e a viver com Jaileno Sampaio.

[...] um pouco do que Nilda contou de sua prisão:



– Você já ouviu falar de Fleury? Nilda empalideceu, perdia o controle diante daquele homem corpuloso. – Olha, minha filha, você vai cantar na minha mão, porque passarinhos mais velhos já cantaram. Não é você que vai ficar calada [...]. Dos que foram presos no apartamento do edifício Santa Terezinha, apenas Nilda Cunha e Jaileno Sampaio ficaram no Quartel do Barbalho. Ela, aos 17 anos, ele, com 18. – Mas eu não sei quem é o senhor... – Eu matei Marighella. Ela entendeu e foi perdendo o controle. Ele completava: – Vou acabar com essa sua beleza – e alisava o rosto dela. Ali estava começando o suplício de Nilda. Eram ameaças seguidas, principalmente as do major Nilton de Albuquerque Cerqueira. Ela ouvia gritos dos torturados, do próprio Jaileno, seu companheiro, e se aterrorizava com aquela ameaça de violência num lugar deserto. Naquele mesmo dia vendaram-lhe os olhos e ela se viu numa sala diferente quando pôde abri-los. Bem junto dela estava um cadáver de mulher: era Iara, com uma mancha roxa no peito, e a obrigaram a tocar naquele corpo frio. No início de novembro, decidem libertá-la. [...] Na saída, descendo as escadas, ela grita: – Minha mãe, me segure que estou ficando cega. Foi levada num táxi, chorando, sentindo-se sufocada, não conseguia respirar. Daí para a frente foi perdendo o equilíbrio: depressões constantes, cegueiras repentinas, às vezes um riso desesperado, o olhar perdido. Não dormia, tinha medo de morrer dormindo, chorava e desmaiava. – Eles me acabaram, repetia sempre [...].



Em 4 de novembro, Nilda foi internada na clínica Amepe, em Salvador [...] No mesmo dia, os enfermeiros tentaram evitar a entrada do major Nilton de Albuquerque Cerqueira em seu quarto de hospital, mas não conseguiram. Na presença da mãe, ele ameaçou Nilda, disse que parasse com suas frescuras, senão voltaria para o lugar que sabia bem qual era. O estado de Nilda se agravou, e ela foi transferida para o sanatório Bahia, onde faleceu, em 14 de novembro. No seu prontuário, constava que não comia, via pessoas dentro do quarto, sempre homens, soldados, e repetia incessantemente que ia morrer, que estava ficando roxa. A causa da morte nunca foi conhecida. O atestado de óbito diz: “edema cerebral a esclarecer”.

(Trecho do livro Direito à memória e à verdade: Luta, substantivo feminino Tatiana Merlino – São Paulo: Editora Caros Amigos, 2010.)

Nilda não foi violentada apenas por seus torturados. Foi violentada pelos donos dos meios de comunicação que apoiaram e sustentaram o regime militar. Foi violentada também por todos aqueles empresários e políticos reacionários que financiaram a repressão e lucraram com seu sangue, com suas lágrimas e com sua dor.

Nilda poderia ter sido uma adolescente comum, feliz, cheia de sonhos. Mas a ganância, o egoísmo e a brutalidade de uma elite privilegiada e sem compromisso com nosso país, deram esse trágico fim a sua vida. Esta elite jogou milhares de jovens na clandestinidade, os torturou e os matou.

Nilda ainda vive em cada um de nós, que acreditamos e lutamos pelos direitos humanos, pela vida, pela justiça e pela igualdade social. Mas ela continua sendo torturada nos dias de hoje. Ela está sendo torturada pela mídia que é contra os julgamentos dos criminosos da ditadura militar. E ela continuará sendo torturada enquanto políticos e empresários que apoiaram esse regime bárbaro continuarem livres. Ela foi torturada pelos atuais ministros do Supremo Tribunal Federal que recusaram o pedido de condenação dos praticantes de violações contra os direitos humanos nos porões do exército.

Não deixe que aqueles que tentaram apagar Nilda da História tenham êxito. Nosso país somente terá democracia plena quando acertar as contas com seu passado. Apóie a Comissão da Verdade e Reconciliação que irá julgar os crimes praticados pelos órgãos de repressão do regime militar. Crimes contra a humanidade não prescrevem!



Visite o site e baixe os livros do projeto Memórias Reveladas

http://www.memoriasreveladas.gov.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=17&sid=4

sexta-feira, 28 de março de 2014

São Paulo: Ministério Público pede prisão de 13 acusados de envolvimento em cartel 28/03/2014

São Paulo
Daniel Mello - Repórter da Agência Brasil Edição: Fábio Massalli

O Ministério Público (MP) de São Paulo pediu a prisão de 13 executivos acusados de participar de um cartel nas licitações do transporte público do estado. Segundo os promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate aos Delitos Econômicos (Gedec), foram verificadas irregularidades em 11 contratos de cinco projetos do Metrô e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).

O MP estima que as fraudes, iniciadas em 1998, tenham causado prejuízos de R$ 834,8 milhões aos cofres públicos. De acordo com a investigação, a estratégia mais comum era a participação combinada nas concorrências públicas. Parte das empresas perdia a licitação e as vencedoras rateavam 30% dos ganhos e, em contrapartida, contratavam os serviços das perdedoras. Os contratos sob suspeita somam R$ 2,7 bilhões.


Os pedidos de prisão foram emitidos contra 11 altos funcionários da empresa alemã Siemens à época das fraudes: Peter Rathgeber, Robert Huber Weber, Herbert Hans Steffen, Rainer Giebl, José Aniorte Jimenez, Dirk Schönberger, Friedrich Smaxwill, Lothar Dill, Lothar Müller, Jochen Wiebner, e Alexander Flegel. Além deles, também tiveram a prisão decretada o ex-presidente da canadense Bombardier, Serge Van Temsche, e o gerente-geral da coreana Hyunday-Rotem, Dong Ik Woo.

Ontem (27), a empresa alemã Siemens assinou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o Ministério Público de São Paulo para fornecer informações sobre o cartel. Pelo acordo, a multinacional se comprometeu a fornecer documentos e facilitar o acesso a testemunhas que ajudem a esclarecer como funcionava o esquema de fraudes em concorrências públicas.

A companhia já havia firmado um acordo de leniência com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). O acordo tem servido de base para as investigações sobre as fraudes.

Durante o anuncio do TAC, o presidente da Siemens, Paulo Stark, ressaltou que atual gestão da empresa não tem ligação com as fraudes. “Apesar da gestão atual e dos 8 mil funcionários da Siemens não terem envolvimento nenhum com esse caso, está mais que evidente que a empresa tem já instalados todos os mecanismos possíveis para evitar que erros dessa natureza possam ser cometidos por qualquer um que se diga desavisado”, destacou.

Por meio de nota, a Bombardier disse que Van Temsche não trabalha mais na empresa e que não comentará a decisão do Ministério Público.

http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2014-03/ministerio-publico-pede-prisao-de-13-acusados-de-envolvimento-em-cartel

Tribunal de Contas da União cancelou leilão feito por Alckmin 28/03/2014


ANÍBAL AO 247: “GOVERNO LEILOOU MAL E O TCU BRECOU”

Em entrevista ao 247, o secretário de energia de São Paulo, José Aníbal rebateu a análise de que o leilão de Três Irmãos cria um ônus político para o governador Geraldo Alckmin; “se existe problema, é para o governo federal, porque o Tribunal de Contas de União acabou de cancelar o leilão”; o motivo, segundo o secretário, foi a falha do processo, em que se leiloou apenas a parte de geração de energia, sem incluir as eclusas, que garantem a navegação no rio Tietê; liminar foi concedida pelo ministro José Jorge

28 DE MARÇO DE 2014 ÀS 18:02

247 – O secretário de Energia de São Paulo, José Aníbal, rebateu, em entrevista ao 247, a análise de que o leilão da usina de Três Irmãos cria um ônus político para o governador Geraldo Alckmin (leia mais aqui). “Se há algum problema, é para o governo federal, pois o Tribunal de Contas da União acaba de cancelar o leilão”, disse ele.

Aníbal se refere à liminar concedida pelo ministro José Jorge nesta sexta-feira 28, que impede o governo federal de assinar o contrato com o consórcio Nova Oriente, formado por Furnas e o fundo Constantinopla, até que seja julgado o mérito de uma ação movida pelo governo de São Paulo. A ação contesta o fato de o leilão ter licitado apenas a parte de geração de energia de Três Irmãos, sem incluir a gestão das eclusas. Segundo o ministro José Jorge afirmou em seu despacho, essa decisão "poderá comprometer a continuidade do sistema energético-hidroviário constituído pelos empreendimentos".

Aníbal defendeu a decisão. “É uma temeridade leiloar uma usina sem licitar também as eclusas e tudo o que diz respeito à navegação”, diz ele. “São coisas interconectadas”. Segundo o secretário, em duas ocasiões, a Agência Nacional de Energia Elétrica reconheceu este fato, mas o ministério de Minas e Energia, chefiado por Edison Lobão, decidiu bancar a venda separada dos ativos. “Foram precipitados e deu nisso”, disse Aníbal, que promete novas ações judiciais. Ele afirma que o governo federal concordou em indenizar a Cesp em R$ 1,7 bilhão por ativos de Três Irmãos que ainda não estavam amortizados. No entanto, segundo o secretário, ainda há outra dívida pendente, que pode render cerca de R$ 1 bilhão a mais aos cofres da Cesp.

http://www.brasil247.com/pt/247/sp247/134856/An%C3%ADbal-ao-247-%E2%80%9Cgoverno-leiloou-mal-e-o-TCU-brecou%E2%80%9D.htm

Leilão de Hidrelétrica em SP, feito por Alckmin, vende por R$16,00 e recusou a oferta da Dilma por R$27,00 28/03/2014



SP 247 – Uma decisão tomada pelo governo de São Paulo no fim de 2011 acaba de criar uma dificuldade para a reeleição do governador tucano Geraldo Alckmin. Naquele ano, a presidente Dilma Rousseff, interessada em reduzir os custos da energia no País, fez uma oferta às empresas cujas concessões estavam vencendo. Uma das empresas afetadas era a Cesp, que opera a usina de Três Irmãos. Naquele momento, Dilma ofereceu R$ 27 por megawatt/hora para que São Paulo renovasse suas concessões por trinta anos.

Liderando a reação política ao projeto de redução das contas de luz, os governos de São Paulo, Minas Gerais e Paraná decidiram não aderir ao plano proposto pelo governo federal. Segundo o secretário de Energia José Anibal, o valor oferecido à Cesp era baixo demais. Pois bem: nesta sexta-feira, foi realizado o leilão de Porto Primavera. O leilão foi vencido pelo consórcio Novo Oriente, formado por Furnas e pelo fundo de investimentos Constantinopla. O preço do megawatt/hora? Apenas R$ 16,6, ou seja, um valor quase 40% abaixo do oferecido pela presidente Dilma Rousseff em 2011.

Isso significa que o governo de São Paulo abriu mão de parte relevante do patrimônio da Cesp, alegando que os preços eram insatisfatórios. Para piorar, até 2015, serão também leiloadas as usinas de Jupiá e Ilha Solteira.

O leilão desta sexta-feira enfrentou forte reação dos eletricitários, porque, na prática, parte da Cesp foi privatizada. E o tema tende a crescer na campanha estadual de 2014. Especialmente porque um dos candidatos, Paulo Skaf, que também preside a Fiesp, foi um forte defensor da tese de que São Paulo deveria ter aceito a oferta do governo federal e renovado suas concessões. Em 2011, Skaf alegava que a competição no setor elétrico faria o preço da energia recuar para menos de R$ 20 o megawatt/hora e que São Paulo deveria, portanto, ter renovado suas concessões. Ou seja: o pré-candidato do PMDB terá um prato cheio para explorar na campanha.

Em 2015, segundo cálculos de 2015, com a não renovação das concessões de Três Irmãos, Jupiá e Ilha Solteira, a Cesp terá perdido 25% de sua geração de caixa.

quinta-feira, 27 de março de 2014

Brasil protegerá a sus internautas del espionaje internacional con una nueva ley 27/03/2014

rt.com

La Cámara de los Diputados de Brasil ha aprobado la noche del martes el llamado 'Marco Civil de Internet', el proyecto que regulará los principios básicos del uso de la Red en el país y protegerá a los internautas del uso indebido de sus datos.La iniciativa, apodada la 'Constitución de Internet' de Brasil, fue aprobada por todos los partidos con representación parlamentaria menos el opositor PPS (Partido Popular Socialista). Ahora deberá ser aprobada por el Senado y sancionada por la presidenta, Dilma Rousseff, para convertirse en ley. La histórica votación coincide con el 25.º aniversario de la red mundial. "Si el Marco Civil fuera aprobado sin suspensiones ni enmiendas, ese sería el mejor regalo de cumpleaños para los brasileños y para toda la red global de usuarios", comentó Tim Berners-Lee, el 'padre de Internet'.

El 'Marco Civil' está basado en la idea de "neutralidad en la Red", que implica que los proveedores de conexión a Internet deban garantizar a sus clientes la velocidad contratada, independientemente del contenido al que estos accedan. También obliga a las empresas extranjeras, como Google o Facebook, a cumplir con las normas de la legislación nacional, aun cuando no estén instaladas en el país. "El Marco Civil de Internet intenta regular la privacidad de los usuarios. Aquellos que violen los principios básicos de este Marco Civil estarán sujetos a sanciones dentro de Brasil, aunque posiblemente no lo estarían en EE.UU.", explicó a RT la periodista argentina Eleonora Gosman.

La reforma prohíbe, además, a los proveedores de servicios ofrecer a terceros información sobre sus clientes, excepto que exista el consentimiento de los internautas. Por último, tales informaciones como el historial de búsquedas o los correos electrónicos podrán almacenarse durante seis meses como máximo, y las IP, un año.

Sin embargo, frente a la presión de la oposición, en la versión final del documento no figura el artículo que obligaba a las compañías como Facebook o Google a almacenar los datos de los brasileños dentro del territorio de Brasil. Este punto fue una respuesta directa a los documentos filtrados en su momento por el excolaborador de la CIA Edward Snowden, que revelaron el espionaje de EE.UU. al que fueron sometidos varios líderes mundiales, incluida la presidenta Rousseff. Desde el punto de vista de la oposición, replicar en el territorio de Brasil las estructuras necesarias para el almacenaje de los datos generaría costos demasiado altos para los usuarios.

En caso de aprobación final de la nueva ley, Brasil se convertirá en el cuarto país del mundo tras Chile, Países Bajos y Eslovenia, donde esté regulada la 'neutralidad en la Red'.

Por su parte, el próximo 3 de abril la Unión Europea votará la revisión de las normas de protección de datos.
Fuente : http://actualidad.rt.com/actualidad/view/123475-brasil-ley-seguridad-internet-espionaje

Com apoio de 89% da população, Veneza quer independência da Itália 27/03/2014

Após um plebiscito onde 89% das pessoas optaram por independência, Veneza deverá se separar da Itália. Um dos principais destinos turísticos do mundo, a cidade e a região do Veneto, querem formar um novo país - que continuará a fazer parte da União Europeia, da Zona do Euro e da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). Apenas 257 mil pessoas votaram contra a proposta, cerca de 11% dos 2,3 milhões de eleitores. As autoridades locais deverão escrever uma declaração formal de independência, a ser enviada para o governo - que já avisou que entende essa consulta como ilegal, por não ter poder constitucional imediato.

A ideia é manter os impostos locais ao invés de repassá-los para o governo central de Roma, já que Veneto é mais rico do que a média das regiões italianas. Outras cidades notáveis da região incluem Verona e Vicenza, além de Treviso. No total, a região - no norte da Itália - tem 4,9 milhões de habitantes. Nos últimos anos a cidade de Veneza arrecadou € 71 bilhões em impostos mas recebeu investimentos de apenas € 50 bilhões. "Nós não queremos mais ser parte de um país que está contra a parede. Nada funciona mais", disse Nicola Gardin, um dos coordenadores da campanha.A crise econômica italiana tem sido cruel com Veneza, capital de uma região que, até 1797, foi uma república independente. Somente com as invasões napoleônicas que Veneza perdeu sua autonomia, passando a fazer parte do Império Austríaco e do reino da Itália nas próximas decadas.

quarta-feira, 26 de março de 2014

A partir do dia 27/03/2014, entram em vigor 27 novas taxas, criadas por Alckmin 26/03/2014

A partir desta quinta-feira, entram em vigor as novas taxas de Alckmin

Preparem os bolsos: A partir desta semana Alckmin começa cobrar  novas taxas
da Assessoria de Imprensa da Liderança do PT na Assembleia Legislativa e São Paulo, via e-mail
No finalzinho do ano passado o governador Geraldo Alckmin, aprovou projeto de lei de sua autoria que criou mais de 20 novas taxas que vão onerar a vida dos moradores de Estado de São Paulo.
Em 27 de dezembro de 2013 entrou em vigor a lei 15. 266, que “dispõe sobre o tratamento tributário relativo às taxas no âmbito do Poder Executivo Estadual”. Recentemente o governador enviou outro projeto de lei para melhor adequar o ajuste dos tributos cobrados pelo Detran.
A partir dessa iniciativa do governador a população paulista passará a pagar 27 novas taxas, em sua grande maioria concentradas na área de trânsito. Outras  há muito existentes sofreram reajustes de até 116% , como os tributos cobrados pelo Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo (Detran-SP), como o emplacamento de veículos, previsto para entrar em vigor no dia 27 de março.
Entre as novas taxas 10, estão na área da segurança pública, várias para shows pirotécnicos e carros blindados. Segundo estimava realizada pela Bancada do PT, considerando a frota de veículos de São Paulo, somente com as novas taxas de emplacamento o governo Alckmin deve arrecadar R$ 336 milhões a mais por ano, devido ao aumento das taxas muito acima da inflação, que pode ser constatada na publicação do Diário Oficial, em  21 de março de 2014, páginas  13 e 14.
COORDENADORIA DA ADMINISTRAÇÃO
TRIBUTÁRIA
Comunicado CAT 04, de 20-03-2014
Divulga os valores em reais da Taxa de Fiscalização e Serviços
Diversos e da Taxa de Defesa Agropecuária para o período
de 27 de março a 31-12-2014
O Coordenador da Administração Tributária, tendo em vista
o disposto nos artigos 8º, parágrafo único, e 49 da Lei 15.266,
de 26-12-2013, e considerando que o valor da UFESP, Unidade
Fiscal do Estado de São Paulo, para o período de 1º de janeiro a
31-12-2014 é de R$ 20,14, comunica que:
1 – Os valores em REAIS da Taxa de Fiscalização e Serviços
Diversos e da Taxa de Defesa Agropecuária para o período de 27
de março a 31-12-2014 serão os constantes das tabelas anexas;
2 – Fica sem efeito, a partir de 27-03-2014, o Comunicado
CAT-23, de 26-12-2013.
Abaixo as taxas referentes aos serviços de trânsito. Para saber as demais, acesse o site do Diário Oficial do Estado de São Paulo  de 21 de março de 2014. Pesquise nas páginas 13 e 14. 


http://www.viomundo.com.br/denuncias/a-partir-desta.html

Ucrânia, Autópsia de um Golpe de Estado 26/03/2014




Este é um trabalho muito bem documentado para saber quem é quem e o quê na recente luta ainda em curso na Ucrânia. O autor desmascara os corruptos e mafiosos políticos ucranianos, fascistas e nacional-socialistas batizados de militantes do Svoboda e outros partidos, mas também arranca a máscara de políticos e de instituições dos EUA, do Canadá e da União Europeia, tal como a instituições e aos governantes dos países membros da União Europeia que se atropelaram na praça Maidán e conviveram em alegres comezainas com a bandidagem ucraniana.

O movimento de protesto (chamado "Euromaidán") que a Ucrânia viveu recentemente é interessante a vários títulos. Demonstra como com apoio estrangeiro e sem intervenção militar se pode fomentar com êxito um golpe de Estado civil contra um governo democraticamente eleito. Desvela a flagrante parcialidade e a falta de integridade dos meios de comunicação dominantes ocidentais que, com argumentos falaciosos, apoiam cegamente o intervencionismo ocidental, e com uma visão maniqueísta da situação qualificam uns de bons e os outros de maus. E, mais grave, esboça ainda os até agora etéreos contornos do renascimento da Guerra Fria, que se acreditava enterrada com a queda do muro de Berlim. Finalmente, oferece-nos uma provável projeção da situação dos países "primaverados", na medida em que a Ucrânia conheceu a sua "primavera" em 2004, primavera essa geralmente denominada por "revolução laranja".

Mas para compreender a atual situação da Ucrânia é primordial rever algumas datas importantes e os nomes dos principais atores da política ucraniana pós era soviética:

O movimento de protesto (chamado "Euromaidán") que a Ucrânia viveu recentemente é interessante a vários títulos. Demonstra como com apoio estrangeiro e sem intervenção militar se pode fomentar com êxito um golpe de Estado civil contra um governo democraticamente eleito. Desvela a flagrante parcialidade e a falta de integridade dos meios de comunicação dominantes ocidentais que, com argumentos falaciosos, apoiam cegamente o intervencionismo ocidental, e com uma visão maniqueísta da situação qualificam uns de bons e os outros de maus. E, mais grave, esboça ainda os até agora etéreos contornos do renascimento da Guerra Fria, que se acreditava enterrada com a queda do muro de Berlim. Finalmente, oferece-nos uma provável projeção da situação dos países "primaverados", na medida em que a Ucrânia conheceu a sua "primavera" em 2004, primavera essa geralmente denominada por "revolução laranja".

Mas para compreender a atual situação da Ucrânia é primordial rever algumas datas importantes e os nomes dos principais atores da política ucraniana pós era soviética:

Cronologia da política Ucraniana

1991: Ucrânia separa-se da URSS.
1991-1994: Leonid Kravtchouk (ex-dirigente da era soviética) é o primeiro presidente da Ucrânia.
1991: Julia Timochenko cria a "Companhia de Petróleo Ucraniano".
1992-1993: Leonid Koutchma (pró-russo) é o primeiro-ministro sob a presidência de Kravtchouk. Demitir-se-á em 1993 para se apresentar às eleições presidenciais do ano seguinte.
1994-1999: Leonid Koutchma é o segundo presidente de Ucrânia.
1995: Julia Timochenko reorganiza a sua empresa para fundar, com a ajuda de Pavlo Lazarenko a companhia de distribuição de hidrocarbonetos "Sistemas Energéticos Unidos da Ucrânia" (SEUU)
1995: Pavlo Lazarenko é nomeado vice primeiro-ministro encarregado da energia.
1996: SEUU tem um volume de negócios de 10.000 milhões de dólares e obtém 4.000 milhões de lucros.
1996-1997: Pavlo Lazarenko é o primeiro-ministro sob a presidência de Koutchma.
1997: O presidente Koutchma desiste para Pavlo Lazarenko.
1998: A polícia suíça detém Lazarenko na fronteira franco-suíça e as autoridades de Berna acusam-no de branqueamento de dinheiro.
1999: Lazarenko é detido no aeroporto JFK de Nova Iorque. É condenado em 2004 por lavagem de dinheiro (114.000 milhões de dólares), corrupção e fraude.
1999-2005 Leonid Koutchma é presidente de Ucrânia após a sua reeleição.
1999-2001: Viktor Iouchtchenko é primeiro-ministro sob a presidência de Koutchma. Julia Timochenko é vice-primeiro ministro encarregue da energia (lugar que tinha sido ocupado por Lazarenko).
2001: O presidente Koutchma desiste a favor Julia Timochenko em Janeiro de 2001. Esta é acusada de "contrabando e falsificação de documentos" por ter importado fraudulentamente gás russo em 1996, quando era presidente da SEUU. Timochenko é detida e passa 41 dias na prisão. A justiça investiga a sua atividade no setor da energia durante a década de 1990 e a sua relação com Lazarenko.
2002-2005: Viktor Yanukovich (pró-russo), delfim de Koutchma, é primeiro-ministro sob a sua presidência.
A eleição presidencial opõe o primeiro-ministro Viktor Yanukovich e o ex primeiro-ministro e líder da oposição Viktor Yushchenko (pró-ocidental). Yanukovich ganha o segundo turno (49,46 contra 46,61%).
Discutem-se os resultados já que, segundo a oposição, as eleições são fraudulentas.
2004: Revolução Laranja: Movimento de protesto popular pró-ocidental generosamente apoiado por organismos ocidentais de "exportação" da democracia, particularmente americana. Considera-se Julia Timochenko a inspiradora do movimento. O principal resultado desta "revolução": anulação do segundo turno nas eleições presidenciais.
Organiza-se um terceiro turno das eleições: é eleito Viktor Yushchenko (51,99 contra el 44,19%).
2005-2010 Viktor Yushchenko é o terceiro presidente da Ucrânia.
2005 (7 meses): Julia Timochenko é a primeira-ministra sob a presidência de Yushchenko.
2006-2007: Viktor Yanukovich é o primeiro-ministro sob a presidência de Yushchenko.
2007-2010: Julia Timochenko é a primeira-ministra pela segunda vez sob a presidência de Yushchenko.
2010: Eleições presidenciais. Resultados do primeiro turno: primeiro, Yanukovich (35,32%); Segundo, Timochenko (25,05%) e quinto, Yushchenko (5,45%). Segundo turno: Yanukovich ganha a Timochenko (48,95% contra 45,47%).
2010-2014: Viktor Yanukovich é o quarto presidente de Ucrânia.
2011: Julia Timochenko é condenada a sete anos de prisão por abuso de poder nos contratos de gás assinados entre a Ucrânia e a Rússia em 2009.






Linha do tempo política da Ucrânia

Um golpe de Estado plebiscitado pelo Ocidente

O que aconteceu na Ucrânia nestes últimos dias foi um autêntico golpe de Estado. Na verdade, o presidente Viktor Yanukovitch foi democraticamente eleito em 7 de Fevereiro de 2010 ao ganhar de Júlia Timochenko no segundo turno das eleições presidenciais (48,95% contra 45,47% dos votos).

Evidentemente, Timochnko não aceitou imediatamente o veredito das urnas [1].
Seguramente que em alguma parte houve fraude já que ela era a primeira-ministra em exercício durante as eleições e Viktor Yushchenko era o presidente do país. As duas figuras emblemáticas da "revolução" laranja, amplamente apoiadas pelos países ocidentais, as mesmas pessoas que se supunha iriam fazer entrar a Ucrânia numa nova era, a da democracia e da prosperidade, foram folgadamente derrotados por um candidato pró-russo. E que candidato, Yanukovitch! A pessoa que tinha sido "assobiado" pelos ativistas da onda laranja de 2004. Em menos de seis anos os ucranianos compreenderam que esta colorida "Revolução" não era uma revolução.

Em 8 de Fevereiro de 2010, João Soares, presidente da Assembleia Parlamentar da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) declarou: "As eleições deram uma impressionante demonstração de democracia. É uma vitória para todo o mundo dada pela Ucrânia. Agora é o momento dos dirigentes políticos do país ouvirem o veredicto do povo e de fazerem com que a transição de poder seja pacífica e construtiva" [2].

Sem demasiada convicção mas perante a evidência do veredito dos observadores internacionais, Timochenko acabou por retirar o seu recurso judicial à invalidação do resultado das eleições [3].

Os "indignados" da praça Maidán reprovam Yanukovitch por ter decidido suspender um acordo entre o seu país e a União Europeia (UE). E aqui coloca-se uma pergunta fundamental: em democracia e no quadro das prerrogativas da sua função, um presidente em exercício tem direito a assinar os acordos que considere benéficos para o seu país? A resposta é afirmativa, tanto mais quando muitos especialistas acreditam que aquele acordo era nefasto para a economia da Ucrânia.

Assim, segundo David Teurtrie, Investigador do Instituto Nacional de Línguas e Civilizações Orientais (INALCO, Paris): "A proposta que se fez à Ucrânia era, o que eu chamaria, uma estratégia sem esperança. Por que razão? O acordo estabelecia uma zona de livre comércio entre a União Europeia (UE) e a Ucrânia. Mas esta zona de livre comércio era muito desfavorável à Ucrânia porque abria o mercado ucraniano aos produtos europeus e entreabria o mercado europeu aos produtos ucranianos, a maior parte dos quais não são competitivos no mercado ocidental. Por isso, a vantagem não era muito evidente para a Ucrânia. Em síntese, a Ucrânia tinha todas as desvantagens com esta liberalização do comércio com a UE e não conseguia qualquer vantagem" [4].

O economista russo Serguei Glaziev é da mesma opinião: "Todos os cálculos incluindo os dos analistas europeus, dão conta de uma desaceleração inevitável na produção de bens ucranianos nos primeiros anos após a assinatura do Acordo de Associação, já que estão condenados a uma perda de competitividade em relação aos produtos europeus" [5].

Não obstante a sensibilidade pró-russa de Yanukovitch, está claro que a proposta russa era muito mais interessante que a dos europeus. "A UE não promete a lua aos manifestantes… só a Grécia" é o irónico título do L’Humanité [6].

Depois dos sangrentos distúrbios de Kiev, curiosamente, muitos países ocidentais apressaram-se a dizer que estavam dispostos a apoiar "um novo governo" na Ucrânia [7], isto é, a reconhecer implicitamente o golpe de Estado. Em vez de avivar a violência e de financiar as barricadas, não deveriam estes países ter oferecido os seus bons ofícios para acalmar as coisas e esperar as eleições seguintes, tal como prescrevem os fundamentos da democracia que eles procuram exportar para a Ucrânia e outros lugares do mundo?

Alguns detalhes sobre a "Revolução Laranja"

A "revolução" laranja faz parte de uma série de revoltas batizadas de "revoluções coloridas" que se desenrolaram na década de 2000 nos países de Leste, sobretudo nas antigas repúblicas soviéticas. As da Sérvia (2000), da Geórgia (2003), da Ucrânia (2004) e Quirguizistão (2005) terminaram em mudanças de governo.

Num exaustivo e muito detalhado artigo sobre o papel dos Estados Unidos nas revoluções coloridas G. Sussman e S. Krader da Portland State University dizem resumidamente o seguinte: "Entre 2000 e 2005 os governos aliados da Rússia na Sérvia, na Geórgia, na Ucrânia e no Quirguizistão foram derrubados por umas revoltas sem efusão de sangue. Ainda que, de uma maneira geral, os meios de comunicação ocidentais finjam que estes levantamentos são espontâneos, indígenas e populares (poder do povo), as "revoluções coloridas" são de fato o resultado de uma vasta planificação. Os Estados Unidos em particular, e os seus aliados exerceram sobre os países pós comunistas um extraordinário conjunto de pressões e utilizaram financiamentos e tecnologias ao serviço da ajuda à democracia" [8].

Uma dissecação das técnicas utilizadas durante estas "revoluções" revela que todas têm o mesmo modus operandi. Criaram-se vários movimentos para dirigir estas revoltas: Otpor ("Resistência") na Sérvia, Kmara ("Basta!") na Geórgia, Pora ("É a hora") na Ucrânia e Kelkel ("Renascimento") no Quirguistão. O primeiro deles, Otpor, foi o que provocou a queda do regime sérvio de Slobodan Milosevic. Depois, este sucesso ajudou, aconselhou e formou todos os outros movimentos através de um departamento especialmente criado para esta tarefa, o Center for Applied Non Violent Action and Strategies (CANVAS) domiciliado na capital sérvia. O CANVAS prepara dissidentes imaturos de todo o mundo na aplicação da resistência individual não violenta, ideologia teorizada pelo filósofo e politólogo norte-americano Gene Sharp, cuja obra "From Dictatorship to Democracy" (Da ditadura à democracia) foi a base de todas as revoluções coloridas.



Manifestantes da da "revolução" laranja
Tanto o CANVAS como os diferentes movimentos dissidentes se beneficiaram da ajuda de muitas organizações norte-americanas de "exportação" da democracia como United States Agency for International Development (USAID), National Endowment Democracy (NED), International Republican Institute (IRI), National Democratic Institute for International Affairs (NDI), Freedom House (FH), Albert Einstein Institution e Open Society Institute (OSI). Estes organismos são financiados pelo orçamento norte-americano ou por capitais privados norte-americanos. A título de exemplo, o NED é financiado por um orçamento votado pelo Congresso norte-americano e os seus fundos são administrados por um conselho de administração onde está representado o Partido Republicano, o Partido Democrata, a Câmara de Comércio dos Estados Unidos e o sindicato American Federation of Labour-Congress of Industrial Organization (AFL-CIO), enquanto o OSI faz parte da Fundação Soros, cujo fundador é o bilionário e especulador financeiro George Soros. É também interessante dizer que o conselho de administração do IRI é presidido pelo senador John McCain, o candidato derrotado nas eleições presidenciais norte-americanos de 2008. O excelente documento que a jornalista francesa Mainon Loizeau dedicou às revoluções coloridas mostra claramente como McCain está implicado nelas [9]. Assim, compreende-se bem por que razão o senador se precipitou para Kiev a fim de apoiar os amotinados ucranianos. Também se compreende por que é que a Rússia endureceu o tom quando se refere às ONGs estrangeiras presentes no seu território e por que expulsou a USAID do seu território [10].

A relação entre o movimento ucraniano "Pora" e estas organizações norte-americanas é explicitada por Ian Traynor num excelente artigo publicado em TheGuardian, em Novembro de 2014 [11].

"Oficialmente o governo norte-americano gastou 41 milhões de dólares durante um ano para organizar e financiar a operação que permitiu desfazer-se de Milosevic […]. Na Ucrânia anda à volta dos 14 milhões de dólares", explica ele.

Julia Timochenko e Viktor Yushchenko são considerados as figuras destacadas da "revolução" laranja. Este movimento apoiado pelos ocidentais obteve a anulação da segunda volta das eleições presidenciais de 2004, que em princípio tinham sido ganhas por Viktor Yanukovich a Viktor Yushchenko. A "terceira" volta deu finalmente a vitória a Yushchenko, que se tornou no terceiro presidente da Ucrânia, para grande alegria dos norte-americanos e dos europeus.

Orgulhoso dos seus êxitos "revolucionários" coloridos, o belicoso senador McCain declarou que tinha proposto Viktor Yushchenko o seu homólogo georgiano pró-ocidental Mikhail Saakashvili como candidatos ao prémio Nobel da Paz [12]. Em Fevereiro de 2005 viajou até Kiev para felicitar o seu "pupilo" e possivelmente também para lhe mostrar que ele tinha alguma coisa a ver com a sua eleição.

Mal foi nomeado presidente, Yushchenko apressou-se a nomear primeira-ministra Julia Timochenko, mas a "lua de mel" entre os companheiros não durou muito tempo. Apesar de incensados pelo Ocidente o casamento Yushchenko-Timochenko não resultou e os seus resultados foram decepcionantes.

Justin Raimondo descreve assim o balanço do governo de Yushchenko (2005-2010): "Hoje, passado que foi há muito o brilho laranja da sua revolução, o seu regime mostrou ser tão incompetente e recheado de amiguismo como os seus corruptos e venais predecessores, se é que não é mais. Uma grande parte da "ajuda" monetária ocidental desapareceu […]. Pior, a economia está paralisada pela imposição do controlo dos preços e corrompida por um tráfico de influência descarado. O país desintegrou-se não só econômica mas também socialmente em consequência do acordo de partilha do poder entre Yushchenko e a volátil Julia Timochenko, a princesa do gás e amazona oligarca [...]. A queda radical da economia e os escândalos que se tornaram cotidianos do governo Yushchenko levaram a uma completa marginalização da veneranda laranja revolucionária: na primeira voltadas eleições presidenciais [2010] obteve uns humilhantes 5% dos votos. Fora da corrida e sem necessidade de mais simulações, Yushchenko lançou uma verdadeira bomba para a arena política ao homenagear Stepan Bandera, o nacionalista ucraniano e colaborador dos nazis como herói da Ucrânia [14].

Por último diga-se que as organizações norte-americanas de "exportação" da democracia também estiveram muito implicadas no que se chamou a "primavera" árabe (nota blog Anti-NOM: leia mais neste artigo "Falsas Revoluções Coloridas - Como Derrubar Governos com ONGs Globalistas"). Os jovens ativistas árabes foram formados na resistência individual, pelo CANVAS e na ciber-dissidência por organismos norte-americanos como Allience of Youth Movements (AYM, uma organização patrocinada pelo Departamento de Estado) e pelo gigantes norte-americanos das novas tecnologias como o Google, o Facebook ou o Twitter [15].

Os "amáveis" amotinados da praça Maidán

Apesar da enorme diversidade da "fauna" revolucionária que ocupou a praça Maidán em Kiev, os observadores coincidem no reconhecimento que a dissidência é composta por quatro grupos diferentes situados num espectro que vai da direita à extrema-direita.

Em primeiro lugar vem "Batkivshina" ou União Pan-ucraniana "Pátria", um partido político liderado por Julia Timochenko, secundada por Olexandre Turtchinov, um velho amigo considerado o seu "fiel' escudeiro [16]. Foi este último que foi nomeado presidente depois da partida de Yanukovitch.



Olexandre Turtchinov e Julia Timochenko
Fundado em 1999, Batkivshina é um partido liberal pró-europeu. É membro observador do Partido Popular Europeu (PPE) que reúne os principais partidos da direita europeia, entre eles a CDU (União Cristã-Democrata Alemã) da chanceler Angela Merkel. Diga-se que a Fundação Konrad Adenauer (Konrad Adenauer Stiftung), think-tank da CDU, também está filiada no PPE. Por outro lado, o PPE mantém estreitas relações com o International Republican Institute (IRI). Wilfied Martens, então presidente do PPE, apoiou John McCain nas eleições presidenciais de 2008 [17]. Naturalmente, como já dissemos, John McCain é sobretudo o presidente do conselho de administração do IRI.

Segundo um dos responsáveis do "Mejlis Of Crimean Tatar People", movimento associado ao partido "Pátria", o IRI está ativo na Ucrânia desde há mais de dez anos, isto é, desde a "revolução" laranja nunca abandonou o território [18].

Arseni Yatseniuk, personalidade pró-ocidental de primeiro plano da vida política ucraniana, é considerado "um líder guia dos protestos na Ucrânia". Um puro produto da "revolução" laranja (ocupou o cargo de ministro sob a presidência de Yushchenko), criou primeiro o seu próprio partido (Frente para a Mudança) antes de se ligar às fileiras de Batkivshina e de se aproximar de Timochenko. Yatseniuk, que acaba de ser nomeado primeiro-ministro, foi eleito pelos amotinados da praça Maidán. A sua missão é dirigir um movimento de união nacional antes das eleições presidenciais antecipadas previsivelmente para 25 de Maio de 2014 [20].



Arseni Yatseniuk

O segundo partido implicado no violento protesto ucraniano é a UDAR (Aliança Ucraniana Democrática para a Reforma). Este partido, também liberal e pró-europeu, foi criado em 2010 pela união de dois partidos, um dos quais é o Pora, surgido do movimento de jovens que tinha sido a vanguarda da "revolução" laranja. A UDAR (que quer dizer golpe em ucraniano), é dirigido pelo boxeador e ex-campeão do mundo de pesos pesados, Vitali Klitschko (foro abaixo). Nascido no Quirguizistão, Klitschko é ucraniano mas viveu em Hamburgo e Los Angeles durante vários anos, e os seus três filhos têm a nacionalidade norte-americana por terem nascido nos Estados Unidos [21].



Vitali Klitschko
Uma rápida visita à sua página web permite saber que a UDAR conta entre os seus parceiros estrangeiros o IRI (de McCain), o NDI (presidido por Madeleine K. Albright, ex-secretária de Estado estadunidense) e o CDU (de Merkel). Seja ainda dito que o IRI e o NDI são duas das quatro organizações satélite do National Endowment Democracy (NED).




Os parceiros da UDAR
(foto retirada da página web oficial do partido)

Num relatório do German Foreign Policy intitulado "O nosso homem de Kiev" datado de Dezembro de 2013 pode ler-se a propósito de Klitschko e do seu partido: "De acordo com os relatórios de imprensa, o governo alemão gostaria que o campeão de boxe Vitali Klitschko aspirasse à presidência para o levar ao poder na Ucrânia. Deseja melhorar a popularidade da política da oposição organizando, por exemplo, aparições com o ministro dos Negócios Estrangeiros alemão. Para isso também está previsto que Klitschko se reúna com a chanceler Merkel na próxima cúpula da União Europeia em meados de Dezembro. Com efeito, a Fundação Konrad Adenauer não só apoiou massivamente Klitschko e o seu partido, a UDAR, mas também, segundo um político da CDU, o partido UDAR foi fundado na sequência de ordens diretas da fundação da CDU. Os relatórios sobre as atividades da fundação para desenvolver o partido de Klitschko mostram indícios de como os alemães influem nos assuntos da Ucrânia através da UDAR" [22]. Assim, a UDAR seria uma criação da CDU, o que explica a forte implicação da diplomacia alemã no "atoleiro" ucraniano. Muitos outros artigos confirmaram esta informação [23].

Um terceiro movimento participou na insurreição ucraniana pró-ocidental. Trata-se do "Svoboda" (“liberdade” em ucraniano), um partido da extrema-direita ultranacionalista dirigido por Oleg Tiagnibok. O Svoboda fez correr muita tinta devido à suas posturas xenófoba, anti-semita, homofóbica, anti-russa e anticomunista [24]. Este partido, aberto a todos os ucranianos de "linhagem pura", glorifica personagens históricos ucranianos abertamente fascistas e pró-nazis, como o tristemente célebre Stepan Bandera. Durante a Segunda Guerra Mundial Stepan Bandera lutou contra os soviéticos ao mesmo tempo que estabelecia relações com a Alemanha nazista [25]. Acrescente-se que o Svoboda está estritamente relacionado com uma organização paramilitar, os "Patriotas da Ucrânia" [26]. Considerada nazista, ela esteve muito ativa durante os recentes acontecimentos que ensanguentaram as ruas de Kiev.



Oleg Tiagnibok
Estes três partidos fizeram uma aliança chamada "Grupo de Acão para a Resistência Nacional" com o objetivo de levar a cabo a desestabilização do governo de Yanukovich. Além disso, sabe-se que no parlamento ucraniano pós-Yanukovich foi criado uma nova coligação chamada "Opção Europeia", que reúne 250 deputados de diferentes grupos parlamentares, entre os quais se encontram Batkivtchina, UDAR e Svoboda [27].



Os líderes do "Grupo de Ação para a Resistência Nacional": Klitschko, Tiagnibok e Yatseniuk
E para reforçar o novo poder sobre as instituições ucranianas, Oleg Mahnitsky acaba de ser nomeado Procurador-geral da Ucrânia, cargo de importância capital neste período de sobressaltos "revolucionários" e de evidentes acertos de contas "democráticos". Um pequeno detalhe: Mahnitsky é membro do partido Svoboda [28]. A cereja no cimo do bolo? No novo governo pós-Euromaidán largamente dominado pelo partido Batkivshina de Timochenko entregaram-se três pastas a membros do partido Svoboda: Olexandr Sych, vice Primeiro-ministro; Andriy Mokhnyk, ministro do Meio Ambiente e Oleksandr Myrnyi, ministro da Agricultura [29].



Oleg Mahnitsky



Oleksandr Sych



Andriy Mokhnyk



Oleksandr Myrnyi
Há uma outra nomeação que não passa despercebida neste governo: a de Pavel Sheremeta, que de 1995 a 1997 foi diretor de programa no Open Society Institute of Budapest, a famosa fundação de George Soros [30].



Pavel Sheremeta
O quarto grupo presente na praça Maidán é provavelmente o mais violento. Conhecido pelo nome de "Pravy Sektor" (Setor da Direita), é a coligação de uma multitude de grupúsculos da extrema-direita radical e fascista que considera o Svoboda "demasiado liberal" (sic) [31]. Criado em Novembro de 2013 [32], é liderado por Dmitro Yarosh, chefe de uma organização de extrema-direita chamada "Trizub" (Tridente) com fama de ser o núcleo duro desta dissidência brutal [33]. Além do Trizub encontram-se aqui os "Patriotas da Ucrânia", a "Ukrainska Natsionalna Asambleya – Ukrainska Narodna Sambooborunu – UNA-UNSO" (Assembleia Nacional Ucraniana – Autodefesa Nacional Ucraniana) Bilyi Molot (Martelo Branco) e a ala radical do Svoboda [34].



Dmitro Yarosh

Numa entrevista concedida à revista TIME publicada em 4 de Fevereiro de 2014 Yarosh declarou que "os seus grupos de soldados antigovernamentais em Kiev estão preparados para a luta armada" [33]. "Não somos políticos, somos soldados da revolução nacional", acrescentou. Há que dizer que o líder do Pravy Sekyor passou alguns anos no exército soviético e que para ele "a ”revolução nacional” é impossível sem violência e que deverá conduzir a um Estado “puramente ucraniano” com capital em Kiev" [36]. Na entrevista também revela que a sua coligação tinha armazenado um arsenal de armas letais. E detalha: "Justamente as suficientes para defender a Ucrânia dos ocupantes internos [ os membros do governo]".

Com efeito vêem-se em muitos vídeos e fotos militares de Pravy Sektor vestidos com uniformes militares treinando-se publicamente na praça Maidrán [37], metidos em escaramuças extremamente violentas com as forças da ordem ou usando armas de fogo contra os "Berkut" (forças antidistúrbio) [38].




Numa reportagem escrita de Kiev o jornalista britânico David Blair dá-nos o seu ponto de vista sobre a organização do Pravy Sektor: "O que está claro é que estão muito organizados. Aos voluntários das barricadas chega-lhes um provisionamento regular de máscaras de gás, comida e de excedentes de camuflagem do exército. Ex-soldados apresentam-se em formação de combate sem nada nas mãos em frente da tenda que serve de pequena base do Pravy Sektor na praça da independência de Kiev. Os voluntários descreveram um sistema de comando com vários dirigentes à frente de um heterogêneo exército implantado na barricada principal da rua Gruhevskogo de Kiev. O que muitas pessoas se interrogam é o que faria um grupo tão poderoso fora do controle dos políticos tradicionais triunfar a revolução e o governo cair [39].



Milicias de autodefesa organizadas pelo grupo de
extrema-direita Pravy Sektor (Fonte: Le Monde)
Ninguém pode dizer que a revolução triunfou nem sequer que esta insurreição se pode considerar como tal. Mas o que é certo é que o governo na verdade caiu e foi nomeado Dmitro Yarosh como Adjunto do Presidente do Conselho de Segurança e Defesa Nacional da Ucrânia [40], um organismo consultivo do Estado encarregado da Segurança nacional que depende do presidente do país. E quem é o presidente deste conselho? Nada mais nada menos do que Andriy Parubiy, "o comandante de Maidán" [41], "o chefe do Estado-Maior da revolução ucraniana" [42], que durante a "revolução" despiu-se de sua roupa de deputado do partido Batkivshchyna para vestir a de "generalíssimo" dos amotinados de Euromaidán. Mas o mais interessante é saber que Parubiy é um vira-casaca do partido Svoboda. Na verdade ele é co-fundador juntamente com Oleg Tiagnibok, em 1991, do Partido Nacional-Socialista da Ucrânia (SNPU), rebatizado de Svoboda em 2004 [43]. Isto demonstra que na Ucrânia as barricadas, os amotinados, a desobediência civil, a violência e o fascismo podem ir muito longe.





Andriy Parubiy
Há que reconhecer que os acontecimentos de Kiev fizeram salivar um grande amante de guerras "sem gostar delas". Tal como um tubarão atraído pelo sangue, Bernard-Henri Levy (BHL), o famoso "rouxinol dos cemitérios" acorreu a Kiev encontrar-se com os amotinados. Mentindo descaradamente com todos os dentes que tem na boca, exclamou: "Não vi neonazis, não ouvi anti-semitas falar" [44].

Em contradição com o que afirma o "dandy" de camisas engomadas, vejamos o que diz a ucraniana Natalia Vitrenko, presidenta do Partido Socialista Progressista da Ucrânia: "No princípio [os líderes] eram os deputados da oposição Yatseniuk, Klintschko e Tiagnibok. Estas três pessoas encabeçavam Maidán. Mas depois foi o Pravy Sektor quem assumiu a direção. Desde meados de dezembro que a política em Maidán era decidida pelo Pravy Sektor, uma aliança de diversos partidos e movimentos neonazis. São grupos paramilitares, terroristas, muito bem treinados [45].



Bernard-Henry Levy (BHL) posando na praça Maidán em Kiev


Caricatura de "l’événement"
Mas a melhor resposta e a que está mais de acordo com o nível da declaração de Bernard-Henry Levy foi a da jornalista Irina Lebedeva: "ele [BHL] tem sorte, não há dúvida que os militantes do Svoboda e do Pravy Sektor, organizações que defendem a pureza racial, receberam instruções para não lhe tocar" [46].

Julia Timochenko: Loira ou Morena

A figura política ucraniana mais mediatizada pela imprensa ocidental dominante é sem qualquer dúvida Julia Timochenko. Tratada como uma personalidade histórica de uma dimensão desmedida, goza de elogiosos cognomes e, sobretudo, pomposos: a "Marianne da trança", a "princesa do gás", a "Joana d’Arc ucraniana" ou a "Dama de Ferro". Mas mesmo que alguns tenham visto uma estatueta de Joana d’Arc e as memórias de Margaret Tatcher em destaque no seu escritório [47], a sua trajetória está longe de ser virtuosa. De fato, a sua prática política tem mais a ver com as novelas de escândalos político-financeiros (mesmo mafiosos) que com a abnegação pela pátria e o povo ucraniano. Mas julguem-na os leitores.

A propósito de romances, comecemos por Olexandre Turtchinov que, ao que parece, é um verdadeiro romancista de "ficção científica". Na verdade, ele é o atual presidente da Ucrânia, foi qualificado de "fiel escudeiro" de Timochenko e, tal como ela, nasceu na cidade de Dnipropetovsk.



Julia Timochenko morena
Em 1994 Turtchinov criou com Pavlo Lazarenko, um notável de Dnipropetovsk, o partido Hromada de que Timochenko se tornaria presidente em 1997. Um ano depois, em 1995, a "Marianne da trança", tinha começado modestamente a sua carreira de dona de empresa com um empréstimo de 5.000 dólares, reorganiza a sua modesta "Companhia de Petróleo Ucraniano" (fundada em 1991) para fundar com a ajuda de Lazarenko a companhia de distribuição de hidrocarbonetos "Sistemas Energéticos Unidos da Ucrânia" (SEUU). Nesse mesmo ano Lazarenko é nomeado vice Primeiro-ministro da energia. Os resultados dispararam, seguramente empurrados por favores políticos da responsabilidade de Lazarenko: 10.000 milhões de dólares de volume de negócios e 4.000 milhões de lucros no ano de 1996! Tudo isto graças a contratos muito lucrativos ligados à venda na Ucrânia de gás russo [48]. Os anos de bonança continuam com a promoção de Lazarenko ao cargo de Primeiro-ministro em maio de 1996, apesar de ele ter escapado a um atentado à bomba apenas dois meses depois [49]. Em princípios de 1997 a SEUU controlava vários bancos, tinha participações em dezenas de empresas de metalurgia e de construção mecânica, era co-proprietária da terceira maior companhia aérea da Ucrânia e do seu segundo maior aeroporto, o de Dnipropetrovvsk, além de participar no desenvolvimento de gasodutos turcos e bolivianos e de controlar vários jornais locais e nacionais [50].



Lazarenko e Timochenko


Dado que o enriquecimento "exponencial" costuma ser sinônimo de negócios escuros, começaram a levantar-se suspeitas à relação de Lazarenko com a SEUU. Em Abril de 1997 o New York Times informou que Lazarenko tinha participação nesta empresa. Saíram à luz do dia outros negócios e, em Julho desse ano, o presidente Koutchma demite Lazarenko. O que se segue é rocambolesco. Em 1998 a polícia suíça detém Lazarenko na fronteira franco-suíça, acusam-no de lavagem de dinheiro e libertam-no depois de pagar uma elevada fiança. Num artigo publicado em 2000 intitulado "As contas fantásticas do senhor Lazarenko", Gilles Gaetner fala de um desvio de dinheiro público ucraniano na ordem dos 800 milhões de dólares, "sem dúvida o caso mais importante de lavagem de dinheiro do pós guerra" [51]. Lazarenko foge para os Estados Unidos onde trata de obter asilo político, mas é detido em 1999. Ainda que tenham sido eleitos como membros do Hromada, depois dos dissabores de Lazarenko, tanto ele como Timochenko abandonam este partido em 1999 para criarem, juntos, o partido Batkivshina [52].

Perseguido pela justiça norte-americana, Lazarenko é condenado em 2006 a nove anos de cadeia por extorsão de fundos, lavagem de dinheiro e fraudes [53]. Um relatório de 2004 de "Transparency International Global Corruption" classifica Lazarenko como um dos dez dirigentes políticos mais corruptos do mundo [54]. Na justiça ucraniana corre um processo contra Lazarenko por assassinato do deputado Evguen Scherban e sua mulher em 1996. De acordo com a acusação o grupo de Scherban concorria com a SEUU e era um empecilho às suas atividades.



Evguen Scherban


Lazarenko foi libertado em Novembro de 2013, tendo sido transferido para um centro de detenção de imigrantes, já que o seu visto tinha caducado [55].

A detenção de Lazarenko não diminui o oportunismo político de Timochenko. Quando Viktor Yushchenko acede ao cargo de Primeiro-ministro em 1999, ela é nomeada vice Primeira-ministra da energia, cargo que pertencera a Lazarenko meses antes. No entanto, o escândalo de Lazarenko acaba por salpicá-la e,em 2001, é acusada de "contrabando e falsificação de documentos" por ter importado fraudulentamente gás russo em 1996, quando era presidenta da SEUU [56]. Timochenko passa algumas semanas na cadeia [57]. Em 2002 é vítima de um grave acidente de trânsito que ela interpreta como uma tentativa de assassínio [58].



Timochenko já loira mas ainda sem tranças


É nesta altura que muda de aspecto. Passa de morena a loira. "Julia muda o seu estilo de mulher de negócios sexy de cabelos soltos e saia-casaco justos por roupas mais recatadas como camisolas de gola alta e saia abaixo dos joelhos. Adopta o seu atual penteado, a famosa trança loira colocada como um diadema" [59].



Timochenko com o seu novo visual

Em 2004 rebenta a revolução laranja e Timochenko converte-se na sua musa. Viktor Yushchenko sobe ao Supremo Tribunal em 2005 e ela, por duas vezes, ao cargo de Primeira-ministra. Como que por encanto, todas as acusações são esquecidas.



O par Timochenko-Yushchenko

Um relatório ao Congresso norte-americano datado de 2005 divulgado pelo Wikileaks descreve assim a "princesa do gás": "Timochenko é uma líder energética e carismática com um estilo político combativo que fez uma campanha eficaz a favor de Viktor Yuschenko. No entanto, é uma personagem controversa devido à sua relação, em meados da década de 1990 com as elites oligárquicas, inclusive com o ex primeiro-ministro Lazarenko, que cumpre atualmente pena numa cadeia americana por fraude, lavagem de dinheiro e extorsão. Timochenko tanto exerce o cargo de chefe de uma empresa de negócio de gás como o de vice primeira-ministra de um governo notoriamente corrupto como o de Lazarenko. Diz-se ser extremamente rica […]. Foi depois objeto de uma investigação por corrupção e lavagem de dinheiro e esteve pouco tempo na cadeia. Depois da eleição de Viktor Yushchenko foram oficialmente retiradas todas as acusações. Pouco antes da campanha eleitoral a Rússia também interpôs oficialmente acusações de corrupção contra ela" [60].

A chegada ao poder do par Yuschenko-Timochenko (graças à onda laranja) permite a Turtchinov ocupar o posto de chefe dos serviços secretos ucranianos (SBU) em Fevereiro de 2005. Mas em 2006 tanto ele como o seu adjunto são objecto de uma investigação. São acusados de terem destruído o processo de um perigoso padrinho do crime organizado ucraniano, Semyon Mogilevich [61].

Este mafioso, suspeito de dirigir um vasto império criminal, é descrito, em 1998, pelo FBI como "o gangster mais perigoso do mundo" [62]. Uns meses depois as acusações foram estranhamente retiradas e inclusive conseguiu uma excelente promoção. Com efeito, no seu segundo mandato como primeira-ministra (2007), Timochenko atribui-lhe o cargo de vice Primeiro-ministro, função que ocupou até 2010, data em que Timochenko perde as eleições para Yanukovich.
As conflituosas relações do par Yushchenko-Timochenko dão o golpe de misericórdia em qualquer miragem da "revolução" laranja. Timochenko é acusada de ter atraiçoado o interesse nacional para preservar as suas ambições pessoais [63].

A chegada ao poder de Yanukovich acaba com a impunidade da candidata derrotada nas urnas e tira do armário o seu dossier judicial relativo a antigos e novos "negócios". Timochenko é acusada em vários processos judiciais: má utilização de fundos obtidos em 2009 com a venda de quotas de emissão de CO2, abuso de poder em 2009 com a assinatura de contratos de gás com a Rússia, considerados desfavoráveis para a o seu país, fraude fiscal e desvio de fundos relativos ao caso Lazarenko e responsabilidades próprias na gestão da empresa SEUU [64]. Mais grave é a acusação de ser cúmplice (com Lazarenko) no assassinato do casal Scherban (1996). Segundo o Procurador-geral Adjunto, "a vítima estava em conflito com Julia, que detinha então a distribuição de gás na Ucrânia e tentava obrigar as empresas da região industrial de Donetsk a comprar esta matéria-prima da sua empresa Sistemas Energéticos Unidos da Ucrânia (SEUU), graças ao apoio do Primeiro-ministro de então Pavlo Lazarenko. […] Evguen Scherban, um nome forte na região e cujo grupo empresarial era concorrente da sociedade de Julia Timochenko, opôs-se publicamente à expansão da SEUU e pagou isso com a sua vida [65]. E acrescenta "que havia testemunhos que ela e o Primeiro-ministro Pavlo Lazarenko pagaram pelos assassinato [de Scherban e e sua esposa]". Estas acusações eram reafirmadas por Ruslan, filho de Scherban, que sobreviveu ao assassinato dos seus pais. Numa conferência de imprensa declarou ter enviado documentos para o gabinete do Procurador-geral que implicavam os dois ex primeiros-ministros (Lazarenko e Timochenko) nos assassinatos. [66]

Timochenko também é suspeita de ser cúmplice de assassinato em outros casos, como do homem de negócios Alexander Momot (assassinado em 1996, alguns meses antes de Scherban) e do ex-governador do Banco Nacional da Ucrânia, Vadym Hetman (assassinado em 1998) [67].

Timochenko foi condenada a sete anos de prisão em Outubro de 2011 e encarcerada pela sua implicação no caso dos contratos de gás [68].

Os inesperados acontecimentos de Euromaidán tiraram a "princesa do gás" da masmorra. E de que maneira! Sábado, 22 de Fevereiro de 2014, pelas 12H08 horas, Turtchinov, o braço direito de Timochenko, é eleito presidente do parlamento ucraniano. Trinta minutos depois, como o mais urgente caso a tratar num país em insurreição, o parlamento vota a libertação "imediata" de Timochenko. A título de comparação, note-se que só às 16H19 horas este mesmo parlamento votou a destituição de Yanukovivh [69].

Com a nomeação do militante da extrema-direita Oleg Mahnitsky como Procurador-Geral e a de muitos membros do Partido Batkisshina para postos-chave do aparelho de Estado, é fácil prever que, pelo menos durante algum tempo, Timochenko não irá ter preocupações com os seus problemas judiciais.

Há que reconhecer que em duas ocasiões Timochenko foi arrancada das mãos da Justiça por perturbações sociais de grande amplitude, a "revolução" laranja em 2004 e agora o Euromaidán.

Como além do seu talento como novelista, o presidente Turtchinov também é pastor evangélico, será que foi a este título que salvou a amiga de toda a vida?

Mas "Kiev vale bem uma missa", não?

A descarada ingerência ocidental

A Euromaidán pode considerar-se uma "revolução" colorida, revista e corrigida com molho de "primavera" Árabe com aroma sírio. Ainda que se possam encontrar muitas semelhanças entre a "revolução" laranja e o Euromaidán, há que apontar diferenças fundamentais. A primeira, já anteriormente referida, é a violência das revoltas, que se deve essencialmente à omnipresença de manifestantes da extrema-direita fascista e neonazi. A "revolução" laranja baseava-se nas teorias não-violentas de Gene Sharp. A segunda diferença é a descarada presença de personalidades ocidentais, civis e políticas, na praça Maidán, arengando às massas e incitando à desobediência civil, em frontal contradição com o princípio fundamental da não-ingerência nos assuntos internos de um país soberano cujos dirigentes foram democraticamente eleitos.

Comecemos por John McCain, presidente do conselho de Administração do IRI que, em Kiev, está em terreno conhecido. Depois (e não durante) da "revolução" laranja viajou (em Fevereiro de 2005) para se entrevistar com os seus patrocinados, a quem tinha generosamente financiado.



Yushchenko e McCain (Fevereiro de 2005)


O senador norte-americano também viajou aos países árabes "primaverisados": Tunísia (21 de Fevereiro de 2010), Egito (27 de Fevereiros de 2011), Líbia (22 de Abril de 2011) e Síria (27 de Maio de 2013). Nas duas primeiras viagens os governos já tinham caído. Nos dois últimos a batalha causava estragos (e continua a causá-los na Síria).

Em Kiev, McCain dirigiu-se aos rebeldes de Maidán a 14 de Dezembro de 2013: "Estamos aqui para apoiar a vossa justa causa, o direito soberano da Ucrânia a escolher livremente o seu destino e com total independência. E o destino que desejais está na Europa" aclarou [70].

Entrevistou-se com o "triunvirato de Maidán", isto é, com Yushchenko, Klitschko e Tiagnibok. Não teve problemas em posar com Tiagnibok apesar de a este último ter sido proibido de entrar nos Estados Unidos devido aos seus discursos anti-semitas [71]. Não corou minimamente ao lidar com o líder do Svoboda, um partido abertamente ultra-nacionalista, xenófobo e defensor dos valores neonazis, tal como não lhe importou apoiar os sanguinários terroristas da Síria e da Líbia. Por fim justifica os meios: o importante é arrebatar a Ucrânia do lado da Rússia.



McCain à mesa com Klitschko, Yatseniuk y Tiagnibok (Dezembro de 2013)

A ingerência norte-americana também se vê claramente no "tema Nuland", demonstração clara que o vocabulário utilizado por alguns altos cargos políticos norte-americanos não tem nada a invejar do dos carroceiros, "Fuck the UE! [Que se fo… a União Europeia!], exclamou Nuland, o que diz muito da luta pela influência entre o Tio Sam e o velho continente.

E como chama Victoria Nuland, a subsecretária de Estado para a Europa e Eurásia aos líderes do Euromaidán? Yats e Klitsch? [72] Como "Jon" e "Ponch", da popular série norte-americana CHIPS? O mínimo que se pode dizer da utilização de uma linguagem tão à vontade é que isso demonstra uma familiaridade evidente, e uma conivência indesmentível entre os membros do triunvirato e a administração estadunidense.



Tiagnibok, Victoria Nulan, Klitschko e Yatseniuk com indisfarçável alegria nos rostos

Além do IRI também o NED esteve presente em Kiev. Para constatar isso basta acompanhar Nadia Diuk que escreve a partir de Kiev e cujos artigos são publicados no Kivy Post e outros famosos jornais. Os títulos dos artigos são idílicos: "A revolução auto-organizada da Ucrânia" [73], "As visões do futuro da Ucrânia" [74], etc.. Já em 2004, em plena "revolução" laranja, a jornalista escrevia: "Na Ucrânia, uma liberdade indígena" [75], para demonstrar que a revolução era espontânea, o que contradiz todos os estudos (ocidentais) publicados depois. Há que rendermo-nos à evidência de que o conteúdo dos seus artigos não mudou muito com os tempos. E com razão, pois a senhora Diuk é vice-presidenta da NED, encarregada dos programas para a Europa, Eurásia, África, América Latina e Caribe [76].

Os relatórios anuais da NED mostram que, precisamente em 2012, o montante concedido a uns 60 organismos ucranianos se elevaram a quase 3,4 milhões de dólares [77]. Esse relatório indica que o IRI de McCain e o NDI de Albright beneficiaram de 380.000 e 345.000 dólares, respectivamente, para as suas actividades na Ucrânia.

Esta evidente implicação americana na Ucrânia foi assinalada por Serguei Glaziev, que declarou que os "estadunidenses gastam 20 milhões de dólares por semana para financiar a oposição e os rebeldes, incluindo armas" [78].

O segundo país ocidental largamente implicado no Euromaidán é a Alemanha. Doze dias antes de McCain, Guido Westerwelle, chefe da diplomacia alemã, teve um banho de multidão entre os manifestantes da praça Maidán, na companhia dos seus "protegidos", "Yats" e "Klitsch" ou de forma mais polida, Yatseniuk e Klitschko. Depois de se entrevistar com eles às portas fechadas declarou: "Não estamos aqui para apoiar um partido, mas para apoiarmos os valores europeus. E quando nos comprometemos com esses valores europeus naturalmente que nos agrada saber que a maioria dos ucranianos compartilha desses valores, e quer partilhá-los e seguir a via europeia" [79].

Por falar de maioria, certamente que Westerwelle não consultou as sondagens recentes que mostram que apenas 37% da população ucraniana é partidária da adesão do seu país á União Europeia [80]. Por outro lado, são cidadãos europeus? Não é tão seguro assim. Por exemplo uma sondagem recente demonstra que 65% dos franceses se opõe à ideia de uma ajuda financeira pela França e pela União Europeia à Ucrânia, e 67% está contra a entrada deste país na UE [81].



Klitschko, Guido Westerwelle e Yatseniuk

Também a chanceler alemã, tal como o seu ministro, recebeu Yushenko e Klitschko em 17 de Fevereiro de 2014 em Berlim. O candidato em que aposta Merkel, a CDU e o seu think thank, a Fundação Konrad Adenauer, é Klitschko [82]. No entanto, o partido de Timochenko também é considerado aliado do PPE e da CDU, segundo afirmou Martens num discurso no Club da Fundação Adenauer, em 2011: "Julia Timochenko é uma amiga de confiança e o seu partido é um importante membro da nossa família política". Nesse mesmo discurso declarou que a sua postura era idêntica à de McCain quanto ao apoio a Timochenko (para a sua libertação da prisão) [83].



Klitschko, Merkel e Yatseniuk


Seja dito que o sublinhar desta visão convergente entre o IRI e a Fundação Konrad Adenauer não é fortuita nem recente. Na verdade ela remonta à criação da NED, como nos explica Philip Agee, o antigo agente da CIA que abandonou a Agência para viver em Cuba [84]. Em primeiro lugar há que entender que a NED foi criada para assumir certas tarefas que originalmente pertenciam à CIA, neste caso a gestão dos programas secretos de financiamento da sociedade civil estrangeira. Depois de se consultarem com um largo leque de organizações nacionais e estrangeiras, as autoridades norte-americanas decidiram interessar-se pelas fundações dos principais partidos da Alemanha ocidental, financiadas pelo governo alemão: a Friederich Ebert Stiftung dos social-democratas e a Konrad Adenauer Stitfung dos democrata-cristãos. Atualmente encontramos uma estrutura análoga na paisagem política norte-americana. Os dois satélites da NED, o IRI e o NDI estão respectivamente relacionados com os partidos republicano e democrata norte-americanos e tal como os seus homólogos alemães são financiados por fundos públicos. Como a CIA colaborava com esses "Stiftungs" alemães para financiar movimentos em todo o mundo, muito antes da criação do NED em 1983 pelo presidente Reagan, as relações permaneceram sólidos até aos dias de hoje.

Se bem que mais discreto que os dois anteriores, o terceiro país implicado nos acontecimentos ucranianos é o Canadá. Este interesse é talvez devido ao fato de o Canadá albergar a maior diáspora ucraniana do mundo depois da Rússia. Mais de 1,2 milhões de canadienses são de origem ucraniana [85].

John Baird, ministro dos Negócios Estrangeiros canadense, teve uma entrevista com o triunvirato ucraniano em 4 de Dezembro de 2013 em Kiev, e, tal como os outros, fez uma "peregrinação" à praça Maidán. O chefe da diplomacia canadense voltou a Kiev em 28 de Fevereiro de 2014 para se encontrar com as novas autoridades: o presidente Turtchinov, o Primeiro-ministro Yatseniuk e a "Joana d’Arc" ucraniana. Perguntado sobre o seu apoio "incondicional" à Ucrânia e as suas consequências para as relações com a Rússia respondeu: "Certamente que não vamos pedir desculpa por apoiar o povo ucraniano na sua luta pela liberdade" [86]. Há que dizer que Paul Grod, o presidente dos ucranianos-canadianos (UCC) acompanhou Baird nas suas viagens. As suas posições são decalcadas das da diplomacia canadiana.



Tiagnibok, Yatseniuk, Baird, Klitschko e Grod



As posições e reações de todos estes políticos nos deixam perplexos. Naturalmente, há de se lamentar as vidas perdidas durante esse sangrento conflito mas, que teriam eles feito se manifestantes violentos pertencentes a grupos extremistas tivessem ocupado o centro das suas capitais, matado membros das forças da ordem, sequestrado dezenas de policiais, ocupado serviços oficiais e alterado a ordem pública durante meses? Não terão estes políticos uma parte da responsabilidade pelo aumento do número de vítimas, por terem deitado lenha para a fogueira de Maidán?

Na França, por exemplo, o ministro do Interior, Manuel Valls, insurgiu-se em 22 de Janeiro contra uma manifestação de "Black Bloc" onde seis polícias foram feridos. Vejam os seus comentários: "Esta violência vinda da ultra-esquerda, esses Black-Bloc que são originários do nosso país mas também de países estrangeiros, é inadmissível e continuará a encontrar uma resposta particularmente determinada da parte do Estado". Depois de prestar homenagem "ao prefeito de Loire Atlântica, às forças da ordem que com grande sangue frio e profissionalismo contiveram essa manifestação" Manuel Valls acrescentou: "Não se podem admitir tais abusos" [87].

E os ucranianos devem aceitá-los? E como teria reagido a classe política francesa e ocidental se esses "Black Bloc" tivessem sido financiados, treinados ou apoiados por organismos políticos estrangeiros russos, chineses?

Deixo a resposta ao cuidado do leitor.

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Definitivamente, há que rendermo-nos à evidência de que o Euromaidán, tal como a "revolução" laranja, é um movimento largamente apoiado pelos departamentos ocidentais. Esta conclusão não deve apagar a realidade da corrupção de toda a classe política ucraniana. Fingir nos apresentar, como fazem os meios de comunicação social ocidentais, os "bons" com Timochenko e os "maus" com Yanukovich é uma visão distorcida da realidade. O governo de Yanucovich foi eleito democraticamente, os recentes acontecimentos foram sem qualquer dúvida um golpe de Estado.

Este golpe de Estado permitiu que os militantes da extrema-direita ucraniana, ultra-nacionalista, fascista e neonazi fizessem parte do novo governo da Ucrânia. Esta presença, abertamente apoiada pelos governos ocidentais, e nefasta para o futuro e a estabilidade do país. A apressada, controversa e incompreensível derrogação da lei "sobre as bases da política linguística do Estado" é um exemplo marcante [88].

Além disso, a aproximação "forçada" da Ucrânia à União Europeia e o seu correspondente afastamento da Rússia não é benéfica para o povo ucraniano. Segundo os especialistas ocidentais e não ocidentais a proposta russa é de longe muito mais interessante que a proposta conjunta da União Europeia e dos Estados Unidos, cuja única alternativa é oferecer ao país "a medicina do FMI" [89].

Ao contrário das piedosas vozes de Timochenko em Maidán, seria utópico pensar que a Ucrânia fará parte da União Europeia "em um futuro próximo" [90], devido à desastrosa situação de alguns países europeus, como a Grécia por exemplo. A "Marianne da trança" provavelmente não ouviu o ministro francês dos Assuntos Europeus Thierry Repentin. "Em todas as negociações para oferecer à Ucrânia um acordo de associação temos lutado duramente para retirar qualquer alusão a uma adesão à União Europeia. Nada de alterar a posição", declarou num artigo publicado o passado dia 3 de Fevereiro [91].

Se a Ucrânia não pode pretender uma adesão à União Europeia e os defensores ocidentais da sua "revolução" não estão dispostos a pagar a fatura, tudo parece indicar que este país é apenas um "cavalo de Tróia" para embaraçar a Rússia, que está a ganhar muita relevância e desenvoltura nos jogos internacionais, como se viu no conflito sírio. Uma forma como qualquer outra de abrir uma nova era de Guerra Fria. As revoltas na Crimeia e as ameaças de excluir a Rússia do G8 [92] são apenas o princípio.

Os ucranianos devem saber que estão condenados a viver em boa vizinhança com a Rússia, unidos por uma fronteira comum e laços históricos, comerciais, culturais e linguísticos.

Apesar de tudo, uma coisa é certa: o despertar "pós-revolucionário" será doloroso para os ucranianos.

Fontes:
- Blog Anti-NOM: Ucrânia, Autópsia de um Golpe de Estado (Correção, revisão e adaptação para português Brasil)

Este texto foi originalmente publicado em:
- Ahmed Bensaada: Ukraine: autopsie d’un coup d’éta
Tradução inicial por José Paulo Gascão:
- O Diário.info: Ucrânia, autópsia de um golpe de Estado (PDF)
Versão Espanhol:
- Ucrania, autopsia de un golpe de Estado

Referências:
* Marianne é o busto que representa a República Francesa
[1] AFP, «Élection présidentielle - Ioulia Timochenko refuse de reconnaître sa défaite», Le Point, 9 de Fevereiro de 2010, http://www.lepoint.fr/actualites-monde/2010-02-09/election-presidentielle-ioulia-timochenko-refuse-de-reconnaitre/924/0/422135
[2] AFP, «Ukraine: l'OSCE reconnaît la bonne tenue de l'élection», Le Monde, 8 de Fevereiro de 2010,
http://www.lemonde.fr/europe/article/2010/02/08/ukraine-ianoukovitch-revendique-une-courte-victoire_1302464_3214.html
[3] AFP, «Présidentielle en Ukraine: Timochenko retire son recours en justice», RTL, 20 de Fevereiro de 2010,
http://www.rtl.be/info/monde/france/308688/presidentielle-en-ukraine-timochenko-retire-son-recours-en-justice
[4] David Teutrie, «L'accord d'association de l'UE avec l'Ukraine est une stratégie perdant-perdant», Institut de la Démocratie et de la Coopération, 4 de Fevereiro de 2014, http://www.idc-europe.org/fr/-Accord-d-Association-avec-l-Ukraine-est-une-strategie-perdant-perdant-
[5] Sergeï Glaziev, «L’Union économique eurasiatique n’aspire pas à devenir un Empire comme l’UE», Solidarité et Progrès, 18 de Janeiro de 2014, http://m.solidariteetprogres.org/actualites-001/article/sergei-glaziev-l-union-economique-eurasiatique-n.html
[6] Gaël De Santis, «Ukraine. L’UE ne promet pas la lune aux manifestants... juste la Grèce», L’Humanité, 24 de Fevereiro de 2014,
http://www.humanite.fr/monde/ukraine-l-ue-ne-promet-pas-la-lune-aux-manifestant-559788
[7] AFP, «Ukraine: Washington et Londres prêts à soutenir "un nouveau gouvernement"», Le Monde, 22 de Fevereiro de 2014,
http://www.lemonde.fr/europe/article/2014/02/22/ukraine-londres-pret-a-soutenir-un-nouveau-gouvernement_4371763_3214.html
[8] G. Sussman y S. Krader, «Template Revolutions: Marketing U.S. Regime Change in Eastern Europe», Westminster Papers in Communication and Culture, University of Westminster, Londres, vol. 5, n° 3, 2008, p. 91-112,
http://www.westminster.ac.uk/__data/assets/pdf_file/0011/20009/WPCC-Vol5-No3-Gerald_Sussman_Sascha_Krader.pdf
[9] Manon Loizeau, «États-Unis à la conquête de l’Est», 2005. Pode ver neste enlace: http://www.ahmedbensaada.com/index.php?option=com_content&view=article&id=120:arabesque-americaine-chapitre-1&catid=46:qprintemps-arabeq&Itemid=119
[10] BBC , «Russia expels USAID development agency», 19 de Setembro de 2012, http://www.bbc.co.uk/news/world-europe-19644897
[11] Ian Traynor, «US campaign behind the turmoil in Kiev», The Guardian, 26 de Novembro de 2004,
http://www.guardian.co.uk/world/2004/nov/26/ukraine.usa
[12] VOA, «Senator McCain Tells Ukrainians of Nobel Nomination for Yushchenko», 4 de Fevereiro de 2005, http://www.insidevoa.com/content/a-13-34-mccain-intvu-4feb2005/177965.html
[13] Arquivos do governo ucraniano, «Orange Revolution Democracy Emerging in Ukraine»,
http://www.archives.gov.ua/Sections/Ukraineomni/ukrelection030905a.htm
[14]. Justin Raimondo, «The Orange Revolution, Peeled», Antiwar, 8 de Fevereiro de 2010, http://original.antiwar.com/justin/2010/02/07/the-orange-revolution-peeled/
[15] Ahmed Bensaada, «Arabesque américaine: Le rôle des États-Unis dans les révoltes de la rue arabe», Éditions Michel Brûlé, Montréal (2011), Éditions Synergie, Alger (2012),
[16] Maud Descamps, «Ukraine: le nouveau président par intérim est un pasteur», Europe 1, 23 de Fevereiro de 2014,
http://www.europe1.fr/International/Ukraine-le-nouveau-president-par-interim-est-un-pasteur-1809869/
[17] DW, «McCain Feels the Love From European Conservatives», 4 de Setembro de 2008, http://www.dw.de/mccain-feels-the-love-from-european-conservatives/a-3618489-1
[18] Mikhail Mikhaylov, «Zair Smedlyaev: The Crimean Tatars should have self-autonomy», World and We, 10 de Julho de 2013,
http://www.worldandwe.com/en/page/Zair_Smedlyaev_The_Crimean_Tatars_should_have_selfautonomy.html#ixzz2uUeETy00
[19] Faustine Vincent, «Arseni Iatseniouk, leader phare de la contestation en Ukraine», 20 minutes, 28 de Janeiro de 2014,
http://www.20minutes.fr/monde/1283098-20140128-arseni-iatseniouk-leader-phare-contestation-ukraine
[20] AFP, «Ukraine: Iatseniouk, désigné premier ministre, face à une tâche herculéenne», Le Devoir, 26 de Fevereiro de 2014,
http://www.ledevoir.com/international/actualites-internationales/401165/des-echauffourees-eclatent-en-crimee-pendant-que-poutine-ordonne-des-manoeuvres
[21] Centro Europeu para a Ucrânia Moderna, «Élections ukrainiennes –Informations», 10 de Outubro de 2012, http://www.modernukraine.eu/wp-content/uploads/2012/10/Elections-Ukrainiennes-Newsletter-7-10-octobre-2012.pdf
[22] German Foreign Policy, «Our Man in Kiev», 10 de Dezembro de 2013, http://www.german-foreign-policy.com/en/fulltext/58705/print
[23] Veja-se, por exemplo, Olivier Renault , «Ukraine: Klitchko, ou la construction d'un président par l'OTAN», La voix de la Russie, 24 de Janeiro de 2014, http://french.ruvr.ru/2014_01_24/Ukraine-Klitschko-ou-la-construction-dun-president-par-lOTAN-3540/
[24] Palash Ghosh , «Svoboda: The Rising Spectre Of Neo-Nazism In The Ukraine», International Business Times, 27 de Dezembro de 2012, http://www.ibtimes.com/svoboda-rising-spectre-neo-nazism-ukraine-974110
[25] Palash Ghosh, «Euromaidan: The Dark Shadows Of The Far-Right In Ukraine Protests», International Business Times, 19 de Fevereiro de 2014, http://www.ibtimes.com/euromaidan-dark-shadows-far-right-ukraine-protests-1556654
[26] Tadeusz Olszaski, «Svoboda Party – The New Phenomenon on the Ukrainian Right-Wing Scene», Centre for Eastern Studies, 4 de Julho de 2011, http://www.isn.ethz.ch/Digital-Library/Publications/Detail/?lng=en&id=137051
[27] Ria Novosti, «Ukraine: la coalition "Choix européen" créée au parlement», 27 de febrero de 2014, http://fr.ria.ru/world/20140227/200603490.html
[28] 62, «Rada appointed the new Attorney General», 24 de Fevereiro de 2014, http://www.62.ua/news/482461
[29] Katya Gorchinskaya, «Kyiv Post: The not-so-revolutionary New Ukraine Government», Novinite , 27 de Fevereiro de 2014,
http://www.novinite.com/articles/158543/Kyiv+Post%3A+The+notso-revolutionary+New+Ukraine+Government
[30] IPO Forum, «Pavlo Sheremeta»,
http://www.ipoforum.com.ua/en/speakers/?pid=422
[31] BBC, «Ukraine crisis: Key players», 27 de Fevereiro de 2014,
http://www.bbc.com/news/world-europe-25910834
[32] BBC, «Groups at the sharp end of Ukraine unrest», 1 de Fevereiro de 2014, http://www.bbc.com/news/world-europe-26001710
[33] Simon Shuster, «Exclusive: Leader of Far-Right Ukrainian Militant Group Talks Revolution With TIME», TIME, 4 de Fevereiro de 2014,
http://world.time.com/2014/02/04/ukraine-dmitri-yarosh-kiev/
[34] Global Security, «Pravy Sektor / Praviy Sector (Right Sector)», 6 de Fevereiro de 2014, http://www.globalsecurity.org/military/world/ukraine/right-sector.htm
[35] Ver nota 31.
[36] Ibid.
[37] Le Parisien, «La tortue du Pravy Sektor 25/01/2014 Kiev Ukraine», 28 de Janeiro de 2014,
http://who-when-where-photo.blog.leparisien.fr/archive/2014/01/27/le-secteur-droit-sur-la-place-maidan-25-01-2014-kiev-ukraine-14727.html
[38] RT, «Acciones ilegales de 'manifestantes pacíficos' en Kiev», 18 de Fevereiro de 2014, http://www.youtube.com/watch?v=byAi0vMSSHs#t=34
[39] David Blair y Roland Oliphant, «As Kiev violence escalates, opposition leader says 'a foreign power' wants to divide Ukraine», The Telegraph, 25 de Janeiro de 2014,
http://www.telegraph.co.uk/news/worldnews/europe/ukraine/10596968/As-Kiev-violence-escalates-opposition-leader-says-a-foreign-power-wants-to-divide-Ukraine.html
[40] Alexei Korolyov, «Commander' of Ukraine protests: Let parliament lead», USA TODAY, 27 de Fevereiro de 2014,
http://www.usatoday.com/story/news/world/2014/02/27/ukraine-opposition-parubiy/5844437/
[41] Yann Merlin y Jérôme Guillas, «Ukraine: "Nous sommes là pour la révolution"», Metronews, 19 de Fevereiro de 2014,
http://www.metronews.fr/info/ukraine-andriy-parubiy-nous-sommes-la-pour-la-revolution/mnbs!cSw0WJ6VjTN8/
[42] Roman Olearchyk, «Arseniy Yatseniuk poised to become Ukraine prime minister», Financial Times, 26 de Fevereiro de 2014,
http://www.ft.com/intl/cms/s/0/88987cf8-9f12-11e3-8663-0144feab7de.html?siteedition=intl#axzz2ufydXR5l
[43] Liga, «Andriy Parubiy», 28 de Fevereiro de 2014,
http://file.liga.net/person/866-andrei-parybii.html
[44] Euronews, «Ukraine: Bernard-Henri Levy parmi les opposants au Maïdan», 10 de Fevereiro de 2014, http://fr.euronews.com/2014/02/10/ukraine-bernard-henri-levy-parmi-les-opposants-au-maidan
[45] Natalia Vitrenko, «Ukraine: un putsch néonazi poussé par l'OTAN», Dailymotion, 25 de Fevereiro de 2014,
http://www.dailymotion.com/video/x1di876_ukraine-un-putsch-neonazi-pousse-par-l-otan_news
[46] Irina Lebedeva , «Bernard-Henri Lévy: Harangues of Ignorant Buffoon», Strategic Culture Foundation, 15 de Fevereiro de 2014, http://www.strategic-culture.org/news/2014/02/15/bernard-henri-levy-harangues-of-ignorant-buffoon.html
[47] AFP, «Timochenko: dame de fer et "princesse du gaz"», La Libre, 22 de Fevereiro de 2014, http://www.lalibre.be/actu/international/timochenko-dame-de-fer-et-princesse-du-gaz-5308d0f335709867e404dc0b
[48] Oleg Varfolomeyev, «Will Yulia Tymoshenko be Ukraine's first woman prime minister?», PRISM, Volumen 4, ejemplar 3, 6 de Fevereiro de 1998, The Jamestown Foundation,
http://web.archive.org/web/20061125034223/http://www.jamestown.org/publications_details.php?volume_id=5&issue_id=249&article_id=2820
[49] Marta Kolomayets, «Lazarenko escapes assassination attempt», The Ukrainian Weekly, 21 de Julho de 1996,
1996,
http://www.ukrweekly.com/old/archive/1996/299601.shtml
[50] Ver nota 47.
[51] Gilles Gaetner, «Les comptes fantastiques de M. Lazarenko», L’Express, 1 de Junho de 2000, http://www.lexpress.fr/actualite/monde/europe/les-comptes-fantastiques-de-m-lazarenko_491978.html
[52] Ver nota 16.
[53] BBC, «Former Ukraine PM is jailed in US», 25 de agosto de 2006,
http://news.bbc.co.uk/2/hi/americas/5287870.stm
[54] Transparency International Global Corruption Report 2004, «World's Ten Most Corrupt Leaders», http://www.infoplease.com/ipa/A0921295.html
[55] Arielle Thedrel , «Ukraine: Ioulia Timochenko accusée de meurtre», Le Figaro, 22 de Janeiro de 2013,
http://www.lefigaro.fr/international/2013/01/22/01003-20130122ARTFIG00336-ukraine-ioulia-timochenko-accusee-de-meurtre.php
[56] Libération, «La vice-Première ministre ukrainienne limogée», 20 de Janeiro de 2001, http://www.liberation.fr/monde/2001/01/20/la-vice-premiere-ministre-ukrainienne-limogee_351716
[57] BBC, «Ukraine: opposition leader injured», 29 de Janeiro de 2002, http://news.bbc.co.uk/2/hi/europe/1788924.stm
[58] Marie Jégo, «Ioulia Timochenko, la "marianne à la tresse"», Le Monde, 24 de Fevereiro de 2014, http://www.lemonde.fr/europe/article/2005/09/09/ioulia-timochenko-la-marianne-a-la-tresse_687380_3214.html
[59] Ibid.
[60] Wikileaks, «CRS: Ukraines Political Crisis and U.S. Policy Issues», 1 de Fevereiro de 2005,
http://wikileaks.org/wiki/CRS:_Ukraines_Political_Crisis_and_U.S._Policy_Issues,_February_1,_2005
[61] Ver nota 16.
[62] Robert I. Friedman , "The Most Dangerous Mobster in the World", The Village Voice, 26 de Maio de 1998, http://www.villagevoice.com/1998-05-26/news/the-most-dangerous-mobster-in-the-world/
[63] Reuters, «Crise au sommet en Ukraine, menace d'élections anticipées», Le Point, 3 de Setembro de 2008, http://www.lepoint.fr/actualites-monde/2008-09-03/crise-au-sommet-en-ukraine-menace-d-elections-anticipees/924/0/271036
[64] AFP, «Ukraine: nouvelle inculpation de Timochenko pour des délits financiers», l’Express, 11 de Novembro de 2011,
http://www.lexpress.fr/actualites/1/monde/ukraine-nouvelle-inculpation-de-timochenko-pour-des-delits-financiers_1050142.html
[65] AFP, «Ukraine: le parquet va inculper Ioulia Timochenko dans une affaire de meurtre», RTBF, 19 de Junho de 2012,
http://www.rtbf.be/info/societe/detail_ukraine-le-parquet-va-inculper-ioulia-timochenko-dans-une-affaire-de-meurtre?id=7789919
[66] BBC, «Tymoshenko rejects Ukraine murder link as 'absurd'», 9 de Abril de 2012, http://www.bbc.com/news/world-europe-17658811
[67] Newspepper, «Prosecutor General of Ukraine examines the involvement of Timoshenko to the three murders», 7 de Abril de 2012,
http://newspepper.su/news/2012/4/7/prosecutor-general-of-ukraine-examines-the-involvement-of-timoshenko-to-the-three-murders/
[68] Thomas Vampouille , «Ioulia Timochenko condamnée à sept ans de prison», Le Figaro, 11 de Outubro de 2011,
http://www.lefigaro.fr/international/2011/10/11/01003-20111011ARTFIG00517-ioulia-timochenko-condamnee-a-sept-ans-de-prison.php
[69] Iris Mazzacurati , «En direct. Ukraine: Ianoukovitch démis de ses fonctions, Timochenko libérée», L’Express, 22 de Fevereiro de 2014,
http://www.lexpress.fr/actualite/monde/europe/en-direct-ukraine-vers-la-fin-du-regne-de-viktor-ianoukovitch_1494265.html
[70] Richard Balmforth y Gabriela Baczynska, «Nouvelle manifestation à Kiev, l'UE suspend les négociations», Le Point, 15 de Dezembro de 2013,
http://www.lepoint.fr/fil-info-reuters/nouvelle-manifestation-a-kiev-l-ue-suspend-les-negociations-15-12-2013-1769842_240.php
[71] Bill Van Auken, Leaked phone call on Ukraine lays bare Washington’s gangsterism», WSWS, 10 de Fevereiro de 2014,
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[72] BBC, «Ukraine crisis: Transcript of leaked Nuland-Pyatt call», 7 de Fevereiro de 2014, http://www.bbc.com/news/world-europe-26079957
[73] Nadia Diuk, «Ukraine's self-organizing revolution», Kyiv Post, 3 de Fevereiro de 2014, http://www.kyivpost.com/opinion/op-ed/nadia-diuk-ukraines-self-organizing-revolution-336155.html
[74] Nadia Diuk, «Ukraine's visions of the future», Kyiv Post, 4 de Dezembro de 2013, http://www.kyivpost.com/opinion/op-ed/nadia-diuk-ukraines-visions-of-the-future-333037.html
[75] Nadia Diuk, «In Ukraine, Homegrown Freedo», Washington Post, 4 de Dezembro de 2004, http://www.washingtonpost.com/wp-dyn/articles/A34008-2004Dec3.html
[76] NED, «Nadia Diuk, Vice President, Programs – Africa, Central Europe and Eurasia, Latin America and the Caribbean»,
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[77] NED, «Ukraine 2012 Annual report»
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[81] Atlantico, «65% des Français opposés à une aide financière à l’Ukraine», 27 de Fevereiro de 2014, http://www.atlantico.fr/decryptage/65-francais-opposes-aide-financiere-ukraine-jerome-fourquet-ifop-994234.html
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[84] Philip Agee, «Terrorism and Civil Society as Instruments of U.S. Policy in Cuba», Cuba Linda, Maio de 2003,
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[85] Statistics Canada, «2011 National Household Survey: Data tables»,
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[86] Sonja Puzic, «'We don't apologize for standing with Ukrainian people,' Baird says», CTVNews, 28 de Fevereiro de 2014, http://www.ctvnews.ca/politics/we-don-t-apologize-for-standing-with-ukrainian-people-baird-says-1.1707909
[87] AFP, «Valls cible «l’ultra-gauche» et les «Black Bloc» après les heurts de Nantes», Libération, 22 de Fevereiro de 2014,
http://www.liberation.fr/societe/2014/02/22/valls-cible-l-ultra-gauche-et-les-black-bloc-apres-les-heurts-de-nantes_982282
[88] RIA Novosti, «Ukraine: la Rada abroge la loi sur le statut du russe», 23 de Fevereiro de 2014, http://fr.ria.ru/world/20140223/200560426.htmlhttp://fr.ria.ru/world/20140223/200560426.html
[89] AFP , «Une équipe du FMI mardi en Ukraine pour discuter du plan d’aide», Libération, http://www.liberation.fr/monde/2014/03/03/une-equipe-du-fmi-mardi-en-ukraine-pour-discuter-du-plan-d-aide_984175
[90] Le Journal du siècle, «Timochenko: "L’Ukraine va devenir un membre de l’Union européenne"», 23 de Fevereiro de 2014,
http://lejournaldusiecle.com/2014/02/23/timochenko-lukraine-va-devenir-un-membre-de-lunion-europeenne/
[91] Alain Franco, «Ukraine: l'Union européenne sans boussole», Le Point, 3 Fevereiro de 2014, http://www.lepoint.fr/monde/ukraine-l-union-europeenne-sans-boussole-03-02-2014-1787567_24.php
[92] Kevin Lamarque, «Une première étape vers une exclusion de la Russie du G8», RFI, 3 de marzo de 2014, http://www.rfi.fr/europe/20140303-une-premiere-etape-vers-une-exclusion-russie-g8-obama-poutine-france-union-europeenne-allemagne-g7/



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