sexta-feira, 14 de março de 2014

Cargos comissionados:dados do IBGE confundem mais que esclarecem. Mas Alckmin tem de se explicar 14/03/2014

 Autor: Fernando Brito




Pré Scriptun: eu havia escrito este post mais cedo, mas achei que devia esperar para publicar. Devia mesmo, a história está se aclarando. Só lamento que a qualidade do jornalismo esteja deixando erro virar manchete.

A Pesquisa de Informações Básicas dos Estados, que teve sua segunda rodada anual divulgada hoje pelo IBGE, precisa de uma análise menos imediatista e de um detalhamento maior para não se cometerem injustiças.

E não digo isso por razões políticas, até porque, da forma como os números foram divulgados, quem fica na posição de vidraça é o Governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.

E o IBGE também.

Afinal, Alckmin teria criado 7.010 cargos comissionados somente em 2013, quando o Estado tem 8167 funcionários nesta condição, contra 1657 em 2012.

Como cargo comissionado só pode ser criado com autorização legislativa, é evidente que um “trenzão” – que azar que a tucanagem dá com trem – da alegria deste tamanho não teria passado despercebido.

E, ainda, para que se diga que isso é apenas a nomeação de apadrinhados políticos, é preciso saber como foram – e se foram – separados os funcionários exclusivamente comissionados dos funcionários de carreira que, em posições de gerência, recebem comissionamento.

Afinal de contas, tratar estas coisas de forma superficial e demagógica só desmerece o serviço público.

E serve para deixar de lado algo que está na mesma pesquisa e nenhum órgão de imprensa deu atenção: o elevadíssimo número de trabalhadores sem vínculo na administração direta.

Em São Paulo, são 61.527. um para cada sete dos 437 mil estatutários.

Em Minas, 84.440, um para menos de três estatuários.

Mesma proporção, quase, de Pernambuco: 24.287, para pouco mais de 86 mil efetivos.

Já no Rio de Janeiro, apenas 11.253, diante de 179 mil estatutários, proporção abaixo de um para 16 estatutários.

Isso, sim, pode significar uma grave distorção e, na prática, uma violação dos ditames constitucionais sobre o regime de trabalho dos servidores e a admissão exclusivamente por concurso.

Em que áreas atuam e o que fazem estes temporários? Esta é a pergunta que deveria estar sendo feita.

Este blog bate de frente todo santo dia com a irresponsabilidade do Governador Geraldo Alckmin no caso do Cantareira – é é nosso dever, em nome do interesse público, não relaxar com isso – mas não age da mesma forma irresponsável contra ele.

Porque – com paixão, com posição política e com lado definido – a gente faz jornalismo, não “press-realeasismo”.

Embora não deixe de perceber que, mesmo aceitando os números sem nenhum questionamento, a imprensa, neste caso, tenha deixado bem escondidinha a informação de que, sendo aqueles corretos, Alckmin, sozinho, teria criado 70% dos cargos de indicação politica, para usar a expressão da Folha.

http://tijolaco.com.br/blog/?p=15309

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