domingo, 21 de dezembro de 2014

Canal da Nicarágua, um marco no comércio latino com a China 21/12/2014


Tijolaço

Autor: Fernando Brito







Começa na segunda-feira a obra de construção do segundo canal de navegação entre o Oceano Atlântico e o Pacífico, o Canal da Nicarágua.

Aqui, o assunto é praticamente ignorado, embora a China seja hoje a maior parceira comercial do Brasil.

E a potência comercial em maior expansão no mundo.

O canal, com 278 quilômetros – 105 deles aproveitando o Lago Nicarágua, próximo à costa Oeste daquele país e sua abertura é iniciada exatamente um século da inauguração do Canal do Panamá, que atendeu aos interesses estratégicos dos Estados Unidos.

(Para se ter uma idéia, o Panamá nasceu por causa do canal, pois a área pertencia à Colômbia e os rebeldes da região panamenha só puderam proclamar sua independência porque Theodore Roosevelt mandou para lá uma baita canhoneira americana que fez os colombianos engolirem a perda de território)

A obra, de US$ 50 bilhões, é oficialmente contratada pela Xinwei Telecom Technology, do megaempresário Wang Jing, mas ninguém duvida que este tem o governo chinês a garanti-lo.

Mas o que faz os chineses se lançarem a um empreitada deste vulto se já existe – a 600 km de distância – o Canal do Panamá e que, embora sobrecarregado, está em vias de inaugurar uma ampliação, inclusive com a ampliação da capacidade de operar grandes navios sendo dobrada, para até 150 mil toneladas de porte bruto ou até 13 mil conteiners?

Não é só porque por ali poderão passar navios de até 330 mil toneladas ou 30 mil conteiners, o que certamente tornará muito mais econômicas as viagens de minério, petróleo e outras mercadorias e porque, com navios maiores, o custo do transporte da carga chega a cair 60%.

Os chineses, com interesses russos a reboque, não querem depender do controle – militar ou econômico – norte-americano sobre sua rota mais curta com o ocidente: a América Latina e até, no caso de uma deterioração das condições políticas no Golfo de Suez, com a Europa e o Norte da África.

Para o Brasil (e para Venezuela, Colômbia e Cuba, além de todo o Caribe) as possibilidades de ampliação do comércio com os chineses (e Russia, Austrália e o Sudeste Asiático) são imensas.

Mas aqui, pouca ou nenhuma atenção se presta a isso.

Os eixos de poder econômico no mundo estão mudando e, com eles, os de poder político.

http://tijolaco.com.br/blog/?p=23884

sábado, 20 de dezembro de 2014

O petróleo, o rublo e o fantasma da deflação 20/12/2014



Todas as agências internacionais de energia acham que os preços do petróleo e do gás permanecerão nestes novos mínimos durante vários anos. O colapso do preço do petróleo pôs a nu a debilidade da economia russa. Por Michael Roberts
19 de Dezembro, 2014 - 10:05h



Putin ofereceu uma amnistia completa aos oligarcas que têm estado a tirar o seu dinheiro da Rússia


Os preços do crude caíram em poucos meses para os mínimos dos últimos cinco anos. E a razão é clara: trata-se da oferta e da procura! Pelo lado da oferta, o desenvolvimento mais significativo foi o grande crescimento da produção de petróleo e de gás de xisto na América do Norte, principalmente nos EUA.

As reservas de petróleo e gás encontram-se no interior de camadas de xisto e podem ser libertadas por um processo hidráulico de injeção de água sob pressão chamado fracking. Através da utilização de centenas de equipas de perfuração em rápida sucessão, a rocha de xisto pode produzir importantes fornecimentos de petróleo e gás natural comprimidos - e este processo no Dakota do Norte, no Texas e noutras áreas dos Estados Unidos deu a volta por completo à produção de petróleo nos EUA. A produção de petróleo nos Estados Unidos tinha-se baseado até agora nas reservas conhecidas de petróleo profundo no Texas, na Luisiana e no Golfo de México. A produção norte-americana estava em decadência desde meados da década de 1970 com 4 milhões de barris por dia (mbd) e em redução. Mas graças ao fracking, a produção anual disparou de novo até aos 9 mbd, recuperando os picos anteriores. O fracking de gás e petróleo comprimidos está a estender-se a todo o mundo e os países com grandes reservas de xisto querem explorá-lo na Polónia, na China, na Europa e até no Reino Unido.

O outro lado da equação de preços é a procura. A procura mundial de energia, em particular o petróleo, reduziu-se. Principalmente porque o crescimento económico mundial desacelerou desde o fim da Grande Recessão. A China tomou a iniciativa travando o crescimento, juntamente com as outras grandes economias emergentes, como o Brasil e a Índia; e as principais economias capitalistas avançadas continuam a funcionar em 'marcha lenta'. As indústrias estão a aumentar o uso de combustíveis fósseis a um ritmo mais lento do que o esperado, enquanto a procura de transporte está em queda (os norte-americanos conduzem menos). A poupança de energia intensificou-se e a intensidade energética (energia por unidade de produto) está a cair em todo o lado. Todas as agências internacionais de energia acham que os preços do petróleo e do gás permanecerão nestes novos mínimos durante vários anos.

Os maiores perdedores são os países que dependem das exportações de energia: Arábia Saudita, o resto dos estados petrolíferos árabes, a super-rica Noruega, a super-pobre Venezuela, México e, sobretudo, Rússia. Os sauditas lançaram uma contraofensiva. Com mais de cinco vezes as reservas de xisto norte-americano, estão a atacar os produtores de xisto mediante o aumento da produção, com o fim de reduzir o preço até ao ponto em que os produtores de xisto comecem a perder dinheiro (os seus custos de produção são muito mais altos que os sauditas: de 50 dólares a 25 dólares por barril). Mas até agora não funcionou e a produção de xisto continua a aumentar. Mas a política da Arábia Saudita está a destruir as receitas de outros produtores da OPEP como Venezuela e Rússia.

Putin poderia ter feito face ao 'Ocidente' em relação à Ucrânia e negar-se a ceder, mas o Ocidente vai ganhando a batalha económica e o preço do petróleo tem sido a sua arma principal. O colapso do preço do petróleo pôs a nu a debilidade da economia russa.

Colapso do preço do petróleo põe a nu debilidade da economia russa

Há apenas um ano, as reservas de dólares da Rússia graças às suas exportações de energia eram de mais de 515 mil milhões de dólares. Agora, como as rendas do petróleo se dissiparam e as sanções impostas pelo Ocidente à Rússia, por causa da Ucrânia, foram aplicadas, o superavit comercial da Rússia diminuiu e a fuga de capitais, dos oligarcas e de outros para fora da Rússia, disparou até aos 120 mil milhões de dólares por ano. Como resultado, as reservas de divisas caíram abaixo dos 400 mil milhões de dólares e o rublo afundou-se em relação ao dólar 40% neste ano, provocando um forte aumento da inflação e a escassez de bens importados.

400 mil milhões de dólares são ainda muitas reservas e o Banco Central da Rússia (BCR) tentou sustentar o rublo vendendo os seus dólares e comprando moeda russa nos mercados cambiais. Mas não funcionou. De modo que o BCR simplesmente deixou cair o rublo para poupar dólares. E o rublo afundou-se ainda mais. Agora começou novamente a comprar rublos com as suas reservas para deter a queda, de novo sem sucesso.

A política do BCR é intervencionista. E isto preocupa Putin, que começou a criticar as suas próprias nomeações no BCR. O problema é que grande parte dessas reservas não se podem utilizar para sustentar a moeda porque devem manter-se fundos suficientes para cobrir os pagamentos das importações essenciais (o FMI recomenda um mínimo de três meses do valor das importações). Se as reservas caem abaixo desse nível, o rublo entrará em crise, já que os credores estrangeiros (principalmente os bancos europeus) retirarão o seu dinheiro. A queda do rublo implica também que todas as empresas russas com grandes dívidas e empréstimos em dólares, em particular os bancos russos, terão que assumir enormes faturas em dólares que não podem pagar.

Segundo o Banco Central da Rússia, o país tem que pagar 30 mil milhões de dólares de dívida este mês e mais 138 mil milhões nos próximos 18 meses. Só 2% dessa dívida é do governo, enquanto as empresas não financeiras representam mais de 60%, o resto pertence principalmente a dívida bancária, incluindo o maior banco da Rússia - o banco estatal Sberbank.

De modo que estão a pedir (e a obter dinheiro) do governo para serem resgatados. A gigantesca petrolífera estatal Rosneft, por exemplo, pediu 44 mil milhões de dólares, o que equivale a mais de metade do saldo restante do chamado Fundo de Bem-estar, que se destina a apoiar o sistema de pensões. VTB Bank e Gazprombank já conseguiram mais de 7 mil milhões de dólares do Fundo de Bem-estar e estão a pedir milhares de milhões mais. Se as reservas de divisas e os fundos forem utilizados para resgatar os bancos, não terão outro remédio senão abandonar os projetos planeados de infraestruturas e as pensões estarão ameaçadas. E a margem do limite de três meses de importações estreitar-se-á. Ao ritmo atual de diminuição das reservas de divisas, esse teto poderá ser atingido no verão de 2015.

Putin propõe amnistia total para capital que regresse à Rússia

O discurso anual de Putin no Parlamento russo na semana passada mostrou até que ponto está preocupado. Inclusive ofereceu uma amnistia completa aos oligarcas que têm estado a tirar o seu dinheiro da Rússia, em grandes quantidades, nos últimos meses. “Proponho uma amnistia total para o capital que regresse à Rússia”, disse Putin. “Sublinho, amnistia total.”“Significa”, continuou, “que se uma pessoa legaliza os seus ativos e propriedades na Rússia, receberá garantias jurídicas firmes de que não vai ser convocado pelas instituições, incluindo pelas agências encarregadas de aplicar a lei, que não o vão 'pôr num aperto' nem lhe vão perguntar pela origem do seu capital e como o adquiriu, que não vai ser processado ou enfrentar responsabilidade administrativa alguma, nem será questionado pela agência tributária ou pela polícia”.

Na Rússia, dois dos principais grupos de pessoas que têm grandes quantidades de capital no estrangeiro são os grupos criminosos organizados e os chamados oligarcas. Ao sublinhar que não haverá perseguição, Putin pareceu deixar explicitamente aberta a porta ao dinheiro obtido ilegalmente. “Dirige-se a gente que saqueou as empresas”, afirma a professora Louise Shelley, fundadora e diretora do Centro sobre terrorismo, delinquência transnacional e corrupção da Universidade George Mason em Fairfax, Virginia. “Há milhares de casos de pessoas que utilizaram mecanismos criminosos e documentos falsos para adquirir ativos. Está a dirigir-se ao crime organizado que se apoderou de empresas”. E acrescenta:“Nenhuma das grandes fortunas russas é dinheiro totalmente limpo”.

Supondo que o preço do petróleo estabiliza em torno de 60 dólares por barril no próximo ano, Putin pode evitar uma crise da dívida no próximo verão, se for capaz de pressionar as grandes empresas russas a comprar rublos com as suas receitas das exportações em dólares (uma forma de controle de capital) e resgatar os bancos com reservas do governo. Putin está a fazer precisamente isso. Mas isso não quer dizer salvar a economia interna. As sanções, juntamente com o colapso dos preços do petróleo, empurraram a economia russa para a recessão. O governo admite que a economia se contrairá 1% no próximo ano, o investimento cairá 3,5% e o rendimento médio das famílias reduzir-se-á cerca de 3% num ano. De facto, pela primeira vez em 15 anos, o nível de vida do russo médio cairá em 2015. Foi imposto o congelamento dos salários, desindexados da inflação, mas esta cresce quase 10% por ano.

Putin pode ser muito popular por causa da sua política externa em relação à Ucrânia e ao seu confronto com o Ocidente, mas a sua popularidade cai por causa da sua política interna. Aproxima-se a austeridade à russa. A despesa pública aumentou em média 10% por ano na última década, mas agora será travada. Cortar despesas militares e de polícia é politicamente impossível porque Putin precisa do apoio do aparelho de segurança em caso de mal-estar social. Isto significa que o governo terá que atacar os investimentos, os lucros e os salários. Na semana passada, Putin anunciou um corte de 5% em termos reais de 2015 até 2017, mediante a redução da “despesa ineficaz”, à exceção da defesa e da segurança. Putin costumava prometer aos russos que o seu país superaria a Alemanha como a quinta economia maior do mundo em 2020. Em maio de 2012, assinou um decreto prometendo aumentar os salários reais em 50% até 2018. Essas promessas agora já não valem.

Putin continua a confiar na sua política em relação à Ucrânia para a sua popularidade, mas a economia da Ucrânia está ainda pior. As reservas do banco central da Ucrânia caíram abaixo da barreira dos 10 mil milhões de dólares pela primeira vez desde 2005 depois de pagar o gás à companhia russa Gazprom. O FMI provavelmente desembolsará outros 2.700 milhões de dólares para salvar o governo de Kiev. Mas é evidente que a Ucrânia precisa de outros 20 mil milhões de dólares nos próximos dois anos para financiar a guerra no Leste e para o serviço da dívida. Uma missão do FMI chega amanhã para planificar um plano de austeridade massivo para o povo da Ucrânia em troca desse financiamento.
O fantasma da deflação mundial
Mas provavelmente o aspeto mais importante da queda do preço do petróleo é o fantasma da deflação mundial. A inflação mundial tem sido muito baixa desde a Grande Recessão, outro indicador da Longa Depressão em que se afundou a economia mundial. A inflação que tem havido deve-se à forte subida dos preços da energia. Os aumentos de preços não energéticos têm sido mínimos. Agora, com a forte queda da energia e de outras matérias primas (metais, alimentos, etc.), a deflação é um espectro que paira pelo mundo.

A Oxford Economics calcula que se os preços do petróleo caírem para 40 dólares por barril, 41 dos 45 países assinalados sofreriam deflação.
Há quem diga que é uma boa notícia. Essa é a linha de alguns economistas neoclássicos e da escola austríaca. A queda dos preços, sobretudo de energia e alimentos, aumentaria o poder aquisitivo dos consumidores e ajudaria a impulsionar a procura e o crescimento económico.
Mas para a rentabilidade do capital é uma má notícia. A inflação dos preços de produção das empresas é outra tendência que contrabalança temporariamente a queda da rentabilidade. Se desaparecer, então a pressão para a baixa na rentabilidade de qualquer novo investimento em tecnologia será maior à medida que a queda de preços apertar as margens de lucro. Nesse sentido, a deflação não é uma boa notícia para o setor capitalista, sobretudo se tem pesadas dívidas (as pequenas empresas, em particular). Assim a crise que se está a formar para as empresas russas pode arrastar outros países. Poderá ser outro fator que empurra para uma nova recessão global, desta vez baseada no setor produtivo não financeiro do capitalismo.
Artigo de Michael Roberts* publicado no blogue The Next Recession, traduzido para espanhol por Gustavo Buster para snpermiso.info e para português por Carlos Santos para esquerda.net


* Michael Roberts é um economista marxista britânico, que trabalhou 30 anos na City de Londres como analista económico.
http://www.esquerda.net/artigo/o-petroleo-o-rublo-e-o-fantasma-da-deflacao/35192

Putin: o Grande-Mestre e o “ferrolho de ouro” 20/12/2014



12/12/2014, Dmitry Kalinichenko, Investcafe.ru (trad. ao ing. Kristina Rus)
ЗАПАДНЫЙ КАПКАН ГРОССМЕЙСТЕРА ПУТИНА
Traduzido do inglês pelo pessoal da Vila Vudu

O que os países BRICS, liderados por Rússia e China, estão fazendo atualmente é alterar realmente o papel e o status do dólar norte-americano no Sistema Monetário Global. De meio de pagamento derradeiro-essencial, e de derradeiro-essencial ativo para acumulação, a moeda nacional dos EUA, por ação conjunta de Moscou e Pequim, está convertida em simples meio de pagamento intermediário. Sua serventia é “fazer a ponte”, até ser trocado pelo derradeiro-essencial ativo financeiro: o ouro. É assim que o dólar norte-americano perde seu papel de derradeiro-essencial meio de pagamento e derradeiro-essencial ativo para acumulação ‒ e cede o trono a outro ativo monetário reverenciado, sem pátria ou nação ou aliados ou inimigos: o ouro.

Entreouvido quiosque do Frozô na Vila Vudu: “Não sei se é verdade, ou tudo mentira e só propaganda. Sei, com certeza, que o editorial da revista Época, do grupo Globo, ensinando privatização & ladroeira à moda da privataria tucana, é TOTALMENTE PROPAGANDA, vendida aos otários como se fosse jornalismo.


OK. É jornalismo de fascistização, mas, como diria qualquer fascista: “É jornalismo, uai!”

Daí concluo que “jornalismo democrático”, só se tiver boooooa propaganda/publicidade prôs dois, três, quatro, mil lados (mas, no mínimo, pra DOIS!). Na página de “Tendências & debates”, publicar-se-ia o besteirol lá de karké daqueles tucano-sem-votos iradinhos, na parte de cima (afinal, o jornal é deles, né?); e, na parte de baixo, esse artigo aí, do russo Dmitry Kalinichenko.O cara é advogado, dos que sabem muito de moeda & pregão & bolsa de valores, parecido com uns que as rádios paulistas entrevistam TOOOODAS as manhãs e depois repetem sem parar até à noite, pra eles dizerem como o dólar está forte e poderoso contra o real, o rublo...

Por que o “especialista” aí não pode ser entrevistado pela Jovem-Pan em Sampa?! Pourquoi pas?! Ou pela BandNews?! Só porque ele diz que o dólar tá é fodido, como fodidos estão os EUA e resto por lá por cima do Equador, do lado “ocidental”?!

Bóra traduzir e publicar. Todo mundo tem de ler. Depois a gente discute.

“Chegaremos à fartura!” (Stálin vive) [pano rápido]


Vladimir Putin e Xi Jinping

As acusações mais frequentes que o ocidente tem feito contra Putin têm a ver com ele ter prestado serviços à KGB. Portanto, é pessoa sanguinária e imoral. Tudo é culpa de Putin. Mas ninguém até hoje o declarou burro [como Kerry] ou doido [como o senador McCain].


Tudo que dizem contra o homem só faz enfatizar sua capacidade para pensar analiticamente e com objetividade, e para tomar decisões políticas e econômicas claras e equilibradas.


Seguidamente, a imprensa-empresa ocidental compara a capacidade do presidente Putin à habilidade dos Grandes-Mestres, capazes de jogar várias partidas simultâneas de xadrez em público. Desenvolvimentos recentes na economia dos EUA e do ocidente em geral permitem-nos concluir que nesse ponto, ao avaliar esses específicos traços da personalidade de Putin, a imprensa-empresa ocidental, finalmente, está absolutamente certa.


Por mais que Fox News e CNN, hoje, só façam repetir elogios aos sucessos econômicos do ocidente, a economia ocidental, levando à frente os EUA, está completamente presa na armadilha que Putin montou para ela, e ninguém no ocidente sabe como sair dessa arapuca. Quanto mais o ocidente esperneia tentando escapar, mais o ocidente se enreda na armadilha.


Qual é o destino realmente trágico no qual estão enredados o ocidente e os EUA? E por que a imprensa-empresa ocidental e os “especialistas” ocidentais midiáticos no campo da Economia mantêm o mais impenetrável silêncio sobre a coisa toda? Tentemos compreender no contexto da economia a essência dos eventos econômicos em curso, deixando de lado os fatores de moralismo, ética e geopolítica.


Depois de dar-se conta do fracasso de suas ações na Ucrânia, o ocidente, comandado pelos EUA, decidiu destruir a economia russa, fazendo desabar os preços do petróleo e também do gás, sabidamente itens principais de entradas no orçamento de exportações e fonte de recursos para recompor as reservas russas de ouro.


Deve-se observar que o principal fracasso do ocidente na Ucrânia não é nem militar nem político, mas, isso sim, não ter conseguido de Putin que ele aceitasse financiar o projeto ocidental da Ucrânia, à custa do orçamento da Federação Russa. E essa decisão de Putin tornou inviável o projeto ocidental no futuro próximo e inevitável.



De outra vez, sob o governo do presidente Reagan, esse tipo de movimento, de o ocidente baixar os preços do petróleo, teve “sucesso” e levou ao colapso da URSS. Mas a história não se repete sempre, e nunca do mesmo modo. Dessa vez, as coisas estão diferentes para o ocidente. A resposta de Putin ao ocidente parece mistura de xadrez com judô – quando você usa contra o inimigo a força que o inimigo usa contra você, com mínimo desgaste da força e dos recursos de quem se defenda. As reais políticas de Putin não são objeto de interesse da imprensa-empresa. Por isso, Putin pode manter-se sempre mais focado na eficiência, que em obter efeitos de impacto instantâneo e passageiro.


Poucos são os que compreendem o que Putin está fazendo nesse momento. E quase ninguém compreende o que ele fará na sequência.


Não importa o quanto pareça estranho, fato é que, hoje, a Rússia só está vendendo petróleo e gás a quem aceite pagar em ouro físico (Gráfico 1).






Putin não está espalhando a notícias aos quatro cantos do mundo. E, claro, ainda aceita dólares norte-americanos como meio de pagamento intermediário. Mas imediatamente converte todos os dólares que receba da venda de petróleo e gás, em ouro físico.


Para compreender, basta observar a dinâmica do crescimento das reservas russas em ouro, e comparar esse dado com o que a Federação Russa recebe da venda de petróleo e gás no mesmo período.


Além do mais, no 3º trimestre, as compras russas de ouro físico alcançaram o ponto máximo histórico, nível recorde. No 3º trimestre desse ano, a Rússia comprou a incrível quantidade de 55 toneladas de ouro. É mais que todo o ouro que há em todos os bancos centrais de todos os países (segundo dados oficiais) somados.


No total, os bancos centrais de todos os países do mundo compraram 93 toneladas de ouro no 3º trimestre de 2014. Foi o 15º trimestre consecutivo de compras líquidas de ouro, pelos bancos centrais. Das 93 toneladas de ouro que os bancos centrais de todo o mundo compraram nesse período, a “fatia” russa é de 55 toneladas (Gráfico 2)





Não faz muito tempo, cientistas britânicos já haviam chegado a uma conclusão, que foi publicada no relatório U.S. Geological. A saber: a Europa não conseguirá sobreviver sem a energia que compra da Rússia. Traduzido para qualquer idioma do mundo, significa: “O mundo não conseguirá sobreviver, se o petróleo e o gás russos forem excluídos da massa global de oferta de energia”.


Implica, pois, que o mundo ocidental, construído sobre a hegemonia do petrodólar, está em situação catastrófica. Não sabe sobreviver sem o petróleo e o gás que recebe da Rússia, e agora a Rússia só se interessa por vender petróleo e gás ao ocidente em troca de ouro físico. O “truque”, na jogada de Putin, é que o mecanismo para a venda de energia ao ocidente em troca de ouro funciona sempre, mesmo quando, como agora, o ocidente pague pelo gás e petróleo russos com o seu dólar artificialmente desvalorizado.


Porque a Rússia, tendo fluxo regular de dólares da venda de petróleo e gás, em todos os casos, sempre, pode converter os dólares em ouro aos preços atuais, que o ocidente oferece a preços deprimidos. Quer dizer, com o preço do ouro, que foi artificial e meticulosamente rebaixado várias vezes pelo Fed e pelo Fundo de Estabilização do Câmbio, departamento especial do governo dos EUA (Exchange Stabilization Fund, ESF), contra o poder de compra artificialmente inflado do dólar mediante a manipulação dos mercados.


Fato relevante: Desde 2012, a manipulação dos preços do ouro para baixo, pelo Fundo de Estabilização do Câmbio, departamento especial do governo dos EUA – com o objetivo de estabilizar o dólar – foi convertida em lei nos EUA.


No mundo financeiro aceita-se como dado indiscutível que o ouro é um antidólar.


Em 1971, o presidente Nixon dos EUA fechou a “janela ouro”, pondo fim ao livre câmbio de dólares por ouro, garantido pelos EUA em 1944 em Bretton Woods.


Em 2014, o presidente Putin da Rússia reabriu a “janela ouro” – sem pedir licença a Washington.


Atualmente, o ocidente consome muito de seus esforços e recursos para manter deprimidos os preços do ouro e do petróleo. Por um lado, para distorcer a realidade econômica a favor do dólar norte-americano; por outro lado, para destruir a economia russa, que se recusa a fazer o papel de vassalo obediente do Ocidente.


Hoje, ativos como ouro e petróleo parecem proporcionalmente enfraquecidos e excessivamente desvalorizados contra o dólar norte-americano. É efeito do enorme esforço econômico que o ocidente está fazendo.


E agora Putin vende recursos energéticos russos em troca desses dólares artificialmente inflados por esforços do ocidente. Com os dólares inflados, ele imediatamente compra ouro, artificialmente desvalorizado em relação ao dólar dos EUA... por empenho do próprio ocidente!


Há mais um elemento interessante no jogo de Putin. É o urânio russo. 1/6 de todas as lâmpadas que há nos EUA dependem do suprimento russo de urânio. Que a Rússia vende aos EUA em troca de dólares, é claro.


Em troca do óleo, do gás e do urânio russos, o ocidente paga à Rússia em dólares, moeda cujo poder de compra está artificialmente inflado contra o petróleo e o ouro, por efeito de esforços do ocidente. Mas Putin usa os mesmos dólares para tirar ouro do ocidente, pelo preço em dólares norte-americanos que o próprio ocidente baixou tanto!


Assim, nessa dança e contradança brilhantes, Putin põe o ocidente, com os EUA à frente, na posição da cobra que furiosamente, agressivamente e aplicadamente vai devorando o próprio rabo.


A ideia dessa armadilha econômica para “segurar” o ocidente pode, muito provavelmente, ter saído da cabeça do próprio Putin. Mais provavelmente, foi ideia do Dr. Sergey Glazyev, Conselheiro da presidência russa para Questões Econômicas. Se não por isso, por que Glazyev, burocrata sem envolvimento no mundo comercial-empresarial, foi incluído, com vários empresários russos, na lista das sanções de Washington? E a ideia do economista foi brilhantemente aplicada por Putin, completamente apoiada por seu colega chinês – XI Jinping.


Particularmente interessante, nesse contexto, é a declaração feita em novembro, pela primeira vice-presidente do Banco Central da Rússia (BCR), Ksenia Yudaeva, que disse que BCR pode usar o ouro das reservas para pagar por importações, sendo necessário. Claro que, no que tenha a ver com as sanções, a declaração visa aos países BRICS, em primeiro lugar à China. Para a Rússia, a disposição dos russos de servir-se do ouro ocidental para pagar por importações, é altamente conveniente. Eis por quê:


– Recentemente, a China anunciou que deixaria de ampliar suas reservas em ativos denominados em dólares norte-americanos. Considerando o crescente déficit comercial entre EUA e China (a diferença hoje é cinco vezes, favorável à China), essa declaração, traduzida do idioma financeiro, significa: “A China parou de aceitar dólares em pagamento pelo que exporta”.


A imprensa-empresa mundial escolhe não noticiar esse que é o mais importante “evento” de toda a história monetária recente. A questão não é que a China literalmente se recuse a vender seus produtos para receber em dólares norte-americanos. É claro que a China continuará a aceitar dólares norte-americanos como pagamento “intermediário” por seus bens. Mas, recebidos os dólares, a China imediatamente cuidará de livrar-se deles e de substituí-lo por algo com mais “substância” nas suas reservas ouro e moedas.


Se não se assume tudo isso, não há como compreender as recentes declarações das autoridades monetárias chinesas: “Estamos detendo o crescimento de nossas reservas ouro e monetárias denominadas em dólares norte-americanos”. Significa que a China não mais comprará bônus do Tesouro dos EUA em troca de dólares armazenados do comércio com outros países, como fazia.





A China substituirá todos os dólares que receberá pelos bens vendidos, não aos EUA, mas ao mundo todo, com algo que não é denominado em dólares norte-americanos. A pergunta seguinte é interessante: com o que a China substituirá todos os dólares de seus negócios? Com que moeda, com que tipo de ativo? Análises da atual política monetária chinesa mostram que muito provavelmente os dólares que venham do comércio, ou parte considerável deles, a China os substituirá em silêncio – de fato, já estão sendo substituídos – por Ouro.


Nesse aspecto, a parceria solitária de russos e chineses é extremamente bem-sucedida para Moscou e para Pequim. A Rússia compra bens da China pelos quais paga diretamente em ouro, aos preços atuais. E a China compra recursos energéticos russos pelos quais paga diretamente em ouro, aos preços atuais. Nesse festival de celebração da vida entre russos e chineses, há espaço para tudo: bens chineses, recursos energéticos russos e ouro – como meio de pagamento nas duas direções. O dólar norte-americano é a única moeda que não tem lugar nesse festival de celebração da vida e da paz.


De fato, não é surpresa. Afinal, o dólar norte-americano não é nem produto chinês, nem recurso energético russo. Não passa de instrumento financeiro intermediário de quitação – e intermediário desnecessário.


Todos os intermediários desnecessários sempre serão, como sempre foram, excluídos de qualquer interação entre parceiros comerciais independentes.


Deve-se observar à parte que o mercado global para ouro físico é extremamente restrito, se comparado ao mercado mundial para petróleo físico. E o mercado para ouro físico é microscópico, comparado à totalidade dos mercados mundiais para entregas físicas de petróleo, gás, urânio e bens manufaturados. Repete-se sempre a expressão “ouro físico”, porque, no pagamento em vendas de recursos de energia, a Rússia não recebe recursos energéticos “de papel”. A Rússia está extraindo ouro do oriente, sempre em sua forma física, não na forma “papel”. É o que a China obtém, ao receber do ocidente o ouro “físico” desvalorizado, como pagamento por entrega física de produtos reais ao ocidente.


As esperanças do ocidente, de que China e Rússia aceitariam, para pagamento por bens e recursos energéticos, as chamadas moedas-merda, “merda-coin” [orig. shitcoin] ou o chamado “papel-ouro” de vários tipos, não se realizaram. À Rússia e à China só interessa o ouro, e como metal físico, como meio final de pagamento.


PARA REFERÊNCIA: O turnover do mercado de papel ouro, só de ouro futuro, é estimado em US$ 360 bilhões/mês. Mas a entrega de ouro físico é de apenas US$ 280 milhões/mês. A proporção entre papel-ouro e ouro físico é de 1.000:1.


Ao servir-se do mecanismo de retirar ativamente do mercado, um ativo financeiro artificialmente desvalorizado pelo ocidente (ouro), em troca de outro ativo financeiro, mas artificialmente sobrevalorizado pelo ocidente (o dólar norte-americano), Putin iniciou a contagem regressiva que leva ao fim da hegemonia mundial do petrodólar. E Putin empurrou o ocidente para um impasse, porque não há nenhuma perspectiva econômica positiva.


O ocidente pode consumir quantos esforços e recursos deseje para engordar artificialmente o poder de compra do dólar, baixar os preços do petróleo e baixar artificialmente o poder de compra do dólar. O problema, para o ocidente, é que os estoques de ouro físico que hoje estão no ocidente não são ilimitados. Assim sendo, quanto mais o ocidente desvalorize o petróleo e o ouro em relação ao dólar norte-americano, mais depressa o ocidente perde, porque desvaloriza o ouro que guarda em suas reservas finitas.


Nessa jogada brilhante de combinação econômica que Putin ativou, o ouro físico que sai das reservas ocidentais está rapidamente fluindo para Rússia, China, Brasil, Cazaquistão e Índia, os países BRICS. Ao ritmo atual de redução de reservas de ouro físico, o ocidente simplesmente não tem tempo para fazer qualquer coisa contra a Rússia de Putin, antes do desabamento e colapso de todo o mundo do petrodólar ocidental. No xadrez contra o relógio, a situação em que Putin meteu o ocidente – com os EUA à frente – chama-se “falta de tempo”, em alemão Zeitnot.


O mundo ocidental jamais antes assistiu aos eventos e fenômenos econômicos aos quais assistem hoje. A URSS vendeu ouro rapidamente quando os preços do petróleo desceram. A Rússia rapidamente compra ouro quando os preços do petróleo descem. Implica que a Rússia impõe hoje ameaça real contra o modelo norte-americano de dominação mundial pelo petrodólar.


O princípio chave do modelo do petrodólar mundial é permitir que os países ocidentais liderados pelos EUA vivessem à custa do sangue, do trabalho e dos recursos de outros países e povos, a partir do papel que tem a moeda norte-americana, dominante no sistema monetário global (SMG). O papel do dólar norte-americano no SMG é que é (ou foi) o meio derradeiro de pagamento. Significa que a moeda nacional dos EUA, na estrutura do SMG, é (ou foi) o derradeiro ativo para acumulação, que não faria jamais sentido cambiar por qualquer outro ativo.



BRICS

O que os países BRICS, liderados por Rússia e China, estão fazendo atualmente é alterar realmente o papel e o status do dólar norte-americano no Sistema Monetário Global. De meio de pagamento derradeiro-essencial, e de derradeiro-essencial ativo para acumulação, a moeda nacional dos EUA, por ação conjunta de Moscou e Pequim, está convertida em nada além de meio de pagamento intermediário. Sua serventia é “fazer a ponte”, até ser trocado pelo derradeiro-essencial ativo financeiro: o ouro. É assim que o dólar norte-americano perde seu papel de derradeiro-essencial meio de pagamento e derradeiro-essencial ativo para acumulação – e cede o trono a outro ativo monetário reverenciado, sem pátria ou nação ou aliados ou inimigos: o ouro.


Tradicionalmente, o ocidente sempre usou dois métodos para eliminar qualquer ameaça contra a hegemonia do modelo do petrodólar no mundo e todos os descabidos privilégios para o ocidente. Um desses métodos: as revoluções “coloridas”. O segundo método, comumente aplicado pelo ocidente quando falha o primeiro: agressão militar e bombardeio.


Mas no caso da Rússia esses dois métodos são ou impossíveis ou inaceitáveis no ocidente.


Porque, em primeiro lugar, a população da Rússia, diferente de muitos outros povos, não deseja trocar a própria independência e o futuro dos próprios filhos, pelos sanduichões apodrecidos que o ocidente chama de comida. Vê-se bem claro, pelos índices de aprovação de Putin, que as grandes agências ocidentais não se cansam de ‘pesquisar’ e, depois, têm de publicar.


A descoberta de que Alexei Navalny mantém relações estreitíssimas com o Senador McCain e com Washington derrubou toda a credibilidade que tivesse. A notícia do relacionamento entre eles foi assunto de noticiário.


Na sequência, 98% da população russa passou a ver Navalny [vive de denunciar “corrupções”, até agora sem qualquer prova contra Putin, e chegou a ser uma espécie de Aécim russo – embora mais rico, muito mais bonito e muuuuuuuito mais macho que o minerin (NTs)], apenas como sabujo, fantoche e vassalo de Washington e traidor dos interesses nacionais dos russos. E os “especialistas” ocidentais que ainda não enlouqueceram totalmente sabem perfeitamente que “revolução colorida” nunca funcionará no caso da Rússia.


Quanto ao segundo modo tradicional ocidental, da agressão militar direta, evidentemente Rússia não é Iugoslávia, nem Iraque nem Líbia. Em qualquer operação militar não nuclear contra a Rússia, em território russo, o ocidente, com os EUA à frente, estão condenados ao mais fragoroso desastre. E os generais do Pentágono, que são os comandantes de fato das forças da OTAN, já sabem disso.


Ataque nuclear à Rússia também é sem esperanças, inclusive o chamado “ataque nuclear preventivo para desarme”. A OTAN é simplesmente incapaz, em termos técnicos, de lançar qualquer ataque que desarmasse completamente todo o potencial nuclear da Rússia em suas diferentes manifestações. Um ataque massivo nuclear de retaliação contra inimigo ou pool de inimigos atacantes é absolutamente incontornável, se a Rússia for atacada. E a capacidade nuclear total dos russos é suficiente para que os sobreviventes invejem a sorte dos mortos.


Assim se esclarece suficientemente que atacar com armamento nuclear um país como a Rússia não é solução a ser considerada, para resolver o “problema” do colapso do mundo do petrodólar. No melhor dos casos, seria um último acorde no funeral do petrodólar. No pior dos casos, um inverno atômico, o fim da vida no planeta Terra, que ficará entregue a bactérias alteradas pela radiação.


O establishment econômico ocidental sabe e compreende a essência da situação, gravíssima e sem saída, em que o ocidente acabou preso, na armadilha com ferrolho de ouro que Putin urdiu. Afinal de contas, desde os acordos de Bretton Woods todos conhecemos a regra fundamental: “Quem tem mais ouro fixa a regra fundamental.” Mas ninguém, no ocidente, fala sobre a coisa. Não porque o ocidente não saiba onde está metido. Mas porque ninguém no ocidente sabe como o ocidente se safará, se safar-se.


Se se explicar ao público ocidental todos os detalhes do desastre econômico que se aproxima, o povo perguntará aos apoiadores do mundo do petrodólar a mais terrível das perguntas, que se pode formular mais ou menos assim:


– E por quanto tempo o ocidente consegue continuar a comprar petróleo e gás da Rússia e pagar com ouro físico?


E o que acontecerá ao petrodólar norte-americano depois que acabar o ouro físico no ocidente para pagar pelo petróleo, pelo gás e pelo urânio russos, além de outros produtos russos?


Ninguém no ocidente hoje sabe responder essas duas perguntas aparentemente simplíssimas. O nome técnico é xeque-mate, senhoras e senhores.


Fim de jogo.


A brincadeira acabou




POSTADO POR CASTOR FILHO




http://redecastorphoto.blogspot.com.br/2014/12/putin-o-grande-mestre-e-o-ferrolho-de.html

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Estados Unidos e Cuba retomam relações após 53 anos de embargo 17/12/2014



Em reunião do Mercosul, Dilma Rousseff falou sobre a reaproximação entre Cuba e Estados Unidos.
"Imaginamos que nunca veríamos esse momento do início da relação entre EUA e Cuba. Quero saludar o presidente de Cuba e o presidente dos EUA e principalmene o papa Francisco (intermediador do diálogo).


Esse é um momento que marca mudanca na civilização nos nossos dias. Um dia que marca o restabelecimento das relacoes interrompidas há muitos anos."

Cristina Kirchner também voltou a falar sobre o "dia histórico" entre Cuba e Estados Unidos:
"Um fato que nos comoveu a todos. Que bom que ocorreu durante uma reunião do Mercosul. Uma decisão inteligente do presidente dos Estados Unidos."

Em pronunciamento na Casa Branca sobre as relações dos Estados Unidos com Cuba, o presidente Barack Obama anunciou nesta quarta-feira a mais radical mudança na política americana em relação à ilha comunista em mais de meio século, abrindo negociações para normalizar as relações diplomáticas e reestabelecendo uma Embaixada americana em Havana.

"O isolamento não funcionou", disse Obama. "É hora de uma nova abordagem".

"Vamos começar a normalizar as relações entre nossos dois países", afirmou Obama, acrescentando que os Estados Unidos pretendem criar mais oportunidades para que americanos e cubanos trabalhem juntos.

"Aumentar o comércio é bom para americanos e para o povo cubano", disse Obama, que autorizou o aumento nas conexões de telecomunicações entre os dois países.

Enquanto falava em Washington, o presidente de Cuba, Raul Castro, também fazia seu próprio pronunciamento à nação em Havana. Os dois líderes conversaram por telefone por mais de 45 minutos na terça-feira, o primeiro contato presidencial significativo entre Estados Unidos e Cuba desde 1961.

Aos cubanos, Castro disse que a decisão do presidente Obama merece respeito e reconhecimento do nosso povo. Ele também agradeceu especialmente os esforços do Canadá e, principalmente do papa Francisco.

"Quero reconhecer o apoio do Vaticano e, em especial, do papa Francisco, na melhoria das relações entre Cuba e os Estados Unidos", afirmou Castro.

Porém, o líder cubano reafirmou que segue pendente um tema importante para o seu povo, que é o embargo econômico dos Estados Unidos sobre Cuba. Ele disse que instou o governo Obama a "remover os obstáculos que impedem ou restringem os vínculos" entre os dois países.

O anúncio de hoje ocorre após mais de um ano de negociações secretas entre Washington e Havana. O restabelecimento das relações diplomáticas foi acompanhado pela libertação do americano Alan Gross, preso há mais de cinco anos em Cuba, e a troca de um espião americano mantido em Cuba por três cubanos presos na Flórida.

Obama disse que a prisão de Gross era um "grande obstáculo" na normalização das relações entre os países. Gross desembarcou nesta manhã em uma base militar nos arredores de Washington, acompanhado de sua mulher e de alguns congressistas americanos. Ele foi imediatamente levado para um encontro com o secretário de Estado, John Kerry.

Como parte das medidas para retomar os laços diplomáticos com Cuba, os Estados Unidos vão reabrir em breve uma Embaixada em Havana e os governos trocarão visitas e contatos de alto nível. Washington também vai facilitar as viagens para Cuba, incluindo para permitir visitas familiares, negócios oficiais do governo dos EUA e atividades educacionais. As viagens de turismo, no entanto, permanecem proibidas.

E a Folha, que sempre foi contra, não perdeu tempo, anunciou em seguida:Alvo de críticas, financiamento do porto Mariel é golaço do Brasil


Com o porto de Mariel e outros inúmeros investimentos em Cuba, o Brasil é um dos países que estão mais bem posicionados para se beneficiar da queda do embargo americano à ilha, cuja negociação será anunciada hoje.


Alvo de críticas ferrenhas,-- por parte do PSDB-- o porto de Mariel, está a apenas 200 quilômetros da costa da Florida.


Depois da dragagem, poderá receber navios grandes como os Super Post Panamax, que Dilma citou várias vezes durante a cúpula da Celac este ano, e concorrer com o porto do Panamá.


Mesmo sem a dragagem, já será concorrente de portos como o de Kingston, na Jamaica, e das Bahamas, bastante movimentados.


O raciocínio do governo brasileiro sempre foi o de "entrar antes da abertura para já estar lá quando caísse o embargo".


Essa estratégia se provou acertada.

Dilma defende Porto de Mariel, em Cuba


A presidente Dilma citou o Porto de Mariel, em Cuba, financiado com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), pouco antes de embarcar de volta da Argentina para o Brasil. "Fico muito feliz com o acordo entre os Estados Unidos e Cuba porque toda a política do governo brasileiro até agora tem sido enfatizar, e não só do ponto de vista retórico, mas com ações concretas, a forma pela qual Cuba tem de ser integrada. Algo que foi tão criticado durante a campanha, o porto de Mariel, mostra hoje mesmo a sua importância para toda a região. E para o Brasil principalmente na medida em que hoje o porto é estratégico pela sua proximidade com os Estados Unidos", afirmou Dilma, na porta do carro oficial que a levou para a base aérea de Paraná.

O tema "Porto de Mariel" foi uma das principais críticas feitas pela oposição durante a campanha presidencial, vencida por Dilma no segundo turno por margem estreita de votos. Liderados pelo tucano Aécio Neves (PSDB-MG), os oposicionistas criticaram a decisão do governo federal petista de usar recursos subsidiados do BNDES para financiar a construção de um porto em Cuba, comandado há quase 56 anos pelos irmãos Fidel e Raúl Castro.

"Eu achei fantástica essa retomada das relações entre os Estados Unidos e Cuba. Acredito que isso é um marco das relações da nossa região", completou Dilma

http://osamigosdopresidentelula.blogspot.com.br/

Em cenário com petróleo em baixa e sanções, moeda russa perde 20% do valor em um dia 17/12/2014

Rafael Targino
Banco Central da Rússia chegou a elevar taxa de juros, mas efeitos foram limitados; ações dos dois maiores bancos do país despencaram


O rublo, a moeda russa, prosseguiu nesta terça-feira (16/12) a trajetória de queda (livre) registrada nos últimos dias e, em comparação com ontem, perdeu cerca de 20% do valor em relação ao dólar, fechando a 66,89. O movimento ajudou a puxar outras moedas de países emergentes para baixo, como o real brasileiro e os pesos mexicano e argentino.

Na segunda-feira (15/12), para tentar conter o movimento, o Banco Central do país elevou a taxa de juros em 6,5 pontos percentuais, para 17%. O efeito não foi, no entanto, duradouro: o rublo chegou a se valorizar, mas começou a cair pouco depois de os mercados abrirem. Desde o início do ano, o rublo já perdeu quase 60% do valor em relação ao dólar.

Fotos: Agência Efe

Mulheres passam em frente a casa de câmbio em Moscou; rublo perdeu quase 20% do valor face ao dólar nesta terça

As ações dos dois principais bancos do país – o Sberbank e o VTB – chegaram a cair 18% e 14%, respectivamente, na Bolsa de Valores de Moscou. Outras empresas russas, como a gigante de energia Gazprom (controlada pelo Estado russo) também tiveram queda nesta terça. A Apple fechou a loja virtual que mantinha no país por causa da volatilidade da moeda.

Em Moscou, houve filas no Sberbank para a troca de rublos por dólar.


O mercado russo está sendo diretamente afetado pela redução do preço do petróleo no mercado internacional – girando atualmente em US$ 60, o menor desde 2009 – e pelas sanções impostas pela comunidade internacional após a crise na Ucrânia e a anexação da Crimeia, que dificultam para bancos do país o acesso a crédito externo, por exemplo.

Com a queda do valor do petróleo, que estava ajudando a manter a economia do país, os efeitos do bloqueio começam a ser sentidos com mais intensidade. Analistas estimam que o crescimento da Rússia será ainda mais afetado com o derretimento do rublo e esperam uma queda de cerca de 5% para o PIB do país em 2014, em um ritmo que deve seguir em 2015.


Equipe econômica da Rússia vê rublo se descolando da situação do petróleo; PIB deve ser afetado

Por sua vez, o ministro de Desenvolvimento Econômico da Rússia, Aleksey Ulyukaev, afirmou o valor do rublo está se descolando da situação do petróleo. “Nós acreditamos que, claro, a cotação não é consistente com a situação macroeconômica, e pode-se vê-la se deslocando das dinâmicas do mercado de petróleo”, afirmou à agência RT, após sair de uma reunião com o presidente Vladmir Putin.

Segundo ele, não estão em discussão, por exemplo, medidas de controle de capitais, mas se propõe tentar aumentar a quantidade de moeda estrangeira no mercado local.

http://operamundi.uol.com.br/conteudo/noticias/38857/em+cenario+com+petroleo+em+baixa+e+sancoes+moeda+russa+perde+20+do+valor+em+um+dia.shtml

Petróleo como arma geopolítica de destruição em massa 17/12/2014

O preço do petróleo bateu mais um mínimo histórico. Os analistas acreditam que muito em breve ele chegará ao fundo e que se seguirá uma recuperação.

Por Serguei Duz, na Voz da Rússia





Na terça-feira (16), o preço do petróleo bruto Brent do mar do Norte caiu abaixo de 60 dólares por barril. Na opinião de alguns analistas, os preços caíram mais baixo do que as leis do mercado exigiriam. No entanto, para esta situação existem pelo menos duas razões, diz um dos principais especialistas da União de Industriais de Petróleo e Gás da Rússia, Rustam Tankaev.

“Infelizmente, aqui existem fatores que são difíceis de controlar de fora. O primeiro deles é o Estado Islâmico que está lançando petróleo no mercado mundial a preços muito baixos. Os militantes estão vendendo petróleo por armas e munições. No entanto, em seguida, o petróleo passa por várias mãos para esconder evidências de contrabando. Mas, mesmo assim, ele chega ao mercado a um preço inferior a 50 dólares por barril”, diz o analista.

“O segundo fator é a guerra de preços da Arábia Saudita contra o petróleo de xisto nos Estados Unidos. Estes processos definem o nível baixo dos preços. Quanto ao Estado Islâmico, os norte-americanos, aparentemente, irão parar o contrabando de petróleo de áreas capturadas por militantes. E os sauditas não podem manter os preços baixos durante muito tempo. É de esperar que no futuro próximo os preços irão crescer. Especialmente porque, com o baixo preço do petróleo, o seu consumo está aumentando, o que altera a relação entre oferta e a demanda”.

A situação atual afeta diretamente as chamadas petromoedas, entre as quais está também o rublo russo. As economias de alguns países em desenvolvimento, incluindo além da Rússia o Irã, a Venezuela, o Equador, a Nigéria e a Argélia, dependem diretamente de preços altos do “ouro negro”. Eles estão pedindo às monarquias do Golfo Pérsico que diminuam sua produção. Mas elas, aparentemente, não pretendem desistir. Em geral, elas também são inteiramente dependentes do petróleo. Mas só que o custo de mineração do petróleo no Oriente Médio ronda os 10 dólares.

Na opinião de representantes da Arábia Saudita, o preço de 40 dólares por barril não é o limite. Eles não vão cortar a produção mesmo com esse preço, porque o mercado conseguirá se estabilizar por si próprio. Na opinião de analistas da Agência Internacional de Energia, a tendência de queda dos preços do petróleo ainda não se esgotou. A Opep também prevê uma diminuição da demanda por petróleo em 2015. No entanto, o presidente do conselho de administração do banco russo Sberbank, German Gref, expressa um otimismo cauteloso.

“A dinâmica do preço do petróleo é negativa. Em algum momento acontecerá um ponto de viragem. Muito provavelmente, isso vai acontecer no segundo semestre do próximo ano. Mas, mesmo assim, o preço não vai ser transcendental”.

Segundo a maioria dos analistas russos, o petróleo começará a voltar ao nível de 80 dólares já no próximo ano. Pode-se argumentar sobre o ritmo desse processo, mas o petróleo no mundo de hoje não pode ser barato, diz o chefe do departamento de economia do Instituto de Energia e Finanças, Marsel Salikhov.

“A tendência de longo prazo é de aumento do preço. Simplesmente partindo do custo de produção de novos projetos em plataformas continentais e em outras condições geoclimáticas difíceis. Tais projetos não poderão ser realizados a um preço de 70 dólares por barril. E se eles não forem realizados, não haverá petróleo suficiente para uma economia em crescimento. E o preço irá aumentar logo duas vezes. A extração não reage a estes processos imediatamente. Podem passar uns cinco anos até que ela recupere. A falta do produto é sempre equilibrada pelo seu preço”.

O mercado de energia, bem como quaisquer outros mercados, passa por ciclos. E ele é certamente influenciado por fatores geopolíticos. Hoje em dia, o curso econômico é definido pela política. Os principais jogadores atuam deliberadamente contra o mercado. Mas dentro em breve o instinto de autopreservação irá forçá-los a dar prioridade ao fator sensatez e racionalidade.

http://www.vermelho.org.br/noticia/255506-9

A crise mundial do petróleo como você NÃO ver na imprensa 17/12/2014


Diário do Centro do Mundo



Postado em 16 dez 2014 por : Paulo Nogueira



Em sua eterna luta para jogar mais sombras onde já não existe luz, a imprensa brasileira está ignorando o fato mais importante do ano na economia mundial: a dramática queda do preço do petróleo.

É um fato que terá impactos brutais no mundo globalizado, mas a mídia nacional prefere centrar seus holofotes na Petrobras, como se se tratasse de um caso único de depressão num ambiente de extrema alegria.

Desde junho, quando atingiu o pico de 115 dólares o barril, o preço do petróleo caiu pela metade. Nesta semana, o barril está sendo vendido na casa dos 60 dólares.

Vários fatores se somaram para que isso acontecesse, mas você pode resumir a explicação na tradicional lei da demanda e da oferta.

A produção de petróleo, hoje, supera amplamente o consumo.

Isso está ligado à crise econômica mundial. Com sua economia se desacelerando, a China consome hoje muito menos petróleo do que fazia. O mesmo ocorre com outra potência, a Alemanha.

Os Estados Unidos, tradicionalmente os maiores importadores, está quase auto-suficiente, graças ao “shale oil” — saudado como uma revolução no campo energético.

Trata-se, essencialmente, da extração de gás e petróleo do xisto, um tipo de rocha.

Reduzida a demanda, era esperado que a OPEP, a organização que congrega os maiores exportadores, baixasse sua produção, para defender o preço.

Mas não.

Para surpresa generalizada, a OPEP, numa reunião em novembro, decidiu manter a produção nos mesmos níveis.

Foi quando o universo do petróleo entrou em convulsão.

Mas por que os produtores tomaram essa decisão?

Especialistas acham que o objetivo maior é matar o “shale oil” americano. A extração é muito mais cara. Caso o barril fique barato, a indústria do “shale oil” tende a se inviabilizar, e esta seria uma excelente notícia para os países da OPEP.

Mas efeitos muito mais imediatos da baixa da cotação estão já sendo sentidos em países como a Rússia, o Irã e a Venezuela. Todos eles dependem visceralmente das exportações de petróleo.

Para o orçamento russo se manter equilibrado, o barril deve estar na faixa dos 100 dólares.

Economistas já preveem uma queda de 5% do PIB russo em 2015. O sofrimento russo deu margem a que fosse ventilada a teoria de que por trás de tudo estariam os Estados Unidos, empenhados em criar problemas para Putin.

Faz sentido? Faz. Ou pode fazer. Mas o custo, para os americanos, é elevado. Sua florescente indústria de “shale oil” pode simplesmente se desintegrar.

E o Brasil, no meio disso tudo?

O quadro ainda não é totalmente claro. Há alguns benefícios: apesar de produzir como nunca, o Brasil ainda é um grande consumidor de petróleo.

Isso significa que as despesas de importação se reduzirão substancialmente. É, também, um alívio financeiro para a Petrobras, que subsidia os consumidores brasileiros.

A Petrobras vende a gasolina no Brasil por um preço inferior àquele pelo qual ela compra. O subsídio se destina, primeiro e acima de tudo, a controlar a inflação.

A ameaça mais séria, para o Brasil, vem do pré-sal. Como o “shale oil” americano, a extração do pré-sal é mais cara que a convencional.

Alguns estudos sugerem que com o barril a 40 dólares o pré-sal se inviabilizaria. Mas antes disso a vítima seria a indústria americana de óleo alternativo.

É razoável supor que o barril não descerá muito além dos 60 dólares.

A OPEP disse que ia esperar uns meses para ver o que ocorria. Um preço muito baixo, por um tempo longo, poderia ser fatal para a OPEP.

Assim, é presumível que, em algum momento nos primeiros meses de 2015, a produção seja reduzida para que o preço se recomponha.

Enquanto isso, as companhias petrolíferas são ferozmente castigadas. Nos últimos seis meses, as ações da Goodrich Petroleum caíram 86%. As da Oasis Petroleum, 75%.

A Petrobras é um caso entre muitos, e não um caso único, ao contrário do que a imprensa brasileira noticia.

Nada na economia mundial, em 2014, foi tão importante quanto o colapso dos preços do petróleo – mas a mídia brasileira, no afã de bater na Petrobras e consequentemente no governo, parece que não percebeu.



http://www.diariodocentrodomundo.com.br/como-a-queda-do-preco-do-petroleo-pode-afetar-o-brasil/

Algumas considerações sobre as ações da Petrobras 17/12/2014


SOBRE AS AÇÕES DA PETROBRAS - 

Diogo Costa

Tem coisas que me deixam intrigado. Uma delas é o papo furado da imprensa marrom a respeito das ações da Petrobras.

No último pregão do governo FHC, em 30 de dezembro de 2002, as ações da Petrobras estavam cotadas em R$ 4,31.

Desde o início do governo Lula houve uma intensa valorização destas ações, até o pico de R$ 45,46 em 21 de maio de 2008.

Depois de maio de 2008 o valor das ações não parou de cair, em especial após o Crash de 15 de setembro do mesmo ano, quando a cotação ficou em R$ 25,80.

Dilma Rousseff iniciou o seu mandato com as ações da companhia valendo R$ 24,71 e hoje a cotação ficou em R$ 9,38.

Digo tudo isso porque é a partir daí que se pode extrair algumas conclusões:

1) No fim do período tucano as ações da Petrobras valiam menos da metade do que valem hoje;
2) Com Lula houve uma imensa valorização, até o mês de maio de 2008;
3) De maio de 2008 em diante, passando pelo Crash de setembro do referido ano, as ações só fizeram cair;
4) O processo de queda no valor de mercado da companhia começou, portanto, em maio de 2008. Não começou agora nem com Dilma.

Percebam que qualquer discussão séria sobre o mercado acionário brasileiro ou mundial tem que passar obrigatoriamente pela questão do Crash de 2008.

Os impactos desse evento se fazem sentir até hoje em todas as bolsas de valores do mundo, não só do Brasil.

De resto, é de uma futilidade total essa conversa de 'valor de mercado'.

Ao fim e ao cabo o que importa não é o capital fictício que não produz um único e mísero prego, mas sim a produção real de uma ou outra empresa.

Isto se mede através do faturamento e do lucro líquido.

E é aí, no mundo concreto, da produção, que devemos concentrar esforços analíticos.

O faturamento da Petrobras no último ano tucano, em 2002, foi de R$ 69 bilhões. No ano passado o faturamento ficou em R$ 304 bilhões e a projeção deste ano é de um faturamento de mais de R$ 330 bilhões.

Quanto ao lucro líquido, a média nos 08 anos de FHC/PSDB ficou em R$ 4,2 bilhões. Nestes primeiros 11 anos de governos de Lula/Dilma/PT (2003 a 2013), a média do lucro líquido ficou em R$ 25 bilhões.

Para falar nessa questão das ações da Petrobras, com um mínimo de respeito pelos fatos, também é preciso tocar no assunto da desvalorização recente das commodities.

O petróleo, por exemplo, fechou cotado hoje a US$ 60 o barril do tipo brent (menor cotação desde julho de 2009).

O resto, com todo o respeito, é apenas perfumaria e sensacionalismo barato da imprensa marrom e militante.

http://jornalggn.com.br/comment/534847#comment-534847

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Colapso do petróleo e do sistema financeiro ameaçam expropriar os fundos de pensões 16/12/2014



O otimismo do fracking e a ilusão de um preço do petróleo em 110 dólares o barril mobilizou enormes recursos financeiros para a produção de crude que acabaram por saturar o mercado. A nova bolha especulativa acabou por entrar em colapso, à luz do enfraquecimento da procura. Por Marco Antonio Moreno, El Blog Salmón
13 de Dezembro, 2014 - 22:27h



Produção de petróleo nos Estados Unidos não para de crescer.


Os preços do petróleo caíram 40 por cento desde junho, ao ritmo do colapso dos títulos lixo do sector energético dos Estados Unidos, que apostou desmedidamente no apogeu do dispendioso fracking. Desde que, em julho de 2008, o petróleo atingiu os 145 dólares por barril, a indústria do fracking dos EUA disparou e a produção de petróleo passou de 4 milhões de barris diários (mbd) a 9 mbd, competindo, em volume de produção, com a Arábia Saudita e a Rússia (10 e 9 mbd, respetivamente). Isto foi feito com base na especulação financeira, que agora será coberta com o confisco dos fundos de pensões.

Como afirmamos em julho do ano passado, amanipulação do preço do petróleo levou o ouro negro a um nível artificialmente alto; nesse artigo afirmávamos que esse valor, se não fosse manipulado, andaria em torno dos 80-60 dólares o barril. Esta manipulação foi claramente fabricada pelos interesses financeiros que procuravam impulsionar a indústria do fracking. O excesso de oferta da indústria petrolífera está agora a levar a liquidar em 80 centavos de dólar as alavancadas posições destas empresas, instalando novamente o epicentro da crise no sistema financeiro, pela sua facilidade para especular com os preços. Desta vez, no entanto, e graças a Jean-Claude Juncker, é o dinheiro do contribuinte que vai salvar estas empresas.

A bolha do fracking

Apesar de haver uma tendência para se pensar que a queda dos preços é sinónimo de baixa dos custos de produção e que o temido "pico do petróleo" se está a afastar, a verdade é que os preços de muitos recursos básicos estão a diminuir ao mesmo tempo pela queda da procura global. As commodities caem a pique, acentuando assim os problemas deflacionários que darão uma nova estocada a esta crise, no seu sétimo ano de desenvolvimento.

Os preços do petróleo foram manipulados longamente para dar folga e permitir o auge do fracking, até que esta bolha rebentou. Enquanto o custo da extração de petróleo "normal" é de 30 dólares o barril, o custo do barril de petróleo obtido através da fraturação hidráulica é de 60 dólares. O estouro da bolha do fracking confirma a falácia de que a fraturação hidráulica constitui uma fonte energética para cem anos, como declarou o presidente Obama em 2012. Um artigo publicado na semana passada na revista Nature põe em dúvida o desmedido otimismo desta indústria.

O otimismo do fracking e a ilusão de um preço do petróleo em 110 dólares o barril mobilizou enormes recursos financeiros para a produção de crude que acabaram por saturar o mercado. O fracking não fez mais do que criar uma nova bolha especulativa que acabou por entrar em colapso, à luz do enfraquecimento da procura. O colapso do preço do petróleo levou o seu valor ao nível mais baixo dos últimos cinco anos e a uma queda que pode arrastá-lo para os 50 dólares e até para os 40 dólares o barril, obrigando ao encerramento das extrações por fracking que operam com custos de 60 dólares.
Queda dos preços do petróleo é impulsionada pelo aumento de produção via "fracking" e pela redução do consumo

O novo risco para o sistema financeiro

Os alavancados empréstimos semeados no período da euforia do fracking provocam agora novos temores nos mercados financeiros pelos incumprimentos de dívidas que podem afetar todo o comércio internacional. Os baixos preços que se obtêm hoje por cada barril de petróleo levam as companhias petrolíferas a terem dificuldades de pagar os juros dos empréstimos financeiros contraídos no período de auge. E como os fluxos de caixa se reduziram, esta situação também põe a banca em apuros, começando a sofrer um estrangulamento financeiro, e ver-se-á obrigada a elevar as taxas de juro destes empréstimos pelo aumento do risco, acelerando o incumprimento da dívida. Desta forma, a enorme quantidade de dívida que as companhias petrolíferas adquiriram para investir na onerosa tecnologia do fracking converteu-se no novo risco do conjunto do sistema financeiro.

No entanto, o que está em risco agora não é só o fraudulento sistema financeiro mas também as poupanças e os fundos de pensões de milhões de contribuintes em todo o mundo. Desde os resgates bancários do ano de 2008 que houve um grande debate sobre a necessidade de mudar o sistema e evitar esses monstros bancários "demasiado grandes para cair" que tinham de ser resgatados pelos governos. Agora quer-se obrigar os depositantes e os fundos de pensões a cobrir as perdas do sistema financeiro, tal como se fez no Chipre. Como advertimos na altura, o Chipre foi o laboratório para pôr à prova o confisco dos depósitos dos poupadores e dos fundos de pensões.

Esta nova regra foi aprovada na cimeira do G-20 realizada na Austrália no passado mês de novembro e pode ser posta em prática a qualquer momento. Por isso não devemos descartar que a violenta queda dos preços do petróleo seja uma estratégia destinada à apropriação, quanto antes, desses recursos. Se o preço foi manipulado com astúcia e precisão na subida, também pode ser manipulado na baixa para fazer uso quanto antes da nova disposição de Angela Merkel e Jean-Claude Junker. As contas bancárias e os fundos de pensões estão em risco de serem confiscados por esta nova agonia do sistema financeiro, ocasionada desta vez pela excessiva cobiça das empresas petrolíferas.

9 de dezembro de 2014

Tradução de Luis Leiria para o Esquerda.net

http://www.esquerda.net/artigo/colapso-do-petroleo-e-do-sistema-financeiro-ameacam-expropriar-os-fundos-de-pensoes/35125

O Brasil e a Petrobrás 16/12/2014


15/12/2014 [*] Adriano Benayon
Texto enviado pelo autor
Ilustrações catadas na internet pela redecastorphoto





1. O Brasil vive batalha decisiva de sua História: a da sobrevivência da Petrobrás como empresa nacional. E isso com qualquer resultado, pois a eventual derrota poderá ser o marco, a partir do qual o povo brasileiro resolva partir para o basta e reverter o lastimável processo dos últimos 60 anos em que praticamente só acumula derrotas do ponto de vista estrutural.


2. Principalmente desse ponto de vista, porque, mercê da estrutura que se formou na Era Vargas, ainda foram colhidas − por muito tempo e até os dias de hoje − grandes vitórias em termos de desenvolvimento de tecnologia e capacidade produtiva no País.


3. O progresso estrutural do Brasil ocorreu, até 1954, não apenas em função de investimentos do Estado, mas também por ter este agido como promotor da indústria privada, tendo, antes daquele ano fatídico, surgido firmas nacionais de ótima qualidade, algumas das quais já se tinham tornado grandes.


4. Essas foram as primeiras e grandes vítimas do modelo de dependência financeira e tecnológica adotado desde 1955 e no quinquênio de JK, quando o Estado foi usado como promotor da desnacionalização da indústria, o que gradualmente levou à da dos demais setores da economia.


5. Os governos militares (1964-1984), embora se tenham submetido às regras e imposições do sistema financeiro mundial − criaram estatais importantes, como a EMBRAER, em 1969, possibilitada pela criação do Centro Técnico Aeroespacial (CTA), em 1946, e do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), em 1950.


6. A EMBRAER foi uma das inúmeras grandes estatais criminosamente privatizadas pela avalanche de corrupção dos anos TUCANOS (principalmente nos anos 1990s), que atingiu também a TELEBRÁS, fundada em 1972, a qual igualmente gerara excelentes resultados em produções realizadas com tecnologia nacional, e foi totalmente esvaziada pelas concessões entreguistas do sistema de telecomunicações.



EMBRAER- Instalação de S. J. dos Campos

7. Em 1990, Collor, o primeiro presidente eleito pelo voto direto – de resto, mediante incríveis manipulações, negadoras da essência da democracia – encaminhou a Lei de Desestatização, juntamente com denso pacote de legislação antibrasileira, formulado em Washington e meteoricamente aprovado pelo complacente Congresso.


8. Interessante que os governos militares – não só haviam mantido as estatais da Era Vargas - mas criaram várias outras. Entretanto, os indivíduos ideologicamente amestrados atribuem comunismo ou esquerdismo aos que, em favor do desenvolvimento, reconhecem a importância de empresas e de bancos estatais.


9. Se não estivessem mentalmente controlados pelo sistema de poder mundial veriam que as estatais, além do que realizam diretamente, são fundamentais para viabilizar, ao abrir concorrências, encomendas e financiamento a empresas privadas nacionais, que, com isso, geram empregos qualificados e elevam o padrão tecnológico do País.


10. Ademais, acabar com as estatais significa deixar à mercê dos carteis e grandes grupos privados o grande espaço estratégico – como é o caso da indústria do petróleo e derivados – inevitavelmente ocupado por empresas de grande porte, nos quais a dimensão inviabiliza a concorrência honesta entre empresas privadas.


11. Antes de explicar por que a corrupção não é inerente à natureza das estatais – ao contrário do que imaginam os impressionados pelos inegáveis escândalos de corrupção que têm assolado a Petrobrás – convém lembrar a incoerência dos que se escandalizam com a brutal concentração de renda, cada vez mais acentuada em todo o mundo, e propõem privatizações, cujo efeito tem sido tornar a concentração econômica ainda mais aguda e sociamente insuportável.


12. De fato, todos estão tendo acesso a informações de que, neste mundo de mais de seis bilhões de habitantes, pouco mais de cinquenta grupos financeiros controlam praticamente todas as transnacionais em atividade no Planeta. Fosse isso pouco, o analista da moda, Thomas Piketty, tem observado que a concentração de riqueza tem sido grandemente subestimada, mesmo nos países sedes da oligarquia financeira mundial.


13. E por que foi implantada a corrupção na Petrobrás? Porque a estrutura de poder político já se tornara dominada pelos interessados em desmoralizá-la e eventualmente privatizá-la e/ou liquidá-la. Amiúde, o primeiro passo dos agentes imperiais é minar e desmoralizar a administração estatal, para justificar a privatização.


14. De fato, a corrupção foi intensificada durante governos aqui instalados (Collor e FHC) com o projeto de tornar definitivo e irreversível o atraso do Brasil e sua submissão aos centros de poder mundial, na vil posição de fornecedor de recursos naturais, presidindo a abertura de buracos no lugar das estupendas reservas de minerais estratégicos e preciosos, sem que isso sequer impedisse o crescimento vertiginoso dos déficits de comércio exterior e do endividamento público.




Desnacionalização da economia

15. A desnacionalização predadora não começou com os dois que foram os primeiros eleitos sob o novo regime pretensamente democrático. Mas eles fizeram profundas reformas na estrutura de mercado − com o usual beneplácito do Congresso − para torná-la ainda mais talhada de acordo com os interesses dos carteis transnacionais. E o PT não fez reverter essa tendência.


16. Em relação à Petrobrás, FHC promoveu a aprovação da Lei 9.478, de 06.08.1997, que eliminou, na prática, a norma constitucional do monopólio da União na produção, refino e transporte do petróleo, não formalmente revogada.


17. Essa lei permitiu, assim, a exploração de imensas jazidas descobertas pela Petrobrás na plataforma continental, por carteis transnacionais, liderados pelas gigantes empresas angloamericanas que − há mais de um século − têm preponderado no produto de maior expressão no comércio mundial.



Pedro Celestino

18. Ademais, dita Lei criou a Agência Nacional do Petróleo (ANP) no esquema de esvaziar a administração do Estado, terceirizando-a para agências ditas públicas, dotadas de autonomia e postas sob a direção de executivos e técnicos ligados à oligarquia financeira angloamericana.


19. Um desses − genro de FHC − David Zylberstajn, foi nomeado diretor-geral da ANP. Como lembrou o engenheiro Pedro Celestino, em excelente artigo, teve início, sob o comando de Zylberstajn,


(...) o leilão das reservas de petróleo brasileiras, em modelo que não se aplica no mundo desde o primeiro choque do petróleo, permitindo à concessionária apossar-se do petróleo produzido, remunerando o Governo com royalties, ao invés de receber por prestação de serviços.


20. As constatações de corrupção nas encomendas da Petrobrás − em inquérito da Polícia Federal, ainda não terminado − estão servindo de tema para a campanha de desestabilização e impeachment da Presidenta da República e, também, de argumento favorável à privatização.




Petrobrax - o sonho tucano

21. Nenhum desses objetivos sustenta-se em bases justificadas, pois o autor da delação premiada tornou-se diretor da Petrobrás no governo de FHC, mentor do partido que se pretende beneficiar com a derrubada de Dilma Rousseff ou sua transformação em títere completo do capital estrangeiro, o qual tem no PSDB seus principais serventuários locais.


22. Ademais, o delator Paulo Roberto Costa praticou, ele mesmo, os crimes que denuncia, em prejuízo do patrimônio público e em ofensa à moralidade da Administração, como também cometeram políticos de diversos partidos que têm exercido cargos diretivos na Petrobrás.


23. Paulo Metri, outro competente e experiente engenheiro da Petrobrás, reafirma ser indispensável investigação profunda na estatal. Ressalva, porém, que a exposição antecipada de fatos investigados pode ter tido por meta somente derrubar as intenções de votos pró-Dilma.


24. Assinala que a presidenta não tolheu as ações da Polícia Federal, nem tem um engavetador para sumir com os processos. Nota: alusão ao PGR de FHC −Geraldo Brindeiro − conhecido como Engavetador−Geral da República.



Paulo Metri

25. Metri considera imprescindível punir, com rigor, os agentes públicos comprovadamente corruptos e também os esquecidos corruptores. Até porque, mais que o desvio de dinheiro, a corrupção com a Petrobrás atinge a auto-estima de que o País precisa para realizar seu projeto nacional.


26. Em relação à Petrobrás, é fundamental corrigir os vícios nela implantados e viabilizar seus investimentos, cuja enorme rentabilidade está assegurada em função das colossais descobertas que a estatal obteve na plataforma continental e no pré-sal.


27. A Petrobras – aduz Metri - tem vencido obstáculos, como extrair, de grandes profundidades e a distâncias da costa cada vez maiores, petróleo escondido abaixo de camadas incomuns, mercê de tecnologias especiais desenvolvidas por técnicos da estatal.


28. A qualidade destes depende da motivação e de que não sejam preteridos por políticos em cargos de direção nem por terceirizados.


29. Celestino e Metri lembram que FHC elevou desmesuradamente o salário de gerentes e superintendentes, o que os fez, por demais, temerosos de perder seus empregos, e omissos em resistir contra decisões suspeitas, tal como ocorre com terceirizados. Ademais, FHC liberou a Petrobrás de cumprir a Lei de Licitações, apoiado por decisão do ministro Gilmar Mendes, no STF.



30. Não basta para reverter o descalabro, evitar que Dilma seja substituída por alguém mais propenso a aceitar as imposições imperiais. Há que dar passos na restauração da soberania nacional, ferida inclusive pela alienação, quase graciosa, de 40% das ações preferenciais da Petrobrás, após a promulgação da Lei 9.478/1997, e pelos leilões do petróleo da plataforma continental e do pré-sal, nos governos do PT.


Outros artigos do professor Adriano Benayon:


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[*] Adriano Benayon: Consultor em finanças e em biomassa. Doutor em Economia, pela Universidade de Hamburgo, Bacharel em Direito, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ. Diplomado no Curso de Altos Estudos do Instituto Rio Branco, Itamaraty. Diplomata de carreira, postos na Holanda, Paraguai, Bulgária, Alemanha, Estados Unidos e México. Delegado do Brasil em reuniões multilaterais nas áreas econômica e tecnológica. Consultor Legislativo da Câmara dos Deputados e do Senado Federal na área de economia. Professor da Universidade de Brasília (Empresas Multinacionais; Sistema Financeiro Internacional; Estado e Desenvolvimento no Brasil). Autor de Globalização versus Desenvolvimento, 2ª ed. Editora Escrituras, São Paulo.


POSTADO POR CASTOR FILHO

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