segunda-feira, 30 de maio de 2011

Aposenadoria Sistema brasileiro será utilizado em Acordo Multilateral Iberoamericano


O sistema de gestão de informações de acordos internacionais, usado no Acordo Multilateral do Mercosul, também será utilizado para o Acordo da Convenção Multilateral Iberoamericana de Segurança Social. Apresentada pelo Ministério da Previdência Social ao Comitê Regional do Cone Sul da Organização Iberoamericana de Seguridade Social (OISS), a proposta brasileira foi aprovada por unanimidade em reunião, na última sexta-feira, em Buenos Aires, na Argentina.

De acordo com o secretário-executivo do Ministério da Previdência Social, Carlos Eduardo Gabas, a proposição será levada ao Comitê Permanente da OISS que se reunirá no dia 28 de junho, na cidade de Cartagenas das Índias, na Colômbia. O sistema foi desenvolvido pela Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social (Dataprev).

"Apresentamos também como sugestão que a OISS passe a discutir política de ampliação da proteção social, alinhada com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), para a implantação de piso de proteção social. A OISS vai colocar na pauta essa discussão", disse Carlos Eduardo Gabas.

http://portal.cruzeirodosul.inf.br/acessarmateria.jsf?id=301707

FINEP reformula programa Inova Brasil

Redação do Site Inovação Tecnológica - 27/05/2011
Pró-Inovação
O Programa FINEP Inova Brasil, de incentivo à inovação nas empresas brasileiras, acaba de sofrer ajustes.
Criado originalmente com o nome de Pró-Inovação e com sete linhas.
Agora, há apenas três linhas, porém com um conceito mais abrangente, sem o recorte setorial e com uma configuração mais integrada.
As taxas continuam indo de 4% a 8%, mas os prazos mudaram, e para melhor. Antes eram de 100 meses com carência de 20 meses e agora podem ir até 120 meses e ter até 36 meses de carência, conforme a linha.
Outra mudança relevante é que agora não são passíveis de apoio no âmbito do programa empresas sob controle de capital estrangeiro que exerçam atividade econômica não especificada no decreto nº 2.233, de 23/05/1997.
Investimentos estratégicos
O FINEP Inova Brasil trabalha atualmente com sete fontes de recursos - FNDCT (Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), Funttel (Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações), recursos próprios da FINEP e dois empréstimos, um do Tesouro e outro do PSI/BNDES.
Seu objetivo é apoiar os Planos de Investimentos Estratégicos em Inovação das Empresas Brasileiras, detalhados em metas e objetivos pretendidos durante o período de tempo do financiamento, em consonância com a Política de Desenvolvimento Produtivo - PDP do Governo Federal.
Seu público-alvo são médias, médias-grandes e grandes empresas.
Linha 1 - Inovação Tecnológica
Apoio a projetos de inovação de natureza tecnológica que envolvam risco tecnológico e oportunidades de mercado e que busquem o desenvolvimento de produtos ou processo novos ou produtos ou processos significativamente aprimorados (pelo menos para o mercado nacional).
Os encargos são de 4% ao ano e os prazos são de até 120 meses, com até 36 meses de carência.
Linha 2 - Capital Inovador
Apoio a projetos em capitais tangíveis, incluindo infraestrutura física e capitais intangíveis, que deverão ser consistentes com as estratégias de negócios das empresas e serem apresentados conforme plano de investimentos em atividades de inovação que capacitem as empresas a desenvolver atividades inovativas em caráter sistemático.
Os encargos são de 5% ao ano e os prazos de até 96 meses, com até 24 meses de carência.
Linha 3 - Pré-Investimento
Apoio a projetos de pré-investimento e de engenharia consultiva, intensivos em conhecimento, enquadrados nas políticas governamentais prioritárias.
Os encargos são de 8% ao ano e os prazos são de até 96 meses, com até 24 meses de carência. Esta linha está temporariamente inativa devido ao processo de estruturação de suas fontes de recursos.

http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=finep-programa-inova-brasil&id=020175110527

Brasil tem uma das maiores reservas de terras raras do planeta

Janaína Simões - Inova Unicamp - 24/05/2011
Brasil pode ter uma das maiores reservas de terras raras do planeta
As terras raras são 17 elementos químicos muito parecidos, mas que diferem no número de elétrons em uma das camadas da eletrosfera do átomo. São agrupadas em uma família na tabela periódica porque ocorrem juntos na natureza e são quimicamente muito parecidos.[Imagem: Peggy Greb/USDA]
O Brasil pode ser dono de uma das maiores reservas de terras raras do planeta, mas, hoje, praticamente não explora esses recursos minerais.
As terras raras são usadas em superimãs, telas de tablets, computadores e celulares, no processo de produção da gasolina, e em painéis solares.
Estimativas da agência Serviços Geológico Norte-Americano (USGS), apontam que as reservas brasileiras podem chegar a 3,5 bilhões de toneladas de terras raras.
De olho no potencial brasileiro, a Fundação Certi, de Santa Catarina, o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), de São Paulo, e Centro de Tecnologia Mineral (Cetem), do Rio de Janeiro, estão se articulando para dar apoio à iniciativa privada, caso o Brasil decida explorar esses recursos minerais e entrar no mercado.
Reservas de terras raras
Um mercado hoje inteiramente dominado pela China, responsável por 95% da produção e dona de 36% das reservas conhecidas. O valor do mercado mundial dos óxidos de terras raras é da ordem de US$ 5 bilhões anuais.
"Estamos nos estruturando para, caso alguém se interesse por entrar na mineração, a gente poder apoiar as iniciativas. Temos alguns projetos de pesquisa, mas começamos devagar porque se não amadurecer a mineração de terras raras no Brasil, não tem sentido a gente investir em pesquisa e desenvolvimento para exploração e produção", afirma Fernando Landgraf, diretor de inovação do IPT.
Como parte da ação das entidades acadêmicas de colocar o assunto em discussão e contribuir para o debate, Landgraf publicou um artigo no jornal Valor Econômico no dia 13 de abril, chamando a atenção para o potencial brasileiro.
Nos 3,5 bilhões de toneladas de terras raras, após os processos industriais que concentram e separam os elementos químicos que ocorrem de forma agregada nos minérios, há 52,6 milhões de toneladas de metal.
Essa estimativa do USGS consta no documento Os principais depósitos de elementos terras rara nos EUA - Um resumo dos depósitos domésticos e uma perspectiva global.
Com base em dados do geólogo da CPRM, Miguel Martins de Souza, publicados em revista científica especializada, a USGS calculou também que a reserva de 2,9 bilhões de toneladas de terras raras na mina de Seis Lagos, na Amazônia, resultaria em 43,5 milhões de toneladas de metal contido.
Em Araxá, Minas Gerais, em uma mina explorada pela Vale, haveria o segundo maior depósito brasileiro: a estimativa dada pelo documento é de 450 milhões de toneladas de terras raras e 8,1 milhões de metal contido para essa mina.
Terras raras
As terras raras são 17 elementos químicos muito parecidos, mas que diferem no número de elétrons em uma das camadas da eletrosfera do átomo. São agrupadas em uma família na tabela periódica porque ocorrem juntos na natureza e são quimicamente muito parecidos.
Também têm como característica comum os nomes complicados: lantânio, neodímio, cério, praseodímio, promécio, samário, európio, gadolínio, térbio, disprósio, hólmio, érbio, túlio, itérbio, escândio e lutécio.
Apesar do nome sugerir, esses metais não são tão raros como o ouro, por exemplo.
Se, até poucos anos atrás, não compensava para o Brasil entrar no setor, por não haver condições de competição com a China, o potencial das reservas brasileiras e o aumento dos preços das terras raras no mercado internacional podem tornar o negócio economicamente viável, defende o diretor do IPT.
Preços em disparada
Em média, os preços das terras raras no mercado internacional praticamente triplicaram nos últimos anos, segundo Landgraf.
O óxido de neodímio, que em janeiro de 2009 custava US$ 15 o quilograma, em janeiro de 2011 atingiu o valor de US$ 150 o quilograma.
"Na hora em que o preço sobe tanto, o que não era economicamente viável há três anos pode se tornar viável no presente. E o Brasil está na posição de ter a maior reserva de terras raras no planeta", aponta.
Algumas reservas do Brasil são bem conhecidas, particularmente as de fosfato em Poços de Caldas, Araxá e Catalão. As terras raras estão contidas nos rejeitos da mineração de fosfato. "São minas que não estão mais na fase de pesquisa mineral, mas de pesquisa de viabilidade econômica: sabemos quanto tem, mas é viável economicamente concentrar?", explica Landgraf.
Brasil pode ter uma das maiores reservas de terras raras do planeta
Os chamados superimãs, usados nos geradores de energia eólica e nos motores miniaturizados, são feitos de neodíminio, um dos componentes da família das terras raras. [Imagem: CREMC]
A China e as terras raras
O aumento de preços das terras raras está diretamente relacionado ao que ocorreu no mercado chinês, explica Landgraf. A preocupação com o meio ambiente aumentou muito na China nos anos mais recentes e o governo tem pressionado as empresas a melhorarem suas práticas.
Os produtores de terras raras estão sendo duramente atingidos, pois é uma atividade que causa elevado impacto ambiental na China. "Quando o governo chinês pressionou para organizar o aspecto ambiental da produção, muitas minas e pequenas empresas de processamento fecharam, diminuindo a oferta", acrescenta.
Além dessa contração no fornecimento, o mercado chinês não pára de crescer e o consumo de terras raras da China aumentou muito mais do que o consumo do resto do mundo.
"A China era exportadora porque não consumia muito, mas o aumento da demanda interna faz sobrar menos terras raras para serem exportadas", aponta. Há suspeita também de que os chineses estão adotando cotas de exportação, o que motiva outros países a comprarem mais desses minérios para estocar.
No ano passado, a China deu uma amostra de seu controle sobre o fornecimento de terras raras: embargou as exportações de terras raras para o Japão, em represália pela prisão de um comandante de um barco de pesca chinês em uma área marítima disputada por ambos os países. Os japoneses tiveram problemas, já que sua indústria é sustentada em produtos de alta tecnologia que usam as terras raras.
Diante desse panorama, os Estados Unidos, por exemplo, já elegeram as terras raras como recursos críticos para sua economia, igualmente baseada na produção e venda de produtos de alto conteúdo tecnológico. A empresa Molycorp Minerals, com operações na Califórnia, está investindo US$ 200 milhões para recolocar sua fábrica em operação.
Terras raras no Brasil
No Brasil também se observa alguma movimentação. O ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, conversa com a Vale sobre a possibilidade de a mineradora entrar no negócio, algo que precisará do apoio do governo, de condições de financiamento favoráveis, melhoria no transporte e logística e de investimentos em P&D para que o empreendimento possa competir com a produção chinesa, como apontou reportagem do jornal Valor Econômico de 11 de maio.
"Cerca de 10 empresas no Brasil estão discutindo o tema [entrar na produção de terras raras]. A Vale é citada por ser a maior, mas há outras interessadas, que não se manifestam publicamente", conta o diretor do IPT.
Outra iniciativa do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) está na negociação de um acordo de cooperação técnica em inovação com a Alemanha, pelo qual a projetos-pilotos de produção de superimãs, que usam terras raras, receberia apoio do Instituto Fraunhofer, conforme a citada reportagem do jornal paulista.
Outra iniciativa do governo, e que ganhou pouco destaque até agora, é a da empresa CPRM Serviços Geológicos do Brasil, vinculada ao Ministério de Minas e Energia (MME). Ela começou a executar em 2011 o projeto Avaliação do Potencial dos Minerais Estratégicos do Brasil, que vai identificar novas áreas em todo o território brasileiro onde pode haver ocorrência de terras raras. O projeto deve durar três anos e receber R$ 18,5 milhões em recursos, vindos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Somente em 2011 o governo planeja investir quase R$ 2,4 milhões no projeto, segundo a CPRM.
Tecnologia para exploração das terras raras
Landgraf afirma que as tecnologias para mineração e processamento de terras são dominadas.
"A gente já soube fazer, no passado, e temos competência para produzir terras raras. Não há um desafio tecnológico intransponível", prossegue.
Ele recorda que o Brasil fez superimãs na década de 90. "Havia cinco grupos de pesquisa, pelo menos, fazendo superimãs, isso foi meu tema no doutorado. Chegamos a ter uma empresa produzindo superimãs; ela quebrou em 1994", comenta.
Para o diretor do IPT, o problema é econômico. "A questão é saber se alguém tem cacife para montar uma empresa no Brasil, ou se podemos fazer um conjunto de empresas entrar no ramo, e enfrentar um possível dumping chinês", analisa.
Do ponto de vista da pesquisa e do desenvolvimento, Landgraf explica que seria preciso estudar a produção em escala industrial. "A gente fez coisas em escala laboratorial, não em escala comercial. Então, se houver decisão empresarial e do governo e o País entrar nesse setor, o próximo desafio é fazer a escala piloto dos processos para chegar à escala industrial", diz.
Ele acrescenta que hoje o Brasil tem instrumento para financiar as plantas industriais previstas em projetos de P&D que operem em escala piloto, como é o caso do Funtec, programa do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Tecnologia para o uso
Landgraf defende que o Brasil não seja um mero exportador de minerais, mas que desenvolva toda a cadeia de produção. Começa com a mineração e concentração das terras raras, etapas de menor valor na cadeia. A seguir passa pela indústria química, responsável por fazer a etapa de separação.
"Não existe imã de terras raras, existe imã de neodímio. As terras raras são quimicamente parecidas, então precisa separar uma da outra", explica. "A tecnologia necessária é relativamente sofisticada, mas sabemos fazer em universidades, institutos de pesquisa", prossegue.
Ele comenta que, no passado, havia grupos de pesquisa na USP, no Cetem, e em outros centros que faziam, em laboratório, a separação, mas tudo se desarticulou nos anos 1990, quando a China começou a praticar preços baixos no mercado internacional. "São Paulo tem tradição nisso, tínhamos a empresa Orquima, que depois foi adquirida pela Nuclebras e passou a se chamar Nuclemon, posteriormente incorporada pela Indústrias Nucleares do Brasil (INB)", recorda.
O mercado para venda de terras raras é crescente. Hoje, o mundo consome 150 mil toneladas por ano de terras raras, de acordo com o diretor do IPT. O neodímio, elemento químico mais usado dentro desse grupo, está presente nos superimãs. Estes, por sua vez, são cada vez mais usados em motores que precisam ter dimensões pequenas, como os que regulam bancos e espelhos em automóveis mais luxuosos.
"São imãs que permitem miniaturizar os motores. Esse mercado vai crescer muito", aponta Landgraf. O gerador de energia eólica pode ser feito com os superimãs, outro nicho de aplicação que se expande com a necessidade de fontes renováveis de energia.
O lantânio é usado para fabricar gasolina. Numa das etapas de produção do combustível na refinaria, os gases passam por cima de um catalisador de óxido de lantânio, que promove a junção das moléculas que formam a gasolina. "O Brasil consome 1.000 toneladas por ano de lantânio. Não é um grande mercado, mas se não tivermos lantânio, não fabricamos gasolina. Somos dependentes da China", destaca.
Os outros 12 elementos que formam o grupo terras raras são usados em menor quantidade em várias aplicações. O óxido de cério, por exemplo, é usado para polir lentes de óculos.
Nos LEDs brancos, que estão substituindo lâmpadas fluorescentes porque consomem menos energia, também se usa óxidos de terras raras. "O laser é verde, azul ou vermelho. Para obter a luz branca, o laser bate numa camada fluorescente branca e quem gera essa luz branca é uma mistura de óxidos de terras raras aplicada aos LEDs", explica. "Se o mercado de LEDs for crescer como indicam as projeções, será preciso muita terra rara", afirma.

http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=reservas-terras-raras-brasil&id=010160110524

terça-feira, 24 de maio de 2011

Brasil poderá ter 12 fabricantes de tablets

Redação do Site Inovação Tecnológica - 23/05/2011 
Tablets nacionais
O governo acaba de dar um passo importante para incentivar a produção de tablets no Brasil e tornar o produto mais acessível à população.
Foi publicada no Diário Oficial da União a Medida Provisória 534, que inclui na chamada "Lei do Bem" os computadores portáteis (tipo prancheta).
Os conhecidos tablets passam a pertencer à mesma categoria dos computadores convencionais e notebooks, definidos na MP como "máquinas automáticas de processamento de dados, portáteis, sem teclado, que tenham uma unidade central de processamento com entrada e saída de dados por meio de uma tela sensível ao toque de área superior a 140 cm2 (Tablet PC)".
A medida permite a isenção de impostos sobre o produto, como PIS/COFINS. Com isso, o preço dos tablets deverá ficar mais baixo na comparação com o similar importado.
A regulamentação faz parte de um acordo entre o governo federal e a iniciativa privada para alavancar a produção dos equipamentos no Brasil.
Fabricantes de tablets no Brasil
Segundo o Ministério da Ciência e Tecnologia, 12 empresas já manifestaram interesse em produzir tablets no Brasil:
  1. AIOX
  2. Compalead
  3. Envision
  4. Foxconn
  5. Itautec
  6. LG
  7. Motorola
  8. MXT
  9. Positivo
  10. Samnia
  11. Samsung
  12. Semp Toshiba
Nacionalização
Agora deverão ser definidas as regras para a fabricação, por meio do enquadramento dos tablets no Processo Produtivo Básico (PPB). O PPB vai definir os percentuais de componentes com produção local para que as empresas possam se beneficiar de incentivos fiscais.
Pelo menos 20% dos insumos usados na fabricação do tablets em território nacional deverão ter origem brasileira. Para isso, as empresas terão prazo para se enquadrarem à exigência.
A ideia é que seja proposta uma redução gradativa de importação e sua substituição por componentes nacionais. A cada ano, vão aumentando os percentuais de componentes produzidos no país.
Por exemplo, as placas de circuito impresso da placa-mãe deverão ter um índice de nacionalização de 80% em 2012 e de 95% em 2013.
40% mais baratos
A expectativa é que os tablets produzidos no Brasil tenham uma redução de preço de pelo menos 40% no preço final ao consumidor.
Outras reduções serão possíveis se os Estados apresentarem isenção ou redução de ICMS, que chega a 12%.
Uma portaria interministerial do Ministério da Ciência e Tecnologia e do Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior será publicada nos próximos dias com a definição dos detalhes para que as empresas possam obter a isenção.



http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=fabricantes-tablets-brasil&id=030175110523

"S&P eleva perspectiva de rating do Brasil para positiva " 23.05.11



A agência de classificação de risco Standard & Poor's anunciou hoje que revisou sua perspectiva para o rating de crédito soberano de longo prazo em moeda estrangeira do Brasil de estável para positiva. A perspectiva para o rating de crédito soberano de longo prazo em moeda local foi mantida como estável. A Standard & Poor's afirmou, no comunicado, que manteve o ratings em moeda estrangeira de longo prazo do País em BBB- e o rating de longo em moeda local em BBB+, classificação considerada como "grau de investimento".A classificação de risco é uma ferramenta usada pelos investidores na hora de decidir em que país irão colocar suas aplicações. Ela reflete o risco que um país tem de não honrar o pagamento de seus títulos. Quanto melhor é a avaliação, menor é o risco e, portanto, maior é a capacidade do país de atrair investimentos.A partir de um determinado patamar de classificação de risco o país é considerado "grau de investimento". Ou seja, o risco de calote é muito baixo. Muitos fundos de investimento estrangeiro direcionam recursos apenas para países que têm esta classificação. Com informações da agência Dow Jones.

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"Grécia acelera privatizações para reduzir a dívida" 23.05.11


A verdadeira agenda por trás da notícia da Der Spiegel de que a Grécia pensa sair do eurohttp://resistir.info/grecia/saida_da_eurozona.html
A Grécia arruinou-se ou foi conduzida à falência?http://resistir.info/grecia/muller_25fev10.html
"O nosso excedente é o défice dos nossos parceiros"http://resistir.info/grecia/defice_grecia.html
Grécia: A praga de três gerações de Papandreushttp://resistir.info/petras/petras_22mar10.html
Grécia compra 1.000 veículos de combate da Rússia http://en.rian.ru/mlitary_news/20090622/155316411.html
O governo grego anunciou nesta segunda-feira que venderá "imediatamente" as participações do Estado na empresa de telecomunicações OTE, no Banco Postal e nos portos de Pireu, perto de Atenas e Tessalônica, para reduzir a enorme dívida do país."O conselho de ministros decidiu proceder imediatamente a venda das participações da OTE, do Banco Postal, dos portos de Atenas e Tessalônica, bem como da empresa pública de águas de Tessalônica", disse o ministério das Finanças em comunicado divulgado ao fim de um conselho de ministros excepcionalmente longo.A reunião do governo grego foi dedicada à adoção de medidas adicionais, destinadas a sanear o sistema financeiro do país e reduzir a dívida, que este ano atingirá mais de 150% do PIB.Espera-se que o plano de privatizações do Estado renda 50 bilhões de euros até 2015.O governo grego "reiterou sua determinação de prosseguir com o programa de saneamento orçamentário, tomando medidas adicionais de mais de 6 bilhões de euros (...) para conseguir reduzir o déficit para 7,7% do PIB em 2011", meta exigida da Grécia por União Europeia e Fundo Monetário Internacional, seus principais credores, em troca de seu apoio financeiro.O OTE, cujo acionista principal é a alemã Deutsche Telekom, é o gigante das telecomunicações gregas, e o primeiro grupo de telecomunicações nos Bálcãs. Atenas tem uma participação de 20% em seu capital.A Deutsche Telecom dispõe de uma opção de compra que pode ativar até dezembro de 2011.O Estado grego também tem 34% do capital do Banco Postal, que está cotado na Bolsa de Atenas, e que se vangloria de ter obtido os melhores resultados entre as entidades bancárias gregas nas provas de resistência feitas em 2010.
O estabelecimento, que tem 146 sucursais próprias em 67 cidades gregas e também é acessível das 843 agências dos correios, reduziu sua dependência do Banco Central Europeu, o que está longe de ser o caso de outros bancos do país, que vivem graças à injeção de fundos.Sob a presidência do primeiro-ministro, Giorgos Papandreou, o conselho de ministros iniciou, ao meio-dia, o exame deste plano, cuja primeira cópia foi divulgada em meados de abril.A imprensa grega destacava, entre as novas medidas, "demissões no setor público" e "bombas fiscais" com uma alta dos impostos diretos, equivalente a "uma nova redução de salários".Criticadas pelo eleitorado, cujo apoio aos socialistas diminui, estas medidas podem socavar a economia, já asfixiada por cerca de três anos de recessão, e um desemprego que encosta em 16% e atinge 40% dos jovens.Em plena forma nas pesquisas de opinião, o ultraortodoxo Partido Comunista grego rejeitou qualquer diálogo com o governo, enquanto a oposição de direita, à qual a UE pede um compromisso claro, se opõe a mais rigor.Mas o governo teve que ceder diante da insistência dos representantes de UE-FMI, que realizam uma auditoria, excepcionalmente longa, prévia à entrega, prevista para junho, de outros 12 bilhões de euros do empréstimo de 110 bilhões concedidos à Grécia em maio de 2010.O rejeição deste dinheiro equivaleria à bancarrota do país, esmagado por uma dívida superior a 150% do seu PIB, advertiu Papandreou no domingo."Temos um caminho rumo à bancarrota e outro, difícil e doloroso, a um acordo" sobre um "plano que garanta empréstimos e o dinheiro necessário para que o país sobreviva", resumiu na segunda-feira o porta-voz do grupo parlamentar socialista, Christos Protoppas.Um ano depois do plano de apoio Europa-FMI, associado a um primeiro plano de austeridade, a Grécia não conseguiu recuperar só sua credibilidade, e os mercados estão dispostos a emprestar dinheiro só a juros próximos de 17%, que tornam praticamente impossível qualquer tentativa de refinanciar sua dívida por si só.O país, sob tutela, estuda a ampliação do prazo de devolução da ajuda outorgada em maio de 2010, enquanto a ideia de um reescalonamento da dívida se espalha pela Europa, apesar da posição fechada do BCE.

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"S&P eleva perspectiva de rating do Brasil para positiva " 23.05.11




A agência de classificação de risco Standard & Poor's anunciou hoje que revisou sua perspectiva para o rating de crédito soberano de longo prazo em moeda estrangeira do Brasil de estável para positiva. A perspectiva para o rating de crédito soberano de longo prazo em moeda local foi mantida como estável. A Standard & Poor's afirmou, no comunicado, que manteve o ratings em moeda estrangeira de longo prazo do País em BBB- e o rating de longo em moeda local em BBB+, classificação considerada como "grau de investimento".A classificação de risco é uma ferramenta usada pelos investidores na hora de decidir em que país irão colocar suas aplicações. Ela reflete o risco que um país tem de não honrar o pagamento de seus títulos. Quanto melhor é a avaliação, menor é o risco e, portanto, maior é a capacidade do país de atrair investimentos.A partir de um determinado patamar de classificação de risco o país é considerado "grau de investimento". Ou seja, o risco de calote é muito baixo. Muitos fundos de investimento estrangeiro direcionam recursos apenas para países que têm esta classificação. Com informações da agência Dow Jones.





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Forte presença brasileira faz real virar moeda corrente em Buenos Aires

Na capital argentina, é possível comer, assistir aos espetáculos e comprar lembranças com a moeda brasileira

BBC Brasil | 24/05/2011 06:06

A forte presença de turistas brasileiros na Argentina transformou o real em moeda corrente nos principais pontos turísticos do país e especialmente na capital, Buenos Aires. Empresas de táxi, lojas no aeroporto internacional de Ezeiza, restaurantes, cafés, lojas de produtos de beleza, camelôs e casas de tango são alguns que aceitam a moeda brasileira.
É possível comer, assistir aos espetáculos e comprar lembrancinhas com reais no bolso. Cada comerciante oferece a sua própria cotação, que pode variar entre 2,40 a 2,50 pesos por real - preço semelhante ao das casas de câmbio.

As amigas paulistas Sueli Mazer, de 58 anos, e Ana Paula Silva, de 28 anos, disseram que compram "de tudo" com reais em Buenos Aires. "Compramos roupas, xampú, presentes. Tudo com reais", disse Sueli. Mas elas fazem uma ressalva.  "É preciso apenas ficar atento ao valor que nos oferecem pela nossa moeda. Às vezes, pode não valer a pena."
As amigas entraram na loja Dodo, uma rede de produtos de beleza, no calçadão da rua Florida, onde se lia um pequeno aviso na vitrine: "Aceitamos reais". Na loja, as vendedoras María Joana, de 23 anos, e Juliana Martins, de 24 anos, disseram que a presença de clientes brasileiros é crescente. "Trabalho aqui há três anos, mas só recentemente a loja passou a aceitar reais. É que são tantos brasileiros que assim as vendas ficaram ainda mais fáceis", disse María Joana.
Segundo dados do governo da cidade de Buenos Aires, os brasileiros lideraram o ranking de turistas que chegaram à cidade em 2010 e nos primeiros quatro meses deste ano. Nas casas de câmbio da turística rua Florida é comum ver filas de comerciantes trocando reais por dólares ou pesos. Em algumas lojas vê-se um aviso na entrada: "Neste estabelecimento falamos português".

Foto: Márcia Carmo / BBC Brasil
Santiago Bustamante, gerente do restaurante Chiquilín, no centro de Buenos Aires
Poupança em real
O artesão Darío Ruben, de 31 anos, disse que está até poupando em reais para viajar de férias com a mulher para o Rio de Janeiro. "Só aceito real, euro, dólar e peso argentino. Neste ano já poupei R$ 1,4 mil com o que recebi dos brasileiros", disse.
A estudante mineira Thaissa Fernandes, de 22 anos, oferece shows de tangos para brasileiros a partir de R$ 120. O pagamento também é feito na moeda brasileira. Promotora da agência Magic Travel, na mesma rua Florida, ela ergue um cartaz oferecendo shows e city tours. "Eu ganho comissão, mas graças a esta imensa presença de brasileiros ganho muito mais aqui do que ganhava no Brasil. Aqui ganho 4 mil pesos por mês e em Minas, como estagiária, recebia 300 reais", disse.
As amigas paulistas Ângela Toniello, Regina Marques e Neide Granja, aposentadas, contaram que pagaram, com reais, quase todas as compras no shopping Galerias Pacifico, em Buenos Aires. "Estou vindo de Ushuaia e de El Calafate, na Patagônia, e lá também aceitaram meus reais", contou Ângela. No aeroporto de Ezeiza, pelo menos uma das empresas de táxis, a Vip Car, aceita pagamento em reais. Entre os cafés e restaurantes, a lista é ampla.
Casos, por exemplo, dos restaurantes La Dorita, nos bairros da Recoleta e Palermo, e Chiquilín, no centro. "O real está valorizado e muitos turistas brasileiros chegam aqui com a moeda no bolso. Então, pra gente vale a pena. Depois, trocamos ou guardamos", disse Santiago Bustamante, gerente do Chiquilín.
Mas fora do circuito turístico a moeda brasileira não tem aceitação. Os paulistas Vinícius Martins e Dagmar Pedroso, de 31, disseram que nada puderam comprar com reais no bairro do Onze, conhecido por ampla concentração de lojas e preços no atacado.
A cabeleirera María Romero, dona do salão Estúdio Recoleta, disse que recebe dezenas de clientes brasileiros por semana. Ela não aceita reais."Mas mesmo assim muitos fazem cabelos e unhas e, principalmente, compram xampú. E pagam com dólares", disse.


http://economia.ig.com.br/forte+presenca+brasileira+faz+real+virar+moeda+corrente+em+buenos+aires/n1596974565631.html

segunda-feira, 23 de maio de 2011

De que é feito 96 por cento de toda a matéria do universo? Astrônomos não sabem a resposta e não estão perto

Alguns dos primeiros astrônomos tiveram pressentimentos de que havia algo errado 
De que é feito 96 por cento de toda a matéria do universo? Astrônomos não sabem a resposta e não estão pertoWilson Santos
Da Redação em Salvador  Atualizado em 22/05/2011
Todas as estrelas, planetas e galáxias que podem ser vistos hoje representam apenas Quatro por cento do universo. Os outros 96 por cento é feito de um material que os astrônomos não podem ver detectar ou mesmo compreender.
Estas misteriosas substâncias são chamadas de energia escura e matéria escura. Astrônomos afirmar a sua existência com base em sua influência gravitacional sobre o que pode ser visto em pequenos pedaços do universo, mas a matéria escura e a energia continuam a iludir todos quanto a sua detecção.
"A esmagadora maioria do universo é: quem sabe?" explica o escritor de ciência Richard Panek, que falou sobre essas esquisitices do nosso universo no Centro de Pós-Graduação da City University of New York (CUNY), em Manhattan. "Não se sabe agora, e possivelmente para sempre."
No novo livro Panek, "4 por cento do Universo" (Houghton Mifflin Harcourt, 2011), Panek reconta a história de como a matéria escura e a energia escura foram descobertos. É uma história cheia de surpresas científicas incompreensíveis e de competição feroz entre os pesquisadores numa corrida para encontrar respostas.
A matéria escura
Alguns dos primeiros astrônomos tiveram pressentimentos de que poderia haver mais massa no Universo do que aquelas que podemos ver, isto ocorreu entre 1960 e 1970. Vera Rubin, uma jovem astrônoma do Departamento de Magnetismo Terrestre da Instituição Carnegie de Washington, observou as velocidades das estrelas em várias posições nas galáxias, e o resultado foi surpreendente.
A física newtoniana de forma simples previu que as estrelas na periferia de uma galáxia deveriam orbitar suas galáxias mais lentamente do que as estrelas no centro. No entanto, as observações de Rubin não encontraram nenhuma diminuição nas velocidades das estrelas em nenhuma galáxia. Em vez disso, ela descobriu que todas as estrelas em uma galáxia parecem fazer um círculo com o centro em aproximadamente a mesma velocidade.
"Isso significa que as galáxias deveriam estar explodindo, e serem completamente instáveis", disse Panek. "Alguma coisa está faltando aqui."
Mas a pesquisa por outros astrônomos confirmaram a descoberta ímpar. Em última instância, com base em observações e modelos de computador, os cientistas concluíram que deve haver muito mais matéria do que as galáxias que podemos ver contém, o que agora é óbvio para nós. Se as estrelas e gás que podemos ver dentro de galáxias são apenas uma pequena parte da sua massa total, então as velocidades que elas mantém realmente começa a fazer sentido. Pelo fato de não poder ser vista os astrônomos apelidaram essa massa invisível de matéria escura.
Onde ele está?
No entanto, nos quase 40 anos que se seguiram, os investigadores ainda não conseguiram descobrir do que a matéria escura é feita.
Uma hipótese popular é que a matéria escura é formada por partículas exóticas que não interagem com a matéria normal, ou mesmo a luz, e por isso são invisíveis. No entanto, sua massa exerce uma força gravitacional, assim como a matéria normal,razão do porque eles afetam as velocidades das estrelas e provocam outros fenômenos no universo.
No entanto, mesmo trabalhando arduamente, os cientistas ainda não conseguiram detectar qualquer uma dessas partículas, mesmo com os testes concebidos especificamente para atingir suas propriedades previstas.
"Eu acho que no lado da matéria escura existe algum desânimo entre as pessoas que são uma espécie de meio de carreira", disse Panek. "Eles entraram neste campo e pensaram: 'OK, nós vamos resolver esse problema e então vamos desvendar mais mistérios a partir daí." Mas 15 ou 20 anos depois, eles estão dizendo, 'eu tenho investido minha carreira nisso e não sei se vou encontrar alguma coisa real até que ela termine", algo realmente frustrante para cientistas tão capacitados.
Ainda assim, muitos sustentam a esperança de que estamos chegando perto e que experimentos como o recém-construído acelerador de partículas Large Hadron Collider (LHC), em Genebra, pode finalmente resolver o enigma.
A energia escura
A energia escura é possivelmente algo ainda mais desconcertante do que a matéria escura. É uma descoberta relativamente mais recente, e é um que os cientistas têm ainda menos chance de ter um entendimento breve.
Tudo começou em meados dos anos 90, quando duas equipes de pesquisadores estavam tentando descobrir o quão rápido o Universo estava se expandindo, a fim de prever se as galáxias continuariam a espalhar-se para sempre, ou se elas acabariam por deformação ao voltar sobre si mesmas em um "Big Crunch".
Para fazer isso, os cientistas usaram truques especiais para determinar as distâncias de muitas estrelas que explodiram em supernovas em todo o universo. Eles mediram cerca de seis velocidades para determinar quão rápido elas foram se afastando de nós.
Quando vemos estrelas muito distantes, estamos vendo "uma hora mais cedo" na história do universo, porque a luz dessas estrelas percorreu milhões talvez bilhões de anos-luz para chegar até nós. Assim, olhando para as velocidades das estrelas em várias distâncias nos diz o quão rápido o universo estava em expansão em vários pontos em sua vida.
Os astrônomos previram duas possibilidades: ou o universo foi se expandindo em torno da mesma velocidade ao longo do tempo, ou que o universo pode ter diminuído a sua expansão à medida que envelhece.
Surpreendentemente, os pesquisadores não observaram nenhuma destas possibilidades. Em vez disso, o universo parece estar acelerando a sua expansão.
Esse fato não pode ser explicado com base no que nós sabíamos do universo naquele momento. Toda a gravidade de toda a massa do cosmos deveria ter puxando o universo de volta para dentro, assim como a gravidade puxa a bola de volta a Terra depois de ter sido atirado para o ar.
"Há alguma outra força lá fora, ou algo em uma escala cósmica que neutraliza a força da gravidade", explicou Panek. "As pessoas não acreditam nisto logo de cara porque resultado é estranho."
A competição feroz
Os cientistas chamam essa força misteriosa de energia escura. Embora ninguém tenha uma boa idéia do que é a energia escura, ou por que ela existe, é a força que parece contrariar a gravidade e faz o universo acelerar a sua expansão.
A falta de uma boa explicação para a energia escura não parece ter arrefecido o entusiasmo dos cientistas por ela.
"O que eu ouço varias vezes é a forma como as pessoas estão animadas para trabalhar nesta área agora, enquanto esta revolução está acontecendo", disse Panek. "Os problemas são tão grandes e profundos, eles estão realmente bastante emocionado com isso."
Em geral, acredita-se que a energia escura contribuir com 73% de toda a massa e energia no universo. Outros 23 por cento é a matéria escura, o que deixa apenas 4 por cento do universo composto de matéria normal, como estrelas, planetas e pessoas.
Esta bizarra, mas aparentemente verdadeira conclusão, foi alcançada aproximadamente ao mesmo tempo pelos dois grupos que trabalham medindo a expansão do universo. A competição entre os grupos tornou-se muito controversa, disse Panek, e eles cresceram e se odeiam bastante.
No final, porém, os membros de ambas as equipes devem colher as recompensas de encontrar uma das maiores surpresas da história da ciência.
"Eu acho que é uma espécie de energia que quando descoberta vai dar aos descobridores o Nobel", disse Panek. "Há certamente esse pressuposto que é apenas uma questão de anos."

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sábado, 21 de maio de 2011

 

A sonda Galaxy Evolution Explorer da Nasa revela que energia escura é real

Os resultados dão suporte para a principal interpretação sobre como funciona a energia escura, e dão razão a Albert Einstein sobre a gravidade e a constante cosmológica. 
20/05/2011
Wilson Santos
 
Redação, em Salvador
Uma pesquisa que durou cinco anos e cobriu 200.000 galáxias, levou a uma das melhores confirmações de que é mesmo a energia escura que está acelerando a expansão do Universo.
O estudo, que representa um retorno de até sete bilhões de anos no tempo cósmico, usou dados da sonda espacial Galex (Galaxy Evolution Explorer: Exploração da Evolução das Galáxias) e do Telescópio Anglo-Australiano instalado na montanha Siding Spring, na Austrália.
Os resultados dão suporte para a principal interpretação sobre como funciona a energia escura - como uma força constante, afetando uniformemente o Universo e impulsionando sua expansão.
Por decorrência, os dados contradizem uma teoria alternativa, que propõe que seria a gravidade, e não a energia escura, a força que impulsionaria a expansão do Universo. De acordo com esta teoria alternativa, com a qual os novos resultados não são consistentes, o conceito de Albert Einstein da gravidade estaria errado, e gravidade tornar-se-ia repulsiva, ao invés de atrativa, quando atuando em grandes distâncias.
Lei da gravidade revisada pode dispensar matéria escura
"Os resultados nos dizem que a energia escura é uma constante cosmológica, como Einstein propôs. Se a gravidade fosse a responsável, então não estaríamos vendo esses efeitos constantes da energia escura ao longo do tempo," explica Chris Blake, da Universidade de Tecnologia Swinburne, na Austrália, e líder da pesquisa.
Energia escura
Acredita-se que a energia escura domine o nosso Universo, perfazendo cerca de 74 por cento dele. A matéria escura, uma substância não menos misteriosa, é responsável por 22 por cento. A chamada matéria normal, ou matéria bariônica - qualquer coisa que tenha átomos - representa apenas cerca de 4% do cosmos.
A idéia da energia escura foi proposta durante a última década, com base em estudos de estrelas distantes que explodiram, conhecidas como supernovas. As supernovas emitem uma luz constante e mensurável, o que as torna uma referência inigualável, que permite o cálculo de sua distância da Terra com grande precisão. As observações revelaram que algo - que veio a ser chamado de energia escura - estava fazendo aumentar a aceleração desses objetos celestes.
Energia escura versus gravidade
A energia escura disputa um cabo-de-guerra com a gravidade. A teoria atual propõe que, no início do Universo, a gravidade assumiu a liderança, dominando a energia escura. Cerca de 8 bilhões de anos após o Big Bang, com o espaço se ampliando e a matéria se diluindo, as atrações gravitacionais enfraqueceram e a energia escura tirou o atraso. Se isto estiver correto, daqui a bilhões de anos a energia escura será ainda mais dominante.
Os astrônomos prevêem que o nosso Universo será um verdadeiro deserto cósmico, com as galáxias se distanciando tanto umas das outras que quaisquer seres que viverem dentro delas não serão capazes de ver outras galáxias.
Era da energia escura
Esta é a primeira vez que astrônomos fazem essa checagem cobrindo todo o período de vida do Universo desde que ele foi dominado pela energia escura. A equipe começou montando o maior mapa tridimensional já feito das galáxias do Universo distante. Isto foi feito pelo Telescópio de ultravioleta GALEX, que mapeou cerca de três quartos do céu, observando centenas de milhões de galáxias.
O Telescópio Anglo-Australiano coletou informações detalhadas sobre a luz de cada galáxia, o que permitiu estudar o padrão de distância entre elas - ondas sônicas do Universo jovem deixaram marcas nos padrões de galáxias, fazendo com que pares de galáxias sejam separados por aproximadamente 500 milhões de anos-luz.
Essa "régua padrão" foi usada para determinar a distância entre os pares de galáxias e a Terra - quanto mais próximo um par de galáxias estiver de nós, mais distantes elas irão aparecer uma da outra no céu.
Tal como acontece com os estudos de supernovas, estes dados de distância foram combinados com informações sobre as velocidades nas quais os pares estão se afastando de nós, revelando, mais uma vez, que o tecido do espaço está se esticando cada vez mais rápido.

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A geopolítica das companhias transnacionais

As principais economias emergentes estão a consolidar-se num centro novo e a formar desde já uma periferia própria. É toda uma outra geopolítica que surge.

Por João Bernardo em 8 de Maio de 2011  

O Brasil vive uma profunda mudança de sua inserção na economia e na política globais. Nunca antes na história deste país se produziu, exportou e investiu tanto, em especial fora das fronteiras – desenvolvendo as empresas transnacionais de origem brasileira. Nunca antes a política externa brasileira foi tão independente – com base na exploração dos recursos econômicos da América Latina e na disputa de mercados e de espaços de investimento em África. Nunca antes o Brasil foi tão engajado – ao ponto de grandes capitalistas apoiarem políticas compensatórias “de esquerda”. Na verdade – e é o que queremos investigar com esta série de artigos – nunca antes o Brasil foi tão imperialista.

A economia brasileira saiu da periferia e está a formar, junto com outras, um novo centro. Mas como uma boa parte da esquerda anticapitalista parece conhecer melhor o mapa antigo do que a geografia nova, vale a pena elucidar os factos. E em economia os factos são números.

A dinâmica de expansão do capitalismo mede-se menos pela exportação de mercadorias do que pela exportação de capital, cuja modalidade actual mais importante são os investimentos externos directos. Definem-se assim os investimentos originários de um país e dirigidos para outro, que asseguram ao investidor o controlo ou, pelo menos, um interesse duradouro e uma influência decisiva na empresa onde o capital é aplicado. Considera-se habitualmente que o investimento externo é directo quando permite adquirir uma participação superior a 10% do capital de uma empresa. Enquanto os efeitos económicos da exportação de uma dada mercadoria são reduzidos, tanto em redor desse artigo particular como ao longo do tempo, os efeitos económicos de um investimento externo directo são perenes e repercutem-se em direcções múltiplas, porque o investimento reforça a companhia que o fez, no país de origem, e gera ou sustenta uma empresa inserida no tecido económico, no país que o recebeu.

1.

São os investimentos externos directos que tecem a rede da internacionalização das companhias. Como todos os estudos mostram que, quanto mais produtiva e mais avançada tecnologicamente for uma empresa, mais possibilidades ela tem de se internacionalizar, compreendemos que a grande maioria dos investimentos externos directos emane das economias desenvolvidas e procure economias igualmente desenvolvidas. Eu bem sei que uma das convicções arreigadas na extrema-esquerda é a de que o capital transnacional sai do centro em busca sobretudo dos países da periferia, para explorar a miséria. Mas, como infelizmente sucede com muitas convicções, esta é sustentada pela ignorância dos factos elementares. A maior parte das filiais de companhias transnacionais que têm a sede em países desenvolvidos situa-se noutros países desenvolvidos. O crescimento do capital não se obtém explorando a miséria mas explorando a força de trabalho mais produtiva, que é igualmente a mais bem paga e habita em países ou em regiões com melhores infra-estruturas. Aliás, os investimentos externos directos que se dirigem para os países em desenvolvimento ou escolhem as regiões mais adequadas ao nível de produtividade que pretendem ou eles mesmos criam as infra-estruturas materiais e sociais necessárias. Desde os meados do século passado que os investimentos externos directos têm circulado sobretudo dentro do triângulo formado pelos Estados Unidos, a União Europeia e o Japão, e só uma minoria tem sido dirigida para as economias em desenvolvimento.

A fracção dos investimentos externos directos dirigida para as economias em desenvolvimento, que havia sido 2/3 do total mundial antes da segunda guerra mundial, caiu para 1/4 na primeira metade da década de 1980 e desceu para 17% na segunda metade dessa década. Nos anos seguintes ocorreu uma subida considerável, passando para 26% em 1991 e chegando a 35% em 1992, mas o acréscimo não resultou de nenhum afluxo de investimentos externos àqueles países em desenvolvimento que tradicionalmente os acolhiam. Sucedeu que em 1991 cerca de trinta países em desenvolvimento, entre os quais a China e a Índia, até então hostis a este tipo de entrada de capital, inverteram a orientação e começaram a atrair as boas graças das companhias transnacionais, enquanto a privatização de importantes empresas públicas ofereceu oportunidades suplementares ao capital estrangeiro. Neste grupo de países o investimento externo directo foi responsável por 17% do capital atraído pelas privatizações durante o período de 1988 até 1992. Em 1995 as economias em desenvolvimento acolhiam ainda 32% dos investimentos externos directos, mas em 1999 a percentagem tinha descido para 25%. A tendência de novo se inverteu ao longo da primeira década deste século, o que é significativo, porque não ocorreu então nenhum aumento do número de países recebedores. Em 2004 o fluxo de investimentos externos directos dirigidos para as economias em desenvolvimento correspondeu a 36% do total, percentagem que baixou para 33% em 2005. No ano seguinte as economias em desenvolvimento receberam apenas 29% do fluxo total de investimentos externos directos, descendo a percentagem para 27% em 2007. A tabela 1 ilustra a evolução da situação.

Tabela 1: Fluxos de investimento externo directo recebidos por tipo de economia (em %)

1978-1980
1988-1990
1998-2000
2003-2005
Economias     desenvolvidas
79,7
82,5
77,3
59,4
Economias em desenvolvimento
20,3
17,5
21,7
35,9
Fonte: World Investment Report 2006

Os leitores atentos — possivelmente existem — terão observado que nas duas últimas colunas da tabela 1 a soma das percentagens é inferior a 100. Isto deve-se ao aparecimento de uma terceira categoria, as Economias em Transição, reunindo os países resultantes da desagregação da esfera soviética.

Mas a crise nas economias desenvolvidas alterou drasticamente a orientação dos fluxos de investimento externo directo e, em 2008, 43% do total dirigiu-se para as economias em desenvolvimento e em transição, que em 2009 receberam quase 50% do total, situação que se manteve no primeiro semestre de 2010.

2.

Esta reorientação dos fluxos de investimento externo directo é um dos aspectos do decoupling, a dissociação que levou as taxas de crescimento positivo ou negativo do Produto Interno Bruto, as taxas de inflação e os movimentos de capitais a assumirem perfis inversos nas economias desenvolvidas e nas novas economias emergentes. Abordei a questão no segundo artigo de uma série publicada neste site. Como observou Luciano Coutinho, presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Económico e Social, BNDES: «Há, hoje, um consenso de que o crescimento da economia mundial será puxado na(s) próxima(s) década(s) pelas economias em desenvolvimento. Nesse sentido, em termos de tendências, já está configurado um decoupling entre o crescimento anêmico das economias desenvolvidas e a firme propensão ao crescimento das economias em desenvolvimento» [1]. O decoupling indica que a crise financeira desencadeada em 2008 não se converteu numa crise económica mundial, limitando-se a afectar os Estados Unidos e a União Europeia e a agravar a estagnação em que já se encontrava o Japão, enquanto propiciou oportunidades de crescimento aos países emergentes, especialmente àquele grupo de quatro a que desde 2001 se tem chamado BRICs [2].

O decoupling é ainda mais acentuado na evolução dos fluxos de investimento externo directo emanados das economias em desenvolvimento e em transição do que na evolução dos fluxos recebidos por essas economias. Inicialmente inexpressivos, os investimentos externos directos oriundos das economias em desenvolvimento progrediam já antes da crise financeira mundial, como se pode ver na tabela 2.

Tabela 2: Fluxos de investimento externo directo emanados por tipo de economia (em %)

1978-1980
1988-1990
1998-2000
2003-2005
Economias     desenvolvidas
97,0
93,1
90,4
85,8
Economias em desenvolvimento
3,0
6,9
9,4
12,3
Fonte: World Investment Report 2006

Detalhando a análise para os anos recentes, em 2004 as economias em desenvolvimento e em transição foram responsáveis por 13% dos fluxos totais de investimento externo directo emanados de todo o mundo, e por 17% em 2005, ou 15% se contarmos apenas as economias em desenvolvimento. Em 2006, 16% do fluxo total de investimentos externos directos teve origem nas economias em desenvolvimento e em transição, e no ano seguinte diminuiu a parte que coube às economias em desenvolvimento, passando para 13%. Mas em 2008 a crise nas economias desenvolvidas fez sentir os seus efeitos e a percentagem do fluxo total de investimentos externos directos oriunda das economias em desenvolvimento e em transição subiu para 19% e continuou a subir em 2009, atingindo 25%, ou 21% se considerarmos só as economias em desenvolvimento.

Hoje as companhias transnacionais sediadas em economias em desenvolvimento tornaram-se uma presença significativa, ainda que minoritária, no panorama mundial e, o que é mais decisivo, uma presença que se alastra. As crises raramente trazem algo novo, mas são reveladoras porque precipitam negativa ou positivamente tendências que vinham a verificar-se, e já em 1983 Louis T. Wells, da Harvard Business School, dedicara um livro à formação de companhias transnacionais nas economias em desenvolvimento, prevendo que elas haveriam de se multiplicar rapidamente [3]. Em 2008, quando o crescimento continuado da produtividade nas economias emergentes mais importantes, especialmente nos BRICs, se cruzou com a crise sofrida pelas economias desenvolvidas, ficaram criadas as condições para a inversão geopolítica do capitalismo mundial. Está desde então a formar-se um novo centro, em contraste com as dificuldades sentidas pelo centro antigo. Em vez de a crise nas economias desenvolvidas ter desencadeado uma crise em todo o sistema, é uma parte da antiga periferia que está a converter-se em novo centro, dando outro fôlego ao capitalismo. Não assistimos à crise mundial do capitalismo, mas à sua reorganização espacial.

Se os países em desenvolvimento orientassem os seus investimentos directos para as economias desenvolvidas, estariam a reforçar o antigo centro. Mas é o contrário que se passa, e os investimentos directos oriundos de países em desenvolvimento, na sua maior parte e num volume crescente, dirigem-se para outros países em desenvolvimento, onde escolhem as regiões com uma força de trabalho mais produtiva ou tratam de desenvolver essa produtividade. Assim, as principais economias emergentes estão a consolidar-se num centro novo e a formar desde já uma periferia própria. É toda uma outra geopolítica que surge.

3.

O imperialismo não consiste hoje numa exportação de capital que amplie o poder do país de onde sai o investimento sobre aquele que o recebe. Desde as últimas décadas do século XIX até à segunda guerra mundial, a forma típica de internacionalização das empresas consistia na formação de sedes nas metrópoles e de filiais nas colónias ou em países semicolonizados. Tratava-se antes de mais de assegurar a obtenção de matérias-primas para processos de fabrico prosseguidos nas metrópoles e de assegurar o escoamento dos artigos manufacturados. A partir da segunda guerra mundial generalizou-se outro modelo, que já começara a desenvolver-se anteriormente. A internacionalização passou a afectar o próprio processo de produção e as filiais reproduziram o modelo da matriz, embora em menor escala. Foram estas as companhias a que devemos reservar a designação de multinacionais. Nas últimas décadas, porém, a relação entre matriz e filiais foi profundamente remodelada e as filiais começaram a especializar-se em fases específicas do processo de produção, instalando-se cadeias produtivas únicas ou interligadas, espalhadas por vários pontos do mundo e dotadas de elevada mobilidade. As companhias transnacionalizaram-se, tornaram-se pluricentradas e geograficamente mutáveis, deixando de ter nas fronteiras um obstáculo e de ver nos países de origem uma cultura a promover e dilatar. As novas companhias transnacionais podem, se isto lhes convier, mudar a sede de lugar ou fraccioná-la consoante ramos de actividade e dispersar estes centros por países diferentes, conseguindo assim iludir as disposições dos governos tanto do país onde tiveram origem como dos países que as acolhem.

Samuel Palmisano, a principal figura da IBM, resumiu estas transformações num excelente artigo [4]. «Nos meados do século XIX assistiu-se ao aparecimento do que se pode designar como companhia internacional», escreveu ele. Estas companhias procuravam abrir ou controlar rotas comerciais internacionais e usá-las para importar matérias-primas e exportar produtos acabados. «A segunda fase da vida das companhias iniciou-se em 1914, com a primeira guerra mundial e o subsequente colapso das economias nos Estados Unidos e na Europa». A interrupção das rotas comerciais provocada pela guerra e os obstáculos que o proteccionismo das décadas de 1920 e 1930 ergueu ao comércio internacional levaram à formação das companhias multinacionais. «As companhias multinacionais eram híbridas. Por um lado, adaptaram-se às barreiras comerciais desenvolvendo a produção no local. […] Por outro lado, as companhias multinacionais prosseguiram num âmbito global algumas tarefas, nomeadamente a pesquisa e desenvolvimento e o design de produtos». Mas a partir da década de 1970, continuou Samuel Palmisano, formaram-se companhias integradas globalmente, «que moldam a estratégia, a gestão e as actividades tendo em vista um novo objectivo: a integração da produção e da obtenção de valor à escala do mundo inteiro. As fronteiras dos países definem cada vez menos os limites do pensamento e da acção das companhias». A crescente subcontratação das actividades permite às companhias ultrapassar quaisquer quadros nacionais e converterem-se em integradoras de actividades especializadas.

Um dos indícios da transnacionalização das companhias é o âmbito de recrutamento dos gestores. Está morta e enterrada a época do «fardo do homem branco», quando administradores com a nacionalidade da matriz eram metidos em barcos, depois em aviões, para irem dirigir as filiais no outro lado do mundo, reprodutores e propagandistas da cultura originária da companhia. Agora, a tendência para dar um carácter plurinacional e intercultural, verdadeiramente cosmopolita, às administrações das empresas é um efeito e uma condição da transnacionalização.

Outro indício da transnacionalização é a criação de centros de pesquisa e desenvolvimento junto a algumas das filiais de uma companhia. Já na fase das multinacionais este processo ocorria, embora em escala reduzida e, salvo raríssimas excepções, somente quando era necessária a adaptação local de tecnologias vindas da sede. O que se passa agora com as transnacionais, porém, não é apenas um aumento da dimensão do processo mas uma mudança qualitativa, porque pela primeira vez estão a criar-se nas filiais centros de pesquisa e desenvolvimento que não se limitam a adaptar um tecnologia e procedem a investigações científicas complexas e inovadoras. E isto tem sucedido não só quando as filiais estão estabelecidas em países desenvolvidos mas também, de forma minoritária ainda que crescente, quando se localizam em alguns poucos países emergentes, especialmente asiáticos [5]. Ora, como nos anos finais do século passado e nos primeiros anos deste século as companhias transnacionais foram responsáveis por perto de metade das despesas globais em pesquisa e desenvolvimento e como se trata de uma das principais actividades geradoras de valor acrescentado [agregado], esta vertente da transnacionalização tem repercussões consideráveis.

As companhias transnacionais não são uma extensão do poder dos seus países originários e converteram-se em poderes próprios, cujos limites espaciais não se confundem com as fronteiras de nenhum Estado nem são estáveis como elas. Por isso a recente crise teve repercussões diferentes sobre as companhias transnacionais e sobre as economias nacionais. «Apesar dos seus efeitos sobre os fluxos do investimento externo directo, a crise global não interrompeu a crescente internacionalização da produção», lê-se no World Investment Report 2010 [6]. «Em 2008 e 2009 a diminuição das vendas e do valor acrescentado nas filiais estrangeiras das companhias transnacionais foi menor do que a contracção da economia mundial. Em consequência, a participação das filiais estrangeiras no Produto Interno Bruto global atingiu o máximo histórico de 11%».

4.

A integração das cadeias produtivas e a sua dispersão pelo mundo tiveram como resultado a absorção de uma parte considerável do comércio internacional pelos movimentos de transferências internas dessas cadeias produtivas. Enquanto categoria estatística, o comércio internacional é hoje ilusório, como mostrou a economista DeAnne Julius num livro publicado em 1990, Global Companies and Public Policy: The Growing Challenge of Foreign Direct Investment. DeAnne Julius calculou que o comércio no interior de companhias entre as sedes e as filiais no estrangeiro era responsável por mais de metade do comércio total entre os países da OCDE. 1/3 das exportações dos Estados Unidos dirigia-se para firmas no estrangeiro que eram propriedade de matrizes norte-americanas, enquanto outro 1/3 era constituído pelos bens e serviços que as companhias estrangeiras com filiais nos Estados Unidos enviavam para os países onde tinham as sedes. Ainda de acordo com DeAnne Julius, em 1986 cerca de 1/5 das importações dos Estados Unidos fora proveniente de companhias localizadas no estrangeiro, mas de propriedade norte-americana, enquanto 1/3 fora composto por bens e serviços que companhias localizadas nos Estados Unidos, mas de propriedade estrangeira, haviam adquirido aos países onde tinham a sede. Esta economista chamou também a atenção para o facto de as vendas resultantes da produção das filiais de uma companhia transnacional no país de acolhimento não serem contabilizadas como exportações do país onde essa companhia tinha a sede, assim como as aquisições locais feitas pelas filiais não serem contadas como importações. Apesar disto, sob o ponto de vista da companhia as vendas efectuadas por uma filial no país onde está estabelecida integram-se tanto nas vendas ao estrangeiro como sucede com qualquer exportação, o que acentua o carácter obsoleto das estatísticas do comércio externo num sistema mundial transnacionalizado. DeAnne Julius calculou que as vendas totais das companhias de propriedade norte-americana, tanto matrizes como filiais, às de propriedade estrangeira foram cinco vezes superiores ao valor convencionalmente atribuído às exportações dos Estados Unidos, enquanto as aquisições por companhias estrangeiras foram três vezes superiores às importações efectuadas pelos Estados Unidos. Paralelamente, onze das doze principais economias da OCDE vendiam mais nos Estados Unidos através das suas filiais aí localizadas do que através de exportações. Aliás, segundo Ana Cláudia Além e Carlos Eduardo Cavalcanti, em 1992 mais de 1/3 das exportações norte-americanas de equipamentos de transporte e mais de 2/3 das de material eléctrico e electrónico corresponderam a exportações no interior das mesmas companhias transnacionais [7].

A mesma perspectiva foi usada pelo economista e especialista em administração Dennis Encarnation em Rivals beyond Trade: America versus Japan in Global Competition, um livro publicado em 1992. O autor calculou que mais de 2/3 das importações dos Estados Unidos provenientes do Japão ocorriam no interior de companhias estabelecidas em ambos os países, enquanto o comércio no interior de companhias contribuiu com menos de metade das exportações dos Estados Unidos para o Japão. Aliás, note-se que a maioria destas exportações era proveniente das filiais japonesas em direcção às matrizes nipónicas. Em sentido inverso, as vendas nos Estados Unidos por parte de fábricas, unidades montadoras e armazéns existentes naquele país, mas de propriedade japonesa, corresponderam ao dobro do valor total das exportações do Japão para os Estados Unidos. Dennis Encarnation avaliou ainda que o comércio no interior de companhias foi responsável por mais de 2/5 das importações totais dos Estados Unidos e mais de 1/3 das exportações totais deste país, valores um tanto diferentes dos calculados por DeAnne Julius. O carácter especialmente drástico da absorção das transacções internacionais pelas companhias transnacionais nipónicas foi confirmado pelo economista Robert Lawrence, estabelecendo que no Japão o comércio no interior das companhias foi responsável em 1990 por mais de 70% do comércio total do país, enquanto os valores correspondentes se localizaram entre 30% e 50% nos Estados Unidos e na Europa ocidental.

Esta transformação do comércio internacional em comércio intratransnacional, avaliada para os anos em torno de 1990, acentuou-se ao longo das duas décadas seguintes, acompanhando o desenvolvimento da transnacionalização. «No comércio internacional, uma das categorias que mais têm crescido é o comércio intrafirma», afirmaram Ana Cláudia Além e Rodrigo Madeira [8]. Finalmente, segundo o World Investment Report 2009 [9], «calcula-se que as exportações efectuadas pelas filiais estrangeiras de companhias transnacionais sejam responsáveis por cerca de 1/3 das exportações mundiais totais de bens e serviços».

Adoptando outra perspectiva, Ricardo Reisen de Pinho [10] observou que «o fluxo de investimentos diretos no exterior já se tornou mais importante que o comércio no aporte de bens e serviços nos mercados externos, com o faturamento de subsidiárias estrangeiras sendo superior ao do fluxo das exportações mundiais». Mas não pretendo aqui comparar o volume de negócios das companhias transnacionais com as economias nacionais, o que seria um exercício desprovido de rigor, porque se estaria a contabilizar duas vezes a mesma coisa. O meu objectivo é mostrar que a divisão em países, que nos habituámos a considerar como a forma natural de abordagem da economia mundial, deve hoje em grande medida ser substituída pela divisão em companhias transnacionais. As estatísticas de âmbito nacional, divulgadas pela generalidade dos meios de informação e que a esmagadora maioria dos economistas usa nas análises, têm um carácter obsoleto, porque presumem que as matrizes das companhias transnacionais e as suas filiais no estrangeiro prosseguem particularizadamente a actividade, quando é o contrário que sucede, devido à integração das cadeias produtivas.

5.

No novo espaço transnacional aumentou a complexidade da articulação entre mais-valia relativa e mais-valia absoluta, ou seja, entre as modalidades de exploração tecnologicamente avançadas e produtivas e as modalidades pouco sofisticadas e de baixa produtividade.

Por um lado, o recurso extensivo à subcontratação limita o efeito de arrastamento exercido pelas companhias transnacionais sobre a economia dos países onde estão implantadas as filiais e mesmo do país onde fica a sede. Uma das vantagens — para os capitalistas, entenda-se — da dispersão geográfica das empresas é a possibilidade de recrutarem força de trabalho de diferentes qualificações e diferentes patamares salariais, consoante as necessidades de cada fase da cadeia produtiva ou de cadeias produtivas entrelaçadas. Os benefícios trazidos aos capitalistas por esta dispersão sócio-geográfica ampliaram-se porque a transnacionalização permite instalar de uma maneira exacta cada fase de uma cadeia produtiva no país e na região que lhe for mais favorável. Diversos graus de mais-valia absoluta conjugam-se assim com ciclos mais ou menos avançados de mais-valia relativa, e esta articulação, em vez de indicar qualquer obstáculo ao crescimento da produtividade da empresa, é, pelo contrário, um factor que estimula esse crescimento. O próprio desenvolvimento da produtividade requer que, enquanto partes da cadeia de produção ficam a cargo de trabalhadores muito qualificados, outras sejam entregues a uma força de trabalho pouco qualificada. A dicotomia entre progresso e atraso já não serve para distinguir um centro e uma periferia, mas permeia todos os países e todas as regiões.

E assim podem gerar-se situações como a do Japão, onde sedes de firmas transnacionais muito dinâmicas e que se contam entre as maiores do mundo coexistem com uma economia nacional que atravessa uma estagnação duradoura. A coabitação entre companhias transnacionais prósperas e regiões em dificuldades ou mesmo miseráveis encontra-se em praticamente todos os países, desenvolvidos ou em desenvolvimento, e tende a perpetuar-se porque os países mais bem preparados para triunfar na concorrência internacional são aqueles que dispõem de um leque mais amplo de força de trabalho, desde a pouco qualificada e com salários baixos até à muito qualificada e com remunerações elevadas. Estes países podem produzir e exportar tanto bens pouco sofisticados, produzidos em ramos trabalho-intensivos, como com bens muito sofisticados, produzidos em ramos capital-intensivos.

Por outro lado, esta mesma desigualdade ocorre no interior de cada companhia transnacional. A integração das cadeias produtivas e a sua ramificação pelo mundo pressupõem que as companhias transnacionais distribuam as várias fases dos processos de trabalho por diversos países, e os graus de qualificação da mão-de-obra e os seus níveis salariais incluem-se entre os factores que uma administração leva em conta para organizar uma distribuição eficaz. Não só no interior da mesma companhia mas no interior das mesmas cadeias de produção conjugam-se a mais-valia relativa e a mais-valia absoluta, com o leque de gradações entre os dois extremos. Os países e as companhias que disponham de todos os tipos de mão-de-obra gozam de uma vantagem comparativa relativamente àqueles que disponham de um só tipo de mão-de-obra, e a diversidade interna das companhias transnacionais vem ainda complicar a diversidade no interior dos países.

A divisão entre centro e periferia deixou de corresponder às fronteiras políticas e passou a permear os espaços nacionais, uma situação que deixa sem efeito as antigas noções das teorias do desenvolvimento e das teorias da dependência. Não pretendo aqui tecer considerações sobre a correspondência ou não correspondência daquelas noções a um ou outro quadro teórico. Pretendo afirmar que elas já não se adequam à realidade. Tornaram-se inúteis e, deixando de ser um instrumento de análise económica, ficaram reduzidas à condição de objecto da história das ideias.

«Aceito trabalhar para imbecis»
6.

Nesta nova geopolítica, gerada e dominada pelas companhias transnacionais, que espaço resta para os Estados nacionais?

«Entre os desafios mais urgentes com que deparam as instituições globais emergentes em todas as esferas da sociedade contam-se a segurança e a ordem globais. Sem elas, nada é posível», escreveu Samuel Palmisano no artigo que mencionei há pouco, e dificilmente se encontraria uma opinião sobre o assunto mais valiosa do que a da primeira figura da IBM. «As companhias só investirão em sistemas de produção globais se tiverem motivo para crer que as relações geopolíticas que lhes possibilitam os investimentos serão estáveis e duradouras. […] Uma tendência promissora rumo a uma maior estabilidade global é o crescimento de redes horizontais, intergovernamentais, entre os legisladores e os membros dos organismos reguladores de todo o mundo. Edificadas sobre padrões profissionais comuns e sobre as relações entre comunidades de especialistas de variadas nacionalidades, estas redes são curiosamente análogas às novas formas de organização da actividade nas empresas, nomeadamente as cadeias de oferta integradas globalmente, os “eco-sistemas” comerciais e as comunidades de código aberto».

A superstrutura política da economia transnacionalizada decorre, para Samuel Palmisano, dos sistemas organizativos típicos da classe dos gestores, sendo as relações entre companhias transnacionais e conjuntos supra-estatais reguladas por uma tecnoburocracia similar à que se gerou no interior das empresas.

Notas

[1] «A construção de fundamentos para o crescimento sustentável da economia brasileira», em Ana Cláudia Além e Fabio Giambiagi (orgs.), O BNDES em um Brasil em Transição, Rio de Janeiro: BNDES, 2010, pág. 18.
[2] Denominação cunhada por Jim O’Neill em 2001 para designar os países emergentes activadores da economia mundial: Brasil, Rússia, Índia e China.
[3] Louis T. Wells, Third World Multinationals: The Rise of Foreign Investment from Developing Countries, Cambridge, MA: MIT Press, 1983.
[4] Samuel J. Palmisano, «The Globally Integrated Enterprise», Foreign Affairs, Maio-Junho de 2006. Na IBM Samuel Palmisano reúne os cargos de chairman, chief executive officer e president.
[5] Esta evolução pode ser exemplificada no Brasil pelas sucessivas transformações operadas no Centro Tecnológico da General Motors em São Caetano.
[6] United Nations Conference on Trade and Development, World Investment Report 2010. Investing in a Low-Carbon Economy, Nova Iorque e Genebra: United Nations, 2010, pág. xviii; ver também a pág. 16.
[7] Ana Cláudia Além e Carlos Eduardo Cavalcanti, «O BNDES e o Apoio à Internacionalização das Empresas Brasileiras: Algumas Reflexões», Revista do BNDES, Dezembro de 2005, pág. 58.
[8] «Internacionalização e Competitividade: A Importância da Criação de Empresas Multinacionais Brasileiras», em Ana Cláudia Além e Fabio Giambiagi (orgs.), op. cit., pág. 43. O mesmo afirmaram, e praticamente com as mesmas palavras, Ana Cláudia Além e Carlos Eduardo Cavalcanti em «O BNDES e o Apoio à Internacionalização das Empresas Brasileiras: Algumas Reflexões», op. cit., e Beky Moron de Macadar, «Os Investimentos Diretos no Exterior dos Países em Desenvolvimento e a Experiência Brasileira Recente», Indicadores Econômicos FEE, Fevereiro de 2008.
[9] United Nations Conference on Trade and Development, World Investment Report 2009. Transnational Corporations, Agricultural Production and Development, Nova Iorque e Genebra: United Nations, 2009, págs. xxi e 17.
[10] Gigantes Brasileiros: Multinacionais Emergentes e Competição Global, tese de doutorado apresentada em 2008 na Fundação Getúlio Vargas de São Paulo, pág. 35.

Ilustrações: graffiti atribuídos a Banksy


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