sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Pepe Escobar: Quem se beneficia com o assassinato de Charlie? 09/01/2015

Só os interessados em demonizar o Islã


8/1/2015, [*] Pepe Escobar, Asia Times Online − The Roving Eye
Who profits from killing Charlie?
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu

Revide anti-império. Uma mini-Damasco. Mas a coisa toda fede. Como é possível que os assassinos fossem tão eficientes? E como conseguiram escapar? [Russia insider]


Charlie Hebdo - os mortos, os suspeitos e a polícia

Putin é culpado. Desculpe, mas não foi Putin. Afinal de contas: quem atacou no coração da Europa não foi a Rússia. Foi um comando de estilo pró-jihadi. A quem o crime beneficia? Cui bono?


Planejamento e preparação cuidadosos; Kalashnikovs; foguetes lançadores de granadas; balaclavas; coletes à prova-de-balas estampados com camuflagem de deserto e estofados com revistas velhas; botas de uso do exército; fuga, que parece a cereja do bolo: num Citroen preto. E o toque final no bolo mortal: apoio logístico perfeito, sem falhas para a execução do ataque, em Paris. Um ex-comandante militar francês, Frederic Gallois, chamou atenção para a aplicação perfeita da “técnica de guerrilha urbana” (onde se metem aqueles notórios “especialistas” ocidentais em contraterrorismo, quando se precisa deles?).


Para uns, falavam francês perfeito; para outros, francês arrevesado. Seja como for, o que interessa é que pronunciaram a palavra mágica: “Somos a Al-Qaeda”. Melhor ainda: disseram a um homem na rua: “Diga à mídia que é a Al-Qaeda no Iêmen”, o que significa, na terminologia do terror norte-americano, Al-Qaeda na Península Árabe [orig. al-Qaeda in the Arab Peninsula (AQAP)], que mantinha o cartunista e editor de Charlie Hebdo, Stephane Charbonnier (“Charb”), numa lista de alvos devidamente promovida pela revista Inspire, publicada em papel caríssimo, da AQAP. Acusação: “Insultar o Profeta Maomé”.


E para garantir que todos ficassem com os perpetradores bem impressos na memória, os assassinos também disseram “Allahu Akbar”, “Matamos Charlie Hebdo” e “Vingamos o Profeta”.


Caso resolvido? Ora, em apenas poucas horas a Polícia francesa já havia identificado dois suspeitos (de sempre?): os irmãos franco-argelinos Said e Cherif Kouachi. O terceiro homem – o suspeito de dirigir o Citroen preto, 18 anos, Hamyd Mourad – logo se apresentou à polícia com um álibi indestrutível. Significa que o terceiro homem permanece não identificado.



Os irmãos Cherif Kouachi, 32 (E) e Said Kouachi, 34

Todos usavam balaclavas. Os irmãos Kouachi não foram capturados. Mas a Polícia parece saber muito bem quem são. Porque encontraram um documento de identidade esquecido no Citroen preto (é a correria de executar atentado terrorista bem na hora do rush). Como é possível que ninguém soubesse de nada antes da carnificina?


Não demorou para a biografia de Cherif Kouachi aparecer em todos os jornais e telas. Estava numa lista global de procurados. Com seis outros, foi condenado em maio de 2008 a três anos de prisão por “terrorismo”. De fato, entregou uma dúzia de jovens franceses, através demadrassas no Egito e na Síria, a ninguém menos que Abu Musab al-Zarqawi, o ex-chefe da Al-Qaeda no Iraque morto por um míssil dos EUA e pai espiritual do Estado Islâmico/ Daesh/ ISIS/ ISIL.


Também imediatamente, já havia uma narrativa completa, pronta para consumo de massas. O ponto-chave: a Polícia francesa privilegia a hipótese de “terrorismo islâmico”. Segundo “especialistas” da Polícia, pode ter sido ataque “ordenado do exterior e executado por jihadistas que retornaram da Síria e escaparam à Polícia”, ou podem ser “idiotas da periferia que se autorradicalizaram e conceberam esse ataque militar em nome da Al-Qaeda”.


Esqueçamos a opção dois, por favor: é claro que foi serviço de profissionais. E se se considera a opção um, a coisa aponta – e que mais poderia ser? – para revide. Sim. Podem ter sido mercenários do Daesh/ISIS/ISIL treinados pela OTAN (detalhe crucialmente importante: a mesma OTAN da qual a França é membro) na Turquia e/ou na Jordânia. Mas a coisa pode também ser ainda mais imunda, porque pode, sim, ser operação “doméstica”, mascarada sob falsa bandeira, obra de agentes passados ou atuais de Forças Especiais francesas.


Culpe o Islã!


Como se podia prever, os divulgadores-promotores do islamofascismo estão em altíssima rotação, aproveitando o dia/semana/mês/ano. Para trolls/hordas e imbecis em geral, que se orgulham do próprio QI abaixo de protozoários, se há dúvidas, demonize o Islã. É tão conveniente esquecer que milhões nunca contabilizados nas áreas tribais do Paquistão e pelos mercados de rua no Iraque continuam a padecer a mesma dor devastadora nos corações e mentes, porque também são vítimas descartáveis do pensamento jihadista – “cultura de Kalashnikov”, como se diz no Paquistão – que beneficia sempre diretamente ou indiretamente o “ocidente”, já há décadas. Pensem nos drones norte-americanos que dronam ritualmente, sem parar, civis paquistaneses, iemenitas, sírios e líbios. Pensem em Sadr City, que conheceu carnificinas mais de dez vezes piores que a de Paris.



François Hollande no Charlie Hbdo

O que o presidente francês François Hollande definiu como “ato de barbarismo excepcional” – e é – não se aplica quando o “ocidente, com a França na linha de frente, do rei Sarkô ao general Hollande em pessoa, arma, treina e controla por controle remoto degoladores/ mercenários que “operam” sem parar, da Líbia à Síria. Ah, sim! Matar civis em Trípoli ou Aleppo é perfeitamente normal. Atrevimento é matar civis em Paris.


Por tudo isso, e no coração da Europa, é revide. As pessoas nos Waziristõessentem-se exatamente assim, quando uma festa de casamento é incinerada por um míssil Hellfire. Paralelamente, é absolutamente impossível que a oh-tão-sofisticada rede ocidental de inteligência não tenha sabido que o revide estava sendo preparado – e que nada tenha feito para impedir que se consumasse (como é possível que os bodes expiatórios da hora, os irmãos Kouachi, não estivessem presos?).


É claro que a ultra-complexa e elaborada rede ocidental de contraterrorismo – tão eficiente para nos pôr nus em todos os aeroportos – sabia que a coisa estava sendo preparada; mas na guerra-de-sombras, a “al-Qaeda” é organização guarda-chuva, com miríades de nomes derivados, inclusive o “renegado” Daesh/ ISIS/ ISIL, todos usados como exército mercenário e conveniente ameaça doméstica ativa “contra nossas liberdades”.


Quem lucra mais?


A think-tank-lândia norte-americana, também previsivelmente, está ocupadíssima divulgando o drama de uma “divisão intra-muçulmanos” que dá muito espaço geopolítico a ser explorado pelos jihadistas – e, isso, para sugar o mundo ocidental para dentro de uma guerra civil muçulmana. É ideia absolutamente ridícula.



Império do Caos



O Império do Caos, já durante os anos 1970s, andou ocupadíssimo cultivando a cultura jihadi/ Kalashnikov, para lutar contra qualquer coisa, da URSS a movimentos nacionalistas em todo o Sul Global. “Divide e governa” sempre foi usado para soprar as chamas das guerras “intra-islâmicas”, desde o governo Clinton tornando-se íntimo dos Talibã, até o governo Cheney – ajudado pelos vassalos do Golfo Persa – trabalhando para inflar o cisma sectário que separaria sunitas e xiitas.


Cui Bono – quem mais se beneficia? – com o assassinato de Charlie? Só todos cuja agenda é a demonização do Islã. Nem os fanáticos mais descerebrados encenariam aquela carnificina na redação de uma revista francesa, só para mostrar às pessoas que os acusam de ser bárbaros que eles são, sim, bárbaros. A inteligência francesa, pelo menos, já concluiu que não foi coisa de explosivos grudados na cueca: foi trabalho de profissionais. E acontece exatamente poucos dias depois de a França reconhecer o estado palestino. E poucos dias depois de o general Hollande exigir o fim das sanções contra a “ameaça” russa.


Os Masters of the Universe que movimentam as alavancas reais do Império do Caos estão enlouquecendo ante o caos sistêmico que já está generalizado e que eles, até há bem pouco tempo, ainda tinham a ilusão de que controlavam. Que ninguém se engane: o Império do Caos fará o que puder para explorar o ambiente pós-Charlie – e seja revide ou operação ‘'interna'’ clandestina.


O governo Obama já está mobilizando o Conselho de Segurança da ONU. O FBI está “ajudando” os investigadores franceses.


Como disse, em formulação memorável, um analista italiano, os jihadistas não invadiram a sede de um fundo-abutre: atacaram a sede de uma revista de sátiras. É claro que não se trata de religião: trata-se de geopolítica linha duríssima. Faz-me lembrar David Bowie:“This is not rock'n roll. This is suicide” [Não é rock’n roll. É suicídio].


O governo Obama já está mobilizado para oferecer “proteção” – à moda máfia – a uma Europa Ocidental que já está começando (só começando) a divergir da ideia pré-fabricada da tal “ameaça” russa. E bem nesse instante, quando o Império do Caos mais precisa, eis que o maligno “terô” [“terror”, como Bush pronuncia a palavra (NTs)] mais uma vez ergue a cabeçorra.



Torre Eiffel apagada em homenagem as vítimas

Mas, sim, #souCharlie. Não só porque eles nos faziam rir, mas porque foram usados como cordeiros sacrificiais numa imunda, muita imunda, suja, terrível, infindável, guerra de sombras.






[*] Pepe Escobar (1954) é jornalista, brasileiro, vive em São Paulo, Hong Kong e Paris, mas publica exclusivamente em inglês. Mantém coluna (The Roving Eye) no Asia Times Online; é também analista de política de blogs e sites como: Sputinik, Tom Dispatch, Information Clearing House, Red Voltaire e outros; é correspondente/ articulista das redes Russia Today, The Real News Network Televison e Al-Jazeera. Seus artigos podem ser lidos, traduzidos para o português pelo Coletivo de Tradutores da Vila Vudu e João Aroldo, no blog redecastorphoto.
Livros:
Globalistan: How the Globalized World is Dissolving into Liquid War, Nimble Books, 2007.
Red Zone Blues: A Snapshot of Baghdad During the Surge, Nimble Books, 2007.
Obama Does Globalistan, Nimble Books, 2009.
− Adquira seu novo livro, Empire of Chaos, que acaba de ser publicado pela Nimble Books.


POSTADO POR CASTOR FILHO


http://redecastorphoto.blogspot.com.br/2015/01/pepe-escobar-quem-se-beneficia-com-o.html

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Petrobras supera Exxon e vira a número 1 do mundo. No Brasil 247. 08/01/2015


Petrobras supera Exxon e vira a número 1 do mundo É isso mesmo: em meio ao mais intenso bombardeio midiático a que uma empresa já foi submetida, a Petrobras acaba de anunciar um recorde histórico; no terceiro trimestre do ano passado, a empresa se tornou a maior produtora de petróleo do mundo, entre as empresas de capital aberto, com uma média de 2,2 milhões de barris/dia; nesse período, a Petrobras superou a Exxon, que era líder, e produziu uma média diária de 2,1 milhões de barris/dia; no pregão desta quinta-feira, as ações da Petrobras subiram mais de 6%.

RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Petrobras tornou-se a maior produtora de petróleo entre as empresas de capital aberto no mundo, após superar a norte-americana ExxonMobil no terceiro trimestre de 2014, informou a petroleira estatal nesta quinta-feira.
A ExxonMobil produziu 2,065 milhões de barris de petróleo por dia (bpd) no terceiro trimestre, segundo o balanço da companhia, enquanto a Petrobras produziu 2,209 milhões de barris/dia no mesmo período.
Quando somadas as produções de óleo e gás, a Petrobras ainda ocupa a quarta posição no ranking, ponderou a estatal.
A notícia positiva acontece em um momento em que o preço do petróleo atingiu mínima de diversos anos no mercado internacional, reduzindo a receita com a venda do produto no exterior, enquanto a companhia ainda é alvo de acusações de envolvimento em esquemas de desvio de dinheiro.
Apesar do cenário ruim, que tem feito as ações da Petrobras sofrerem na bolsa, a empresa comemora um bom momento de resultados operacionais, após diversos atrasos na entrada em operação de plataformas.
De acordo com a petroleira, ela também foi a empresa que mais aumentou a sua produção de óleo, tanto em termos percentuais quanto absolutos, em 2014 até setembro.
"Nos nove primeiros meses de 2014, a Petrobras e a ConocoPhillips foram as únicas empresas de capital aberto que registraram aumento de produção de petróleo", afirmou a estatal. "No caso da Petrobras, esse aumento foi de 3,3 por cento e, da Conoco, de 0,4 por cento."
A Petrobras destacou ainda que bateu novo recorde de produção, de 2,286 mil bpd de óleo, em 21 de dezembro, e frisou que atingiu no pré-sal do Brasil, junto com outras petroleiras, o recorde de 700 mil bpd em 16 de dezembro.
Segundo a companhia, em 2014 foram adicionados 500 mil bpd de capacidade, com a entrada em operação de quatro novas unidades de produção.
"Esse volume será gradativamente incorporado à produção, garantindo que em 2015 a empresa continue aumentando a produção de óleo e gás", afirmou.
Entretanto, a P-61, uma das plataformas programadas para o ano passado, que inicialmente entraria em operação em 2013 no campo de Papa-Terra, na Bacia de Campos, não havia começado a produzir até o final de dezembro.
O crescimento na produção em 2014, após pesados investimentos nos últimos anos, ocorreu depois de dois anos de recuo na extração no Brasil.
Em sua última previsão, a estatal previu elevar a produção de petróleo no país entre 5,5 e 6 por cento em 2014, abaixo da meta de 7,5 por cento traçada inicialmente no ano passado, em meio a atrasos na entrega de equipamentos.
A empresa ainda não divulgou a produção fechada de dezembro.
(Por Marta Nogueira)
http://aposentadoinvocado1.blogspot.com.br/

Investimentos em Água e Luz para Todos - 11º Balanço do PAC 2 - 4 anos 08/01/2015

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

2014: Ano em que o capitalismo conduzido pelos EUA foi exposto como principal inimigo da paz 06/01/2015



3/1/2014, [*] Finian CUNNINGHAM, Strategic Culture
The Year US-led Capitalism Became Exposed as Root of Global Conflict
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu




Em vez de se mostrarem capazes de resgatar-se do lodaçal de problemas econômicos profundos e bem conhecidos associados ao declínio do capitalismo ocidental, as potências “ocidentais” do século passado tentam desesperadamente, resolver os próprios dilemas recriando velhos conflitos com a Rússia. A expansão da aliança EUA-OTAN contra o território russo é o corolário. A guerra parece ser, mais uma vez, o último refúgio dos canalhas.


(...) Em 2015, a batalha por verdade, justiça e paz será terrível... mas já é batalha que se pode vencer. O desafio está exposto, visível, em nível global de consciência e clareza. A causa-raiz das guerras e conflitos afinal emergiu, perfeitamente clara, ao longo do ano passado: o inimigo da paz é o capitalismo ocidental “conduzido” pelos EUA.





Bases Militares dos EUA pelo mundo
(clique no título para aumentar)

Historiadores provavelmente verão 2014 como ano de eventos-calamidades decisivos, ano em que ficou exposto o limite do poder dos EUA como entidade que se vai evanescendo e raiz contemporânea da guerra global.


São 100 anos da Iª Guerra Mundial, quando as Grandes Potências de então foram, do mesmo modo, expostas nos seus esforços para servir-se da guerra para adiar o descarte inevitável. No início do século XX, a Grã-Bretanha era o hegemon agonizante, acossado por rivalidades de uma Alemanha emergente e pela perda do próprio Império. Os EUA não passavam, então, de vigorosa nova potência, à qual a Grã-Bretanha foi felizmente capaz de amarrar-se, como potência agonizante. Cem anos depois, os EUA são o que então eram os britânicos, esperneando para manter a antiga glória como principal potência do mundo.


A Rússia reemergiu como nova potência no cenário global, ao lado da China e de outros países BRICS. 2014 foi o ano em que Rússia e China firmaram uma parceria comercial e estratégica para a administração da energia global que promete, por meios legais e legítimos, acertar golpe mortal ao decrépito dólar norte-americano como moeda mundial de reserva – o último engate ainda ativo, provavelmente − permitindo que Washington ainda se apresente como potência global, além do poderio militar já esgarçado pela exagerada expansão.


Parece que ninguém conseguirá deter o potencial natural para uma economia multipolar global, com Rússia e China liderando a marcha. A formação, também em 2014, de um novo banco de desenvolvimento dos BRICS e o surgimento de um polo eurasiano para comércio, energia e finanças é ameaça mortal ao “consenso de Washington”, que comandou a economia global nos últimos 43 anos, desde que o dólar substituiu o padrão ouro – movimento que foi apenas o primeiro sinal de que o poder dos EUA não voltaria a ser o que fora, tentativa para adiar o descarte. Hoje, o descarte do dólar dos EUA já parece inegável.



BRICS

Com o poder dos EUA em jogo, ante a iminência do fim do sistema do dólar, não surpreende que Washington mova-se sempre agressivamente para confrontar a emergente dinâmica multipolar que a Rússia, de modo especial, encarna.


Como antigamente, o Oriente Médio continua como um caldeirão no qual se manifestam as rivalidades entre as grandes potência. Para olho atento e bem informado, ali se revelam também os limites dos falsos poderes, de poderes apenas alardeados. 2014 deveria ter sido o ano quando se coroaria o grande feito da diplomacia dos EUA, quando, afinal, se acertariam as diferenças de décadas de guerra entre Israel e Palestina. O prazo final para que se firmasse um acordo de paz negociado pelo Secretário de Estado dos EUA, John Kerry, veio e passou e foi esquecido. O tão dito e repetido derradeiro prazo, em abril, para impor a paz na região acabou “marcado” por mais um massacre de palestinos violentados pelos israelenses, e umablitzkrieg de Israel contra a Faixa de Gaza, que matou mais de 2 mil palestinos. E nos últimos dias do ano, Washington ainda bloqueava tentativas, na ONU, para restaurar direitos nacionais aos palestinos – movimento que, mais uma vez, expôs os EUA como negociador de fraudes, não de qualquer acordo de paz; e protetores perpétuos dos sionistas e da ocupação territorial ilegal de terras palestinas, por Israel.



Em outro ponto, no Oriente Médio, o legado dos norte-americanos imperialistas geradores de guerra voltou como morto-vivo para assombrar o mundo. A avançada de terroristas da chamada rede do Estado Islâmico no Iraque e na Síria (ISIS/ISIL) lá está, para que ninguém jamais esqueça como os EUA, com seus aliados na OTAN sempre plantaram sementes de morte e de destruição naquela região, com suas ações e políticas clandestinas, criminosas, golpistas, de “mudança de regime”. Aquelas políticas clandestinas foram como combustível para o crescimento do terrorismo na Síria e no Iraque, como na Líbia, primeiro como ferramentas de “mudança de regime” e, na sequência, com as tragédias dos revides, como se tem visto com cidadãos ocidentais vitimados em macabras execuções públicas por degola. Graças a veículos alternativos de mídia, os laços históricos que unem Washington e seus procuradores dentro da Al-Qaeda, que emergiram no Afeganistão e dali se espalharam para todo o Oriente Médio, são hoje mais bem conhecidos e compreendidos pelos públicos globais.



Terroristas do ISIS-ISIL, treinados e mantidos pelos EUA e aliados, degolam prisioneiros

Essas conexões apontam para a farsa perversa que une Washington, seus vassalos na OTAN e os mais brutais ditadores árabes, os mesmos que hoje atacam o Iraque e a Síria, sob o pretexto de que assim estariam “varrendo” o monstro do terrorismo. O monstro do terrorismo, aquele, o mesmo que essas mesmas potências ocidentais inventaram.


2014 foi o ano em que a “mudança-de-regime” orquestrada pelos EUA enlouqueceu completamente. Não satisfeitos com fazer do Oriente Médio o matadouro para suas experiências de “democracia”, EUA e seus aliados europeus ampliaram a ilegalidade e o crime até a Ucrânia.


O golpe organizado em fevereiro pela CIA para derrubar o governo eleito na Ucrânia implantou um regime fascista em Kiev, que abertamente propaga uma ideologia neonazista. A ex-secretária política da União Europeia, Catherine Ashton, deixou escapar exatamente essa avaliação numa conversa telefônica, sobre como a CIA articulou a matança de mais de 80 pessoas em Kiev, com atiradores profissionais atacando cidadãos que protestavam na Praça Maidan. Aquela conversa telefônica confirmou o que Victoria Nuland, alta funcionária do Departamento de Estado dos EUA também já dissera – que o golpe em Kiev foi golpe orquestrado pela CIA.



Yatseniuk e Poroshenko, membros da Junta de Kiev

O objetivo da operação de mudança de regime na Ucrânia, apoiada por EUA-EU, logo ficou visível, quando o fantoche Arseniy Yatsenyuk lá instalado pelos golpistas e Petro Poroshenko lançaram sua campanha de terror militar e massacre de russos nas regiões leste da Ucrânia – campanha de assassinatos que continua, apesar de ter sido declarado um cessar-fogo.


Com a Ucrânia já governada por golpistas neonazistas, os falantes de russo que vivem na Crimeia organizaram referendo histórico, pelo qual o povo da Crimeia solicitou a reintegração daquela região à Federação Russa. Movimentos de secessão similares estão em curso nas regiões de Donetsk e Lugansk, nas áreas leste do Donbass.


Washington e seus servis aliados europeus inverteram de pés para cima a realidade e puseram-se a culpar Moscou por ter “anexado” a Crimeia e pelo conflito no Donbass, no qual já morreram quase 5 mil pessoas e que gerou um milhão de refugiados que buscam segurança em território russo, do outro lado da fronteira. Crimes contra a humanidade cometidos pelo regime de Kiev apoiado por EUA - União Europeia (UE) são ignorados em Washington e em Bruxelas, enquanto obram para fazer da Ucrânia neonazista estado-membro da UE e da OTAN.


A crise na Ucrânia que Washington e seus aliados em Bruxelas precipitaram resultou também no ataque que derrubou um avião malaio, dia 17 de julho/2014, e matou todos os 298 homens e mulheres e crianças que viajam naquela aeronave. Apesar do violento movimento de propaganda que EUA-UE tentaram, servindo-se da imprensa-empresa pró-ocidente, para inculpar a Rússia por aquele crime, todas as provas mostram que o regime neonazista de Kiev está envolvido na derrubada do avião – seja por horrível incompetência militar ou, ainda pior, em ato deliberado de sabotagem e assassinato, para inculpar a Rússia. Sem conseguir provar qualquer envolvimento dos russos naquela catástrofe, a investigação conduzida por “especialistas” dominados pelo ocidente parece ter sido embalsamada, para que nunca, em tempo algum, se demonstre que o verdadeiro responsável por aquelas mortes é o regime neonazista apoiado por EUA-UE de Kiev.



MH17 abatido por um Su 25 da Ucrânia

A campanha odiosa para inculpar a Rússia pelo assassinato dos passageiros do jato MH17 “evoluiu” para campanha de deslavada propaganda para impor sanções a Moscou. A UE desistiu de qualquer ambição que ainda tivesse a alguma independência política e seguiu caninamente as ordens de Washington, para impor sanções econômicas e diplomáticas contra a Rússia, por causa da crise ucraniana. O vice-presidente dos EUA, Joe Biden – um dos “mentores” do regime de Kiev – revelou em detalhes vergonhosos o que Washington fez para forçar os líderes europeus a adotar a política norte-americana de sanções contra Moscou. Com isso, se criou separação sem precedentes entre Europa e Rússia – e a mais grave deterioração nas relações desde o fim formal da Guerra Fria, há mais de 20 anos.


Estupidamente, a Europa carrega hoje o peso do crescimento das tensões. Sanções e contrassanções acabaram por ferir mais fundamente a já debilitada economia europeia, ferimentos que já atingiram até a Alemanha.


Como nos EUA, a economia europeia permanece presa em dura recessão (que não desaparece, por mais que os norte-americanos repitam a conversa da “recuperação”), com miséria social crescente e explosiva, e a pobreza atingindo altas recordes. Quanto mais se aprofunda o conflito absolutamente desnecessário com a Rússia, mais a União Europeia vê-se empurrada para a beira do abismo econômico. A miséria social que cresce e se espalha por toda a União Europeia levou, esse ano, ao crescimento de partidos políticos contrários à própria União Europeia e às políticas de Bruxelas em várias eleições nacionais. Partidos como a Frente Nacional, na França, e o Independence Party britânico já questionam a viabilidade do bloco europeu.


Esse desenvolvimento nada tem de surpreendente, dado que os líderes europeus só fazem manifestar o mais irrestrito servilismo à política externa de Washington e àquelas doutrinas econômicas neoliberais pró bancarrota nacional geral, de “austeridade” para os trabalhadores e o mais grotesco enriquecimento para as elites endinheiradas e a oligarquia financeira.


A reunião anual do G20 no final do ano na Austrália foi prova clara de que Washington e seus aliados na União Europeia não têm o que oferecer como solução política aproveitável contra o colapso econômico que começou em 2007 e persistiu inalterado por sete anos!


Em resumo, 2014 foi o ano em que o eixo Washington-Bruxelas foi exposto como força global exaurida. As “mudanças de regime” no Oriente Médio e na Ucrânia, cerebradas em Washington, levaram o mundo a uma crise que se aprofunda a cada dia.



O blefe das sanções

Em vez de se mostrarem capazes de resgatar-se do lodaçal de problemas econômicos profundos e bem conhecidos associados ao declínio do capitalismo ocidental, as potências ocidentais do século passado tentam desesperadamente resolver os próprios dilemas aprofundando, cada vez mais, velhos conflitos com a Rússia. A expansão da aliança EUA-OTAN contra o território russo é o corolário. A guerra parece ser, mais uma vez, o último refúgio dos canalhas.


Há um século, as potências sempre podiam safar-se das provocações mais alucinadas, porque elas tinham monopólio completo, total e inabalável da informação e da propaganda.


No novo mundo das comunicações globais multipolares e dos sempre novos canais alternativos de informações, a tendência à guerra inerente às potências ocidentais podem ainda ser perigo mortal – mas cada dia mais − está aí, exposta, desmascarada, para que todos a vejam. Em 2015, a batalha por verdade, justiça e paz será terrível... mas já é batalha que se pode vencer.


O desafio está exposto, visível, em nível global de consciência e clareza. A causa-raiz das guerras e conflitos afinal emergiu, perfeitamente clara, ao longo do ano passado: o inimigo da paz é o capitalismo ocidental “conduzido” pelos EUA.





[*] Finian Cunningham nasceu em Belfast, Irlanda do Norte, em 1963. Especialista em política internacional. Autor de artigos para várias publicações e comentarista de mídia. Recentemente foi expulso do Bahrain (em 6/2011) por seu jornalismo crítico no qual destacou as violações dos direitos humanos por parte do regime barahini apoiado pelo Ocidente. É pós-graduado com mestrado em Química Agrícola e trabalhou como editor científico da Royal Society of Chemistry, Cambridge, Inglaterra, antes de seguir carreira no jornalismo. Também é músico e compositor. Por muitos anos, trabalhou como editor e articulista nos meios de comunicação tradicionais, incluindo os jornais Irish Times e The Independent. Atualmente está baseado na África Oriental, onde escreve um livro sobre o Bahrain e a Primavera Árabe.


POSTADO POR CASTOR FILHO
http://redecastorphoto.blogspot.com.br/2015/01/2014-ano-em-que-o-capitalismo-conduzido.html

domingo, 4 de janeiro de 2015

Crise interna e mundial 04/01/2015


30.12.2014 – [*] Adriano Benayon
Texto enviado pelo autor
Ilustrações: redecastorphoto





Crise Financeira Internacional

1. O ano termina sob o espectro de perspectivas preocupantes no âmbito nacional e no poder mundial.


2. Isso recomenda que os povos assumam atitude engajada e participativa, livre das falsas lideranças que iludem tanta gente, e, assim, se libertem de um sistema que os despoja e aliena.


3. No Brasil persiste o assédio para que se desnacionalizem as poucas grandes empresas públicas e privadas sob controle nacional que ainda lhe restam.


4. Historicamente, os agentes das campanhas nesse sentido valeram-se sempre, como ocorre atualmente, da retórica moralista para atingir seu real objetivo.


5. Vivemos sob um sistema político em que os aspirantes aos cargos eletivos dependem de exposição na TV – um espaço fechado aos não comprometidos com os reais donos e beneficiários desse sistema. Dependem também de dinheiro grosso para as campanhas eleitorais, num país em que a economia é concentradíssima e desnacionalizada.


6. Nessas condições, ainda que o Executivo estivesse nas mãos de titular solidamente apoiado pela maioria da sociedade, ele não teria como colocar os interesses dela acima dos grupos que concentram o poder real.


7. Estes elegem a grande maioria do Congresso e, sustentando-se na grande mídia, exercem ascendência ideológica sobre o Judiciário, o Ministério Público, a Polícia, os quadros técnicos e administrativos da Fazenda, Banco Central etc..


8. Além disso, a autonomia dada pela Constituição a esses órgãos e a instituição das agências independentes permitem ações e iniciativas descoordenadas, em que preferências pessoais substituem políticas coerentes orientadas pelo interesse público.


9. Ademais, cargos na Administração, nas agências do Estado e nas grandes empresas e bancos estatais são usados pelos chefes do Executivo, inclusive os do PT − pois lhes falta maioria no Congresso - onde prevalece o toma-lá-dá-cá como moeda de barganha com partidos políticos, em nome da “governabilidade”.


10. Isso não significa que a corrupção tenha aumentado em relação a Collor e FHC, mais claramente engajados com a oligarquia financeira mundial - e cujas eleições foram por ela patrocinadas.



O povo e os oligarcas

11. Os casos de corrupção nos entes públicos e nas estatais servem como instrumentos de chantagem operados por revistas de opinião - tradicionalmente amparadas por serviços secretos estrangeiros – e como munição para alvejar as estatais e fazer com que o Brasil as entregue a troco de nada.


12. De qualquer forma, os petistas no Executivo são, de há muito, acuados para cederem mais espaço aos quadros da confiança da oligarquia, e, quanto mais fazem concessões, mais ficam vulneráveis, e mais são alvo de ataques desestabilizadores.


13. Desde antes da eleição presidencial, o epicentro da crise tem sido os escândalos nas encomendas da Petrobrás, com ou sem licitações.


14. A presidente ficou na defensiva, pois a Administração não se antecipou nas investigações à Polícia Federal e ao Ministério Público. Enfraqueceu-se, assim, em face das pressões que têm por obter mais concessões em favor das grandes transnacionais do petróleo: mais leilões e abertura ao óleo do pré-sal, mais ampla e favorecida do que a que já lhes tem sido proporcionada pela ANP.


15. No mesmo impulso de tornar a Petrobrás um butim da onda privatizante, as transnacionais aproveitam para colocar em cheque as empreiteiras, conglomerados de capital nacional, atuantes em numerosas indústrias e serviços tecnológicos. Seja sob o atual governo, manipulado para ceder mais, seja sob políticos mais intimamente vinculados ao império anglo-americano, como os do PSDB, trama-se a culminação do processo de desnacionalização da economia e de destruição completa da soberania nacional.


16. Na economia, a desnacionalização e demais defeitos estruturais geraram mais uma crise tendo - mesmo com baixo crescimento do PIB - o déficit de transações correntes com o exterior aumentado em mais de 12% em 2014, após crescer de US$ 28,2 bilhões em 2008 para U$ 81 bilhões em 2013.


17. Enquanto a sociedade não forma um movimento para construir modelo econômico e social viável, é importante entender que só isso a poderá salvar. Golpe parlamentar, judiciário − ou do tipo que for − para trocar presidente, partido no governo ou mesmo “mudança de regime” através de “revolução colorida”, certamente patrocinada por agentes no exterior, apenas agravaria a situação.


18. O futuro ministro da Fazenda, Joaquim Levy - não nestes termos − declarou-se favorável a medidas macroeconômicas ao gosto do “mercado financeiro”, isto é, dos grandes bancos mundiais e locais. É, pois, desse modo que a presidenta espera enfrentar mais uma crise recorrente causada pelas estruturas políticas e econômicas do modelo dependente.


19. Essas estruturas são: a primarização e perda de qualidade relativa do que sobrou da indústria; a concentração de renda; a desnacionalização da economia. Elas implicam que o Brasil está mal posicionado diante das dificuldades, sem falar no desastre estrutural derivado, que é a Dívida Pública.


20. Esta já cresceu demais, devido aos juros compostos a taxas absurdas, e crescerá mais, mesmo com a volta do superávit primário para pagar juros, uma vez que os feiticeiros incumbidos de sanar a crise não pretendem baixar as taxas. Muito pelo contrário...



Taxa SELIC



21. Completando o conjunto de fatores − incuráveis sem mudança de sistema político e econômico − estão aí as infra-estruturas deterioradas, desde há decênios, como as da energia e dos transportes.


22. Vejamos algumas das ideias de Levy externadas em entrevista ao “Valor”, na qual defendeu o consenso dos banqueiros e economistas “liberais”, em versão moderada, isto é, sem o radicalismo das propostas dos candidatos que se opuseram à presidente.


23. Levy não tem como escapar às contradições e aos impasses a que conduzem seus planos. Ele pretende, por exemplo, aumentar a abertura no comércio exterior.


24. No quadro de retração econômica em quase todo o Mundo, não é provável obter concessões significativas em troca de maior abertura do Brasil às importações. Ademais, o objetivo de conter a inflação dos preços importando mais bens e serviços, sem conseguir exportar mais, implica fazer crescer o crítico déficit nas transações correntes.


25. Levy fala também de corrigir preços relativos. Mas o que quer dizer com isso? Se os subsídios que deseja suprimir são os do crédito dos bancos públicos, as empresas mais prejudicadas serão as de capital nacional, já que as transnacionais dispõem de crédito baratíssimo no exterior.


26. Certamente, Levy não visa cortar os privilégios fiscais do sistema financeiro, nem os dos carteis industriais transnacionais, como as montadoras, nem intervir em seus mercados através do fomento a concorrentes independentes. E, sem isso, os preços relativos que mais se precisa corrigir não serão alterados.


27. Ou o preço que, na visão dos macroeconomistas oficiais, estaria precisando ser reduzido seriam os salários?



Cartel de Bancos no Brasil

28. O futuro comandante da economia propugna, em especial, por acabar com a dualidade das taxas de juros, aproximando as taxas dos bancos públicos e as dos bancos privados.


29. O liberalismo é, sobre tudo, um rótulo, pois os concentradores usam a palavra mágica “mercado” como álibi para ocultar a identidade de quem exatamente manipula o mercado.


30. Então os que se filiam aos interesses dos carteis, proclamam que não cabe ao governo intervir no mercado, que deve ser competitivo, isto é, governado pela concorrência, embora ele o faça para elevar, por exemplo, as taxas de juros.


31. Não se informa que os preços nos mercados cartelizados não são dirigidos pela concorrência, mas, sim, pelo consenso dos concentradores. Os bancos são favorecidos pela Constituição, cujo artigo 164 veda ao Banco Central financiar o Tesouro, e este é proibido de emitir moeda. Além disso, só um número limitado de bancos é autorizado a comprar e vender títulos do Tesouro.


32. Está claro, portanto, que a equalização das taxas recomendada por Levy só pode ser feita determinando aos bancos públicos elevar suas taxas.


33. Passando ao contexto mundial, no império anglo-americano, satélites europeus e outros, têm prevalecido a degeneração estrutural: financeirização e retração da economia real.




34. O centro do poder mundial fez meia pausa na escalada de intervenções armadas, planejadas desde 2001, visando, pelo menos, até ao Irã, depois de ter arrasado, entre outros, Líbia e Iraque, e se ter apossado de suas imensas reservas de petróleo e de seu ouro.



Cartel Internacional de Bancos

35. Isso decorreu de ter sido a ocupação da Síria contida pela Rússia, que se tornou o alvo primordial da agressão econômica e do cerco militar imperiais, intensificado com o golpe de estado na Ucrânia e a ocupação do governo desta por prepostos dos EUA.


36. China, principalmente, e Índia são as maiores exceções ao panorama de retração econômica, no momento em que a Rússia busca sobreviver à pressão imperial intensificando suas relações com seus parceiros asiáticos.


37. Há que seguir de perto a evolução do jogo de poder mundial, cujo equilíbrio constitui condição fundamental, embora não suficiente, para que o Brasil construa estruturas essenciais a seu progresso.





[*] Adriano Benayon: Consultor em finanças e em biomassa. Doutor em Economia, pela Universidade de Hamburgo, Bacharel em Direito, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ. Diplomado no Curso de Altos Estudos do Instituto Rio Branco, Itamaraty. Diplomata de carreira, postos na Holanda, Paraguai, Bulgária, Alemanha, Estados Unidos e México. Delegado do Brasil em reuniões multilaterais nas áreas econômica e tecnológica. Consultor Legislativo da Câmara dos Deputados e do Senado Federal na área de economia. Professor da Universidade de Brasília (Empresas Multinacionais; Sistema Financeiro Internacional; Estado e Desenvolvimento no Brasil). Autor de Globalização versus Desenvolvimento, 2ª ed. Editora Escrituras, São Paulo.


POSTADO POR CASTOR FILHO


http://redecastorphoto.blogspot.com.br/2015/01/crise-interna-e-mundial.html

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

400 pessoas mais ricas do mundo aumentaram sua fortuna em US$ 92 bilhões durante 2014 02/01/2015




Patrícia Dichtchekenian | São Paulo - 31/12/2014 - 15h45
Lucro de bilionários como de chinês Jack Ma, líder do Alibaba, contrasta com desigualdade que alargou abismo entre ricos e pobres neste ano


As pessoas mais ricas do planeta ficaram ainda mais ricas em 2014, adquirindo pelo menos US$ 92 bilhões em sua fortuna coletiva, revelou o Índice de Bilionários da Bloomberg. O patrimônio líquido dos 400 bilionários mais ricos do mundo foi de US$ 4,1 trilhões conforme dados divulgados em 29 de dezembro deste ano.

Flickr

Chinês Jack Ma, no Fórum Econômico Mundial: 2014 foi um ano muito lucrativo para líder do Alibaba

De acordo a agência de notícias financeira norte-americana, os lucros deste ano acontecem em meio à queda nos preços de energia.A Bloomberg também responsabiliza a “turbulência geopolítica” incitada pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin, que teria favorecido alguns desses bilionários.

Em 2014, o principal vencedor foi Jack Ma, co-fundador do Alibaba Group Holding Ltd., a maior empresa de comércio eletrônico da China. Ma, um ex-professor de inglês de 50 anos que iniciou a empresa em seu apartamento em 1999, obteve um lucro anual de US$ 25,1 bilhões, ultrapassando Li Ka-shing, o então homem mais rico da Ásia.

Além de Ma, outros dois ganhadores neste ano foram Warren Buffett e Mark Zuckerberg, nos Estados Unidos. Diretor executivo da empresa Berkshire Hathaway, Buffet obteve lucro de US$ 13, 7 bilhões. Já o criador do Facebook acrescentou em seu cofrinho mais US$ 10, 6 bilhões nos últimos 12 meses.




Neste ano, Buffet ultrapassou no posto de segundo homem mais rico do mundo o bilionário mexicano Carlos Slim, que lidera um conglomerado de comunicações. O cargo de mais rico do planeta ainda é do co-fundador da Microsoft Bill Gates, que mantém uma fortuna de US$ 87, 6 bilhões. No Brasil, Jorge Paulo Lemann, o mais rico do país, teve aumento de US$ 3,2 bilhões em seu bolso.

De acordo com o grupo Oxfam, em relatório publicado em outubro deste ano, o número de bilionários ao redor do planeta dobrou desde 2008, quando deu-se inicio à crise financeira em escala global. De acordo com o material, as 85 pessoas mais ricas têm o equivalente à metade mais pobre do mundo

À Agência Brasil, o diretor da Oxfam no Brasil, Simon Ticehurst, explicou que entre as causas da desigualdade, que aumenta cada vez mais o fosso entre ricos e pobres, está o “fundamentalismo do mercado”, que promove um crescimento econômico, beneficiando apenas a elite.

No ano passado, o relatório "Credit Suisse 2013 Wealth Report", um dos mapeamentos mais completos sobre o assunto divulgados recentemente, divulgou um estudo que aponta que 0,7% da população concentra 41% da riqueza mundial.


http://operamundi.uol.com.br/conteudo/noticias/39007/400+pessoas+mais+ricas+do+mundo+aumentaram+sua+fortuna+em+us%24+92+bilhoes+durante+2014+.shtml

O Discurso de Posse de Dilma Rousseff 02/01/2015




Senhoras e Senhores,

Volto a esta casa com a alma cheia de alegria, de responsabilidade e de esperança.

Sinto alegria por ter vencido desafios e honrado o nome da mulher brasileira.

O nome de milhões de guerreiras anônimas que, voltam a ocupar, encarnadas na minha figura, o mais alto posto de nossa grande nação.

Encarno outra alma coletiva que amplia ainda mais a minha responsabilidade e a minha esperança.

O projeto de nação que é detentor do mais profundo e duradouro apoio popular da nossa história democrática.

Este projeto de nação triunfou e permanece, devido aos grandes resultados que conseguiu até agora, e porque o povo entendeu que este é um projeto coletivo de longo prazo.

Este projeto pertence ao povo brasileiro e, mais que nunca, é para o povo e com o povo que vamos governar.

A partir do extraordinário trabalho iniciado pelo governo do presidente Lula e continuado por nós, temos hoje a primeira geração de brasileiros que não vivenciou a tragédia da fome.

Resgatamos 36 milhões da extrema pobreza, 22 milhões apenas em meu primeiro governo.

Nunca tantos brasileiros ascenderam às classes médias.

Nunca tantos brasileiros conquistaram tantos empregos com carteira assinada.

Nunca o salário mínimo e os demais salários se valorizaram por tanto tempo e com tanto vigor.

Nunca tantos brasileiros se tornaram donos de suas próprias casas.

Nunca tantos brasileiros tiveram acesso ao ensino técnico e à universidade.

Nunca o Brasil viveu um período tão longo sem crises institucionais.

Nunca as instituições foram tão fortalecidas e respeitadas, e nunca se apurou e puniu com tanta transparência a corrupção.

Em nossos governos, cumprimos o compromisso fundamental de oferecer, a uma população enorme de excluídos, os direitos básicos que devem ser assegurados a qualquer cidadão.

O direito de trabalhar, de alimentar a família, de educar e acreditar em um futuro melhor para seus filhos.

Isso que era tanto para uma população que tinha tão pouco, tornou-se pouco para uma população que conheceu, enfim, governos que a respeitam e que realmente se esforçam para protegê-la.

A população quis que ficássemos porque viu o resultado do nosso trabalho, compreendeu as limitações que o tempo nos impôs e concluiu que poderemos fazer muito mais.

O recado que o povo nos mandou não foi só de reconhecimento e confiança, foi também um recado de quem quer mais e melhor.

Por isso, a palavra mais repetida na campanha foi mudança, e o tema mais invocado foi reforma.

Por isso, eu repito hoje, nesta solenidade de posse: fui reconduzida à Presidência para continuar as grandes mudanças do país e não trairei este chamado.

O povo brasileiro quer mudanças, quer avançar, quer mais.

É isso que também quero!

É isso que vou fazer, com destemor mas com humildade, contando com o apoio desta Casa e com a força do povo.

Este ato de posse é, antes de tudo, uma cerimônia de reafirmação e ampliação de compromissos. É a inauguração de uma nova etapa neste processo histórico de mudanças sociais do Brasil.

Faço questão, também, de renovar, nesta Casa, meu compromisso de defesa permanente e obstinada da Constituição, das leis, das liberdades individuais, dos direitos democráticos, da mais ampla liberdade de expressão e dos direitos humanos.

Queridos brasileiros e queridas brasileiras,

Em meu primeiro mandato, o Brasil alcançou um feito histórico: superamos a extrema pobreza.

Mas como eu disse – e sei que é expectativa de todos os brasileiros – o fim da miséria é só um começo.

Agora, é a hora de prosseguir com o nosso projeto, de perseguir novos objetivos. É hora de melhorar o que está bom, corrigir o que é preciso e fazer o que o povo espera de nós.

Sim, neste momento, ao invés de simplesmente garantir o mínimo necessário, temos que lutar para oferecer o máximo possível. Vamos precisar, governo e sociedade de paciência, coragem, persistência, equilíbrio e humildade para vencer os obstáculos. E venceremos

O povo brasileiro quer democratizar, cada vez mais a renda, o conhecimento e o poder.

O povo brasileiro quer educação, saúde, e segurança de mais qualidade.

O povo brasileiro quer ainda mais transparência e mais combate a todos os tipos de crimes, especialmente a corrupção – e quer que o braço da justiça alcance a todos de forma igualitária.

Eu não tenho medo de encarar estes desafios, até porque sei que não vou enfrentar esta luta sozinha.

Sei que conto com o apoio dos senhores e das senhoras parlamentares, legítimos representantes do povo neste Congresso Nacional.

Sei que conto com o apoio do meu querido vice-presidente, Michel Temer, parceiro de todas as horas.

Sei que conto com o esforço dos homens e mulheres do Judiciário.

Sei que conto com o forte apoio da minha base aliada, de cada liderança partidária de nossa base e com os ministros e ministras que estarão, a partir de hoje, trabalhando ao meu lado pelo Brasil.

Sei que conto com o apoio de cada militante do meu partido, o PT, e da militância de cada partido da base aliada, representados aqui pelo mais destacado militante e maior líder popular da nossa história, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Sei que conto com o apoio dos movimentos sociais e dos sindicatos; e sei o quanto estou disposta a mobilizar todo povo brasileiro neste esforço para uma nova arrancada do nosso querido Brasil.

Assim como provamos que é possível crescer e distribuir renda, vamos provar que se pode fazer ajustes na economia sem revogar direitos conquistados ou trair nossos compromissos sociais.

Vamos provar que depois de fazermos políticas sociais que surpreenderam o mundo, é possível corrigir eventuais distorções e torná-las ainda melhores.

É inadiável, também, implantarmos práticas políticas mais modernas e éticas e por isso mesmo mais saudáveis.

É isso que torna urgente e necessária a reforma política.

Uma reforma profunda que é responsabilidade constitucional desta Casa, mas que deve mobilizar toda a sociedade na busca de novos métodos e novos caminhos para nossa vida democrática. Reforma política que estimule o povo brasileiro a retomar seu gosto e sua admiração pela política.

Queridas brasileiras e queridos brasileiros,

Neste momento solene de posse é importante que eu detalhe algumas ações e atitudes concretas que vão nortear nosso segundo mandato.

As mudanças que o país espera para os próximos quatro anos dependem muito da estabilidade e da credibilidade da economia.

Isso, para mim, não é novidade.

Sempre orientei minhas ações pela convicção sobre o valor da estabilidade econômica, a centralidade do controle da inflação, o imperativo da disciplina fiscal e a necessidade de conquistar e merecer a confiança dos trabalhadores e dos empresários.

Mesmo em meio a um ambiente internacional de extrema instabilidade e incerteza econômica, o respeito a esses fundamentos econômicos nos permitiu colher resultados positivos.

Em todos os anos do meu primeiro mandato, a inflação permaneceu abaixo do teto da meta e assim vai continuar.

Na economia, temos com o quê nos preocupar, mas também temos o que comemorar.

O Brasil é hoje a 7ª economia do mundo, o 2º maior produtor e exportador agrícola, o 3º maior exportador de minérios, o 5º país que mais atrai investimentos estrangeiros, o 7º em acúmulo de reservas cambiais e o 3º maior usuário de internet.

Além disso, a dívida líquida do setor público é hoje menor do que no início do meu mandato.

As reservas internacionais estão em patamar histórico, na casa dos 370 bilhões de dólares.

Os investimentos estrangeiros diretos atingiram, nos últimos quatro anos, volumes recordes.

Mais importante: a taxa de desemprego está nos menores patamares já vivenciados na história de nosso país.

Geramos 5 milhões e 800 mil empregos formais em um período em que o mundo submergia em desemprego.

Porém queremos avançar ainda mais e precisamos fazer mais e melhor!

Por isso, no novo mandato vamos criar, por meio de ação firme e sóbria na economia, um ambiente ainda mais favorável aos negócios, à atividade produtiva, ao investimento, à inovação, à competitividade e ao crescimento sustentável. Combateremos sem tréguas a burocracia.

Tudo isso voltado para o que é mais importante e mais prioritário: a manutenção do emprego e a valorização do salário, muito especialmente, a política de valorização do salário mínimo que continuaremos assegurando.

Mais que ninguém sei que o Brasil precisa voltar a crescer.

Os primeiros passos desta caminhada passam por um ajuste nas contas públicas, um aumento na poupança interna, a ampliação do investimento e a elevação da produtividade da economia.

Faremos isso com o menor sacrifício possível para a população, em especial para os mais necessitados.

Reafirmo meu profundo compromisso com a manutenção de todos os direitos trabalhistas e previdenciários.

Temos consciência que a ampliação e a sustentabilidade das políticas sociais exige equidade e correção permanente de distorções e eventuais excessos.

Vamos mais uma vez derrotar a falsa tese que afirma existir um conflito entre a estabilidade econômica e o investimento social e em infraestrutura.

Ao falar dos desafios da nossa economia, faço questão de deixar uma palavra aos milhões de micro e pequenos empreendedores do Brasil.

Em meu primeiro mandato, aprimoramos e universalizamos o Simples e ampliamos a oferta de crédito para os pequenos empreendedores.

Quero, neste novo mandato, avançar ainda mais. Pretendo encaminhar ao Congresso Nacional um projeto de lei criando um mecanismo de transição entre as categorias do Simples e os demais regimes tributários.

Vamos acabar com o abismo tributário que faz os pequenos negócios terem medo de crescer. Porque se o pequeno negócio não cresce, o país também não cresce.

Nos dedicaremos, ainda, a ampliar a competitividade do nosso país e das nossas empresas.

Daremos prioridade ao desenvolvimento da ciência, da tecnologia e da inovação, estimulando e fortalecendo as parcerias entre o setor produtivo e nossos centros de pesquisa e universidades.

Um Brasil mais competitivo está nascendo também, a partir dos maciços investimentos em infraestrutura, energia e logística.

Desde 2007, foram duas edições do Programa de Aceleração do Crescimento –o PAC-1 e o PAC-2– que totalizaram cerca de 1 trilhão e 600 bilhões de reais em investimentos em milhares de kms de rodovias, de ferrovias; em obras nos portos, terminais hidroviários e em aeroportos. Na expansão da geração e da rede de transmissão de energia. Em obras de saneamento e ligações de energia do Luz para Todos.

Com o Programa de Investimentos em Logística, demos um passo adiante, construindo parcerias com o setor privado, implementando um novo modelo de concessões que acelerou a expansão e permitiu um salto de qualidade de nossa logística.

Asseguramos a concessão de aeroportos e de milhares de km de rodovias e a autorização para dezenas de novos terminais portuários de uso privado.

Agora, vamos lançar o PAC 3 e o Programa de Investimento em Logística 2. Assim, a partir de 2015 iniciaremos a implantação de uma nova carteira de investimento em logística, energia, infraestrutura social e urbana, combinando investimento públicos e parcerias privadas.

Vamos o aprimorar os modelos de regulação, o mercado privado de crédito de longo prazo, as garantias para financiamento de projetos de grande vulto.

Reafirmo ainda meu compromisso de apoiar Estados e municípios na tão desejada expansão da infraestrutura de transporte coletivo em nossas cidades.

Está em andamento uma carteira de 143 bilhões de reais em obras de mobilidade urbana por todo o Brasil.

Assinalo que, neste novo mandato, daremos especial atenção à infraestrutura que vai nos conduzir ao Brasil do futuro: a rede de internet em banda larga.

Em 2014, em um esforço conjunto com este Congresso Nacional, demos ao Brasil uma das legislações mais modernas do mundo na área da internet, o Marco Civil da Internet.

Reitero aqui meu compromisso de, nos próximos quatro anos, promover a universalização do acesso a um serviço de internet em banda larga barato, rápido e seguro.

Quero reafirmar o compromisso de continuar reduzindo os desequilíbrios regionais, impulsionando políticas transversais e projetos estruturantes, especialmente no Nordeste e na região Amazônica. Foi decisivo mitigar o impacto desta prolongada seca no semi-árido nordestino, mas mais importante será a conclusão da nova e transformadora infraestrutura de recursos hídricos perenizando 1.000 km de rios, combinada com o importante investimento social em mais de um milhão de cisternas.

Senhoras e Senhores

Gostaria de anunciar agora o novo lema do meu governo.

Ele é simples, direto e mobilizador.

Reflete com clareza qual será a nossa grande prioridade e sinaliza para qual setor deve convergir o esforço de todas as áreas de governo.

Nosso lema será: Brasil, pátria educadora!

Trata-se de lema com duplo significado. Ao bradarmos “Brasil, pátria educadora” estamos dizendo que a educação será a prioridade das prioridades, mas também que devemos buscar, em todas as ações do governo, um sentido formador, uma prática cidadã, um compromisso de ética e sentimento republicano.

Só a educação liberta um povo e lhe abre as portas de um futuro próspero.

Democratizar o conhecimento significa universalizar o acesso a um ensino de qualidade em todos os níveis –da creche à pós-graduação; para todos os segmentos da população– dos mais marginalizados, os negros, as mulheres e todos os brasileiros.

Ao longo deste novo mandato, a educação começará a receber volumes mais expressivos de recursos oriundos dos royalties do petróleo e do fundo social do pré-sal.

Assim, à nossa determinação política se somarão mais recursos, mais investimentos.

Vamos continuar expandindo o acesso às creches e pré-escolas para todos, garantindo o cumprimento da meta de universalizar, até 2016, o acesso de todas as crianças de 4 e 5 anos à pré-escola.

Daremos sequência à implantação da alfabetização na idade certa e da educação em tempo integral.

Ênfase especial daremos ao ensino médio, buscando em parceria com os Estados efetivar mudanças curriculares e o aprimoramento da formação dos professores.

O Pronatec oferecerá, até 2018, 12 milhões de vagas para que nossos jovens, trabalhadores e trabalhadoras tenham mais oportunidades de conquistar melhores empregos e possam contribuir ainda mais para o aumento da competitividade da economia brasileira.

Darei especial atenção ao Pronatec Jovem Aprendiz, que permitirá às micro e pequenas empresas contratarem um jovem para atuar em seu estabelecimento.

Vamos continuar apoiando nossas universidades e estimulando sua aproximação com os setores mais dinâmicos da nossa economia.

O Ciência Sem Fronteiras vai continuar garantindo bolsas de estudo nas melhores universidades do mundo para 100 mil jovens brasileiros.

Queridas brasileiras e queridos brasileiros.

O Brasil vai continuar como o país lider, no mundo, em políticas sociais transformadoras.

Aos beneficiários do Bolsa Família continuaremos assegurando o acesso às políticas sociais e a novas oportunidades de renda. Destaque será dado à formação profissional dos beneficiários adultos e à educação das crianças e dos jovens.

Com a terceira fase do Minha Casa Minha Vida contrataremos mais 3 milhões de novas moradias, que se somam às 2 milhões de casas entregues até 2014 e às 1 milhão e 750 mil moradias em construção, que serão entregues neste segundo mandato.

Na saúde, reafirmo nosso compromisso de fortalecer o SUS.

Sem dúvida, a marca mais importante de meu primeiro mandato foi a implantação do Mais Médicos, levando atendimento básico de saúde a 50 milhões de brasileiros que não tinham acesso, nas áreas mais vulneráveis do nosso país.

Persistiremos ampliando as vagas em graduação e em residência médica, para que cada vez mais jovens brasileiros possam se tornar médicos e assegurar atendimento ao povo brasileiro.

Neste segundo mandato, vou implantar o Mais Especialidades para garantir o acesso resolutivo e em tempo oportuno aos pacientes que necessitem de consulta com especialista, exames e os respectivos procedimentos.
Meus amigos e minhas amigas,

Assumo com todas as brasileiras e brasileiros o compromisso de redobrar nossos esforços para mudar o quadro da segurança pública em nosso País.

Instalaremos centros de comando e controle em todas as capitais, ampliando a capacidade de ação de nossas polícias e a integração dos órgãos de inteligência e das forças de segurança pública.

Reforçaremos as ações e a nossa presença nas fronteiras para o combate ao tráfico de drogas e de armas com o Programa Estratégico de Fronteiras.

Vou propor ao Congresso Nacional alterar a Constituição Federal, para tratar a segurança pública como atividade comum de todos os entes federados, permitindo à União estabelecer diretrizes e normas gerais válidas para todo o território nacional, para induzir políticas uniformes no país e disseminar a adoção de boas práticas na área policial.

Senhoras e senhores,

Investimos muito e em todo o País sem abdicar, um só momento, de nosso compromisso com a sustentabilidade ambiental do nosso desenvolvimento.

Um dado explicita este compromisso: alcançamos, nos quatro anos de meu primeiro mandato, as quatro menores taxas de desmatamento da Amazônia.

Nos últimos 4 anos, o Congresso Nacional aprovou um novo Código Florestal e implementamos o Cadastro Ambiental Rural – CAR. Vamos aprofundar a modernização de nossa legislação ambiental e, já a partir deste ano, nos engajaremos fortemente nas negociações climáticas internacionais para que nossos interesses sejam contemplados no processo de estabelecimento dos parâmetros globais de redução de emissões.

Nossa inserção soberana na política internacional continuará sendo marcada pela defesa da democracia, pelo princípio de não-intervenção e respeito à soberania das nações, pela solução negociada dos conflitos, pela defesa dos Direitos Humanos, pelo combate à pobreza e às desigualdades, pela preservação do meio ambiente e pelo multilateralismo.

Insistiremos na luta pela reforma dos principais organismos multilaterais, cuja governança hoje não reflete a atual correlação de forças global.

Manteremos a prioridade à América do Sul, América Latina e Caribe, que se traduzirá no empenho em fortalecer o Mercosul, a Unasul e a Comunidade dos Países da América Latina e Caribe (CELAC), sem discriminação de ordem ideológica.

Da mesma forma será dada ênfase a nossas relações com a África, com os países asiáticos e com o mundo árabe.

Com os BRICS, nossos parceiros estratégicos globais –China, Índia, Rússia e África do Sul– avançaremos no comércio, na parceria científica e tecnológica, nas ações diplomáticas e na implementação do Banco de desenvolvimento e na implementação do acordo contingente de reservas.

É de grande relevância aprimorarmos nosso relacionamento com os Estados Unidos, por sua importância econômica, política científica e tecnológica, sem falar no volume de nosso comércio bilateral.

O mesmo é válido para nossas relações com a União Européia e com o Japão, com os quais temos laços fecundos.

Em 2016, os olhos do mundo estarão mais uma vez voltados para o Brasil, com a realização das Olimpíadas.

Temos certeza que mais vez, como na Copa, vamos mostrar a capacidade de organização dos brasileiros e, agora, numa das mais belas cidades do mundo o nosso Rio de Janeiro.

Brasileiros e Brasileiras,

Tudo que estamos dizendo, tudo que estamos propondo converge para um grande objetivo: ampliar e fortalecer a democracia, democratizando verdadeiramente o poder.

Democratizar o poder significa lutar pela reforma política, ouvir com atenção a sociedade e os movimentos sociais e buscar a opinião do povo para reforçar a legitimidade das ações do Executivo.

Democratizar o poder significa combater energicamente a corrupção.

A corrupção rouba o poder legítimo do povo. A corrupção ofende e humilha os trabalhadores, os empresários e os brasileiros honestos e de bem.

A corrupção deve ser extirpada.

O Brasil sabe que jamais compactuei com qualquer ilícito ou malfeito. Meu governo foi o que mais apoiou o combate à corrupção, por meio da criação de leis mais severas, pela ação incisiva e livre de amarras dos órgãos de controle interno, pela autonomia da Polícia Federal como instituição de Estado, e pela independência assegurada ao Ministério Público.

Os governos e a justiça estarão cumprindo os papéis que se espera deles se punirem exemplarmente os corruptos e corruptores.

A luta que vimos empreendendo contra a corrupção, e principalmente contra a impunidade de corruptos e corruptores, ganhará ainda mais força com um pacote de medidas que me comprometo a submeter à apreciação do Congresso Nacional ainda no primeiro semestre.

São cinco medidas: transformar em crime e punir com rigor os agentes públicos que enriquecem sem justificativa ou não demonstrem a origem dos seus ganhos; modificar a legislação eleitoral para transformar em crime a prática de caixa 2; criar uma nova espécie de ação judicial que permita o confisco dos bens adquiridos de forma ilícita ou sem comprovação; alterar a legislação para agilizar o julgamento de processos envolvendo o desvio de recursos públicos; e criar uma nova estrutura no Poder Judiciário que dê maior agilidade e eficiência às investigações e processos movidos contra aqueles que possuem foro privilegiado.

Em sua essência, essas medidas têm o objetivo de garantir processos e julgamentos mais rápidos e punições mais duras, mas jamais poderão agredir o amplo direito de defesa e o contraditório.

Estou propondo um grande pacto nacional contra a corrupção, que envolve todas as esferas de governo e todos os núcleos de poder, tanto no ambiente público como no ambiente privado.

Senhoras e Senhores,

Como fiz na minha diplomação, quero agora me referir a nossa Petrobrás, uma empresa com 86 mil empregados dedicados e honestos que teve, lamentavelmente, alguns servidores que não souberam honrá-la, sendo atingidos pelo combate à corrupção.

A Petrobrás já vinha passando por um vigoroso processo de aprimoramento de gestão. A realidade atual só faz reforçar nossa determinação de implantar, na Petrobrás, a mais eficiente e rigorosa estrutura de governança e controle que uma empresa já teve no Brasil.

A Petrobrás é capaz disso e muito mais. Ela se tornou a maior empresa do mundo em capacitação técnica para a prospecção em águas profundas. Daí resultou a maior descoberta de petróleo deste início de século – as jazidas do pré-sal, cuja exploração, que já é realidade, vai tornar o Brasil um dos maiores produtores do planeta.

Temos muitos motivos para preservar e defender a Petrobrás de predadores internos e de seus inimigos externos.

Por isso, vamos apurar com rigor tudo de errado que foi feito e fortalecê-la cada vez mais.

Vamos, principalmente, criar mecanismos que evitem que fatos como estes possam voltar a ocorrer.

O saudável empenho da justiça de investigar e punir deve também nos permitir reconhecer que a Petrobrás é a empresa mais estratégica para o Brasil e a que mais contrata e investe no país.

Temos, assim, que saber apurar e saber punir, sem enfraquecer a Petrobrás, nem diminuir a sua importância para o presente e para o futuro.

Não podemos permitir que a Petrobrás seja alvo de um cerco especulativo dos interesses contrariados com a adoção do regime de partilha e da política de conteúdo local, que asseguraram ao nosso povo, o controle sobre nossas riquezas petrolíferas.

A Petrobrás é maior do que quaisquer crises e, por isso tem capacidade de superá-las e delas sair mais forte.

Queridos brasileiros e queridas brasileiras,

O Brasil não será sempre um país em desenvolvimento.

Seu destino é ser um país desenvolvido e justo, e é este destino que estamos construindo.

Uma nação em que todas as pessoas tenham as mesmas oportunidades: de estudar, trabalhar, viver em condições dignas na cidade e no campo.

Um país que respeita e preserva o meio ambiente e onde todas as pessoas possam ter os mesmos direitos: à liberdade de informação e de opinião, à cultura, ao consumo, à dignidade, à igualdade independentemente de raça, credo, gênero ou sexualidade.

Dedicarei obstinadamente todos os meus esforços para levar o Brasil a iniciar um novo ciclo histórico de mudanças, de oportunidades e de prosperidade, alicerçado no fortalecimento de uma política econômica estável, sólida, intolerante com a inflação, e que nos leve a retomar uma fase de crescimento robusto e sustentável, com mais qualidade nos serviços públicos.

Assumo aqui um compromisso com o Brasil que produz e com o Brasil que trabalha.

Reafirmo também o meu respeito e a minha confiança no Poder Judiciário, no Congresso Nacional, nos partidos e nos representantes do povo brasileiro.

Reafirmo minha fé na política que transforma para melhor a vida do povo.

Peço aos senhores e as senhoras parlamentares que juntemos as mãos em favor do Brasil, porque a maioria das mudanças que o povo exige tem que nascer aqui, na grande casa do povo.

Meus amigos e minhas amigas,

Já estive algumas vezes perto da morte e destas situações saí uma pessoa melhor e mais forte.

Sou ex-opositora de um regime de força que provocou em mim dor e me deixou cicatrizes, mas que jamais destruiu em mim o sonho de viver num país democrático e a vontade de lutar e construir este sonho.

Por isso, me emociono ao dizer que sou uma sobrevivente.

Se me permitem, quero dizer mais: pertenço a uma geração vencedora.

Duas características que me aproximam do povo brasileiro – ele também, um sobrevivente e um vitorioso, que jamais abdica de seus sonhos.

Deus colocou em meu peito um coração cheio de amor pelas pessoas e por minha pátria.

Mas antes de tudo um coração valente que não tem medo da luta.

Um coração, sim, que dispara no peito com a energia do amor, do sonho e da esperança.

Um coração tão cheio de fé no Brasil que não tem medo de proclamar: vamos vencer todas dificuldades, porque temos a chave para isso.

Esta chave pode ser resumida num verso com sabor de oração:

“O impossível se faz já; só os milagres ficam para depois”.

Muito Obrigada.

Viva o Brasil! Viva o Povo Brasileiro!

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