TÓQUIO, 22 Jan (Reuters) - O Banco do Japão, banco central do país, anunciou nesta terça-feira seu maior esforço para acabar com anos de estagnação econômica, dizendo que vai adotar um compromisso para compras ilimitadas de ativos no próximo ano e dobrar sua meta de inflação para 2 cento.
Ele prometeu alcançar a meta de inflação "o mais rápido possível."
As medidas representam o mais recente esforço heterodoxo do banco central para dar fôlego à recuperação fraca em meio à crise financeira global. Embora, no caso do Japão, o país também tenta superar quase duas décadas de deflação.
A decisão do BC japonês de deixar de lado a política anterior de elevar gradualmente o programa de compras de ativos e empréstimos lançado em outubro de 2010 segue-se a semanas de pressão implacável do novo primeiro-ministro Shinzo Abe para um esforço maior para tirar a economia da recessão.
Em uma declaração conjunta com o governo, o BC deixou bem claro o compromisso com a nova meta de inflação. A inflação ao consumidor atingiu 2 por cento em apenas alguns meses desde o final dos anos 1990.
Mas ciente de que os mercados já precificaram o novo objetivo para os preços e a compra de mais ativos, as autoridades dos BC japonês adotaram medidas que vários analistas acreditavam que só viriam mais tarde.
"Esta é uma notícia muito boa. O BC foi mais agressivo do que o mercado esperava ", disse Brian Redican, economista-sênior da Macquarie, em Sydney. "O governo está claramente forçando o ritmo de mudança, o que não é ruim."
O banco central disse que a partir de 2014 vai adotar uma ampla ação para comprar um certo volume de ativos --13 trilhões de ienes (144,770 bilhões de dólares)-- a cada mês, sem fixar uma prazo para a conclusão das compras.
Ao fazer isso, o BC, muitas vezes criticado por afrouxamento monetário a conta gotas, estaria imitando o Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos. Apesar disso, analistas disseram que, ao contrário do Fed, a autoridade monetária japonesa adiou até o próximo ano o lançamento das compras ilimitadas.
Vários analistas também disseram que o BC japonês ainda pode fazer mais. A expectativa é que a autoridade monetária vai adotar novas medidas debatidas por políticos, economistas e algumas autoridades do BC.
MAIS AÇÃO ESPERADA
Uma das medidas esperadas seria a de acabar com o piso de 0,1 por cento para taxas de juro de curto prazo, enquanto outra seria o banco central comprar títulos de mais longo prazo.
"Ainda há muito trabalho a fazer, e há um amplo espaço para melhoria", disse o chefe de renda fixa da Pinebridge em Tóquio, Tadashi Matsukawa.
Abe considerou a ação de terça-feira do BC como um avanço para mudar o jogo. O primeiro-ministro foi eleito prometendo medidas ousadas para levantar a economia e acabar com anos de deflação.
"É 'uma nova era' levando-se em conta a revisão ousada da política monetária", disse ele a repórteres. "Está claro que haverá uma 'mudança de regime' na política macroeconômica", acrescentou.
Promessas de Abe para aumentar os gastos públicos e as cobranças para uma ação mais ousada pelo BC ajudaram a reverter um aumento de longo prazo do iene e compensaram um rali do mercado acionário conduzido por exportadores e empresas de construção.
Mas muitos economistas têm alertado que o estímulo poderia dar à economia apenas uma sacudida temporária se o governo não seguir com reformas difíceis politicamente como a desregulamentação do setor agrícola.
Os economistas também alertam que o esforço para reaquecer a economia poderia sair pela culatra se o governo de Abe não convencer os mercados de que tem um plano crível para retomar o controle da dívida do país.
Procurando abordar essas preocupações, o governo disse na declaração conjunta que vai elaborar uma estratégia de crescimento e buscar reformas estruturais para ajudar o Japão a sair da deflação e se comprometeu a manter a disciplina fiscal. O ministro da Economia, Akira Amari, participou da reunião do BC para representar pontos de vista do governo.
Em um lembrete de que o Japão ainda enfrenta uma árdua batalha para deixar a deflação de lado, o BC atualizou as previsões econômicas e afirmou que o núcleo dos preços ao consumidor vai crescer apenas 0,9 por cento no ano fiscal que termina em março de 2015.
"A notícia diz que o núcleo da inflação vai estar em apenas 0,9 por cento em 2014. Então, quando eles vão cumprir a meta de inflação de 2 por cento?", questionou Joseph Capurso, estrategista de câmbio do Commonwealth Bank Of Austrália, em Sydney.
(Reportagem adicional de Stanley White e Kaori Kaneko)
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