quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Os dez mandamentos da propaganda de guerra 31/01/2013

Princípios elementares da propaganda de guerra

- A ler tendo em mente a campanha de calúnias que o imperialismo desenvolve contra o governo sírio

por Michel Collon

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Os dez "mandamentos" constituem sobretudo uma grelha de análise que se pretende pedagógica e crítica. O seu objectivo não é tomar partido, ou defender "ditadores", mas sim constatar a regularidade destes princípios no campo mediático e social. Entre os acusados encontram-se tanto os vencidos como os vencedores.
Princípios elementares de propaganda de guerra (utilizáveis em caso de guerra fria, quente ou morna) é um livro de Anne Morelli publicado em 2001 e reeditado em 2010, para acrescentar à primeira edição as guerras do Iraque e do Afeganistão, assim como uma análise do discurso de Obama como "Prémio Nobel da Paz".

"Eu não tentaria sondar a pureza das intenções de uns ou outros. Não procuro saber aqui quem mente e quem diz a verdade, quem está de boa fé e quem não está. Meu único propósito é ilustrar os princípios de propaganda, utilizados unanimemente, e descrever os mecanismos". [1]

Entretanto, é inegável que desde as últimas guerra que marcaram nossa época (Kosovo, guerras do Golfo, Afeganistão, Iraque) as chamadas democracias ocidentais e os media são postos em causa.

Anne Morelli reactualiza, graças a este pequeno manual do cidadão crítico, formas invariáveis para conteúdos diversos. A propaganda é exercida sempre através das mesmas invariantes qualquer que seja a guerra, daí a grande pertinência da grelha proposta. Parece igualmente essencial nesta introdução citar Lord Ponsonby , a quem Anne Morelli agradece desde as primeiras páginas da sua obra. Com efeito, Ponsonby contribuiu amplamente para a elaboração dos princípios. Lord Ponsonby era um trabalhista inglês que se opôs radicalmente à guerra. Já durante a Primeira Guerra Mundial notabilizou-se por diversos panfletos e acabou por escrever um livro sobre estes mecanismos de propaganda. Livro esse que Anne Morelli retoma, reactualiza e sistematiza em dez princípios elementares.

1) Nós não queremos a guerra

"Arthur Ponsonby já havia notado que os homens de Estado de todos os países, antes de declararem a guerra ou no momento mesmo desta declaração, sempre asseguravam solenemente como preliminar que não queriam a guerra". [2]

A guerra nunca é desejada, apenas raramente é vista como positiva pela população. Como o advento das nossas democracias, o consentimento da população torna-se essencial, não é possível querer a guerra e ter uma alma de pacifista. Ao contrário da Idade Média, onde a opinião da população tinha pouca importância e a questão social não era significativa.

"Assim, o governo francês já mobiliza tudo proclamando que a mobilização não é a guerra mas, ao contrário, o melhor meio de assegurar a paz". [3]

"Se todos os chefes de Estado e de governo são animados de semelhantes vontades de paz, pode-se evidentemente perguntar-se inocentemente porque por vezes (e mesmo frequentemente), estouram guerra mesmo assim? [4] Mas o segundo princípio responde a esta pergunta.

2) O campo adversário é o único responsável pela guerra

Este segundo princípio decorre do facto de que cada campo assegura ter sido constrangido a declarar a guerra para impedir o outro de destruir os nossos valores, por em perigo nossas liberdades, ou mesmo destruir-nos totalmente. Trata-se portanto da aporia de uma guerra para por fim às guerras. [5] Chega-se quase à frase mítica de George Orwell: "War is Peace".

Assim, os Estados Unidos foram "constrangidos" a fazer a guerra contra o Iraque que não lhes deixou outra opção. Portanto não fazemos senão "reagir", defender-nos das provocações do inimigo que é inteiramente responsável pela guerra que vem aí.

"Assim, já Daladier, no seu "apelo à nação" – contornando as responsabilidades francesas na situação criada pelo Tratado de Versalhes – assegura em 3 de Setembro de 1939: a Alemanha já havia recusado a todos os homens sensíveis cuja voz se havia elevado nestes últimos tempos em favor da paz do mundo. [...] Nós fazemos a guerra porque ela nos foi imposta". [6]

Ribbentrop justifica a guerra contra a Polónia nestes termos:
"O Führer não quer a guerra. Ele não se resolverá por ela senão a contragosto. Mas não é dele que depende a decisão em favor da guerra ou da paz. Ela depende da Polónia. Acerca de certas questões de um interesse vital para o Reich, a Polónia deve ceder e actuar correctamente em relação a reivindicações às quais não podemos renunciar. Se ela se recusar, é sobre ela que recairá a responsabilidade de um conflito, e não sobre a Alemanha". [7]

Pode-se igualmente ler, aquando da Guerra do Golfo, em Le Soir de 9 de Janeiro de 1991:

"A paz, que todo o mundo deseja acima de tudo, não pode ser construída sobre simples concessão a um acto de pirataria. (...) Estando o fardo essencialmente, é preciso dizer, no campo do Iraque". [8]

Idem para a guerra no Iraque, mesmo antes de a guerra começar, Le Parisien titulava em 12 de Setembro de 2002: "Como Saddam se prepara para a guerra".

3) O chefe do campo adversário tem a cara do diabo (ou "o odioso de serviço")

"Não se pode odiar um grupo humano no seu conjunto, mesm apresentado como inimigo. Portanto é mais eficaz concentrar este ódio do inimigo sobre o líder adversário. O inimigo terá assim um rosto e este rosto será obviamente odioso". [9]

"O vencedor apresentar-se-á sempre (ver Bush e Blair recentemente) como um pacifista desejoso de conciliação mas levado à guerra pelo campo adversário. Este campo adversário é certamente dirigido por um louco, um monstro (Milosevic, Ben Laden, Saddam Hussein, ...) que nos desafia e de que convém livrar a humanidade". [10]

A primeira operação de uma campanha de demonização consiste pois em reduzir um país a um único homem. Em fazer portanto como se ninguém vivesse no Iraque, que unicamente Saddam Hussein, sua "temível" guarda republicana e suas "terríveis" armas de destruição maciça vivessem ali. [11]

Personalizar o conflito é muito típico de uma certa concepção da história, que seria feita por "heróis", a obra das grandes personagens. [12] Concepção da história que Anne Morelli recusa ao escrever incansavelmente sobre os "abandonados" da história legítima. Esta visão é particularmente idealista e metafísica, uma visão em que a história é o fruto das ideias dos seus "grandes" homens. A esta concepção da história opõe-se uma concepção dialéctica e materialista que define a história em termos de relações e de movimentos sociais.

Assim ao adversário são atribuídos todos os males possíveis. Isso vai desde o seu físico aos seus costumes sexuais. Assim, Le Vif-L'Express de 2-8 de Abril de 1999 apresenta "O horripilante Milosevic". " Le Vif-L'Express não cita nenhum discurso, nenhum escrito, do "mestre de Belgrado" mas em contrapartida destaca seus saltos de humor anormais, suas explosões de cólera, doentias e brutais: Quando estava encolerizado, seu rosto se torcia. Depois, instantaneamente, recuperava o seu sangue-frio". [13] Este tipo de demonização não é utilizado unicamente pela propaganda de guerra (como todos os outros princípios, igualmente).

Assim, Pierre Bourdieu constatava que, nos Estados Unidos, numerosos professores universitários, exasperados com a popularidade de Michel Foucault entre os seus colegas, escreviam bom número de livros sobre a vida íntima do autor. Assim, Michel Foucault, "o homossexual masoquista e louco" tinha prática "contra natura", "escandalosas" e "inaceitáveis". Com este expediente, já não há necessidade de debater o pensamento do autor ou os discursos de um homem político, mas sim de refutá-lo com base em julgamentos morais às ditas práticas do indivíduo.

4) Defendemos uma causa nobre e não interesses particulares

Os objectivos económicos e geopolíticos da guerra devem ser mascarados sob um ideia, valores moralmente justos e legítimos. Assim já se podia ouvir George Bush pai declarar:

"Há pessoa que não compreendem nunca. O combate não se refere a petróleo, o combate refere-se a uma agressão brutal". [14]

ou Le Monde de 22 de Janeiro de 1991: "Os objectivos de guerra americanos e franceses são em primeiro lugar os objectivos do Conselho de Segurança. Estamos lá devido a decisões tomadas pelo Conselho de Segurança e o objectivo essencial é a libertação do Kuwait". [15]

De facto, nas nossas sociedades modernas, ao contrário da de Luís XIV, uma guerra não se pode realizar senão com um certo consentimento da população. Gramsci já havia mostrado até que ponto a hegemonia cultural e o consentimento são indispensáveis ao poder. Este consentimento será facilmente adquirido se a população pensar que desta guerra depende sua liberdade, sua vida, sua honra. [16]

Os objectivos da Primeira Guerra Mundial, por exemplo, resumem-se a três pontos:
"- esmagar o militarismo
- defender as pequenas nações
- preparar o mundo para a democracia.

Este objectivos, muito honrosos, são desde então recopiados quase textualmente na véspera de cada conflito, mesmo que não se enquadrem senão muito pouco ou absolutamente nada com os seus objectivos reais". [17]

"É preciso persuadir a opinião pública que nós – ao contrário dos nossos inimigos – fazemos a guerra por motivos infinitamente honrosos". [18]

"Na guerra da NATO contra a Jugoslávia encontra-se o mesmo afastamento entre objectivos oficiais e inconfessados do conflito. Oficialmente a NATO intervém para preservar o carácter multi-étnico do Kosovo, para impedir que minorias sejam ali maltratadas, para ali impor a democracia e para acabar com o ditador. Trata-se de defender a causa sagrada dos direitos humanos. Bem antes do fim da guerra, foi possível constatar que nenhum destes objectivos foi atingido, que se está nomeadamente longe de uma sociedade multi-étnica e que as violências contra as minorias – sérvios e ciganos desta vez – são quotidianas, mas ainda perceber que os objectivos económicos e geopolíticos da guerra, de que nunca se havia falado, foram – eles sim – atingidos". [19]

Este princípio implica o seu corolário: o inimigo é um monstro sanguinário que representa a sociedade da barbárie.

5) O inimigo provoca atrocidades conscientemente mas se nós cometemos sujeiras isso é involuntário

Os relatos das atrocidades cometidas pelo inimigo constituem um elemento essencial da propaganda de guerra. Isso evidentemente não quer dizer que não haja atrocidades durante as guerras. Muito pelo contrário, os assassinatos, os roubos a mão armada, os incêndios, a pilhagens e as violações parecem – infelizmente – recorrentes na história das guerras. Mas faz-se crer que só o inimigo comete tais atrocidades e que o nosso exército é amado pela população, que é um exército "humanitário".

Mas a propaganda de guerra raramente detém-se aí. Não contente com violações e pilhagens reais, é preciso muitas vezes criar atrocidades "desumanas" para encarnar no inimigo o alter-ego de Hitler (Hitlerosevic, ...). Podemos assim por lado a lado várias passagens referentes a guerras diferentes sem nelas encontrar grandes diferenças.

Durante a Primeira Guerra Mundial, Ponsonby relata esta história:

"Trinta ou trinta e cinco soldados alemães entraram na casa de David Tordens, carroceiro em Sempst (hoje Zempst). Eles ataram o homem e depois cinco ou seis deles lançaram-se sob os seus olhos sobre a filha de treze anos e lhe fizeram violência, a seguir trespassaram-na com suas baionetas. Depois desta acção horrível furaram com golpes de baionetas seu filho de nove anos e fuzilaram sua mulher".

Não se esquecerá tão pouco o episódio das crianças com mãos cortadas, que parece mais um rumor infundado do que um facto histórico. [20]

Na Guerra do Golfo em Le Monde de 3 de Março de 1990: "Se eles nada provam quanto ao número, os corpos mutilados da morgue do hospital Moubarak advogam a certeza da crueldade dos sete meses de ocupação iraquiana. Olhos arrancados, gargantas cortadas, cabeças esmagadas, crânios cortados cujo cérebro escapa, corpos meio carbonizados, queimaduras de cigarros..."

Sem esquecer igualmente o episódio das incubadoras roubadas e dos bebés mortos atrozmente... Que revelaram ser uma mistificação.

Quanto ao Afeganistão, no Herald Tribune de 7 de Agosto de 1999: "Alguns foram mortos nas ruas. Muitos foram executados nas suas casas, após bloqueio e busca das zonas reputadas por serem habitadas na maioria por certos grupos étnicos. Alguns foram escaldados até à morte ou asfixiados em contentores metálicos selados, colocados em pleno sol. Num hospital pelo menos, 30 pacientes foram mortos a bala na sua cama. Os corpos das vítimas foram abandonados nas ruas ou nas casas, para intimidar o resto dos habitantes. Testemunhas em pânico puderam ver cães a competirem pelos restos dos cadáveres, mas foi-lhes imposta por megafone ou por rádio que não os tocassem e não os enterrassem".

Os talibãs, aqui responsáveis de atrocidades, na maior parte não puderam ser presos, e nenhuma notícia de Ben Laden...

Na guerra do Iraque, as histórias foram, mais uma vez, semelhante – e as mentiras sobre armas de destruição maciça também. Pode-se portanto extrair facilmente certas tendências nestas histórias. Trata-se antes de tudo de tocar a corda "sentimental" do leitor. Para isso é preciso, antes de tudo, "boas histórias" e se não forem encontradas são inventadas. Os pormenores "crispantes" totalmente inúteis à vista das consequências reais das guerras do ponto de vista humano são contudo moeda corrente nestas histórias – e fazem do inimigo um monstro mais horrível que nunca, que mata sobretudo por prazer ou vício.

No Kosovo, "houve evidentemente, na Primavera de 1999, assassínios, pilhagens, torturas e incêndios de casas albanesas, mas "esquece-se" de salientar com a mesma acuidade as mesmas atrocidades cometidas a partir do Verão sobre sérvios, bósnios, ciganos e outras pessoas não albanesas [21] . O seu êxodo será mantido sob silêncio ao passo que as imagens de refugiados albaneses do Kosovo e sua acolhida no estrangeiro haviam sido objecto de emissões completas na televisão. É que este quinto princípio da propaganda de guerra quer que só o inimigo cometa atrocidades, o nosso campo não pode senão cometer "erros". A propaganda da NATO popularizará, na guerra contra a Jugoslávia, a expressão "danos colaterais" e apresentará como tais os bombardeamentos de populações civis e de hospitais, que teriam feito, conforme as fontes, entre 1200 e 5000 vítimas. "Erro" portanto o bombardeamento da embaixada chinesa [22] , de um comboio de refugiados albaneses, ou de um comboio a passar sobre uma ponte. Já o inimigo, não comete erros, comete o mal conscientemente". [23]

Para concluir, uma citação de Jean-Claude Guillebaud:

"Tornámo-nos, nós jornalistas, uma espécie de mercadores do horror e esperava-se dos nossos artigos que comovessem, raramente que explicassem".

6) O inimigo utiliza armas não autorizadas

Este princípio é corolário do anterior.

"Não só não cometemos atrocidades como fazemos a guerra de maneira cavalheiresca, respeitando – como se se tratasse de um jogo, certamente duro mas viril! – as regras". [24]

Assim, já durante a Primeira Guerra Mundial, a polémica proliferava quanto à utilização dos gases asfixiantes. Cada campo acusava o outro por começar a utilizá-los [25] . Se bem que os dois campos houvessem utilizado o gás e que houvessem efectuado todas as investigações neste domínio, esta arma era o reflexo simbólico da guerra "desumana". Convém assim atribuí-la ao inimigo. É de alguma forma a arma "desonesta", a arma enganosa.

7) Sofremos muito poucas perdas, as perdas do inimigo são enormes

"Com raras excepções, os seres humanos geralmente preferem aderir a causas vitoriosas. Em casos de guerra a adesão da opinião pública depende portanto dos resultados aparentes do conflito. Se os resultados não forem bons, a propaganda deverá ocultar as nossas perdas e exagerar as do inimigo". [26]

Já na Primeira Guerra Mundial, um mês após o começo das operações, as perdas elevavam-se a 313 mil mortos. Mas o estado-maior francês jamais confessou a perda de um cavalo e não publicava a lista nominativa dos mortos. [27]

Ultimamente, a guerra no Iraque fornece um exemplo do mesmo género, em que se proibiu a publicação das fotos dos caixões de soldados americanos na imprensa. As perdas do inimigo, em contrapartida, são enormes, o seu exército não resiste. "Nos dois campos estas informações fazem subir a moral das tropas e persuadem a opinião pública da utilidade do conflito". [28]

8) Os artistas e intelectuais apoiam nossa causa

Aquando da Primeira Guerra Mundial, salvo raras excepções, os intelectuais apoiaram maciçamente o seu próprio campo. Cada beligerante podia em grande medida contar com o apoio dos pintores, poetas, músicos que apoiavam, por iniciativas no seu domínio, a causa do seu país. [29]

Os caricaturistas são amplamente utilizados, para justificar a guerra e pintar o "carniceiro" e suas atrocidades, ao passo que outros artistas vão trabalhar, com a câmara no punho, para produzir documentos edificantes sobre os refugiados, sempre cuidadosamente tomados nas fileiras albanesas e escolhidos os mais realísticos possíveis em relação ao público ao qual se dirigem, como esta bela criança loura com olhar nostálgico, destinada a evocar as vítimas albanesas.

Podem-se ver assim os "manifestos" a desenvolverem-se por toda a parte. O manifesto dos cem, para apoiar a França durante a Primeira Guerra Mundial (André Gide, Claude Monet, Claude Debussy, Paul Claudel). Mais recentemente, o "manifesto dos 12" contra o "novo totalitarismo" [30] que é o islamismo. Estes "colectivos" de intelectuais, artistas e homens notáveis põem-se portanto a legitimar a acção do poder político instalado.

9) Nossa causa tem um carácter sagrado

Este critério pode ser tomado nos dois sentidos, quer literal, quer geral. No sentido literal, a guerra apresenta-se como uma cruzada, portanto a vontade é divina. Não se pode subtrair à vontade de Deus, mas apenas cumpri-la. Este discurso retomou grande importância desde a chegada de George Bush filho ao poder e, com ele, toda uma série de ultra-conservadores integristas. Assim, a guerra no Iraque manifesta-se como uma cruzada contra "o Eixo do Mal", uma luta do "bem" contra o "mal". Era nosso dever "dar" a democracia ao Iraque, a democracia sendo um dom saído directamente da vontade divina. Assim, fazer a guerra é realizar a vontade divina. Escolhas políticas tomar um carácter bíblico que apaga toda realidade social e económica. As referências a Deus sempre foram numerosas (In God We Trust, God Save the Queen, Gott mit Uns, …) e servem para legitimar sem rodeios as acções do soberano.

10) Aqueles (e aquelas) que põem em dúvida a nossa propaganda são traidores

Este último princípio é o corolário de todos anteriores. Toda pessoa que ponha em dúvida um único dos princípios enunciados acima é forçosamente um colaborador do inimigo. Assim, a visão mediática limita-se aos dois campos citados acima. O campo do bem, da vontade divina, e o do mal, dos ditadores. Assim, é-se "por ou contra" o mal. Neste sentido, os oponentes à guerra do Kosovo viram-se tratar no L'Évènement de 29 de Abril a 5 de Maio de 1999 como "cúmplices de Milosevic". O semanário chega mesmo a sistematizar várias "famílias". Encontra-se assim a família "anti-americana" com Pierre Bourdieu, Régis Debray, Serge Halimi, Noam Chomsky ou Harold Pinter. A família "pacifista integrista" com Gisèle Halimi, Renaud, o abade Pierre… e seus órgãos respectivos, o Monde diplomatique, o PCF.

Torna-se portanto impossível fazer surgir uma opinião dissidente sem sofrer um linchamento mediático. O pluralismo das opiniões já não existe, é reduzido a nada, toda oposição ao governo é reduzida ao silêncio e ao descrédito por argumentos fraudulentos.

Esta mesma argumentação foi novamente aplicada aquando da guerra no Iraque. Como a opinião pública internacional estava mais dividida, isso é menos ressentido. Mas estar contra a guerra é estar a favor de Saddam Hussein... O mesmo esquema foi aplicado num contexto muito diferente, que era o referendo sobre a constituição europeia: "ser contra a constituição é ser contra a Europa!".
Notas e referências
1. Morelli, Anne, "Principes élémentaires de propagande de guerre", Bruxelles, Aden, 2010
2. Ibid, p. 7.
3. Ibidem
4. Ibid, p. 10
5. Ibid, p. 11.
6. Ibid, p. 14.
7. Ibid, p. 16.
8. Collon, Michel, "attention médias!", Bruxelles, éditions EPO, 1992, p. 34.
9. Morelli, Anne, op. cit., p. 21.
10. Morelli, Anne, "L'histoire selon les vainqueurs, l'histoire selon les vaincus", 8 décembre 2003 in : http://www.brusselstribunal.org/8de...;;[archive].
11. Collon, Michel, op. cit., p. 60.
12. Ibidem.
13. Morelli, Anne, op. cit., p. 25.
14. Collon, Michel, op. cit., p. 32.
15. Ibidem.
16. Morelli, Anne, op. cit., p. 27.
17. Ibid, p. 28.
18. Ibid, p. 28.
19. Ibid, p. 34.
20. A criança com mãos cortadas [arquivo] 1914, nova guerra entre os dois países. Contava-se com insistência, do lado francês, que os soldados alemães eram brutos ignóbeis que cortavam as mãos das crianças.
21. Sérvia: Após o fracasso das negociações sobre o Kosovo, a palavra esta com a ONU [arquivo] O Kosovo, considerado por Belgrado como o berço da sua cultura e da sua religião, conta 5% dos sérvios após o êxodo de mais de 200 mil deles.
22. Revelação: a NATO bombardeou voluntariamente a embaixada da China em Belgrado [arquivo] Segundo um inquérito do semanário britânico The Observer, efectuado com o jornal dinamarquês Politike, a NATO teria bombardeado conscientemente a embaixada chinesa de Belgrado em 7 de Maio último (ver também nosso artigo de 10/05/99). Responsáveis militares e das informações teriam declarado que a embaixada chinesa abrigava um sistema de retransmissão das emissões do exército juguslavo. De repente, ela teria sido eliminada da lista dos "alvos interditos" e bombardeada.
23. Ibid, pp. 37-47.
24. Ibid, p. 48.
25. Ibid, p. 49.
26. Ibid, p. 54.
27. Ibidem.
28. Ibid, p. 56.
29. Morelli, Anne, "les 10 commandements de Ponsonby", sur le site de Zaléa TV : [1] [archive].
30. Sua utilização para com o terrorismo por Jack Straw parece imprópria. O "terrorismo" em geral não pode ser considerado como um "totalitarismo" no sentido original do termo. Ele não preenche os critérios necessários. A utilização do conceito requer uma análise aprofundada da sociedade ou da estrutura do grupo estudado, é preciso destacar as categorias essenciais e os processos de des-diferenciação próprios do totalitarismo. Contudo, não parece que Jack Straw tenha realizado uma tal análise para poder dar uma verdadeira base teórica à sua asserção. A utilização do termo neste caso tem um fim político ou de propaganda de guerra.

20/Março/2011
O original encontra-se em http://www.michelcollon.info/Principes-elementaires-de.html?lang=fr

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/

Franceses e gregos vão às ruas contra austeridade e baixos salários 31/01/2013


Como consequência da crise econômica, os dois países viveram greve em diversos setores nesta quinta-feira

Agência Efe

Milhares de gregos entraram em greve contra as medidas do governo de Antonis Samaras


Em mais um capítulo da insatisfação dos europeus contra as medidas de austeridade, franceses e gregos saíram às ruas nesta quinta-feira (31/01).

Na Grécia, trabalhadores de diversos setores organizaram uma greve de 24 horas contra as reformas e os cortes salariais executados pelo governo do primeiro-ministro Antonis Samaras.

Entre os sindicatos que aderiram ao movimento em Atenas estão profissionais de saúde, assistência sanitária, marinha mercante, transporte e eletricidade. A associação de funcionários públicos também defendeu a greve, mas por um período menor, de 4 horas.

Na França, cinco milhões de funcionários públicos foram convocados para exigir aumento salarial e o fim das demissões. De acordo com o Prensa Latina, os sindicatos do país organizaram 120 manifestações para esta quinta-feira.

Segundo os comunicados das organizações de trabalhadores, nos últimos 10 anos, o poder de compra da população caiu 10%, Desde 2010, os salários estão congelados devido a uma medida do presidente Nicolás Sarkozy, que, até o momento, foi mantida por François Hollande.

A partir da próxima semana, os representantes dos funcionários públicos começarão a negociar com o governo por melhores condições de trabalho. 

Há 70 anos, Batalha de Stalingrado selava derrota do nazismo 31/01/2013


Estava encerrada a mais feroz, renhida e sangrenta batalha militar que a História da humanidade conheceu

Faz exatos 70 anos. Em 31 de janeiro de 1943, o marechal Friedrich Von Paulus, comandante do VI Exército alemão, comunicava sua capitulação incondicional ao general Vassili Chuikov, comandante do Exército Vermelho em Stalingrado. Os remanescentes do exército alemão renderam-se em 2 de fevereiro; 91 mil homens, entre eles 22 generais.

Estava encerrada a mais feroz, renhida e sangrenta batalha militar que a História da humanidade conheceu. A Batalha de Stalingrado quebrou a espinha dorsal da poderosa máquina de guerra nazista e do Terceiro Reich e provocou uma dramática guinada à Segunda Guerra Mundial.

Por causa dos soldados do Exército Vermelho, o mundo se livrou naquele momento do nazi-fascismo. Caso tivesse saído vitoriosa, a sombra da Alemanha nazista pairaria por muitas e muitas décadas sobre povos e nações, com todo o seu horror ideológico e racial.

Por volta de setembro de 1942, a soma das conquistas de Adolf Hitler era estarrecedora. O Mediterrâneo havia se tornado praticamente um lago do Eixo, com a Alemanha e a Itália dominando a maior parte da costa setentrional, desde a Espanha até a Turquia e a costa meridional da Tunísia até cerca de 100 quilômetros distante do rio Nilo.

As tropas da Wehrmacht mantinham guarda desde o cabo setentrional da Noruega, no Oceano Ártico, até o Egito; da ocidental Brest no Atlântico até a parte sul do rio Volga, às bordas da Ásia Central. Regimes fascistas pré-existentes e governos fantoches faziam o jogo do Reich nazista. França, Holanda, Bélgica, Dinamarca, Áustria, Hungria, Tchecoslováquia, Polônia, os Bálcãs, a Grécia e outras mais já haviam sido engolidas pelas Panzer Divisionen.


Hitler parecia estar em situação confortável. Os submarinos alemães estavam afundando 700 mil toneladas por mês de barcos britânicos e norte-americanos no Oceano Atlântico, mais do que se poderia substituir nos estaleiros navais dos Estados Unidos, Canadá e Escócia, então em franco progresso. Além disso, as tropas nazistas do 6º Exército do marechal Friedrich von Paulus haviam alcançado o Volga, exatamente ao norte de Stalingrado em 23 de agosto.

Dois dias antes, a suástica tinha sido hasteada no monte Elbruz, o ponto mais alto das montanhas do Cáucaso (5.642 metros). Os campos petrolíferos de Maikop, que produziam anualmente 2,5 milhões de toneladas de petróleo, haviam sido conquistados em 8 de agosto. No dia 25, os blindados do general Kleist chegaram a Mozdok, distante apenas 80 quilômetros do principal centro petrolífero soviético, nas imediações de Grozny e a cerca de 150 quilômetros do mar Cáspio.

Stalingrado

Então, em 31 de agosto, Hitler ordenou que o marechal-de-campo List, comandante dos exércitos do Cáucaso, reunisse todas as forças existentes para o assalto final a Grozny, a fim de se apoderar de todos os ricos campos petrolíferos da região. O líder alemão determinou que o 6º Exército e o 4º Exército Panzer se lançassem para o Norte, ao longo do Volga, cercando e sufocando Stalingrado, em um vasto movimento envolvente que lhe permitisse avançar de leste e de oeste contra o centro da Rússia, tomando, finalmente, Moscou.

Ao almirante Raeder, no final de agosto, Hitler disse que a União Soviética "era um 'lebensraum' (espaço vital), à prova de bloqueio" o que lhe ensejava voltar-se para os ingleses e norte-americanos, que "seriam obrigados a discutir os termos da paz". Com essas conquistas vitais, o "Reich de mil anos" estaria garantindo sua subsistência e permanência. Isso porque teriam controle das vastas estepes da Ucrânia, ubérrimas, a fazer brotar um infindável celeiro dourado de trigais e os abundantes campos de ouro negro a besuntar de energia a máquina bélica e industrial alemã.

Veja imagens da Batalha de Stalingrado:



As imagens mais longínquas de minha meninice datam dessa época. Lembro-me de meu pai, cercado de amigos, debruçados sobre um mapa da Europa estendido sobre a mesa, lupa em punho, rádio em ondas curtas. Esta mesma cena provavelmente estaria se repetindo em milhões de outros lares pelo mundo afora. Anos mais tarde, meu pai, um jovem revolucionário imbuído de ideais socialistas, que no começo dos anos 1930 tinha abandonado a Polônia de governo pró-nazi e anti-semita para vir ao Brasil, relatava a agonia e o horror com que acompanhavam a expansão irrefreável do império nazista.

Riscos do nazismo

Quando os cabogramas anunciaram que a infantaria alemã havia atravessado o Don silencioso em direção a Stalingrado, o assombro se instalou. E se a Alemanha nazista derrotasse a União Soviética?

A ideologia da supremacia racial ariana de Hitler se abateria sobre grande parte do mundo. Negros, eslavos, indígenas, árabes, mestiços, mulatos, amarelos, sub-raças e escória social, trabalhariam sob o tacão de ferro do nazismo, como semi-escravos, para a glória da raça superior. Povos inteiros, judeus, ciganos, seriam aniquilados em nome da limpeza étnica. Comunistas, socialistas e liberais seriam confinados em campos de concentração e de lá não sairiam vivos.

O colonialismo na África e Ásia ganharia alento. As liberdades seriam espezinhadas e governos lacaios em todos os quadrantes se encarregariam de organizar gestapos em cujos porões um elenco monstruoso de torturas ao som da Deutschland Über Alles seria levado a cabo contra os inimigos do regime. As conquistas sociais dos trabalhadores estariam esmagadas. O progresso, as artes, as ciências sofreriam abalo.

Além disso, Werner von Braun e seus assistentes em Penemunde teriam aperfeiçoando as mortíferas bombas voadoras de longo alcance com ogivas nucleares e outras máquinas bélicas de alta tecnologia a pender como espada de Dâmocles sobre qualquer país que ousasse desafiar o Reich alemão. E se alguma nação pretendesse enfrentar os interesses do Grande Império Germânico novas ondas de panzers ou de bombas V1 e V2 desencadeariam ‘blitzkriegs’ preventivas para aniquilar pelo terror qualquer tentativa.

Wikicommons
Assim, quando o jovem general Konstantin Rokossovsky (foto à esquerda), levando a cabo as instruções táticas da Operação Uranus ordenadas diretamente de Moscou e arquitetadas pelos generais Alexander Vasilievsky e Vasily Volsky, conseguiu romper, em 19 de novembro, o anel de aço que cercava Stalingrado, a esperança reacendeu.

No entanto, a cidade estava sitiada, os seguidos bombardeios da Luftwaffe haviam-na reduzido a escombros. Dia após dia o cerco se apertava.
No final de novembro, a zona urbana foi invadida e veio a ordem terminante: defender a todo custo as fábricas Outubro Vermelho e Barricadas, que produziam os carros de assalto, a Fábrica de Tratores que construía os blindados T-34 e a estação ferroviária central onde as matérias primas eram desembarcadas.

A Batalha

Iniciou-se então a mais feroz, a mais encarniçada, a mais renhida e sangrenta, a mais dramática das batalhas militares que a História da humanidade conheceu.
O terreno coberto de destroços impedia qualquer ação de blindados e a proximidade dos contendores tornava impraticável a cobertura aérea. Só restava calar baionetas e passar a travar a luta.

Casa a casa, corpo a corpo, em cada centímetro de chão a luta se dava. Para ilustrar a tenacidade com que se combatia, basta lembrar que a plataforma semidestruída da estação de trens mudou de mãos sete vezes em um único dia. Os operários da Outubro Vermelho empunharam armas e estabeleceram uma muralha de fogo em torno da fábrica. Jamais se havia visto tantas cenas de heroísmo, bravura e coragem, de lado a lado, naquele cenário lúgubre das ruínas da cidade. Nunca antes soldados haviam lutado com tanto denodo para conquistar e defender.

Em 30 de janeiro de 1943, décimo aniversário da subida de Hitler ao poder, o führer fazia uma solene proclamação pelo rádio: "Daqui a mil anos, os alemães falarão sobre a Batalha de Stalingrado com reverência e respeito, e se lembrarão que a despeito de tudo, a vitória final da Alemanha foi ali decidida".

Veja imagens feitas durante discurso de Hitler em 1943:


Três dias depois, em 2 de fevereiro, o marechal-de-campo Von Paulus assinava diante do general Vassili Chuikov, comandante das tropas do Exército Vermelho em Stalingrado, a rendição do 6º Exército alemão.

A transmissão da capitulação foi feita em Berlim, através da rádio alemã, pelo general Zeitzler, chefe do Alto Comando da Wehrmacht (OKW) precedida do rufar abafado de tambores e da execução do segundo movimento da Quinta Sinfonia de Beethoven.

A maior e a mais épica das batalhas da 2ª Guerra Mundial que tivera início em 26 de junho havia chegado ao fim. Foram feitos prisioneiros pelos soviéticos 94,5 mil soldados alemães dos quais 2,5 mil oficiais, 24 generais e o próprio marechal Von Paulus. Foram mortos cerca de 140 mil soldados da Wehrmacht e 200 mil homens do Exército Vermelho. Os soviéticos tomaram do exército inimigo 60 mil veículos, 1,5 mil blindados e seis mil canhões. A espinha dorsal do exército nazista e do Terceiro Reich estava irremediavelmente quebrada.

Celebração

Os mesmos milhões de lares que tinham vivido momentos de apreensão e pavor explodiram de emoção. Hitler havia mordido o pó da derrota. Corações e mentes voltaram-se para glorificar os heróis combatentes do Exército Vermelho e honrar os que tombaram no campo de batalha pela liberdade.

A admiração pela extraordinária façanha impunha a pergunta: o que levou aquele contingente de centenas de milhares de jovens a lutar com tal fúria e obstinação? Certamente, além do apelo da Grande Guerra Patriótica, por livrar o solo pátrio do invasor, havia outro ingrediente.

A leitura das lancinantes cartas aos familiares escritas no front deixava evidente a determinação de defender as conquistas da Revolução de Outubro, por cuja consolidação seus pais, 25 anos antes, haviam derramado sangue enfrentando e derrotando o exército branco e tropas invasoras de catorze 14 países mobilizados para sufocar no nascedouro a revolução bolchevique.

Logo após a vitória em Stalingrado, o Exército Vermelho arrancou impetuoso rumo à capital do Reich nazista, abrindo em sua passagem os portões macabros de Auschwitz-Birkenau. As tropas anglo-americanas desembarcam na Normandia em 6 de junho de 1944. No dia 2 de maio de 1945, soldados do destacamento avançado do general Ivan Koniev hasteiam a bandeira soviética no mastro principal do Reichstag.

Cinco dias depois, numa pequena escola de tijolos vermelhos em Reims, França, na madrugada de 8 de maio de 1945, o almirante Friedeburg e o general Jodl assinam, em nome do que restou da máquina de guerra nazista, diante do general Ivan Susloparov pela União Soviética, e do general Walter Bedell Smith pelos aliados, a rendição incondicional. Os canhões cessaram de troar e as bombas deixaram de cair. Um estranho silêncio pairou sobre o continente europeu pela primeira vez desde 1º de setembro de 1939. O mundo estava livre da sanha nazi-fascista.

Público lota Ato Pela Anulação do Julgamento do Mensalão no Rio 31/01/2013


Na noite de quarta-feira (30), o auditório da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no Centro do Rio, com capacidade para 600 lugares estava lotado e ainda havia gente pelos corredores, saguão, hall de entrada, e na calçada em frente ao prédio esperando uma oportunidade para entrar. A atração? O Ato Pela Anulação do Julgamento da Ação penal 470, o chamado "mensalão", promovido pelo Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé.



Foto montagem: Brasil247

“Não vou me calar!”, exclamou o militante José Dirceu, ovacionado pelos presentes, no final do evento, feito em parceria com a Central Única de Trabalhadores (CUT). Alvo da Ação Penal 470, o processo conhecido como ‘mensalão’, ex-ministro-chefe da Casa Civil no governo Lula, deputado federal e ex-exilado político por combater a ditadura militar instaurada no país, em 1964, Dirceu definiu a decisão dos magistrados como uma “violência jurídica nunca vista”.

 
Altamiro Borges, presidente do Barão de Itararé e Secretário Nacional da Questão da Mídia do PCdoB, a quantidade de pessoas interessadas em acompanhar o debate é uma demonstração de que há uma quantidade expressiva de brasileiros de setores expressivos da sociedade que discordam do resultado do julgamento da Ação Penal.

"Tinha gente pendurada no prédio inteiro, até gente lá fora na calçada esperando para ver se conseguia entrar. Isso demonstra que há setores significativos da sociedade que discordam do resultado do julgamento da ação Penal 470, qualificando o mesmo como um julgamento político e, como disse o Raimundo [o jornalista Raimundo Pereira], 'medieval', feito em grande medida pela mídia", disse Altamiro Borges ao Vermelho.

Foi durante o evento que o jornalista Raimundo Pereira, editor-chefe da revista Retrato do Brasil e um dos integrantes da mesa, afirmou que se tratou de um julgamento “medieval”: "Foi medieval porque seguiu a dinâmica dos julgamentos no medievo, quando uma bruxa era torturada até a morte para que confessasse ser uma bruxa. Se morria sem confessar, ficava provado que era mesmo uma bruxa, pois nenhum ser humano normal poderia resistir a tamanha tortura sem confessar qualquer coisa. Se confessasse, morria na fogueira. Ou seja, a bruxa não tinha chance nenhuma".

Raimundo é uma das diversas figuras importantes que questionam o processo que condenou José Dirceu, o deputado José Genoino, o ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares e o ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil, Henrique Pizolatto.

José Dirceu, ao iniciar o discurso, cumprimentou Altamiro Borges e concordou com o professor Adriano Pilatti, advogado e docente na Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro, também na mesa, que “apenas um milagre” impedirá que ele cumpra a pena imposta pelo Supremo. Porém, frisou que passar um novo período na prisão não será impeditivo de lutar com todas as suas forças para provar sua inocência no caso.

"Pode ser regime fechado, pode ser segurança máxima, pode ser solitária. Não vão me calar! Eu vou lutar!", afirmou o dirigente do PT.

Dirceu demonstrou sua indignação ao afirmar que “não há testemunhas e base na acusação de compra de votos” de congressistas e apontou uma possível manobra política na condução do julgamento. A realização das sessões durante o período eleitoral, afirmou, “foi falta de pudor”.

"O julgamento teve quatro meses e parou de julgar toda a sua pauta, por algo que era transmitido por TV aberta. Algo que não existe. Sendo assim, se transformou num julgamento de exceção. Mas, perdemos essa batalha. Foi a primeira derrota que tivemos desde 2002", disse.

O "Ato Pela Anulação do Julgamento do Mensalão" no Rio de Janeiro faz parte de uma programação que levará a atividade de solidariedade para diversas cidades em todo o país. Nesta quinta-feira, Dirceu seguiu para Belo Horizonte, em ato convocado em sua defesa.

"Eu optei por lutar, apesar do linchamento e da violência da imprensa. Vou percorrer todo o Brasil. É uma luta longa que só está começando", afirmou Dirceu.

Apoio emocionado

Presente ao “ato público em defesa da democracia, da verdade e da justiça”, a jornalista Hildegard Angel, emocionada, leu um depoimento que a plateia ouviu em silêncio e aplaudiu de pé:

“Venho, como cidadã, como jornalista, que há mais de 40 anos milita na imprensa de meu país, e como vítima direta do Estado Brasileiro em seu último período de exceção, quando me roubou três familiares, manifestar publicamente minha indignação e sobretudo minha decepção, meu constrangimento, meu desconforto, minha tristeza, perante o lamentável espetáculo que nosso Supremo Tribunal Federal ofereceu ao país e ao mundo, durante o julgamento da Ação Penal 470, apelidada de Mensalão, que eu pessoalmente chamo de Mentirão", iniciou a jornalista.

'Mentirão' já que os cálculos matemáticos demonstraram não haver correlação de datas entre os saques do dinheiro no caixa do Banco Rural com as votações em plenário das reformas da Previdência e Tributária, que aliás tiveram votação maciça dos partidos da oposição. "Mentirão, sim!", reforçou Hildegard Angel.

Da redação do Vermelho com agências

Síria: Kuwait e Emirados Árabes Unidos anunciam ajuda de 200 milhões de euros 31/01/2013


 

O emir do Kuwait, xeque Sabah al-Ahmad Al-Sabah (foto), anunciou uma ajuda humanitária de cerca de 221 milhões de euros para a Síria.
«Devido aos grandes sofrimentos do povo sírio e para contribuir para o êxito desta conferência, anuncio uma doação do Kuwait de 300 milhões de dólares para o povo sírio», anunciou o emir no discurso de abertura da conferência de doadores no Kuwait.
Também os Emirados Árabes Unidos prometeram doar a mesma quantia, de acordo com o anúncio do príncipe herdeiro de Abu Dhabi, xeque Mohammed ben Zayed Al Nahyan, feito à margem desta conferência patrocinada pelas Nações Unidas.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, lançou um apelo para reunir 1,5 mil milhões de dólares (1,1 milhões de euros), que permitam responder às necessidades humanitárias dos civis sírios, afirmando que a situação «é catastrófica» e levará a «um maior número» de mortes, se estes fundos não forem conseguidos.
Cerca de 60 países participam nesta conferência, numa altura em que a ONU se prepara para lançar um programa destinado aos quatro milhões de sírios necessitados de ajuda de emergência no interior do país.
Esta ajuda deverá também beneficiar cerca de 700.000 refugiados sírios nos países vizinhos. Se o conflito não for travado, o número de refugiados poderá atingir 1,1 milhões até junho, indicou a ONU.
Na terça-feira, a Comissão Europeia indicou que vai dar uma ajuda de 100 milhões de euros, a anunciar na conferência no Kuwait. Esta soma vai juntar-se aos 100 milhões já desbloqueados por Bruxelas para ajudar os sírios.
Os Estados Unidos anunciaram uma ajuda suplementar de 155 milhões de dólares (114 milhões de euros) para os refugiados, o que eleva para 365 milhões de dólares (269 milhões de euros) a ajuda humanitária norte-americana aos sírios.
Organizações de solidariedade, reunidas no Kuwait, na véspera desta conferência, prometeram 182 milhões de dólares (134 milhões de euros).

tsf.pt

Síria, Rússia, Irã e Liga Árabe criticam ataque de Israel à região de Damasco 31/01/2013



Israel não confirma nem desmente ataque a centro militar sírio.
EUA advertiram Síria contra transferência de armas ao Hezbollah.

 


 


A Síria protestou nesta quinta-feira (31) perante a ONU pelo ataque aéreo da aviação israelense na quarta-feira contra um centro de pesquisa militar em seu território, o que também foi criticado por Rússia, Irã e Liga Árabe.
O governo sírio também advertiu que a Síria tem o direito de "se defender e de defender seu território e sua soberania" e responsabilizou "Israel e os Estados que o protegem no Conselho de Segurança" pelas eventuais consequências da agressão.
A Rússia também manifestou sua preocupação.
"Caso a informação seja confirmada, isto significa que aconteceu um bombardeio sem nenhuma justificativa no território de um Estado soberano, o que viola grosseiramente a carta da ONU e é inaceitável, independente do motivo", afirma um comunicado da chancelaria russa.
Por sua vez, o vice-ministro de Relações Exteriores do Irã, Hossein Amir Abdolahian, disse nesta quinta-feira que o ataque aéreo israelense terá graves consequências.
Até o momento, oficialmente Israel mantém silêncio absoluto sobre o assunto.
O bombardeio, que causou a morte de duas pessoas, segundo os sírios, é o primeiro ataque israelense contra a Síria desde 2007 e, sobretudo, desde março de 2011, quando teve início a revolta contra o presidente Bashar al-Assad, que posteriormente se converteu em guerra civil.
Por sua vez, o chefe da oposição, Ahmed Moaz al-Jatib, denunciou a passividade do regime sírio diante do ataque israelense, em declarações à rede de televisão do Qatar Al-Jazeera.
Jipe da ONU nesta quinta-feira (31) na fronteira entre Israel e Síria (Foto: AFP)
Jipe da ONU nesta quinta-feira (31) na fronteira entre Israel e Síria (Foto: AFP)
 
"Os aviões israelenses vieram e seus aviões só servem para destruir as mesquitas e as universidades e matar os civis", disse Jatib dirigindo-se ao presidente sírio Bashar al-Assad.
Jatib encontra-se no Cairo, onde a oposição realiza uma reunião que se anuncia como tumultuada devido as suas declarações na véspera, quando afirmou que estava "disposto a negociações diretas com representantes do regime sírio no Cairo, Tunísia ou Istambul".
Já a Casa Branca advertiu Síria contra a transferência de armas ao Hezbollah.
"A Síria pode desestabilizar ainda mais a a região mediante a transferência de armas ao Hezbollah", afirmou o conselheiro de segurança das presidência americana, Ben Rhodes.
Violência prossegue
No entanto, em terra a violência prosseguia.
Nesta quinta-feira, militares e rebeldes se enfrentavam no sul de Damasco, também bombardeado pela artilharia do regime, informou o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).
Este Observatório, que utiliza uma rede de ativistas e médicos como fonte de informação, também afirma que ocorrem combates perto do acampamento de refugiados palestinos de Yarmuk e bombardeios na periferia leste da capital.
Na cidade de Homs, mais ao norte, o bairro de Jaldiyé, assediado há mais de seis meses pelo exército, era alvo de foguetes, segundo o OSDH.
No Cairo, a oposição síria deve adotar nesta quinta-feira uma posição oficial a respeito do convite ao diálogo feito pelo regime para tentar superar a crise.
Na quarta-feira, o líder da oposição, Ahmed Moaz al-Jatib, provocou agitação ao afirmar que estava disposto a discussões diretas com representantes do regime.
"Em sinal de boa vontade para uma solução política para a crise e para abrir caminho para um período de transição que coloque fim ao derramamento de sangue, anuncio que estou disposto a negociações diretas com representantes do regime", afirmou Jatib.
O embaixador da oposição em Paris descartou a participação de Assad ou de sua equipe no diálogo, mas a posição de Jatib provocou mal-estar no Conselho Nacional Sírio, principal força da coalizão, que não aceita um diálogo antes que o presidente sírio deixe o poder.
Mas Jatib impôs condições prévias: a libertação das 160 mil pessoas detidas e a renovação dos passaportes dos sírios no exterior para que não sejam detidos no retorno ao país.
O governo sírio, que aspira organizar o diálogo em Damasco, não reagiu oficialmente à declaração.
No entanto, o jornal "Al-Watan", próximo ao poder, destacou "as divisões da oposição síria no exterior, incapaz de adotar uma posição comum", o que contrasta com a oposição tolerada, que na terça-feira se reuniu em Genebra e "aprovou a ideia de um diálogo".
G1 e agências internacionais

Síria protesta na ONU por ataque israelense 31/01/2013



Liga Árabe também criticou ataque e denunciou 'violação de território'.

Duas pessoas morreram e cinco ficaram feridas, segundo exército sírio.



O ministério sírio das Relações Exteriores protestou nesta quinta-feira (31) ante as Nações Unidas pelo ataque lançado na quarta-feira (30) pela aviação israelense contra um centro militar perto de Damasco, segundo comunicado publicado pela agência oficial Sana.
Neste texto, a chancelaria síria protesta oficialmente contra a violação pelos israelenses do acordo de 1974, que previa o fim das hostilidades entre a Síria e o Estado hebreu.



O secretário-geral da Liga Árabe, Nabil al Arabi (foto), também condenou nesta quinta o ataque e denunciou "uma violação flagrante de território por parte de um Estado árabe e de sua soberania".
O exército sírio anunciou na noite de quarta que a aviação israelense bombardeou um centro de pesquisas militares situado entre Damasco e a fronteira libanesa, falando de dois mortos, cinco feridos e danos importantes, já que o prédio teria sido parcialmente destruído.
Trata-se da primeira incursão israelense na Síria desde 2007 e, portanto, a primeira desde o início da revolta popular, em 2011, que se transformou em conflito armado.
Arabi denunciou uma violação do direito internacional e das resoluções do Conselho de Segurança da ONU e convocou em um comunicado a comunidade internacional a "assumir suas responsabilidades e colocar fim às agressões contínuas de Israel contra os Estados árabes".
Além disso, considerou que o silêncio da comunidade internacional sobre os ataques que Israel cometeu no passado contra a Síria "o incentivaram a realizar esta nova agressão".
Arabi ressaltou "a necessidade de fazer Israel assumir a completa responsabilidade das consequências de sua agressão" e o "direito da Síria de defender seu território e sua soberania".
AFP

Síria diz que Israel bombardeou centro de pesquisa sírio 31/01/2013



Exército sírio informou que o centro é responsável por "aumentar o nível da resistência e de autodefesa" e que o local já foi atacado no passado




  Síria: "Os caças-bombardeiros do inimigo israelense penetraram do sul das Colinas do Golã e atacaram o centro de pesquisa", foi informado

Damasco – As Forças Armadas da Síria afirmaram que aviões de guerra israelenses entraram nesta quarta-feira dentro de seu espaço aéreo e bombardearam um centro de pesquisa militar no distrito de Jamraiya, na província de Rif Damasco, causando a morte de dois funcionários.
 
Por meio de um comunicado, o Exército sírio informou que o centro é responsável por "aumentar o nível da resistência e de autodefesa" e que o local já foi atacado no passado pelos "grupos terroristas", maneira pela qual o regime se refere às milícias rebeldes.
A nota não fornece mais detalhes sobre o centro de pesquisa, mas assegura que o bombardeio aconteceu "após várias tentativas frustradas ao longo de meses dos grupos terroristas de entrar e dominar" o local.
"Os caças-bombardeiros do inimigo israelense penetraram do sul das Colinas do Golã e atacaram o centro de pesquisa", informou o Comando Geral das Forças Armadas.
Segundo informaram à Agência Efe fontes diplomáticas ocidentais em Israel, forças da aviação do país atacaram hoje um alvo perto da fronteira entre a Síria e o Líbano.
O ataque aconteceu na madrugada desta quarta-feira, asseguraram as fontes, que pediram para não serem identificadas e não precisaram em que parte da fronteira ocorreu a operação.
O Exército israelense não confirmou nem desmentiu o ataque. Já as forças de segurança do Líbano negaram a existência de um bombardeiro em seu território, mas denunciaram que aviões israelenses violaram seu espaço aéreo.

EFE

Governo zera IOF de investimento estrangeiro em fundo imobiliário 31/01/2013

Por Tiago Pariz e Luciana Otoni
BRASÍLIA, 31 Jan (Reuters) - O governo zerou nesta quinta-feira a alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), até então de 6 por cento, para investimentos estrangeiros voltados para aquisição de cotas de Fundos de Investimento Imobiliário (FII) negociados em bolsa de valores.
"O objetivo ao incentivar investimentos em fundos imobiliário é porque o investimento imobiliário é de longo prazo e se coaduna com interesse do governo de incentivar investimento de longo prazo", disse a jornalistas o secretário-executivo adjunto do Ministério da Fazenda, Dyogo de Oliveira.
Ele avaliou que o investimento em fundos imobiliários transacionados em bolsa está em expansão e que o IOF zero e as oportunidades de negócio nessa área atrairão investidores estrangeiros.
Mas a medida também tem potencial de ter impacto no mercado de câmbio, admitiu à Reuters uma fonte próxima do assunto, que pediu para não ser identificada, uma vez que ela atrai mais moeda estrangeira ao país justamente num momento em que o governo já deu sinais de que aceitará o dólar ligeiramente abaixo de 2 reais.
Nesta quinta-feira, o dólar abriu em queda, após a divulgação da medida, mas às 12h24, a moeda norte-americana tinha leve alta, de 0,11 por cento, negociada a 1,9911 real para venda.
O discurso oficial, no entanto, é que a medida não visa o câmbio. Para o secretário-adjunto da Fazenda, a decisão do governo de reduzir o IOF numa semana em que o Banco Central atuou no câmbio e o dólar caiu abaixo de 2 reais pela primeira vez em sete meses foi uma "coincidência".
"Não tem correlação com a atuação do BC", comentou. "O volume total disso perto do mercado de câmbio é um sopro numa montanha. Essa medida não tem efeito cambial prático. Claro que alguém vai entrar aqui sem pagar IOF mas não afeta a taxa de câmbio", disse Oliveira.
Nos últimos dias, o governo deu sinais de que o câmbio abaixo de 2 reais é uma ajuda importante no combate à inflação e no estímulo aos investimentos.
Na véspera, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que o governo não vai deixar o câmbio "derreter", mas indicou que o dólar entre 1,98 e 2,03 reais indicaria estabilidade.
O fluxo em janeiro da moeda norte-americana --entrada e saída de moeda estrangeira do país-- tinha um saldo negativo de 2,692 bilhões de dólares até o dia 25.
MERCADO IMOBILIÁRIO
O decreto assinado pela presidente Dilma Rousseff e publicado no Diário Oficial da União desta quinta-feira zera a alíquota do IOF no momento em que o investidor estrangeiro realizar a operação de câmbio para aplicar nos fundos de investimento imobiliário.
O patrimônio desses fundos no país passou de 5,2 bilhões de reais em janeiro de 2010 para 40,2 bilhões de reais em dezembro 2012, mas nem todos esses investimentos são negociados em bolsa. Oliveira --que avaliou não haver ainda a formação de uma bolha nesse segmento no país-- disse que apenas uma pequena parte do total é de investimentos externos.
O crédito imobiliário teve crescimento de 37,6 por cento em 2012, segundo dados do BC, desacelerando-se em relação aos 42 por cento de alta no ano anterior.
Os FIIs são opções de investimento de longo prazo destinados a ganhos com locações, arrendamentos e alienação de empreendimentos imobiliários.
O decreto coloca esses fundos no mesmo patamar de aplicações de estrangeiros em ações e títulos de longo prazo emitidos por empresas, que já têm a alíquota do IOF zerada.

Desemprego no Brasil fecha 2012 em 4,6%, menor nível histórico--IBGE 31/01/2013


Por Rodrigo Viga Gaier
RIO DE JANEIRO, 31 Jan (Reuters) - A taxa de desemprego no Brasil fechou 2012 no seu menor nível histórico, ao mesmo tempo em que a renda do trabalhador acumulou ganhos no ano, mas o mercado de trabalho mostrou uma importante desaceleração na criação de novas vagas.
Em dezembro, o desemprego brasileiro caiu para 4,6 por cento, ante 4,9 por cento em novembro, desbancando o recorde anterior de 4,7 por cento atingido em dezembro de 2011, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira.
O número de agora, no entanto, veio um pouco acima do esperado pelo mercado. Pesquisa da Reuters mostrou que a taxa recuaria para 4,4 por cento, segundo a mediana das previsões de 27 analistas consultados. As estimativas variaram de 4,0 a 4,9 por cento.
"Tem o efeito de uma menor procura (de emprego) entre Natal e Reveillón, e pessoas que já se inseriram no mercado em novembro para trabalhar... Quem não conseguiu (se inserir no mercado) pára e retoma (a procura) em janeiro", explicou a economista do IBGE Andriana Berenguy.
Segundo o IBGE, a taxa média de desemprego em 2012 ficou em 5,5 por cento, também recorde de baixa na série histórica iniciada em março de 2002. O resultado veio mesmo após o pior ano de geração de emprego formal em uma década, com 1,3 milhão de novos postos de trabalho em 2012.
Esse quadro foi consequência do mau desempenho da economia no ano passado e também captado pelo IBGE. Segundo o instituto, a geração de emprego formal teve expansão anual de 3,7 por cento em 2012, contra 6,8 por cento no ano anterior. Já a geração geral de postos de trabalho cresceu 2,2 por cento no ano passado, mantendo o ritmo do ano anterior.
"Você sente a crise pela menor geração de emprego e menos trabalho registrado", afirmou o coordenador da pesquisa, Cimar Azeredo.
RENDA EM ALTA
De acordo com o IBGE, o rendimento médio da população ocupada caiu 0,9 por cento em dezembro ante novembro, mas subiu 3,2 por cento sobre dezembro de 2011, atingindo 1.805 reais. Segundo Azeredo, os trabalhadores ligados ao salário mínimo, que recebeu grandes ajustes nos últimos anos, tiveram ganhos acima da média no ano passado.
O rendimento do trabalhador brasileiro cresceu no ano passado 4,1 por cento ante 2011, que havia registrado avanço de 2,7 por cento, segundo o IBGE. "Os ganhos são maiores para a baixa renda, como pedreiros, operários e domésticos", acrescentou o coordenador.
O principal responsável pelo baixo nível de desemprego foi o setor de serviços, que, associado à renda em alta, ajudou a sustentar a demanda dos consumidores e a evitar um desempenho pior da economia no ano passado.
Para este ano, a expectativa é de que a atual tendência do mercado de trabalho deve continuar, num cenário de recuperação econômica, depois de um crescimento de cerca de 1 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2012, segundo as projeções do mercado.
"Pode haver uma deterioração com 'd' minúsculo, alguma perda de qualidade na margem, mas tenho a impressão de que continuaremos assistindo a um quadro bastante favorável de emprego", disse o economista do CGD Securities, Mauro Schneider, ao avaliar que o setor de serviços segue em expansão, diferentemente da indústria.
Entretanto, já há expectativas entre especialistas de perda de dinamismo no curto prazo e redução de vagas, uma vez que a economia continua patinando.
COMÉRCIO
Os setores que mais contrataram entre novembro e dezembro foram o de Comércio, com alta de 3,3 por cento (143 mil pessoas), e Outros serviços, com avanço de 1,6 por cento (67 mil pessoas).
Na outra ponta, destaque para os setores de Construção, com queda de 3,4 por cento nas contratações (-64 mil pessoas), e Educação, saúde e administração pública, com perda de 2 por cento (-77 mil pessoas).
Já a população ocupada recuou 0,1 por cento em dezembro na comparação com novembro, mas cresceu 3,1 por cento ante o mesmo período do ano anterior, totalizando 23,437 milhões de pessoas nas seis regiões metropolitanas pesquisadas.
A população desocupada chegou a 1,136 milhão de pessoas no mês passado, queda de 6,0 por cento ante novembro, e alta de 0,2 por cento sobre um ano antes. Os desocupados incluem tanto os empregados temporários dispensados quanto desempregados em busca de uma chance no mercado de trabalho.
(Reportagem adicional de Silvio Cascione, em São Paulo)

Peugeot vai receber R$ 154 mi do BNDES para desenvolver automóvel no país 31/01/2013

Da Agência Brasil

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A montadora Peugeot Citroën do Brasil vai receber R$ 154 milhões em financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Os recursos serão aplicados no Peugeot 208, novo modelo de automóvel desenvolvido pela equipe brasileira de engenharia da empresa, que foi lançado industrialmente hoje (30),  na fábrica de Porto Real (RJ).
De acordo com  informação da assessoria de imprensa do banco, a operação integra o plano de negócios da companhia no país no período 2011/2014, cujos investimentos somam R$ 3 bilhões e objetivam a criação de novos modelos de automóveis e motores, incluindo itens de segurança, além do aumento da capacidade produtiva.
Empréstimo anterior, no valor de R$ 119,7 milhões, foi aprovado também pelo BNDES para a empresa, com a mesma finalidade.

Os 10 países que mais cobram impostos no mundo 31/01/2013

Obs:Quando falam em Custo Brasil,  até parece que é o povo que desfruta de tudo isso e não as proprias empresas que aqui estão instaladas e mesmo a arrecadação do estado, que ainda beneficiam as próprias empresas. Lucro Empresário, para mim é o correto.

França, Itália, Japão e Brasil são os países que mais cobram impostos de empresas no mundo

31.01.2013
 
França, Itália, Japão e Brasil são os países que mais cobram impostos de empresas no mundo. 17836.jpeg
SÃO PAULO/BRASIL - Um ranking elaborado pela KPMG International mostrou que a França é o primeiro, a Italia o segundo, o Japão o terceiro e o Brasil o quarto países entre as principais economias mundiais que mais cobram impostos de suas empresas. Para elaborar o ranking, a consultoria utilizou um indicador batizado de TTI, ou Total Tax Index (algo como índice total de tributos).
Por ANTONIO CARLOS LACERDA
O estudo "Alternativas Competitivas de 2012, relatório especial: foco nos tributos" avaliou taxas sobre lucros, custos trabalhistas e outros tributos. A medição, feita para 14 países, utilizou como base os tributos nos Estados Unidos (100%) e mostrou, percentualmente, quanto os países cobram de suas empresas em relação aos impostos americanos. O Brasil marcou 142,6% nessa escala, ou seja, 42,6 pontos percentuais a mais que os Estados Unidos. Veja, a seguir, os dez países que mais cobram impostos de empresas no mundo.
1º França - TTI: 179,7% - Em meio a uma série de dificuldades econômicas e mudanças no sistema tributário, a França subiu entre os países que mais cobram tributos, especialmente por uma folha de pagamentos mais pesada, apontou o estudo.
2º Itália - TTI: 152,9% - A pontuação do país aumentou 23,3 pontos entre a última pesquisa, realizada em 2010, e o estudo deste ano. Parte disso aconteceu porque a Itália aplicou em 2010 incentivos tributários para novos negócios, medida que já venceu.
3º Japão - TTI: 152,3% - A análise da KPMG apontou que o Japão lançou um grande esforço para reduzir os impostos sobre lucros entre 2012 e 2015. Essas medidas, porém, acabaram sendo anuladas pela apreciação da moeda japonesa nos últimos dois anos, que aumenta o custo em dólares de outras taxas no Japão, e por um aumento modesto nos custos trabalhistas.

4º Brasil - TTI: 142,6% - A KPMG chamou atenção para o fato de que o Brasil cobra de suas empresas mais impostos do que outras economias de alto crescimento econômico, como a Rússia, China, Índia e México. Roberto Haddad, sócio da área de Tributos Internacionais da KPMG no Brasil, comenta que o resultado sinaliza que a alta carga tributária é um dos principais componentes na composição do custo Brasil.
Outro destaque sobre o país é que o Brasil não permite dedução total dos impostos de gastos com Pesquisa e Desenvolvimento. Algumas empresas que investem nessa categoria podem deduzir até 80% de seus custos com estudos e inovação, mas mesmo nesses casos, ainda sobra uma margem de 20% não dedutíveis, o que aumenta a carga total de impostos.
5º Austrália - TTI: 125,1%  - O país registrou o maior aumento entre os países pesquisados, com adição de 44,3 pontos entre o resultado de 2010 e deste ano. Além de uma apreciação da moeda australiana (que aumenta o custo em dólares dos tributos), o país fez mudanças em uma lei de incentivo para pesquisa e desenvolvimento implementados em 2011.
6º Alemanha - 122% - O país reduziu um pouco sua pontuação. Na última pesquisa da KPMG, a Alemanha marcou 124,1% de TTI em relação ao país-base do estudo.
7º Estados Unidos - TTI: 100% - O país tem a taxa de referência para o ranking. Assim, sua posição muda ao longo dos anos de acordo com os dados dos outros países. A pesquisa apontou que nos Estados Unidos a diferença entre a cidade que mais cobra impostos (São Francisco) para a que menos cobra (Cincinnati) é de 25,8 pontos.
8º Países Baixos - TTI: 77,2% - Embora esteja na lista dos 10 mais, o país cobra menos tributos do que os Estados Unidos, país que nivela a pesquisa. Com um sistema de cobrança bem centralizado, a diferença de carga de impostos entre a cidade que mais cobra e a que menos cobra é pequena, de apenas 0,5 ponto.
9º Reino Unido - TTI: 73,3% - A carga de tributos cobrada no país diminuiu 14,8 pontos entre a última pesquisa e a mais recente, maior queda entre os países pesquisados. A variação é efeito, principalmente, de mudanças de regra para uma menor cobrança de impostos sobre lucros das empresas. As regras já reduziram em 2% esses encargos e devem promover uma nova redução de 3% até 2014.
10º Rússia - TTI: 71,7% - Assim como Índia, China e Brasil, a Rússia entrou no estudo neste ano e não há assim comparação com a pesquisa anterior. Além dos países do ranking, Índia, Canadá, China e México também foram pesquisados e são os quatro países da ponta contrária, que menos cobram impostos de suas empresas.

ANTONIO CARLOS LACERDA é correspondente internacional do PRAVDA no Brasil

Rússia cancela acordo com EUA, em novo sinal de distanciamento 31/01/2013




 




Relações bilaterais têm se deteriorado no novo governo de Putin
O governo russo anunciou nesta quarta-feira que vai abandonar um pacto bilateral com os EUA de combate às
drogas e ao crime, em mais um sinal de deterioração nas relações entre o Kremlin e a Casa Branca no mandato do presidente russo, Vladimir Putin.
O acordo, em vigor há uma década, previa o financiamento americano de iniciativas anticrime na Rússia. Mas o premiê Dmitri Medvedev afirmou que o pacto "exauriu seu potencial" e não está mais baseado na "realidade".

No entanto, a decisão foi interpretada como uma nova retaliação da Rússia a punições americanas impostas a autoridades russas acusadas de desrespeito aos direitos humanos.
Recentemente, os EUA também abandonaram um grupo de trabalho bilateral voltado à sociedade civil, em protesto contra o governo Putin.
O correspondente da BBC em Moscou Steve Rosenberg explica que, desde o retorno de Putin à Presidência, em maio passado, as relações EUA-Rússia têm se deteriorado constantemente.
O pano de fundo é a preocupação americana com o estado da democracia e dos direitos humanos no governo Putin, provocando ira do Kremlin.

Lei Magnitsky e adoção de crianças

O pricipal motivo da irritação de Moscou é pela lei Magnitsky, aprovada pelo Congresso americano no ano passado, que congela bens e impede a entrada nos EUA de autoridades russas acusadas de desrespeito aos direitos humanos.
A lei se segue à morte do advogado Sergei Magnitsky, que dizia ter descoberto uma rede de corrupção envolvendo autoridades fiscais russas e o roubo de US$ 200 milhões (cerca de R$ 409,5 milhões).
Um relatório oficial divulgado pela Rússia deu conta de que Magnitsky teria sido torturado e algemado na prisão russa em que foi detido.
Mas a única pessoa a ser julgada no episódio foi o médico da prisão, acusado de negligência após a morte de Magnitsky, em 2009. Ele acabou sendo inocentado por uma corte em Moscou.
Magnitsky representava o fundo de capitais Hermital, presidido pelo americano Bill Browder. Este comandou os esforços para que os EUA pressionassem autoridades russas por meio das sanções agora em vigor.
Em retaliação, a Rússia baniu oficiais americanos suspeitos de abusos e vetou a adoção de crianças russas por casais americanos, medida que provocou uma onda de protestos.
Nos últimos 20 anos, americanos adotaram dezenas de milhares de crianças russas. E, para os críticos do governo, a nova lei acaba com as oportunidades para as crianças órfãs.

Saída de ONGs

Ao mesmo tempo, a imprensa russa diz que duas ONGs americanas removeram suas equipes da Rússia, após supostas ameaças de prisão.
O Instituto Nacional Democrático e o Instituto Republicano Internacional aparentemente fecharam seus escritórios em Moscou no final do ano passado, por conta da aprovação de leis que fecham o cerco a entidades financiadas por dinheiro estrangeiro. As ONGs, porém, não confirmaram.
Mas funcionários das organizações confirmaram ao serviço russo da BBC, sob condição de anonimato, que sua equipe, inclusive cidadãos russos, foram transferidos à Lituânia.
Um deles afirmou à BBC ter sido abordado por membros do FSB, o serviço de segurança russo, que os advertiu que eles podiam ser indiciados por traição.