terça-feira, 30 de abril de 2013

AEL e Governo do RS Formam Polo Tecnológico de Sistemas Espaciais 30/04/2013

Governo do Rio Grande do Sul (RS), Brasil, e AEL assinam contrato para criação de Polo Tecnológico de Sistemas Espaciais. Programa é pioneiro na América Latina e pretende fomentar e contribuir para descentralização e autossuficiência do setor no Brasil


.

 
   Shlomo Eretz, AEL Sistemas, Bezhalel Machlis, presidente e CEO ELBIT Systems e o governador Tarso Genro Foto - AEL Sistemas


Rio Grande do Sul, 29 Abril de 2013 - Uma parceria inédita foi criada na manhã desta segunda-feira (29), em Israel, para fomentar, descentralizar e desenvolver o setor espacial brasileiro. O Governo do Estado do Rio Grande do Sul e AEL Sistemas - situada em Porto Alegre e atuando no segmento aeroespacial desde 1983 - assinaram um Memorando de Entendimento durante a visita da comitiva gaúcha em missão empresarial em Israel.

O documento celebrado no Centro de Tecnologia Avançada de Haifa corresponde à formalização da intenção de seus signatários de implantar um programa capaz de atender as necessidades essenciais do país e contribuir para a autossuficiência nessa área. A iniciativa envolverá a participação do meio acadêmico (universidades), institutos, a iniciativa privada e o poder público. A participação do meio acadêmico se torna indispensável para a formação de mão de obra especializada.

O Governo de Estado estará se comprometendo em ampliar as capacitações e infraestruturas mínimas fazendo investimentos no estado, como, por exemplo, ampliar as capacitações da Fundação de Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (CIENTEC) e do Centro de Excelência em Tecnologia Eletrônica Avançada (CEITEC). A vanguarda tecnológica e a expertise serão garantidas por meio da experiência das empresas com atuação reconhecida no setor, como no caso da AEL e também de outras empresas parceiras nacionais e internacionais.

O primeiro projeto prático do poloserá o desenvolvimento de um satélite de pequeno porte envolvendo as universidades, a AEL e parceiros internacionais. O objetivo será gerar interesse domeio acadêmico no segmento espacial.

Segundo o presidente da AEL Sistemas, Shlomo Erez, a assinatura do contrato simboliza a intenção da empresa de, em conjunto com o Governo do Estado, desenvolver no Rio Grande do Sul tecnologias estratégicas que irão atender necessidades essenciais do Brasil. "A criação deste polo espacial vai inserir nosso Estado no seleto grupo de regiões do mundo que dispõe de infraestrutura e know-how para a definição de Sistemas Satelitais, Integração de Satélites e Fabricação e Qualificação de Componentes, Unidades e Subsistemas de uso espacial de alta tecnologia e valor agregado", explica Shlomo.]

Polo Tecnológico de Sistemas Espaciais

A assinatura do Memorando de Entendimento é considerado o primeiro passo para a concretização do Polo Tecnológico de Sistemas Espaciais. Os estudos realizados sugeriram que o polo tenha vocação mista, para continuar atraindo os investimentos da iniciativa privada e contribuir para transformar a região em polo de difusão de ciência, tecnologia e inovação, a partir de parcerias com as principais universidades do Estado, empresas internacionais, os institutos nacionais, os ministérios e a Agência Espacial Brasileira.

ELBIT equipará o Sisfron 30/04/2013


A multinacional israelense ELBIT equipará o Sistema Integrado do Monitoramento de Fronteiras (Sisfron) do Brasil com câmeras e sensores optrônicos, uma complexa rede de radares, sensores, aviões não tripulados e sistemas de comunicação destinados a garantir a vigilância das fronteiras do país.

Os equipamentos serão desenvolvidos pela AEL Sistemas, uma subsidiária da ELBIT no Brasil, informaram fontes da companhia brasileira nesta segunda-feira à Agência Efe.

O contrato, cujo valor ainda não foi divulgado, se compromete especificamente com a AEL International, uma companhia vinculada à AEL Sistemas e também com sede em Porto Alegre.

Os equipamentos foram encomendados pela Savis Tecnologia e Sistemas, uma das subsidiárias da Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer), que venceu no ano passado uma licitação do Exército do Brasil para desenvolver e montar o Sisfron.

O Sisfron foi concebido pelo Exército como um sistema de defesa integrado por radares fixos, radares móveis em aviões, sistemas de comunicações, imagens de satélite, câmeras, sensores e veículos aéreos não tripulados, todos totalmente conectados e comunicados com os centros de operações das Forças Armadas.

Esta rede, uma vez implementada, permitirá uma fiscalização remota dos 16.886 quilômetros de fronteira terrestre do Brasil com 11 países vizinhos.

A AEL International será responsável por desenvolver e oferecer os sistemas de observação electro-ópticos que equiparão o sistema de vigilância em sua primeira fase.

Os chamados sistemas optrônicos ou electro-ópticos são câmeras e sensores digitais com capacidade para detectar e identificar objetos a grandes distâncias, seja de dia ou de noite, por poder observar imagens tanto na luz visível como em infravermelho.

Os sistemas também são capazes de informar uma central sobre a geolocalização exata dos objetos observados.

A AEL Sistemas se comprometeu a entregar os equipamentos em um prazo de um ano, a partir de 2014.

A subsidiária brasileira da ELBIT informou igualmente que, como parte do contrato, se comprometeu a realizar investimentos no Brasil para melhorar sua capacidade, sua infraestrutura e suas tecnologias no país.

Isso aconteceu pois a licitação do Exército para a montagem do Sisfron exige uma elevada porcentagem de tecnologia desenvolvida no Brasil.

A fase inicial do Sisfron, contratado em novembro do ano passado por um valor de R$ 840 milhões, prevê a montagem do sistema de vigilância em cerca de 650 quilômetros de fronteira terrestre no Mato Grosso do Sul, que é limítrofe com o Paraguai e Bolívia.
 
Posted  by

BNDES vai financiar a democratização da mídia 30/04/2013



26/4/2013, Cesar Fonseca, Independência Sul-americana 
Enviado pelo pessoal da Vila Vudu e Bárbara Szaniecki

Comentário/pergunta de Bárbara Szaniecki: E os PONTOS DE MÍDIA LIVRE? Será que Dilma e Jandira já ouviram falar deles? Caso positivo, será que vão se lembrar deles? Vamú rezá pra que sim!

Entreouvido na Vila Vudu: NOTÍCIA IMPORTANTÍSSIMA! (algum jornalão publicou? Deu na Globo? NÃÃÃÃÃÃÃO!)

Jandira Feghali
A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ), presidenta da Comissão de Cultura da Câmara, comanda o início de uma grande revolução no Brasil, abrindo o debate sobre a democratização midiática nacional, a partir do dia 7 de maio, terça feira, 14 horas, no Congresso Nacional. O tema central é o financiamento pelo BNDES para as mídias comunitárias.
O grande banco estatal brasileiro, que até hoje assistiu apenas os grandes grupos midiáticos, que atuam, oligopolizadamente, alienando o povo, agora, sob orientação da presidenta Dilma Rousseff, abre as portas para os pequenos.
Com certeza, o oligopólio midiático brasileiro, formado por meia dúzia de plutocratas, vai chiar brabo.
A democratização midiática começará a ser alavancada pelo poder dilmista por meio de financiamento do BNDES às “micro e pequenas empresas de comunicação nas diversas plataformas”. Abre-se um mundo de novas oportunidades que balançará e renovará a cultura nacional. Isso significa que os empresários de pequeno porte, bem como associações comunitárias, terão oportunidade de explorar o setor de comunicação no Brasil, levando informações variadas, sintonizadas com os interesses da comunidade, a mais prejudicada pelo massacre midiático oligopolizado, que vende à população o pensamento único neoliberal, tanto no plano da política, como da economia e, também, da cultura.
O país está, praticamente, estagnado em termos culturais, sem movimento de renovação. A oligopolização midiática, sintonizada com o pensamento único neoliberal, não interessa por essa questão fundamental para formação da nacionalidade soberana. Ela está, unicamente, interessada em servir aos seus verdadeiros patrões, os grandes bancos, cuja missão tem sido, apenas, a de especular financeiramente com a moeda nacional, empobrecendo o povo, no processo de desorganização e fragilização da economia, sustentando, consequentemente, a colonização cultural.
Os grandes financistas, cujo discurso básico é o de atacar a orientação nacionalista imprimida pela presidenta Dilma à economia, odiarão, certamente, mais essa ação do BNDES. Participantes dos conselhos de administração dos principais veículos de comunicação do país, porque os financiam e, dessa forma, orientam sua linha editorial, voltada ao anti-nacionalismo, os representantes da bancocracia rearmarão suas baterias para os novos ataques.
No momento em que o mundo vive crise econômica global, detonada , justamente, pelo pensamento único neoliberal, não interessa ao oligopólio midiático discutir com a sociedade a orientação econômica que os grandes grupos financeiros imprimem como verdade absoluta, incontestável. Afinal, esse oligopólio é parte dessa “verdade”. Não há no Brasil, hoje, uma discussão livre sobre o que o imperialismo monetário, colocado em prática pelos Estados Unidos, sob orientação dos grandes bancos privados, que mandam no Banco Central americano, produz de prejuízos intensos para as economias dos países emergentes, em forma de exportação da inflação especulativa.
O jogo, que jamais é discutido, a fundo, pelo poder midiático tupiniquim, se assenta na ação americana de jogar moeda desvalorizada, sem limites, na praça mundial, encharcando o meio circulante, ao mesmo tempo em que são mantidas taxas de juros na casa dos zero ou negativo, para dar calote na dívida que vai se ampliando.
Enquanto isso, esse dinheirão que tende a apodrecer, por não dispor de lastro real, é exportado para o Brasil, Argentina, Venezuela, Paraguai, Colômbia, Chile, Equador, ou seja, para toda a América do Sul e outros continentes, em nome da salvação do capitalismo, expresso na figura dos EUA.
Os americanos se especializam em exportar sucata monetária como produto acabado do monetarismo ortodoxo que praticaram até levar o mundo à maior crise da história, superior, em muitos graus, ao crash de 29. Quando esse dinheirão podre entra nas fronteiras nacionais valoriza artificialmente a moeda brasileira e a de outros países, desorganizando suas economias, elevando importações, aumentando dívidas, juros, afetando salários, promovendo desemprego, quedas de arrecadação e investimentos públicos e comprometendo perigosamente as contas nacionais por meio do avanço da inflação.
Enquanto isso, o poder das empresas-imprensa, a serviço desse capital volátil, desestabilizador das instituições democráticas, anunciador de violentas crises políticas, fica pondo no tomate e no chuchu a culpa pelas pressões inflacionárias, desviando atenção da sociedade. Aposta na alienação e na mentira.
Chegou a hora de esclarecimentos verdadeiros, que somente poderão acontecer, se houver uma ampla democratização das comunicações, para que as verdades falsas sejam desmascaradas e a consciência política, social e econômica avance celeremente, para o fortalecimento da democracia, a partir das organizações comunitárias.
Serão estas, mediante liberdade ampla para discutir os problemas nacionais por meio de mídia alternativa, comprometida com os interesses comunicatários, as únicas capazes de mudar o sistema político-eleitoral, dominado pelas elites que comungam com o poder midiático colonizador.
A América do Sul, em meio à crise global, está sob pressão de uma outra forma de recolonização.
O grande império financeiro americano e europeu em crise de realização do capital super acumulado, tendente à deflação destrutiva do capitalismo, pretende estender o seu domínio por meio da moeda desvalorizada impressa pelos seus bancos centrais. Inflacionando as moedas dos outros e, com isso, fragilizando e desestabilizando suas economias, suas fontes de riqueza e de pensamento naturais, ampliam e renovam o velho domínio que exercem, salvo se essa farsa fantástica for desmascarada pelo debate livre. A conquista de uma mídia independente torna-se, portanto, fator de segurança nacional.
O BNDES, impulsionado pela presidenta Dilma, vai nessa linha de promover a libertação das consciências. É por isso que esse grande banco estatal está sob violento ataque do poder midiático oligopolizado, antinacional.
Junto com o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal, evitaram colapso econômico financeiro das empresas brasileiras, no momento em que estourou a crise mundial, em 2007-2008. Eles socorreram a produção e o consumo, garantindo os empregos, cujas taxas atuais são as mais elevadas no mundo, enquanto os governos das nações ricas, que enfrentam o oposto, ou seja, taxas elevadas de desemprego, lamentam não possuírem instrumento de dinamização da economia nesse porte.
O BNDES sofre os ataques violentos da oligarquia midiática porque promove não apenas o desenvolvimentismo nacional, mas, igualmente, o sul-americano, afastando os perigos da crise internacional.
O banco estatal brasileiro está, nesse momento, a serviço da expansão de grandes empresas brasileiras em todo o território sul-americano, alavancando obras de infraestrutura, ao lado de governos nacionalistas, na Argentina, na Bolívia, na Venezuela, no Equador, em Cuba, Colômbia etc..
É o grande banco de desenvolvimento sul-americano, enquanto o Banco do Sul não é criado por força de pressões internacionais. Desloca, com sua ação desenvolvimentista continental, os grandes bancos estrangeiros e mesmo o Banco Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento, comandados por Washington, dominada pela bancocracia, irritada com esse estado de coisas.
Agora, o BNDES se volta para o avanço da consciência social latino-americana, para apoiar financeiramente a democratização midiática, colocando-se a serviço da superação das mentes colonizadas. Isso é um crime, para a bancocracia e seus serviçais da grande mídia.
O debate que a deputada Jandira Feghali abre no Congresso é histórico e começará a balançar as estruturas do poder midiático conservador antinacional a serviço do capital internacional.

Irã anuncia desenvolvimento de escudo antimísseis similar ao dispositivo russo 30/04/2013

 

O Irã incorporará aos seus arsenais militares, no próximo ano, um sistema de defesa antimísseis que já está sendo construído, de acordo com o vice comandante do Exército, o contra-almirante Farhad Amiri.

O sistema está sendo desenvolvido por especialistas iranianos e é similar ao S-300 russo, que foi impossível de adquirir devido às sanções internacionais, disse o oficial, encarregado das Investigações e Auto abastecimento das Forças Armadas persas.
Nos últimos meses os oficiais persas incorporaram aos arsenais das Forças Armadas veículos, equipamentos, ferramentas e armas suficientes para o seu funcionamento sem depender de fontes de aprovisionamento estrangeiras.


Na fabricação do Bavar 373, como ficou denominado o sistema que está sendo desenvolvido, seus subsistemas foram testados, e está prevista a sua demonstração pública, segundo o oficial, no início do próximo ano iraniano, que começa em 21 de março, coincidindo com o início da primavera.
O anúncio coincide com um incremento na tensão entre o Irã, por um lado, e Estados Unidos e Israel, de outra, depois da visita do secretário de Defesa estadunidense Chuck Hegel a Tel-Aviv (Israel), que não descartou uma agressão militar contra a República islâmica persa.

Com Prensa Latina

Hoje na História: 1948 - Assinada a criação da Organização dos Estados Americanos 30/04/2013

Opera Mundi

Após décadas de divergências entre EUA e países latino-americanos, OEA tem sido substituída por outras organizações multilaterais

Vinte e uma nações do continente americano assinam em 30 de abril de 1948 o protocolo que cria a OEA (Organização dos Estados Americanos). A nova instituição destinava-se, segundo seus princípios, a facilitar melhores relações políticas entre os seus Estados membros e, pelo menos para os EUA, servir como um bastião contra a penetração comunista no hemisfério ocidental.

A OEA foi constituída exatamente um ano depois da assinatura do Pacto do Rio, que estabelecia uma aliança militar defensiva entre os Estados Unidos e as nações da América Latina. Mas as repúblicas latino-americanas queriam algo mais substancial que uma mera aliança militar.

Reprodução/OEA

Salão dos Heróis, na sede em Washington


Em resposta às demandas desses países para a convocação de uma cúpula para discutir as relações políticas e econômicas com os Estados Unidos, delegados norte-americanos viajaram para participar de uma Conferência Interamericana que teve lugar em Bogotá, em abril de 1948. Entre outros temas, os delegados latino-americanos queriam criar uma instituição política para lidar com as disputas intra-hemisféricas. Esse pedido estava fundado no temor de que os Estados Unidos, determinado em sua cruzada anticomunista, pudesse se engajar em intervenções unilaterais contra governos latino-americanos considerados suspeitos por Washington.

Os EUA se mostraram relutantes, mas por fim concordaram com o estabelecimento da OEA. Contudo, insistiram que a carta de fundação incluísse expressamente uma declaração condenando o “comunismo internacional ou qualquer totalitarismo como irreconciliável com as tradições das nações americanas”.

Para os delegados latino-americanos, porém, o artigo chave da Carta da OEA era o que afirmava que “nenhum Estado ou grupo de Estados tem o direito de intervir, direta ou indiretamente, por qualquer razão, nos negócios internos e externos outro país”.

Reprodução/OEA

Reunião do Conselho Permanente de abril de 2013, com o presidente Arturo Vallarino (Panama) ao centro e o secretário geral José Miguel Insulza (Chile) à esquerda


A OEA na verdade nunca funcionou como os Estados Unidos e os membros latino-americanos gostariam. Para Washington, a OEA foi uma decepção, uma vez que na quase totalidade dos casos os seus países membros nunca se dispuseram a coonestar o fervor norte-americano em suas posições durante a Guerra Fria.

Em numerosos casos, mais notavelmente com relação a Cuba de Fidel Castro, a organização recusou-se a aprovar uma ação militar direta para remover o que os Estados Unidos consideravam “ameaças comunistas”. Em outros casos, como a intervenção militar dos Estados Unidos na República Dominicana em 1965, a OEA deu o seu apoio, e de má vontade, após o fato consumado. No geral, os Estados Unidos não tinham do que reclamar. A OEA, com sede em Washington, foi chamada por Fidel Castro de “uma espécie de Ministério das Colônias dos Estados Unidos”.

Wikicommons

Sede da OEA na capital norte-americana, Washington

Por seu lado, Estados-membros latino-americanos também se mostraram desiludidos com a OEA: a derrocada, orquestrada pelos Estados Unidos, do governo da Guatemala de Jacobo Arbenz em 1954; a fracassada invasão de Playa Girón em Cuba em 1961; a intervenção na República Dominicana em 1965; o aberto apoio ao golpe militar no Brasil em 1964 e no Chile em 1973 e outros exemplos de emprego unilateral de força pelos Estados Unidos a demonstrar que jamais abandonou a “diplomacia da canhoneira” na América Latina.

A OEA continua existindo, embora com o fim da Guerra Fria tenha diminuído dramaticamente sua importância nos assuntos intra-hemisféricos, tendo sido substituído na região por outras organizações multilaterais como a Unasul, a Celac, a Alba.

Venezuela: ex-general opositor tem prisão preventiva decretada por onda de violência 30/04/2013

Opera Mundi

Antonio Rivero é acusado de instigação ao crime e associação para delinquir. Nove pessoas morreram um dia após eleição

O general reformado Antonio Rivero, dirigente do partido opositor Vontade Popular, teve a prisão preventiva decretada nesta segunda-feira (29/04), por um tribunal de controle da área metropolitana de Caracas. Ele é acusado de instigação ao crime e associação para delinquir durante a onda de violência pós-eleitoral na Venezuela. Por meio de uma carta lida à imprensa por seu irmão, Rivero se declarou em greve de fome por sua prisão.

Detido no sábado pelo Sebin (Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional), por ordem do Ministério Público do país, Rivero apareceu em um vídeo - exibido pelo ministro venezuelano do Interior, Miguel Rodríguez Torres, durante uma coletiva de imprensa - dando instruções para manifestantes, durante um panelaço convocado por Henrique Capriles contra a proclamação de Nicolás Maduro como presidente do país, no dia 15 de abril.












 



“Podem se livrar das pedras, podem se livrar das garrafas, podem se livrar de paus, etc, etc. [Façam] uma espécie de escudo, como no uso antigo. Mas mantenham-se coesos, integrados, unidos, não procurem se dispersar, integrados, ok? Unidos, força de bloco. Se se dispersam, se arruína”, diz o ex-general na gravação. “É importante manter tudo o que façam sob a direção”, diz, ao que é interrompido, e completa: “que tem Capriles”.

No dia em que o vídeo foi gravado, atos de violência se alastraram por diversos Estados do país, deixando quase 80 feridos e pelo menos nove mortos – a maioria identificada com o chavismo. Após a difusão da gravação, Rivero afirmou, durante uma entrevista ao canal local Globovisión, que suas declarações foram tiradas de contexto, já que teriam cortado um trecho em que pede que os jovens  utilizem as tampas da panela para protestar, mas também para se proteger.


Rivero foi levado a audiência nesta segunda-feira e ficará preso nas instalações do Sebin. Em uma carta lida ontem por seu irmão, José Vicente Rivero, o ex-general se declara em greve de fome por ter sido “privado do mais apreciado”, afirmou, completando: “minha liberdade”. Segundo seu advogado de defesa, Guillermo Heredia, o dirigente político “se mantém firme em sua posição” e “não vai reconhecer a sentença”, que deve ser apelada nas próximas horas.

Após a decisão do tribunal, Leopoldo López, outro dirigente da sigla Vontade Popular afirmou que Rivero é o “primeiro preso político” do governo de Nicolás Maduro, quem por sua vez havia dito que os responsáveis pelos crimes cometidos não ficarão impunes. “Recorreremos a instâncias internacionais”, afirmou o político, complementando: “Não retrocederemos um centímetro, lutaremos pela liberdade de Antonio Rivero”.

Enquanto López declarava à imprensa, em frente à sede do Palácio de Justiça, no centro de Caracas, apoiadores do governo cantaram palavras de ordem como “assassino”, “Chávez vive, a luta segue” e “Não voltarão”, em alusão aos partidos políticos que governavam o país antes da chegada ao poder do falecido presidente.
Comissão

Na semana passada, uma comissão de legisladores chavistas foi criada para investigar as responsabilidades sobre a onda de violência. Nesta segunda-feira, o deputado Pedro Carreño, afirmou que os integrantes da comissão irão às regiões dos crimes para recompilar evidências e provas dos acontecimentos. Para o governo e muitos de seus apoiadores, o ex-candidato opositor é responsável por incitar os atos violentos.

No dia em que a maioria dos crimes foi registada, Capriles convocou uma manifestação contra a proclamação de Maduro como presidente, anunciada pelo CNE (Conselho Nacional Eleitoral), com um panelaço. Em discurso televisionado, o opositor, que não reconhece os resultados da eleição presidencial e exige uma auditoria dos votos com a utilização de cadernos de votação e verificação de digitais dos eleitores, pediu que os venezuelanos descarregassem “toda sua ‘arrechera’ (indignação)” nas panelas, mas que se manifestassem pacificamente.

De acordo um balanço das investigações divulgadas pelo Ministério Público da Venezuela no último dia 24, o saldo da onda de violência foi de nove mortes e 78 feridos. Segundo a fiscal geral da República Luisa Ortega Díaz, diferentes CDIs (Centros Médicos de Diagnóstico Integral), que integram um projeto social governista em urbanizações populares, foram incendiados e atacados. “No Estado de Carabobo, pacientes e médicos foram sequestrados por mais de três horas”, afirmou.
Movimentos sociais

Em uma marcha convocada por movimentos sociais venezuelanos na última semana, a organização Esquerda Unida montou um stand para promover um abaixo-assinado no qual pediam que Capriles e diversos líderes opositores fossem levados a julgamento pelos atos violentos cometidos no dia do protesto. O documento também incluía o nome de Nelson Bocaranda, jornalista que escreveu em seu perfil de Twitter, no dia do panelaço, que médicos cubanos estariam urnas eleitorais dentro de um CDI.
Luciana Taddeo/Opera Mundi

Venezuelanos assinam abaixo-assinado pela prisão de Capriles. Evento foi organizado por movimentos sociais em Caracas 

De acordo com Osvaldo González, que cuidava do stand, o movimento já coletou 12 mil assinaturas em apoio à solicitação. “Solicitamos que Capriles seja julgado com todo seu entorno, com todos os que se manifestaram publicamente com ele, de modo agressivo e causando tanta violência e até mortos no país”, afirmou a Opera Mundi, enquanto pendurava cartazes com a mensagem “Capriles preso já!”.

“Com o apoio do povo vamos conseguir rotundamente que esse tipo de eventos não voltem acontecer. Estes sem vergonha não foram presos, condenados, pelo que já fizeram no passado e agora estão fazendo todo o possível pra provocar uma guerra civil no país”, expressou, complementando: “Nós, que viemos da base do povo, não podemos permitir que isso continue. Aqui tem que haver justiça, não queremos mais violência no país como a que causaram esses traidores da pátria”.

Já Henry Alberto Torres, funcionário da Ouvidoria do Povo, afirmou que a melhor forma do país evoluir é ter “mão dura” com eventos como os registrados durante a onda de violência. “Assino essa petição porque é preciso que esse homem pague pelo que fez, por essas mortes de gente inocente”, explicou. “Espero que a justiça também seja aplicada para todos que atuaram junto com ele. No meu trabalho, eu evito injustiças contra muitas pessoas. Neste caso há provas, então é preciso que eles paguem pelos danos que cometeram”, concluiu.

Ataque "nuclear" ao câncer 30/04/2013




câncer, Doença, cientistas, saúde

© en.wikipedia.org

Biólogos russos encontraram um meio de levar rapidamente e com precisão remédios aos núcleos das células dos tumores cancerosos, tendo criado um "meio de transporte" para isto. A descoberta pode ajudar em muitos tipos de câncer.

Para além disso, os efeitos colaterais do remédio são reduzidos quase a zero.
Um grupo de cientistas do Instituto Acadêmico de Biologia do Gene em Moscou, sob a direção do professor Alexander Sobolev inventou um nano-transportador modular. Se trata de uma grande molécula constituída de diferentes módulos, que não é difícil substituir, dependendo da finalidade. Significa isso que se pode adaptar a diferentes tipos de células afetadas das cobaias, transportar diferentes remédios.
Agora no laboratório de Sobolev há uma coleção de nano-transportadores modulares, que podem levar os remédios às células afetadas com câncer em vários órgãos e localizações (cérebro, bexiga, sangue, etc.).
Um dos módulos do nano-transportador reconhece o tipo de células das cobaias. Sendo que ele define o setor concreto, para o qual o transporte do remédio dará o efeito máximo. É importante que neste caso basta uma dose mínima do preparado para a destruição da célula degenerada, diminuindo seriamente os efeitos colaterais, que habitualmente são próprios dos remédios contra o câncer.
O "reconhecimento" das células com penetração nela pode ser combinado graças aos sistemas de transporte que existem em cada célula, inclusive cancerosa. É que em proteínas específicas há recetores que são capazes de "reconhecer", dentro de muitas moléculas que se aproximam da célula, a necessária, unir-se a ela e transporta-la para a célula. O trabalho desses recetores já foi bem estudado e pode-se contar com eles com precisão – dizem os biólogos.
Outras proteínas dentro da célula cancerosa asseguram a movimentação do nano-transportador para o local de destino – o núcleo. Tal ataque "nuclear" à célula doente a destrói rapidamente.
Para variar os preparados, conforme o tipo de células das cobaias, pode-se substituir facilmente os módulos do nano-transportador.
Os testes pré-clínicos mostraram a eficácia da descoberta russa. Se ela der bons resultados também em testes clínicos, então esta poderá ser empregue em muitos ramos da medicina, incluindo no diagnóstico – para fazer chegar as substâncias necessárias para investigação da célula.

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Prisão de corruptos cresce 130% entre 2008 e 2012 no Brasil 29/04/2013

Amigos do Presidente Lula
Em 2012 foi constatado aumento de 130% no número de servidores públicos e corruptores presos no Brasil, sendo que a maioria das prisões (cerca de 1.400) se deu por peculato – quando funcionário público se apropria de bens do governo. A constatação tem como base informações do Ministério da Justiça e do Estadão Dados e foi publicada pelo jornal O Estado de São Paulo nesta segunda-feira (29/4).

Entre  2008 a 2012, o número de casos de corrupção que resultou na prisão de servidor público passou de cerca de 400 para mais de 1.500 no ano passado. Em 2011 a quantidade já era expressiva: mais de 1.000 prisões ante cerca de 600 ocorridas em 2010.

Já a quantidade de corruptores que foi para trás das grades passou de aproximadamente 650 em 2008 para cerca de 1.300 em 2012. Em 2011 e 2010 a média foi de 800. Apesar dos números e da gravidade do crime, o número de prisões de pessoas que atentam contra a administração pública representa apenas 0,5% do total. O ranking é liderado por roubo (29,8%), furto (14,2%) e homicídio (11,5%).

Por crime de peculato foram presos em 2008 cerca de 400 servidores públicos; número que alcançou 1.400 no ano passado. Corrupção ativa (quando o funcionário público aceita receber vantagem indevida oferecida por outrem) aparece na sequência, com uma média de 700 prisões em 2012 enquanto em 2008 foram cerca de 400. Contrabando ou Descaminho, que é trazer para território nacional bens proibidos por lei ou que não tenham passado pelos trâmites legais necessários, figura em terceiro, com pouco mais de 600 casos registrados. As informações são do jornal Opção

Argentina instaura eleições livres no Judiciário 29/04/2013

Enviado por on 26/04/2013 
Barbosa no Globo: “Tem quase 80 anos a tradição já consolidada de se permitir que o Supremo Tribunal Federal declare a inviabilidade jurídica de uma lei votada pelo Congresso, por violação de uma cláusula constitucional. Por que alterar isso agora, em pleno século XXI? Essa medida, se aprovada, fragilizará a democracia — disse Joaquim Barbosa, por intermédio de sua assessoria.”
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, é um despreparado. Não fala coisa com coisa. O que tem a ver que uma determinada lei ou hábito tem 80 anos? Se for assim, as democracias jamais poderiam existir, fruto que são de constantes modernizações e atualizações constitucionais.
Quanto ao ministro Gilmar Mendes, este sim, é preparadíssimo, mas para fazer o mal. Sua decisão de bloquear, monocraticamente, um assunto que estava ainda sendo discutido no Congresso, constitui um desrespeito insuportável à soberania parlamentar. O que falariam os colunistas da mídia se o Congresso suspendesse o julgamento do mensalão quando ele estivesse apenas iniciando?
O STF fez a bagunça que quis no julgamento do mensalão, cometeu toda espécie de arbitrariedades, mas Legislativo e Executivo respeitaram sua independência, mesmo que seja uma independência fajuta, no fundo submissa aos holofotes, à vaidade pessoal, à covardia.
Para completar, Mendes, como que enlouquecido pela euforia de ver os holofotes da mídia novamente voltados para si, começa a agir como uma besta-fera. Depois de produzir um desagradável atrito entre Legislativo e Judiciário, para deleite da imprensa conservadora (que se alia, naturalmente, ao último), ele tenta apagar o fogo jogando gasolina: ataca o Executivo, dizendo que este “ameaça a funcionalidade do Congresso”. O que ele quer, criar um clima de confronto generalizado entre os três poderes?
Gilmar é um censurador, um autoritário, um mau caráter. Qualquer crítica política à sua pessoa pública e a seus posicionamentos é encarada como um ato de guerra, e ele abusa de seu poder para intimidar a sociedade. O ator Zé de Abreu está sendo processado por Gilmar Mendes por causa de um tweet de poucas palavras com críticas ao ministro. E depois é o PT que leva a pecha de querer censurar a liberdade de expressão!
E agora, Gilmar pretende bloquear um tema que está ainda sendo debatido no Congresso. Ou seja, Gilmar Mendes quer calar Zé de Abreu e o Congresso Nacional. Com apoio da grande mídia, é claro.
Ainda no Globo, temos uma tentativa patética do jornal para descrever a reforma judiciária na Argentina, que ampliará o número de integrantes no Conselho da Magistratura (de 13 para 19) e democratizará o processo de escolha (12 deles serão votados pelo povo), como “ingerência do Executivo na Justiça”.
A manipulação é assombrosa, mas custará caro. Só mesmo sendo muito lobotomizado pela mídia para não ver que uam reforma na qual os integrantes do mais poderoso colégio judiciário no país serão escolhidos não mais monocraticamente pelo Legislativo ou Executivo, mas diretamente pela população, representa um avanço democrático sensacional. A Argentina me dá #orgulhoalheio. Sobre o tema, sugiro leitura desta entrevista no jornal Pagina 12.
Para nossa sorte, o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Alves, pese todos seus defeitos, é um parlamentar escaldado com esse tipo de estratégia, e especialista em jogar água na fervura. Sim, porque embora Joaquim Barbosa seja um soberbo, um desqualificado, completamente enlouquecido pelo canto de sereia do PIG, embora Gilmar Mendes mereça adjetivos simplesmente impublicáveis (mas que certamente estão sendo, nesta sexta-feira à noite, livremente vociferados em milhares de casas e bares Brasil a fora), não interessa ao Brasil uma crise institucional entre os poderes. O Brasil precisa crescer, e o povo não pode pagar pelo golpismo infantil de nossa mídia e seus cupinchas no STF.

ONU: Brasil vai acabar com a miséria extrema 29/04/2013

Pedro Peduzzi _Repórter da Agência Brasil - Brasília – O representante do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), Jorge Chediek, disse que o Brasil conseguirá cumprir uma das principais promessas da presidenta Dilma Rousseff e tirar toda a população da pobreza extrema. Ele falou depois de conhecer o estudo Vozes da Nova Classe Média, divulgado hoje (29) pela Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República. Segundo ele, as políticas do governo brasileiro para a nova classe média influenciarão a Organização das Nações Unidas (ONU).
"Vemos que políticas públicas sociais e econômicas farão com que o Brasil atinja o resultado de 100% de redução da pobreza extrema. E a ONU tem um compromisso assumido de combate à pobreza. Pensamos muito nisso, mas [pensamos] pouco no ponto de chegada, que é a classe média. É muito útil o Brasil estar pensando neste ponto de chegada", disse o representante do Pnud.
Ministro da SAE e presidente do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea), Marcelo Neri disse que "o fim da miséria é apenas o começo". Segundo ele, a desigualdade teve uma "queda espetacular", após o índice de Gini ter caído de 0,64 para 0,54 nos últimos dez anos. Este índice, pelo qual zero representa a igualdade total de renda, é um dos mais usados para comparações socioeconômicas entre países.
"Em 2012, mesmo com [baixo crescimento do PIB] o chamado Pibinho, 35% das pessoas subiram [de nível social], enquanto 14% caíram. Isso mostra que o país vive mais prosperidade e oportunidade, e menos desigualdade", acrescentou o ministro Marcelo Neri, após apontar a Carteira de Trabalho como maior símbolo da classe média.
Para Jorge Chediek, os números apresentados pelo estudo "são impressionantes". Ele avalia que a formalização do emprego foi fundamental para os bons resultados. "O que mais melhorou a situação do país foi a criação de empregos. [Também] por isso é muito importante conhecer a classe média", acrescentou. "A presidenta Dilma Rousseff disse que quer fazer do Brasil um país de classe média. Queremos influenciar a política e ampliá-la para fazer, também do mundo, um mundo de classe média"
O estudo Vozes da Nova Classe Média mostra a contribuição do empreendedor para a expansão da nova classe média brasileira. Tem como um dos destaques o aumento na formalização dos empregos. Entre as conclusões que há no estudo está a de que 40% dos postos de trabalho disponíveis foram gerados a partir de pequenos negócios.
Dos 15 milhões de novas vagas abertas entre 2001 e 2011, 6 milhões foram criadas pelos empreendimentos de pequeno porte. Além disso, 95% delas são empregos formais. Ainda de acordo com o estudo, 39% do total de remunerações do país estão relacionadas a pequenos empreendedores – volume que supera os R$ 500 bilhões por ano.
Edição: Beto Coura

Quando os russos chegaram 29/04/2013



27/4/2013, Uri Avnery, Media with Conscience, MWC   
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu

Uri Avnery
Quando a grande onda de imigrados russos chegou, vindos da União Soviética, em 1990, todos em Israel nos alegramos.
Em primeiro lugar, porque cremos que a imigração faz bem ao país. Em geral, faz.
Segundo, porque estávamos convencidos de que esses específicos imigrantes empurrariam Israel na direção certa.
Essas pessoas, dizíamos a nós mesmos, foram educados, durante 70 anos, num espírito internacionalista. Acabam de pôr fim a um sistema ditatorial cruel, e devem vir ávidos de democracia. Muitos não eram judeus, mas parentes (às vezes remotos) de judeus. Ganhávamos centenas de milhares de novos cidadãos secularistas, internacionalistas, não nacionalistas, exatamente o de que muito precisamos. Acrescentariam um elemento positivo ao coquetel demográfico que é Israel.
Sobretudo, dado que a comunidade de judeus do pré-estado no país (a chamada yishuv) foi largamente modelada por imigrantes da Rússia czarista e dos primeiros anos da Revolução, os novos imigrantes com certeza se misturariam facilmente com a população em geral. Pelo menos, era o que esperávamos que acontecesse.
Hoje, a situação é praticamente o total oposto disso.
Os imigrantes da ex-União Soviética – “os russos”, como se diz na fala diária – absolutamente não se misturaram a coisa alguma. São até hoje comunidade à parte, que vive num ghetto criado por eles mesmos.
Avigdor Lieberman
Até hoje, falam russo. Leem seus próprios jornais russos, todos furiosamente nacionalistas e racistas. Só votam no partido deles, liderado pelo moldaviano Evet (hoje trocou o prenome: decidiu chamar-se Avigdor) Lieberman. Vivem praticamente sem qualquer contato com outros israelenses.
Nos dois primeiros anos em Israel, votaram predominantemente em Yitzhak Rabin do Partido Labor, mas não porque prometia paz: porque era general e apresentava-se sempre como militar destacado. Daí em diante, os russos sempre votaram, sem variação, na extrema direita.
A grande maioria deles odeia árabes, rejeita a paz, apoia os colonos e vota para eleger governos de direita.
Dado que hoje constituem quase 20% da população israelense, aí está um dos principais motores da marcha de Israel rumo à direita.
Por que, santo Deus?!
Há várias teorias, todas, provavelmente, certas.
Uma delas, ouvi-a de um funcionário russo de alto escalão:
Durante a era soviética, os judeus eram cidadãos soviéticos como todos os outros. Com o fim da URSS, cada cidadão recolheu-se para a nação de origem. Os judeus ficaram num vazio. Então partiram para Israel. E tornaram-se os mais israelenses dos israelenses. Até os não judeus que havia entre eles tornaram-se israelenses super patriotas.
Outra teoria diz que
Quando o comunismo entrou em colapso na Rússia, só restou o nacionalismo (ou a religião) para substituí-lo. A população aprendera atitudes totalitárias, desdém pela democracia e pelo liberalismo, uma nostalgia por líderes fortes. E havia também o racismo disseminado da população “branca” do norte da URSS, contra os povos “escuros” do sul. Quando os judeus (e não judeus) russos vieram para Israel, trouxeram com eles essas atitudes. Apenas substituíram, por árabes, os armênios, chechenos e os demais povos que desprezavam. Essas atitudes são eternamente alimentadas pelos jornais russos diários e pelas redes de televisão em Israel.
Observei essas atitudes quando visitei a URSS pela primeira vez em 1990, durante a Glasnost de Mikhail Gorbachev. Nunca pudera ir antes, porque meu nome era sempre riscado em todas as listas de gente convidada a conhecer as glórias da pátria soviética. Não sei por quê. (Curiosamente, também fui cortado de listas de convidados às festas do 4 de julho na embaixada dos EUA, e em algumas oportunidades encontrei dificuldades até para conseguir um visto norte-americano. Talvez porque participei de manifestações contra a Guerra do Vietnã. Devo ser das poucas pessoas no mundo que se podem orgulhar de constar simultaneamente nas listas da CIA e da KGB).
Viajei à Rússia para escrever sobre o fim dos regimes comunistas na Europa Oriental (livro que foi publicado em hebraico, sob o título “Lênin não mora mais aqui”). Rachel e eu gostamos muito de Moscou, mas só precisamos de alguns dias para começar a ver o espantoso, crescente racismo que havia por todos os cantos. Os cidadãos de pele morena, ou mais escura, eram tratados com indisfarçado desprezo. No mercado, quando conversávamos e ríamos com os vendedores, gente do sul, com os quais nos relacionamos imediatamente, nosso simpático, mas de rosto sério, jovem e agradável intérprete distanciava-se bem acintosamente.
Café Kassit, anos 1970's - Vista externa
Meus amigos e eu nos encontramos às 6as-feiras, há cerca de 50 anos. Quando os russos começaram a chegar, nossa “mesa” ficava no Café Kassit, em Telavive, local mitológico de reunião de escritores e artistas.
Um dia, vimos um grupo de jovens imigrantes russos, que haviam estabelecido “mesa” própria. Cheios de simpatia – e também muita curiosidade – vez ou outra nos juntávamos a eles.
De início, funcionou. Formaram-se ali algumas amizades. Até que aconteceu uma coisa curiosa. Eles afastaram-se de nós, deixando bem claro que, para eles, não passávamos de bárbaros do Oriente Médio, sem cultura, gente à qual não tinham interesse de associar-se, gente que lia Tolstoi e Dostoyevski. Em pouco tempo, desapareceram de circulação.
Lembrei-me disso na 6ª-feira passada, quando irrompeu em nossa mesa uma discussão surpreendentemente acalorada. Tínhamos uma convidada, uma jovem cientista “russa”, que acusou a esquerda de ser indiferente e de promover um tipo de atitude, em relação à comunidade russa, que a teria empurrado na direção da direita. Uma líder feminista presente reagiu com fúria. Disse que os russos já chegaram ao país com atitude bem perto de fascista.
Concordei com ambas. A atitude de Israel em relação a novos imigrantes sempre foi um tanto estranha.
David Ben Gurion
Líderes como David Ben-Gurion trataram a imigração sionista como se não passasse de um problema de transporte. Fizeram grandes esforços e foram bem longe para trazer judeus, do outro lado do mundo, para Israel; mas, depois de chegados, eram esquecidos, entregues aos próprios meios. Sim, recebiam ajuda material, tinham moradia, mas fazia-se praticamente nada para integrá-los à sociedade.
Foi exatamente assim na imigração em massa de judeus alemães nos anos 1930s, de judeus orientais nos anos 1950s e de russos nos anos 1990s. Quando os judeus russos manifestaram clara preferência pelos EUA, o governo israelense pressionou o governo dos EUA para que batesse a porta na cara deles. Foram praticamente forçados a vir para Israel. Quando chegaram, foram deixados nos seus ghettos, sem qualquer movimento local que os induzisse a espalhar-se e integrar-se conosco.
Não foi diferente, na esquerda israelense. Quando falharam alguns frágeis esforços para atraí-los para o grupo da paz, lá ficaram. A organização da qual participo, Gush Shalom [Bloco da Paz], distribuiu certa vez 100 mil cópias de nosso principal manifesto (“Truth against Truth” [Verdade contra Verdade], a história do conflito) em russo. Mas desistimos, quando recebemos uma única resposta. Obviamente, os russos não tinham interesse algum pela história de Israel, da qual não tinham sequer uma mínima ideia, que fosse.
Para entender a importância desse problema, é preciso visualizar a composição da sociedade israelense tal qual é (escrevi, no passado, sobre isso), formada de cinco setores principais, praticamente de igual tamanho, a saber:
  1. Judeus de origem europeia, chamados Ashkenazim, grupo no qual se inclui quase toda a elite cultural, econômica, política e militar. Nesse grupo está praticamente toda a esquerda israelense.
  1. Judeus de origem oriental, em geral chamados (erradamente) Sephardim, de países árabes e de outros países muçulmanos. São a base do Partido Likud.
  1. Judeus religiosos, grupo que inclui os Haredim ultra-ortodoxos, Ashkenazi e orientais; e os sionistas, nacional-religiosos, grupo que inclui as lideranças dos colonos.
  1. Cidadãos árabe-palestinos, concentrados quase todos em três grandes blocos geográficos.
  1. E os “russos”.
Alguns desses cinco setores se sobrepõem em pequena parte, mas o quadro é claramente esse. Os árabes e muitos dos Ashkenazim trabalham no campo da paz. Todos os demais são declarada e solidamente de direita.
Por isso, é absolutamente imperativo conquistar pelo menos alguns grupos dos judeus orientais, dos judeus religiosos e – claro – de “russos”, para constituir uma maioria em Israel a favor da paz. Na minha opinião, essa é a mais importante tarefa para o campo da paz, nesse momento.
Ao final de um furioso debate em nossa mesa, tentei acalmar os contendores:
Não precisam brigar tanto. Há culpa que chegue, para todos

Islandeses devolvem poder a partidos que causaram crise e se afastam da UE 29/04/2013

Oposição de centro-direita vence eleições legislativas na Islândia

Resultado enterra provavelmente a candidatura da Islândia a entrar na União Europeia, lançada em 2009

A oposição de centro-direita obteve uma clara vitória nas eleições legislativas realizadas no sábado (27/04) na Islândia, abrindo as portas a uma nova coalizão de governo, segundo resultados definitivos publicados neste domingo (28/04).

O Partido da Independência (direita) liderou os resultados com 26,7% dos votos, o que lhe concede 19 assentos no Parlamento, e seu líder Bjarni Benediktsson contará, ao que parece, com o apoio do Partido do Progresso (centrista e agrário), que obteve 24,4% dos votos e também 19 deputados.

O posto de primeiro-ministro foi reivindicado na noite de domingo pelo conservador Bjarni Benediktsson, de 43 anos, quando a tendência de que seu partido venceria as eleições se confirmava, enquanto o centrista Sigmundur David Gunnlaugsson, de 38 anos, dizia estar disposto a colaborar com ele.

"O Partido da Independência é convocado as suas responsabilidades", disse Benediktsson diante de seus simpatizantes, acrescentando que estava disposto a dirigir um governo de coalizão. A eleição do chefe de governo recai no presidente da República, que designa tradicionalmente o chefe do partido que venceu as eleições.

A vitória da centro-direita enterra provavelmente a candidatura da Islândia a entrar na União Europeia, lançada em 2009 e que os dois partidos não apoiavam.

Grécia aprova nova medida de austeridade e demitirá 15 mil funcionários públicos 29/04/2013

Opera Mundi

Com apenas dois dias de debate, a oposição qualificou a aprovação da medida como “violação da democracia parlamentar”

O Parlamento da Grécia aprovou neste domingo (28/04) um novo pacote de medidas para o corte de gastos do orçamento do país. A medida estipula a “reestruturação” do setor público e prevê a demissão de 15 mil funcionários do governo nos próximos dois anos.

As exigências foram feitas pela troika (formada por Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional) para que os gregos recebessem o próximo empréstimo econômico, estipulado em 8,8 bilhões de euros (cerca de 23 bilhões de reais). O governo se justificou dizendo que os trabalhadores demitidos serão aqueles envolvidos com corrupção, os “incompetentes” ou aqueles que vão se aposentar voluntariamente. No total, serão 4 mil demitidos em 2013 e outros 11 mil em 2014.

A medida foi aprovada sob protestos da população e da oposição. A votação foi feita em procedimento de urgência, com apenas dois dias de debate, fato que a oposição grega - composta por alianças de esquerda - qualificou como “violação da democracia parlamentar”.

Agência Efe

Gregos protestam contra medidas que prometem demitir 15 mil funcionários públicos até o fim de 2014

Segundo informações da Agência Efe, o ministro das Finanças, Yannis Sturnaras, defendeu a votação de urgência com o argumento de que o acordo deveria sair antes da reunião desta segunda-feira (29/04) do grupo de trabalho do Eurogrupo, em que deve ser dado sinal verde ao desembolso do lance correspondente a março, no valor de 2,8 bilhões de euros.

A Grécia necessita com urgência da liberação de fundos da troika para quitar salários, pensões e os bônus que vencem no mês de maio, afirmou Sturnaras durante a votação.

No mês passado, o Eurostat, órgão estatístico da UE (União Europeia), já havia divulgado dados alarmantes sobre a taxa de desemprego na Grécia.  Mais de 50% dos jovens gregos, por exemplo, estão desempregados.

A taxa de desemprego da Grécia atingiu um novo recorde em janeiro e situa-se, agora em abril, nos 27,2%.  Este é o valor mais alto desde 2006, ano em que o instituto oficial de estatística da Grécia começou a divulgar os dados. A Grécia tem a taxa mais alta de toda a zona do euro, que equivale a mais que o dobro da média do bloco, de 12% em janeiro.

Novos protestos na Europa

Milhares de pessoas ligadas aos movimentos sociais de Portugal, Espanha, Grécia, Chipre, França e Alemanha prometem para o dia 1° de junho uma grande manifestação contra as políticas de austeridade adotadas pelos dirigentes de diversos países da Europa.

Segundo informações da Agência Brasil, os protestos terão como alvo os governos nacionais, os credores internacionais e a troika. Na internet, os movimentos sociais responsabilizam o controle fiscal das despesas públicas, exigido por essas instituições, como a principal razão da crise que causa desemprego em massa na região.

A solução dos 1% 29/04/2013

Esquerda.Net

No ponto em que estamos, a perspectiva austeritária implodiu: não só todas as suas previsões falharam por completo quando confrontadas com a realidade, como a própria investigação académica, invocada para suportar essa doutrina, acabaria por se revelar repleta de erros e omissões e feita com estatísticas duvidosas. Por Paul Krugman
Mas esta não é apenas uma questão de emoção versus lógica. Não é possível compreender a influência da doutrina da austeridade sem falar de classes e de desigualdades.
Os debates económicos raramente terminam com uma derrota técnica. Mas o grande debate político dos últimos anos, entre keynesianos (que defendem a manutenção, e até aumento, dos níveis de despesa pública em contextos de recessão), e os austeritários (que pugnam por cortes imediatos na despesa), está - pelo menos no plano das ideias - a chegar ao fim. No ponto em que estamos, a perspectiva austeritária implodiu: não só todas as suas previsões falharam por completo quando confrontadas com a realidade, como a própria investigação académica, invocada para suportar essa doutrina, acabaria por se revelar repleta de erros e omissões e feita com estatísticas duvidosas.
Restam portanto duas questões. Primeiro, a de saber porque é que a doutrina da austeridade se tornou tão influente. Depois, a de saber até que ponto haverá mudança de políticas, agora que os argumentos centrais dos defensores da austeridade se transformaram em abundante matéria-prima para livros de banda desenhada.
Quanto à primeira questão, o claro domínio e capacidade de influência dos defensores da austeridade nos centros de decisão deveria perturbar todos aqueles que gostam de acreditar que a política se baseia, ou é pelo menos fortemente influenciada, por evidências da realidade. Afinal de contas, os dois principais estudos que alimentam os argumentos e justificações intelectuais para a austeridade - os trabalhos de Alberto Alesina e Sílvia Ardagna sobre a «austeridade expansionista», e de Carmen Reinhart e Kenneth Roggoff sobre o perigoso «limite» de 90% para a dívida pública - enfrentaram críticas fulminantes mal conheceram a luz do dia.
Estes estudos não sobrevivem, de facto, ao escrutínio. No final de 2010, utilizando dados mais precisos, o Fundo Monetário Internacional voltou a analisar o trabalho de Alesina-Ardagna e contrariou as conclusões a que estes tinham chegado; ao mesmo tempo que muitos economistas suscitavam objecções fundamentais em relação ao trabalho de Reinhart-Rogoff, muito antes de ser conhecido o famoso erro de excel. E tudo isto enquanto no mundo real a estagnação da Irlanda (que era o grande cartaz da propaganda infantil da austeridade), e a queda das taxas de juro nos Estados Unidos (país que se encontrava, supostamente, à beira de enfrentar uma crise fiscal eminente), esvaziavam de qualquer sentido as previsões austeritárias.
A doutrina da austeridade, contudo, não só tem mantido como até reforçado o seu poder e influência em relação às elites. Porquê?
Parte da resposta encontra-se certamente na vontade generalizada de encarar a economia como um jogo de moralidade, que a converte numa narrativa sobre os excessos e suas consequências. Andámos a viver acima das nossas possibilidades e agora estamos a pagar o preço inevitável. Os economistas bem podem explicar, até à exaustão, que isso não é verdade. Que a razão pela qual temos um desemprego de massas não se encontra em termos gasto excessivamente no passado, mas antes na circunstância de estarmos a gastar muito pouco agora, e que este é que é o problema que tem que ser resolvido. Não adianta. Muitas pessoas têm um sentimento visceral sobre o pecado e a necessidade de encontrar a redenção através do sofrimento. E nenhum argumento económico, como nenhuma constatação de que as pessoas que estão a sofrer agora não são as mesmas que pecaram durante os anos dos excessos, faz grande mossa.
Mas esta não é apenas uma questão de emoção versus lógica. Não é possível compreender a influência da doutrina da austeridade sem falar de classes e de desigualdades.
O que é que as pessoas querem, afinal, da política económica? A resposta, ao que parece, depende muito de a quem fazemos a pergunta - como mostra um trabalho recente dos cientistas políticos Benjamin Page, Larry Bartels and Jason Seawright. O artigo compara as preferências políticas do cidadão comum americano com as dos americanos com maiores níveis de rendimentos. E os resultados são assombrosos.
Assim, segundo o estudo, o cidadão comum americano manifesta alguma preocupação com os défices orçamentais, o que não surpreende dada a enxurrada de histórias assustadoras sobre o défice que circulam na comunicação social. Mas a maior parte dos mais ricos encara o défice como o maior problema que enfrentamos. E como é que o défice deve ser combatido? Os mais ricos respondem com cortes da despesa federal em Saúde e na Segurança Social - ou seja, nos «direitos» - enquanto os americanos em geral querem, pelo contrário, ver um aumento da despesa federal nesses domínios.
As coisas são claras: a agenda da austeridade parece ser a simples expressão das preferências das classes altas, que apenas se disfarçam num aparente rigor académico. Aquilo que os 1% mais ricos querem converte-se no que a ciência económica diz ser preciso fazer.
Mas será que uma depressão prolongada serve realmente os interesses dos mais ricos? É de duvidar, já que uma economia em expansão é geralmente boa para quase todos. E a verdade é que estes anos de austeridade têm sido muito difíceis para os trabalhadores, mas não têm sido assim tão maus para os mais ricos, que beneficiaram do aumento dos lucros e do valor das ações em Bolsa, à medida que o desemprego de longa-duração foi aumentando. Os 1% podem não querer realmente uma economia fraca, mas eles estão a conseguir resultados suficientemente bons para satisfazer os seus preconceitos.
É isto que nos faz pensar na diferença que pode verdadeiramente fazer o colapso intelectual da perspetiva austeritária. Na medida em que temos uma política dos 1%, feita pelos 1% para os 1%, não será de esperar que apenas tenhamos novas justificações para as mesmas velhas políticas?
Eu espero que não, pois quero acreditar que as ideias e as evidências da realidade contam, que têm pelo menos alguma importância. Se assim não for, que sentido posso dar à minha vida? Mas eu acho, contudo, que nós vamos ver até que ponto pode chegar o cinismo.

Tradução originalmente publicada no blogue A Estante dos Passos Perdidos

Karzai confirma que as autoridades afegãs receberam dinheiro da CIA 29/04/2013







Hamid Karzai, presidente, Afeganistão

EPA

O presidente do Afeganistão Hamid Karzai confirmou a informação surgida na imprensa que o governo afegão teria recebido, de forma encoberta, dinheiro da CIA.

“Sim, o Conselho de Segurança Nacional do Afeganistão recebeu apoio financeiro da CIA durante os últimos 10 anos. Foi uma ajuda importante e nós damos-lhe muito valor”, declarou Karzai. Ele afirmou que se tratava de somas pequenas que se destinavam, inclusivamente, ao tratamento de feridos.
A informação sobre pagamentos efetuados às autoridades afegãs surgiu na segunda-feira no jornal The New York Times. A notícia referiu que o dinheiro era frequentemente entregue aos responsáveis em malas e mochilas.

CIA entregou milhões de dólares a gabinete presidencial afegão, diz NYT 29/04/2013


29 Abr (Reuters) - Dezenas de milhões de dólares foram entregues em dinheiro vivo pela CIA em maletas, mochilas e sacos plásticos ao gabinete do presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, por mais de uma década, disse o jornal The New York Times citando ex e atuais assessores do líder afegão.
O chamado "dinheiro fantasma" serviria para comprar influência para a Agência Central de Inteligência dos EUA (CIA, na sigla em inglês), mas acabou alimentando a corrupção e fortalecendo líderes guerrilheiros, o que abalou a estratégia norte-americana para deixar o Afeganistão, segundo fontes oficiais dos EUA ouvidas pelo jornal.
"A maior fonte de corrupção no Afeganistão foram os Estados Unidos", disse um funcionário norte-americano.
A CIA não quis comentar a reportagem, e o Departamento de Estado dos EUA não se pronunciou de imediato. O The New York Times não publicou declarações de Karzai nem do seu gabinete.
"Chamamos isso de ‘dinheiro fantasma'", disse ao Times Khalil Roman, que foi chefe de gabinete de Karzai entre 2002 e 2005. "Ele chegava em segredo e saía em segredo."
Não há indícios de que Karzai tenha recebido o dinheiro diretamente, segundo relato de funcionários afegãos ao jornal. A verba era administrada pelo seu Conselho de Segurança Nacional, acrescentou o NYT.
Em resposta à reportagem, Karzai disse a jornalistas em Helsinque, depois de uma reunião com líderes finlandeses, que o Conselho de Segurança Nacional do Afeganistão há dez anos recebe ajuda financeira dos EUA. As quantias, segundo ele, "não eram grandes", e eram usadas para vários propósitos, como auxílio a feridos.
"É uma assistência multipropósito", afirmou ele, sem comentar as alegações de que o dinheiro teria alimentado a corrupção ou fortalecido guerrilhas.
Mas, em Cabul, Janan Mosazai, porta-voz da chancelaria, disse a jornalistas que não há provas ou indícios sobre as alegações.
Durante mais de uma década, o dinheiro era deixado mais ou menos todos os meses no gabinete presidencial afegão, segundo o Times. A distribuição de verbas é um procedimento padrão da CIA no Afeganistão desde o início da guerra.
Os pagamentos aparentemente não estavam sujeitos à supervisão e às restrições impostas à ajuda oficial dos EUA ou aos programas formais de assistência da CIA, como o financiamento de agências afegãs de inteligência. No entanto, essa operação aparentemente não violava leis norte-americanas, segundo o jornal.
Fontes oficiais norte-americanas e afegãs familiarizadas com os pagamentos disseram que o principal objetivo da verba era manter acesso a Karzai e ao seu círculo íntimo, e garantir a influência da CIA no palácio presidencial, que tem enorme poder no centralizado sistema de governo do Afeganistão.
(Reportagem adicional de Alistair Bell e Sarah Lynch, em Washington; e Hamid Shalizi e Mirwais Harooni, em Cabul)