quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Impeachment de Dilma: perguntas e respostas 03/12/2015


Da revista CartaCapital:


Na quarta-feira 3, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), acatou um pedido de impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff. A decisão abre um novo período de instabilidade política. Nas perguntas e respostas abaixo, entenda os próximos passos da crise pela qual passa o País.

Cunha aceitou o processo de impeachment de Dilma. E agora?

O passo seguinte ao início do processo é a leitura da ação no Plenário da Câmara. Depois disso, os deputados precisam formar uma comissão especial, com 66 integrantes, que terá a missão de elaborar um parecer sobre o pedido. Esse parecer será julgado pelo Plenário, com votação nominal. Para avançar, são necessários 342 votos, equivalente a dois terços dos 513 deputados. Se este número for obtido, Dilma é afastada do cargo temporariamente até seu julgamento, a ser feito pelo Senado.

Cunha estava com a ação desde outubro. Por que decidiu autorizar agora?

A abertura do processo de impeachment de Dilma é uma retaliação de Eduardo Cunha ao PT. Na tarde de quarta-feira 2, por volta das 14 horas, os três deputados petistas que integram o Conselho de Ética – Zé Geraldo (PA), Leo de Brito (AC ) e Valmir Prascidelli (SP) – confirmaram voto contrário a Cunha na comissão. Cerca de cinco horas depois, ciente da derrota no conselho, que pode abrir contra ele investigação por uma suposta mentira na CPI da Petrobras a respeito de contas na Suíça, Cunha acatou o processo de impeachment.

Quem fez o pedido de impeachment aceito por Cunha?

Assinam o documento os advogados Helio Bicudo, fundador do PT, Miguel Reale Jr., ligado ao PSDB, e Janaína Conceição Paschoal. Também subscrevem o pedido três ativistas de movimentos pró-impeachment – Carla Zambelli Salgado, que representa “43 Movimentos Contra a Corrupção”, Kim Kataguiri, do Movimento Brasil Livre, e Rogério Chequer, do Vem Pra Rua.

Cunha aceitou o pedido de impeachment por conta das denúncias de corrupção na Petrobras?

Não. Os autores do pedido acusam Dilma de envolvimento nos desvios na Petrobras investigados pela Operação Lava Jato, mas em seu despacho Cunha descarta como ilações as acusações de envolvimento direto de Dilma com a corrupção na estatal. Segundo Cunha, "não se pode permitir a abertura de um processo tão grave, como é o processo de impeachment, com base em mera suposição de que a presidente da República tenha sido conivente com atos de corrupção".

Então o impeachment é pelas “pedaladas fiscais”?

Em parte, sim. Em seu despacho, Cunha afirma que as pedaladas, como ficaram conhecidas a manobras contábeis que consistem em atrasar repasses de verbas do Tesouro a bancos públicos, “podem configurar crime de responsabilidade contra a lei orçamentária. Segundo Cunha, as pedaladas continuaram em 2015 e Dilma teria responsabilidade direta sobre elas.

E em que mais Cunha baseou sua decisão?

O motivo mais forte para ter aceitado a decisão é, segundo Cunha, o fato de Dilma ter editado seis decretos entre julho e agosto deste ano autorizando o governo a gastar 2,5 bilhões de reais a mais que o previsto no Orçamento. Os decretos, diz Cunha, podem configurar violação da Lei de Diretrizes Orçamentárias por terem sido publicados sem a autorização do Congresso Nacional.

Qual é a reação do governo ao processo de impeachment?

Dilma Rousseff se disse indignada com a aceitação do processo de impeachment e afirmou que nenhum ato ilícito paira sobre ela. Segundo seu ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, há uma possibilidade de o governo ir ao Supremo Tribunal Federal para tentar barrar o processo. Isso pode fazer com que o STF seja obrigado a se manifestar sobre o mérito do pedido, o que pode dar força a ele, se for referendado pelos ministros, ou enfraquece-lo, caso seja rejeitado.

E qual é a reação do PT?

O PT deve ir ao STF para tentar tirar Eduardo Cunha da presidência da Câmara. O partido vai alegar que Cunha tentou chantagear seus três deputados que integram o Conselho de Ética ao atrelar a abertura do processo de impeachment contra Dilma a um voto contra ele na comissão. Além disso, o partido deve alegar que Cunha faz uso indevido do cargo ao usá-lo para se defender das acusações de corrupção que sofre.

Se o processo avançar, qual será a linha de defesa do governo?

O governo, incluindo o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, já negou diversas vezes a ocorrência de pedaladas fiscais em 2015. Além disso, na visão do Planalto não há crime de responsabilidade que possa ser atribuído a Dilma no transcurso do atual mandato, a condição necessária para um processo de impeachment. Sobre os seis decretos, o governo vai alegar que a decisão do Congresso de autorizar um déficit primário de até 120 bilhões de reais, tomada enquanto Cunha confirmava a abertura do processo contra Dilma, acabou por referendar e justificar a edição dos decretos.

Como a oposição deve agir?

O presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), celebrou a abertura do processo de impeachment imediatamente após seu anúncio. “Apoio a proposta de impeachment. O Congresso não faz nada que não esteja em sintonia com a população”, disse. Aécio negou que as manobras pelo impeachment consistam em um golpe e chamou a população a protestar.

E do PMDB, o que esperar?

Como de costume, o PMDB se encontra dividido e será um partido decisivo daqui para frente. A abertura do processo de impeachment por parte de Cunha foi criticada pelo líder do partido na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), mas não se sabe ainda as posições do presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), e, principalmente, do vice-presidente da República, Michel Temer, que assumiria o Planalto em caso de afastamento de Dilma. A articulação feita pelos dois pode tanto evitar o impeachment quanto confirmá-lo.

http://altamiroborges.blogspot.com.br/2015/12/impeachment-de-dilma-perguntas-e.html

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Owen Jones: "Quieren acabar con el sentimiento solidario de clase trabajadora" 02/12/2015


Atresmedia


Transcripción de la entrevista de Jordi Évole en Salvados emitida el 22 de noviembre de 2015



Existe una tendencia en contra de la clase obrera y de las clases bajas para demonizar a la gente. Hace tiempo que en Gran Bretaña se nos dice que todos somos clase media, que la antigua clase trabajadora ha dejado de existir y que los que quedan de la clase obrera son todos unos vagos, perezosos, delincuentes, antisociales... La palabra chav resume esa idea: la degeneración de lo que queda de la clase trabajadora. Es una palabra peyorativa usada para demonizar a las personas y, a menudo, para culpar a la gente de sus condiciones sociales.

Te encuentras con mucha gente que siendo clase trabajadora se siente clase media. Empleados de una cadena de comida rápida que probablemente cobraban el salario mínimo decían “El Gobierno no está cuidando a gente de clase media como nosotros” y utilizaban la expresión “clase media” donde yo usaría “clase trabajadora”. O sea, debido a la demonización de la identidad de la clase trabajadora, algunas personas en lugar de decir “Sí, estoy orgulloso de ser clase trabajadora” dicen: “No, yo quiero ser clase media” porque eso parece sofisticado y auténtico y no se ve como algo negativo. Este es el problema.

En ese sentido se intenta que la gente culpe a su vecino de sus problemas. “Tú trabajas duro, tú pagas tus impuestos, pero ese parado vive de lujo con los impuestos que tú pagas. No tienes que enfadarte con tu jefe porque te paga un bajo salario ni con el Gobierno por recortarte servicios, debes enfadarte con el desempleado”. Este divide y vencerás es muy efectivo en todo el mudo occidental y lleva a la gente a votar en contra de sus propios intereses económicos. Cada vez menos pobres votan en elecciones. Cuanto más pobre eres en Gran Bretaña menos probabilidades hay de que votes. Puedes castigar a la gente pobre todo lo que quieras. Como no van a votar no hay castigo.

Esta imagen negativa de la clase trabajadora comienza con Margaret Thatcher y sus políticas. Básicamente es un cambio en la percepción que tenemos de la pobreza y del paro. Antes se veían como problemas sociales, injusticias que el Gobierno debía solucionar. En los años 80 empezaron a verse como problemas individuales. Incluso cuando el paro subió masivamente en Gran Bretaña en lugar de culpar al Gobierno por sus políticas económicas culparon al desempleado. Y pasa lo mismo con la pobreza: “Si trabajases duro dejarías de ser pobre”. Thatcher defendía que no existe la sociedad sino solo individuos y sus familias. Antes de llegar al poder los conservadores lanzaron una declaración de objetivos que decía que el problema en Gran Bretaña no era la existencia de clases sino la existencia del sentimiento de clase. Thatcher quería acabar con ese sentimiento solidario de clase y hacer que cada individuo sintiera que progresaba con su esfuerzo.

Aún continuamos en la Gran Bretaña de Thatcher. Ella transformó este país. Promovió una sociedad donde cada uno va a lo suyo. Esta actitud está muy extendida y los políticos y los medios la difunden. En este país la gente cree que el 27% de lo que gastamos en servicios sociales responde a un fraude. Pero ese fraude solo afecta al 0,7%. También piensan que hay veinte veces más embarazos entre adolescentes de los que hay y que el nivel de ayudas sociales es mucho más alto del que realmente es. De hecho tenemos una política de ayudas de las más bajas de Europa Occidental pero la gente cree que es generosa y que algunos la reciben durante años. ¿Por qué ocurre? Porque los medios desinforman a la gente. Intentan que la gente se enfrente entre ella.

Tenemos un pequeño grupo de medios de comunicación, politizado, que controla casi toda la prensa de este país y utiliza su posición para ganar influencia política. En las últimas elecciones menos del 37% de los votos fueron para los conservadores pero el 70% de los medios apoya a los conservadores. A su vez, el periodismo está lleno de gente que proviene de entornos privilegiados porque es complicado trabajar en los medios a no ser que te puedas permitir hacerlo gratis. Por eso los medios no centran su atención en los poderosos como los banqueros, que han empujado al país a este desastre económico, sino en los pobres y los inmigrantes. Encuentran los ejemplos menos representativos y antipáticos y afirman que sí son representativos.

Lo que hacen estos medios es encontrar a gente pobre que recibe ayuda social y descubrir los peores ejemplos. Por ejemplo: una mujer secuestró a su hija hace unos años, en Yorkshire con la intención de sacar dinero a los medios sensacionalistas simulando que su hija había desaparecido. Cuando se descubrió la verdad se dijo que esta historia era representativa de en qué se ha convertido la clase trabajadora, en una subclase. Se transmitió la idea de que todos los que viven en pisos de protección oficial son como la madre que secuestró a su hija, en lugar de decir que esto no era representativo de un grupo social y que sólo era representativo de esa mujer. Es obvio que en estos barrios las madres no secuestran a sus hijas para ganar dinero pero así lo contaron los medios, como si ella representara a todo un grupo social. Con la gente adinerada no actúan de la misma manera. En este país hubo un doctor, Harold Shipman. Fue un asesino en serie que envenenó y mató a sus pacientes. Imaginate que digan “Este es un ejemplo de lo que es la clase media”. Es ridículo. Se representa a sí mismo. Su entorno social no tiene nada que ver con sus crímenes.

La imagen negativa de la clase trabajadora se transmite mediante programas como “La calle de los subsidios” basado en una calle de Birmingham donde vive gente que depende de las ayudas sociales. No hemos tenido ningún programa llamado “La calle de los banqueros” o “La calle de los defraudadores fiscales”. Es parte del problema. Pregunté al productor de “La calle de los subsidios”, un programa que triunfó cuando apareció en Channel 4 el año pasado, por qué no hacían un programa sobre el mal comportamiento de los ricos. Y me dijo: “No me interesa”.

Existe otro programa llamado “Sinvergüenza” localizado en un barrio de protección oficial de Manchester que es caótico, lleno de drogadictos, de gente que practica sexo con todo el mundo y que se pasa todo el día de fiesta... No creo que la gente que vive en los barrios de protección oficial lo mire pensando: “Ese soy yo”. La gente se ríe y no se lo toma como una ofensa. La diferencia es que alguien de clase media que no vive en esos barrios y no conoce a la gente que vive ahí es más probable que mire estos programas y piense que esa gente es así.

En una sociedad desigual y segregada el peligro es que la clase media piense que está viendo un documental cuando en realidad es un programa de entretenimiento basado en caricaturas.

Pienso que el sistema de clases es como una prisión. Atrapa a la gente en unas circunstancias que no deberían existir en un país rico. Creo que aquí hay muchos problemas. El primero que los desequilibrios educativos empiezan al nacer. La comida, la casa... Vivimos en Londres, una de las ciudades más prósperas del planeta, pero uno de cada cuatro jóvenes londinenses crece en una casa sobreocupada. Eso tiene un gran impacto en su salud, su bienestar y también en su educación. También cosas como los becarios no remunerados. Para entrar en el mercado laboral tienes que trabajar un tiempo gratis, hacer masters carísimos y siempre hay gente que no puede permitírselo. De nuevo se discrimina por al riqueza y no por las habilidades personales.

El estándar de vida de la clase obrera ha caído durante el periodo más largo desde que la reina Victoria llegó al trono hacia 1870. Es grotesco, injustificables.

No obstante pienso que podemos dar la vuelta a la situación. No te puedes involucrar en ninguna lucha si no tienes esperanza. La esperanza nos dice que todas las injusticias y problemas son temporales y transitorios y pueden superarse con la determinación adecuada. Y la historia de este país, y de otros países como España, demuestra que los cambios no se producen por la generosidad de los poderosos. Los poderosos no se levantan un día y dicen: “Me siento generoso, voy a conceder el voto a las mujeres”. La gente luchó por la Seguridad Social en este país, los sindicalistas lucharon por la dignidad de los trabajadores y cuando los trabajadores vean que si son atacados pueden luchar contra ello y ganar... puede servir de ejemplo.

Desde el feudalismo hemos avanzado, luchamos para superar esas injusticias. Se supone que tenemos que ir a mejor, tener más seguridad y comodidad. El problema es que en los últimos años vamos para atrás. En 2008 la izquierda pensó: “El libre mercado ha quedado desacreditado, vamos a ganar”. No teníamos ideas, lo único que teníamos eran eslóganes a la defensiva: “No a los recortes", "no a las privatizaciones”. Y la única forma de ganar es tener alternativas coherentes que aglutinen a la gente. La derecha no usa palabra técnicas como esta. Habla el lenguaje del sentido común, del día a día. Y la izquierda debe encontrar una nueva forma de comunicación y aprender de la derecha.

La clave no es que la gente se sienta orgullosa de la clase a la que pertenece. Entiendo clase como una desigualdad que debería erradicarse. Me gustaría tener un día una sociedad sin clases y yo creo que debemos luchar por alcanzarla, que no tengamos esas enormes y grotescas distribuciones de riqueza y poder. Y esto supone una sociedad distinta a la que tenemos actualmente. No es algo que tenga que ver con la identidad y el orgullo, simplemente se trata de acabar con la desigualdad que viene del poder y de la riqueza. Solo me interesa eso.

Owen Jones, Transcripción de la entrevista de Jordi Évole en Salvados emitida el 22 de noviembre de 2015

Fuente: http://www.mrafundazioa.eus/es/articulos/owen-jones-quieren-acabar-con-el-sentimiento-solidario-de-clase-trabajadora

http://www.rebelion.org/noticia.php?id=206340

Los "rockefellers" de Raqa El petróleo del Estado Islámico acaba en Israel 02/12/2015


Al Araby al Jadeed


Traducción para Rebelión de Loles Oliván Hijós



El periódico Al Arab al Jadeed ha llevado a cabo una investigación sobre el petróleo producido en campos controlados por el grupo Estado Islámico (EI). La extracción, el transporte y la venta del oro negro proporciona al grupo armado un colchón financiero esencial. Pero, ¿quién lo compra?, ¿quién financia su brutalidad asesina con la que se ha apoderado de amplias extensiones de Iraq y Siria?, ¿cómo llega desde el subsuelo hasta el depósito de gasolina, y quién obtiene beneficios por el camino?

El EI utiliza millones de dólares procedentes de ingresos petroleros para ampliar y gestionar las vastas zonas que controla y donde habitan alrededor de cinco millones de civiles. El EI vende petróleo iraquí y sirio por un precio muy bajo a redes y mafias de contrabando kurdas y turcas que lo etiquetan y lo venden como si fueran barriles procedentes del Gobierno Regional de Kurdistán. Luego se transporta por lo general desde Turquía hasta Israel a través de intermediarios (conociendo de su procedencia o no). El Estado Islámico afirma que no vende petróleo a Israel intencionadamente y señala a los intermediarios por los que pasa el crudo en su ruta a los mercados internacionales.

Campos de petróleo

Alrededor de todos los campos petroleros controlados por el EI en el norte de Iraq y en el este de Siria hay carteles de la organización que alertan: “Está estrictamente prohibido sacar fotografías, los infractores ponen en riesgo su seguridad”. Estos campos de petróleo producen entre siete y nueve horas diarias desde el atardecer hasta el amanecer, bajo supervisión de trabajadores e ingenieros iraquíes que ya desempeñaban con anterioridad estas tareas y a los que el EI ha mantenido en sus puestos una vez que capturó el territorio.

El EI depende fuertemente de los ingresos petroleros. Sus otras fuentes de financiación como las donaciones y los rescates por secuestros están disminuyendo progresivamente. El trabajo en los campos petroleros bajo control del EI es tan determinante para la superveniencia financiera del grupo que tanto los trabajadores como sus familias reciben una atención privilegiada.

La capacidad de extracción del EI se ha desarrollado sobretodo desde que en 2015 se hiciera con los campos petroleros de Allas y Ajeel, cerca de la ciudad iraquí de Tikrit, y tuviera acceso a maquinaria hidráulica y bombas eléctricas. Asimismo, esta organización se apoderó de los equipos de una pequeña empresa petrolera asiática que estaba desarrollando un yacimiento de petróleo cerca de la ciudad iraquí de Mosul antes de que invadiera la zona en junio pasado.

La producción de petróleo bajo control del EI en Siria se concentra en los yacimientos de Conoco y al Taim, al oeste y noroeste de Deir Ezzor, mientras que en Iraq el grupo se sirve de los campos de al Najma y al Qayara, cerca de Mosul. Tanto en Iraq como en Siria el grupo se sirve de otros yacimientos más pequeños para satisfacer las necesidades energéticas locales.

Según cálculos basados en el número de tanques petroleros que salen de Iraq y en las fuentes consultadas por Al Araby en la ciudad turca de Sirnak, en la frontera con Iraq por la que transita el contrabando de petróleo, el EI produce unos 30 mil barriles diarios en los campos petroleros iraquíes y sirios bajo su control.

La travesía de la exportación

Al Araby ha obtenido la información que acredita cómo el EI hace contrabando de petróleo de un coronel de los servicios de inteligencia iraquíes cuyo anonimato se preserva por razones de seguridad. La información ha sido verificada asimismo por responsables de la seguridad kurda, por trabajadores del paso fronterizo de Ibrahim Jalil (entre Turquía y el Kurdistán iraquí) y por un responsable de una de las tres compañías petroleras que hacen contrabando con el petróleo del EI.

El coronel iraquí, que trabaja junto a investigadores estadounidenses para detener los flujos de financiación del terrorismo, describe a Al-Araby las etapas que atraviesa el petróleo de contrabando desde los puntos de su extracción en los campos petroleros iraquíes hasta sus destinos, entre los que destaca el puerto de Ashdod, en Israel.

“Una vez extraído y cargado el petróleo, los tanques salen de la provincia de Nínive hacia el norte, a la ciudad de Zajo, a 88 Km al norte de Mosul”. Zajo es una ciudad ubicada en el Kurdistán iraquí, justo en la frontera con Turquía. “Cuando los camiones llegan a Zajo con el petróleo –normalmente entre 70 y 100 a la vez– se encuentran con las mafias del contrabando de petróleo integradas por kurdos sirios e iraquíes y algunos turcos e iraníes. La persona a cargo de la expedición petrolera vende el crudo al mejor postor”. La competencia entre bandas organizadas ha llegado a tal punto que el asesinato de los líderes de las mafias se ha convertido en un lugar común. El mejor postor paga entre el 10% y el 25% del valor del petróleo en efectivo –en dólares estadounidenses– y el resto se paga después, según el coronel.

Los conductores entregan los vehículos a otros conductores que portan permisos y papeles para cruzar la frontera de Turquía con la carga, según el oficial de inteligencia iraquí. Los conductores que vienen de los campos se llevan los camiones vacíos de vuelta a las zonas controladas por el EI. Según el coronel, estas transacciones se llevan a cabo por lo general en diferentes enclaves a las afueras de Zajo tras haberse acordado el lugar por teléfono. Antes de cruzar la frontera, las mafias transfieren el crudo a refinerías caseras de propiedad privada donde se calienta el petróleo y se vuelve a cargar en camiones para transportarlo a través del paso fronterizo de Ibrahim Jalil, en Turquía. El refinado casero, según el coronel, se lleva a cabo porque las autoridades turcas no permiten que cruce petróleo sin refinar si no está autorizado por el gobierno iraquí. Con ese refinado inicial se obtienen los documentos que hacen pasar al petróleo crudo por productos derivados del petróleo, cuyo paso por la frontera sí está autorizado. Según el oficial de inteligencia, los funcionarios de fronteras reciben grandes sobornos de las bandas de contrabando iraquíes locales y de las refinerías privadas.

Una vez en Turquía, los camiones continúan hasta la ciudad de Silopi, donde se entrega el petróleo a una persona que se hace llamar Dr. Farid, Hajji Farid o tío Farid. El tío Farid es un individuo con doble nacionalidad israelí y griega, de unos cincuenta años, al que suelen acompañan dos guardaespaldas en un Jeep Cherokee negro. Debido al riesgo que implica fotografiar al tío Farid, Al Araby publica un dibujo de su rostro.

Una vez introducido en Turquía, el petróleo del EI es indistinguible del que vende el Gobierno Regional de Kurdistán porque ambos se venden como “ilegal”, “fuente desconocida” o “sin licencia". De manera que, de acuerdo con el coronel, las empresas que compran petróleo al Gobierno Regional del Kurdistán también compran petróleo de contrabando del EI.

La ruta a Israel

Después de pagar a conductores, intermediarios y sobornos, el beneficio del EI alcanza entre 15 y 18 dólares por barril. Actualmente el grupo obtiene un promedio de 19 millones de dólares al mes, de acuerdo con el oficial de inteligencia.

El tío Farid tiene una empresa de importación y exportación con licencia que utiliza para negociar acuerdos entre las mafias del contrabando que compran el petróleo al EI y las tres compañías petroleras que exportan petróleo a Israel. Al Araby ha obtenido los nombres de estas compañías y los detalles de sus operaciones ilegales. Una de estas empresas tiene entre sus socios a un responsable occidental de muy alto perfil. Las empresas compiten para comprar el petróleo de contrabando y transportarlo después a Israel a través de los puertos turcos de Mersin, Dortyol y Ceyhan, según informa el coronel. Al Araby ha descubierto que hay varios agentes más que trabajan en el mismo negocio que el tío Farid aunque él sigue siendo el más influyente y eficaz cuando se trata de comercializar el petróleo de contrabando.

Un artículo escrito por los ingenieros marinos George Kioukstsolou y Dr Alec D Coutroubis, de la Universidad de Greenwich, describe el recorrido del comercio de petróleo a través del puerto de Ceyhan y establece una correlación entre los éxitos militares de EI y los picos en las salidas de petróleo del puerto. En agosto, Financial Times informaba de que Israel obtenía hasta el 75% de sus suministros de petróleo desde el Kurdistán iraquí. Más de un tercio de esas exportaciones pasan por el puerto de Ceyhan. El profesor Kioukstsolou señala que esto sugiere que la corrupción prolifera entre los intermediarios y en los escalafones inferiores de la jerarquía del comercio más que en el abuso institucionalizado por parte de las empresas multinacionales o de los gobiernos.

Según un responsable oficial europeo ante una compañía petrolera internacional, en conversación directa con Al Araby en una capital del Golfo, Israel refina el petróleo solo “una o dos veces” porque no dispone de refinerías avanzadas, y exporta el petróleo a países mediterráneos –donde el crudo “obtiene la categoría de semi-legítimo”– a un precio de entre 30 y 35 dólares por barril.

“El petróleo se vende en un día o dos a una serie de empresas privadas, aunque la mayor parte va a una refinería italiana propiedad de uno de los mayores accionistas en un club de fútbol italiano [nombre eliminado] donde se refina el petróleo para consumo local”, añade el responsable de petróleo europeo.

“Israel se ha convertido de una manera u otra en el vendedor principal del petróleo que controla el EI. Sin los israelíes, la mayor parte del petróleo producido por esta organización se movería solo por Iraq, Siria y Turquía. Ni siquiera las tres empresas aludidas anteriormente recibirían petróleo si no tuvieran un comprador en Israel”, sostiene el responsables de industria.

Según él, la mayoría de los países evitan negociar con este tipo de petróleo de contrabando a pesar de que es más barato debido a las implicaciones legales que acarrea y a la guerra contra el grupo del Estado Islámico.

Entrega y pago

Al Araby ha descubierto que EI utiliza diferentes canales para recibir los pagos por el petróleo de contrabando, al igual que hacen otras redes criminales internacionales.

Primero, el EI recibe un pago en efectivo de entre el 10% y 25% del valor del crudo vendido a las bandas criminales que operan en torno a la frontera turca. Después, los pagos de las empresas que comercializan el petróleo se depositan en una cuenta de un banco privado turco a nombre de un individuo anónimo iraquí, a través de alguien como el tío Farid, y luego el dinero se transfiere a Mosul y Raqa ya lavado a través de una serie de empresas de cambio de divisas. Por último, los pagos del petróleo se utilizan para comprar coches que se exportan a Iraq donde operarios de EI los venden en Bagdad y en las ciudades del sur. Los fondos de las ventas se transfieren internamente al tesoro del EI.

El EI responde

Horas antes de que concluyera esta investigación, Al Araby pudo hablar por Skype con alguien próximo al EI en la auto-declarada capital del “califato”, Raqqa, en Siria.

“La verdad es que la organización [EI] vende petróleo desde los territorios del califato aunque no pretende venderlo a Israel ni a cualquier otro país”, dijo. “Lo produce y lo vende a intermediarios; luego son las compañías las que deciden a dónde va ese petróleo”.




Fuente: http://www.alaraby.co.uk/english/features/2015/11/26/raqqas-rockefellers-how-islamic-state-oil-flows-to-israel/



http://www.rebelion.org/noticia.php?id=206320

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Como surgiu o Estado Islâmico, como se financia e quem faz 'vista grossa' 01/12/2015


O desmantelamento das forças armadas iraquianas por parte dos EUA contribuiu para o fortalecimento do Estado Islâmico.

Olga Rodriguez - eldiario.es (via Esquerda.net)








A Turquia tem permitido o fluxo de caminhões que cruzam a fronteira carregados de petróleo procedentes dos campos sírios controlados pelo Estado Islâmico (EI).

O EI debilitou e manteve ocupados os inimigos de Israel, Turquia e Arábia Saudita.

O início do que viria a ser o EI

Os antecedentes que deram lugar ao EI surgem no contexto da ocupação do Iraque. Depois da tomada do país pelas tropas britânicas e norte-americanas (e espanholas até 2004), formaram-se diversos grupos armados para lutar contra os invasores.

Entre eles aparece a autodenominada organização de base jihadista na Mesopotâmia (procedente da Jamaa al Tawhid wal-Jihad, nascida em 1999), conhecida na imprensa como Al Qaeda do Iraque. Posteriormente unir-se-ia a outros grupos, primeiro sob o nome de Conselho de Mujahedeenes e depois, em 2006, Estado Islâmico do Iraque.

O contexto no Iraque

Milhares de iraquianos foram detidos em cárceres secretos norte-americanos, onde sofreram torturas diárias. Alguns presos desapareciam para sempre. Outros reapareciam anos depois devastados pelas torturas, e com uma fé religiosa renascida, inquebrantável e extremista.

Depois da ocupação, os EUA desmantelaram imediatamente as Forças Armadas iraquianas, criminalizaram o partido Baas e integraram milícias sectárias nas novas forças de segurança iraquianas para lutar contra a resistência. Fomentaram as divisões e treinaram membros de milícias policiais que semearam o terror.

Foi o que se chamou esquadrões da morte, comandos que prenderam milhares de jovens sunitas, muitos dos quais apareciam semanas depois mortos nas ruas de cidades como Bagdad, com orifícios de bala na cabeça, pés ou pulmões, com ossos partidos, crânios esmagados, pele queimada ou arrancada, sinais de descargas elétricas ou olhos fora das órbitas.

Centenas de milhares de famílias fugiram do país. Em apenas alguns meses mais de cinco milhões de iraquianos converteram-se em refugiados. Dos quais, dois milhões e meio instalaram-se em Síria.

Em pouco tempo o Iraque, que tinha sido um país onde muitos xiitas e sunitas conviviam juntos, onde uma elevada percentagem dos casais eram mistos, onde não havia grandes tensões sectárias, converteu-se num inferno. Muitos antigos integrantes das Forças Armadas desmanteladas partilharam cela com membros de grupos religiosos que se iam radicalizando à medida que aumentava a violência e a repressão.

O grupo do cárcere de Camp Bucca

Al Bagdadi foi enviado para o cárcere de Camp Bucca, onde as torturas estavam na ordem do dia. Alguns beberam ali as doutrinas mais extremistas e desvirtuadas do Islão, como o wahabismo. Daquela prisão sairiam muitos homens prontos a integrar as fileiras do Estado Islâmico (EI ou Daesh). Abu Baker Al Bagdadi, que se converteria em 2010 no líder do Estado Islâmico do Iraque, foi preso pelos norte-americanos em 2004 na cidade de Faluja, duramente golpeada pelas forças de ocupação, que bombardearam casas, mercados, escolas, hospitais e utilizaram fósforo branco, um armamento letal que queima a pele das suas vítimas. A dor provocada naquela cidade é recordada até ao dia de hoje pelos seus habitantes.

As revoltas no Iraque

Entrevistei
então um dos organizadores daquelas manifestações iraquianas, Udai Al Zaidi, irmão do famoso jornalista que lançou um sapato a George Bush e foi encarcerado por isso. Al Zaidi, xiita, manifestava-se no Iraque juntamente com milhares de sunitas e xiitas, contra um governo que tachavam de corrupto e sectário.Em 2010, num Iraque totalmente fraturado, irrompeu um movimento pacífico de protesto contra o governo central, que tomou força após a eclosão das revoltas na Tunísia e Egito em 2011.

O governo de Al Maliki, agarrado ao poder, reprimiu aqueles protestos massivos usando balas contra os manifestantes, apoiado pelo Exército norte-americano. Morreram centenas de pessoas e milhares foram encarceradas.

O 'Estado Islâmico' na Síria

A repressão governamental iraquiana contra qualquer tipo de queixa ou protesto aumentou e levou ao extremismo alguns setores da oposição.

O mesmo ocorreu na Síria, onde as revoltas tinham irrompido em março de 2011. O 'Estado Islâmico' do Iraque enviou uma delegação à Síria em agosto de 2011, quando a guerra civil síria já estava em marcha, depois do esmagamento das revoltas por Bashar al Assad.

O líder do 'Estado Islâmico' do Iraque, o clérigo Al Bagdadi, formatado pela sua passagem pelo cárcere de Camp Bucca e pela guerra, anunciou em 2013 a criação do 'Estado Islâmico' do Iraque e do Levante (Síria).

O auge do EI

Em 2014, o 'Estado Islâmico' tornou-se forte na Síria e no Iraque. Milhares de homens do EI, armados e protegidos comhumvees e tanques, tomaram várias cidades iraquianas quase sem resistência.

Contactei então com alguns antigos efetivos das forças armadas iraquianas, desmanteladas pelos EUA, e com vários grupos da resistência iraquiana. Num momento em que eles próprios tinham ganhado posições em território iraquiano, faziam a seguinte pergunta:

Interrompemos a nossa luta contra o nosso inimigo, o governo de Al Maliki [apoiado pelos EUA], para lutar contra o Estado Islâmico, superior em número e força a nós, ou unimo-nos ao Daesh, apesar das nossas diferenças, para evitar ser derrotados?

A resposta escolhida por muitos foi a segunda. Preferiram ser cúmplices que inimigos.

Quem diria a alguns oficiais das forças do laico Baas iraquiano em 2003 que, anos depois, combateriam lado a lado com jihadistas extremistas que proclamavam um Califado e ditavam as normas mais violentas e medievais em nome de um distorcido e instrumentalizado Islão.

A conquista de mais território

Grupos sunitas de procedência diversa, só unidos por um inimigo comum, acabaram por integrar as fileiras do Daesh. Tomaram várias cidades iraquianas e chegaram muito perto de Bagdade. Apenas encontraram alguma resistência por parte do exército iraquiano, marcado pela corrupção:

“Os militares fugiram a correr, não havia aviões, não havia nada que os parasse. Para ser sincero, os únicos que fizeram algo para deter [o Daesh] foram os militares iranianos e as milícias xiitas”, confessava recentemente o ex-ministro da Defesa iraquiano Ali Allawi num documentário da Al Jazeera.

Em agosto de 2014 chegou a resposta internacional. Obama prometeu acabar com o Daesh, e uma aliança militar integrada por EUA, Arábia Saudita, Emiratos ou Jordânia começou a bombardear focos supostamente controlados pelo grupo terrorista.Desvincular o Iraque como contexto e desenvolvimento do Daesh seria fazer uma análise distorcida da sua evolução. Em 2014, após a tomada de um amplo território no Iraque, o Daesh proclamou o Califado do Estado Islâmico do Iraque e da Síria, controlando um espaço semelhante ao da Jordânia. Às suas fileiras juntaram-se chechenos, muçulmanos procedentes dos Balcãs, do norte de África e da Ásia.

A “vista grossa” e o financiamento

O Daesh foi visto por alguns atores regionais - Israel, Turquia, Arábia Saudita, etc - como um arma potencial contra o Irão. Manteve débil o regime xiita do Iraque e manteve ocupados grupos inimigos de Israel, como o Hezbollah, que luta na Síria contra diversos grupos da oposição, entre os quais o Daesh.

Desse modo acredita poder evitar a possibilidade de uma soberania dos curdos - que estão a lutar contra o Daesh - junto ao seu território.A Turquia fez “vista grossa” perante o Daesh. O primeiro-ministro Erdogan tem querido ver nos movimentos islamistas radicais uma forma de deter tanto a influência xiita na zona como os curdos. Permitiu a passagem de jihadistas pela sua fronteira, bombardeou as YPG curdas - unidades de proteção popular - quando se supunha que esses ataques deveriam dirigir-se contra o Daesh, e permitiu o fluxo de camiões que cruzam a fronteira carregados de petróleo procedente dos campos sírios controlados pelo EI.

A compra de petróleo no mercado negro turco tem sido um dos modos mais eficazes de financiamento para o Daesh, juntamente com a cobrança de grandes somas de dinheiro pelo resgate de alguns sequestrados.

Também recebe apoio económico de indivíduos sauditas face aos quais o regime de Riad faz “vista grossa”. Essas pessoas entregam dinheiro ao Daesh e fazem lóbi por ele, pressionando para que outros o apoiem.

A guerra contra o terror

Os aliados dos EUA na Síria na coligação que bombardeia o país têm sido entre outros a monarquia absolutista da Arábia Saudita, que continua a consentir o apoio ao Daesh a partir do seu país.

Washington e os sauditas também operam juntos, com os Emiratos, na coligação que bombardeia o Iémen, onde estão a criar mais caldo de cultura para o terrorismo com ataques como o que em setembro passado matou 131 pessoas e feriu centenas mais.

François Hollande dizia no sábado que o massacre de Paris é um ato de guerra. Na realidade o Ocidente participa numa contenda desde que se envolveu no Afeganistão armando os mujaheddines que se tornaram nos talibãs. Depois chegariam o Iraque, a Líbia, a Síria, o Iémen… Mas como são guerras que se travam longe das nossas fronteiras, só nos lembramos delas quando algum macabro eco chega aos nossos territóriosAs matanças como a de Paris são habituais no Médio Oriente, quer seja por exércitos ou por grupos terroristas. A chamada guerra contra o terror, a estratégia das bombas e das intervenções, mostrou-se ineficaz: longe de diminuir, o terrorismo e a violência crescem.

Artigo de Olga Rodriguez*, publicado em eldiario.es. Tradução de Carlos Santos para esquerda.net



http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Internacional/Como-surgiu-o-Estado-Islamico-como-se-financia-e-quem-faz-vista-grossa-/6/35080

Banco dos BRICS anuncia primeiros projetos 01/12/2015

Carlos Eduardo


Abril de 2016 será um mês importantíssimo para o Novo Banco de Desenvolvimento dos BRICS. Será o mês da assinatura do primeiro pacote de projetos da entidade, disse o seu vice-presidente, Vladimir Kazbekov.

no Sputnik News

Kazbekov, de nacionalidade russa, participou da cerimônia de abertura da cúpula da mídia dos países-membros do grupo BRICS (grupo informal composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). A cúpula acontece em Pequim e marca mais um passo na consolidação do espaço midiático — e, pelo visto, econômico — do grupo.


"Nos próximos meses, nós enfrentaremos um grande trabalho, tendo em vista a necessidade de formar o pessoal do banco, de elaborar os primeiros projetos. É uma tarefa muito grande e séria, que precisa ser realizada para que possamos, até o final de abril [de 2016], preparar para assinatura o primeiro pacote, que conterá pelo menos um projeto de cada uma das partes", ressaltou Kazbekov

O vice-presidente do banco destacou que a Rússia e a Índia já apresentaram os seus projetos e o projeto brasileiro está chegando "um dia desses".

O Novo Banco de Desenvolvimento ainda não está funcionando. Está na última etapa da constituição, mas o funcionamento da entidade é iminente, fato que é confirmado por vários especialistas internacionais. Por isso, "apesar de o banco não estar operando ainda, existe um grupo de trabalho temporário" que está examinando os projetos, frisou o representante russo.

Yuan abre passo

Vladimir Kazbekov destacou uma das ideias mais populares recentemente na economia internacional: intercâmbio em moeda nacional, sem recurso ao dólar estadunidense. Neste sentido, o vice-presidente do Novo Banco de Desenvolvimento acha que o yuan renminbi, "moeda do povo" da China, seria uma ótima opção para começar.

"Claro, tendo em conta a estabilidade da moeda chinesa e do volume do mercado de dívida chinês, eu acredito que a entrada no mercado chinês para fazer empréstimos em yuans será um dos primeiros passos para garantir a criação dos fundos do Novo Banco de Desenvolvimento", disse Kazbekov.

O yuan já teve várias experiências, que foram qualificadas de positivas, de uso duplo com o rublo russo, em regiões fronteiriças entre a Rússia e a China, em 2005.

A criação do Novo Banco de Desenvolvimento dos BRICS foi anunciada na cúpula do grupo em Fortaleza, no Brasil, em 2014. Em 2015, a ideia se solidificou e o banco obteve uma sede, em Xangai (China). O principal objetivo da entidade será financiar projetos de infraestrutura nos países-membros do grupo BRICS e em países emergentes.

http://www.ocafezinho.com/2015/12/01/banco-dos-brics-anuncia-primeiros-projetos/

A inversão da razão 01/12/2015

por Prabhat Patnaik [*]

Na era do capital financeiro, a habitual distorção da realidade consiste em pensar que a sociedade está a florescer quando os mercados financeiros estão em ascensão. Mas isto tem a sua lógica inversa no pensamento igualmente habitual de que o mal-estar económico na sociedade decorre exclusivamente de algum mau funcionamento do mundo das finanças. E, por sua vez, tal mau funcionamento é atribuído não a quaisquer problemas intrínsecos associados ao próprio mundo das finanças mas à interferência insensata da parte de alguma entidade externa, nomeadamente o Estado, devido ao seu abandono dos princípios das "finanças sãs". Uma tal visão causa uma incrível inversão da razão em que as questões aparecem de um modo que é exactamente o oposto do que elas são. Darei três exemplos para ilustrar este ponto ao chamar atenção para três proposições que hoje estão amplamente aceites e disseminadas.

A primeira destas, muito em voga actualmente em países capitalistas avançados, declara que os meios para ultrapassar uma depressão consistem na redução da despesa do Estado. Se o Estado reduz a sua despesa através do corte do défice orçamental, então isto, assim diz o argumento, melhoraria o "estado de confiança" dos "investidores" e portanto produziria maiores investimentos os quais ultrapassariam a depressão. Isto é uma inversão da razão uma vez que não só equivale a dizer que dois pássaros na mão valem um pássaro no bosque como também enxerga um pássaro no bosque quando ali não existe nenhum.

O ILUSIONISMO DA FINANÇA

É bem sabido que os capitalistas aumentam a capacidade [de produção] quando esperam que a procura aumente e um indicador óbvio sobre a probabilidade do aumento é se já está a aumentar, o que pode ser julgado, por exemplo, verificando se o nível da capacidade de utilização do equipamento já instalado está a crescer. Além disso, isto é só uma condição necessária. Mesmo quando a utilização da capacidade está a melhorar, os capitalistas podem ainda não investir – podem preferir esperar um pouco para se assegurarem de que a melhoria na utilização da capacidade não é apenas um fenómeno transitório e sim que representa uma genuína tendência altista da procura. Nos EUA de hoje, por exemplo – muito embora haja uma melhoria na utilização da capacidade no sector de bens de consumo graças principalmente à queda nos preços do petróleo, a qual pôs mais poder de compra nas mãos dos consumidores americanos – verifica-se muito pouco investimento adicional. Isto acontece porque os capitalistas não estão seguros de que isto não seja apenas uma fase passageira.

Numa tal situação, se o governo reduz a sua despesa cortando o défice orçamental, então haveria uma redução no nível da procura agregada o qual reduziria a utilização da capacidade e provocaria uma redução no investimento de capitalistas, ao invés de um aumento. A depressão, por outras palavras, seria agravada ao invés de aliviada com o corte da despesa governamental. Mas o ilusionismo da finança impede a percepção disto.

Meu segundo exemplo relaciona-se com a proposição frequentemente avançada pelos advogados neoliberais na economia indiana. Estes dizem que para reduzir a fome devemos reduzir gradualmente o sistema de distribuição público. Mais uma vez, o argumento segue algo como isto: um grande sistema de distribuição público implica um grande subsídio alimentar e portanto um grande défice orçamental. Uma vez que um défice tende a causa inflação, as vítimas desta inflação sofrem, incluindo o facto de serem incapazes de terem acesso a cereais suficientes fora do sistema de distribuição público. Portanto qualquer ampliação do sistema de distribuição público para além de um pequeno segmento estritamente definido da "população abaixo da linha de pobreza" (BPL na sigla em inglês) tem o efeito de piorar o destino do povo como um todo, inclusive através de maior fome.

É com base neste argumento que o PDS tem sido reduzido gradualmente na Índia pois traça uma distinção entre populações abaixo e acima de linha de pobreza e confina o aprovisionamento de alimento barato só à população BPL. E muito embora o parlamento tenha aprovado legislação sob o anterior governo UPA no sentido de ampliar o âmbito do PDS (contra os pareceres dos mandarins do Ministério das Finanças e de outros neoliberais empedernidos daquele tempo), nada tem sido feito pelo governo Modi para implementá-la. Àquela legislação foi dado de facto um enterro silencioso.

Certamente nem todos que advogaram este "objectivo" avançariam necessariamente este argumento. Alguns argumentariam que um sistema de distribuição alimentar universal e generalizado ampliaria o défice orçamental e introduziria inflação ao providenciar subsídios alimentares aos que "não merecem" ("undeserving"). Mas implícita na sua posição, quer reconheçam ou não, está a visão de que uma extensão do PDS agrava a fome.

Para ver isto, vamos simplesmente perguntar: é bem sabido hoje que a magnitude da absorção total per capita de cereais (considerando em conjunto tanto a absorção directa como a indirecta, a última via produtos animais e alimentos processados) é mais baixa na Índia do que na África sub-Saarina, a qual por longo tempo foi considerada o caso clássico de privação alimentar. Mas o governo da Índia tem estado a exportar vastas quantidades de cereais ao invés de alimentar a população local. Se as necessidades alimentares do "merecedores" (isto é, aqueles que possuem cartões BPL, por definição) forem plenamente cumpridas, enquanto os "não merecedores" satisfazem suas necessidades alimentares de qualquer modo (razão pela qual se tornam oficialmente "não merecedores"), então por que deveria a absorção per capita de cereais na Índia cair abaixo até da região do mundo mais devastada pela fome? E uma vez que caiu abaixo, por que o governo não faz alguma coisa para melhorar a situação?

A resposta típica seria que qualquer tentativa de melhorar a situação aumentaria o défice orçamental e portanto atiçaria inflação. E por que deveria ser considerada má a inflação? Porque, seria a resposta, afecta os pobres negativamente, isto é, acentua a pobreza. Uma vez que a pobreza ainda é definida oficialmente na Índia em relação à magnitude da fome, esta lógica implica necessariamente afirmar que uma expansão do PDS agravaria a fome e a sua recíproca de que para aliviar a fome deve haver uma redução do PDS, a qual é a posição que atribuo aos devotos das "finanças sãs".

ABSURDO ÓBVIO

O absurdo deste argumento é óbvio. Quando cereais são adquiridos, é injectado poder de compra na economia. Quando são vendidos, não importa a que preço, este poder de compra é, no mínimo, parcialmente retirado da economia e portanto não pode possivelmente ter quaisquer consequências inflacionárias. Assim, descartar stocks alimentares através do PDS não pode ser inflacionário não importando qual o seu efeito sobre a dimensão do défice orçamental.

Naturalmente, pode-se sugerir que mesmo que isto seja verdadeiro num período particular, quando a aquisição já ocorreu e o poder de compra já foi injectado na economia, uma repetição disto ao longo de uma sequência de períodos manter-se-ia a acrescentar poder de compra à economia ao longo do tempo através de uma sequência de maiores subsídios alimentares e portanto seria inflacionário – e este efeito inflacionário seria reforçado na medida em que a obrigação do governo com juros, por causa da maior dívida provocada pelo maior défice orçamental, também continua a aumentar.

Mas se o pagamento de juros fosse a preocupação, o governo podia facilmente tomar emprestada a quantia requerida para o subsídio alimentar junto ao Reserve Bank of India a taxas de juro ínfimas, ao contrário das comerciais. E quanto ao efeito dos défices orçamentais per se, de qualquer forma há pouco receio de inflação numa economia constrangida pela procura. E se o governo ainda não está persuadido por estes argumentos, ele podia levantar a quantia necessária para o subsídio alimentar através de tributação adicional, caso em que mesmo os mais endurecidos neoliberais não poderiam ter qualquer receio de consequências inflacionárias.

A terceira proposição diz que para aumentar o emprego na economia deve-se reduzir os esquemas de geração de emprego do governo. O argumento mais uma vez decorre como se segue: os esquemas de geração de emprego do governo ampliam o défice orçamental o qual mantém baixo o "estado de confiança" dos "investidores". Se estes esquemas fossem reduzidos, e o défice orçamental reduzido, então haveria maior investimento por parte dos capitalistas os quais criariam mais empregos na economia. Portanto os esquemas de geração de emprego do governo mantêm baixa a criação de postos de trabalho e deveriam ser repelidos, razão pela qual o governo Modi, sempre subserviente aos ditames do capital financeiro internacional, ultimamente tem estado a cuidar do Mahatma Gandhi National Rural Employment Guarantee Scheme.

O absurdo deste argumento já foi discutido no contexto da primeira proposição acima e não precisa ser elaborado: capitalistas investem em função do aumento expectável da procura e uma redução da despesa governamental, mesmo na geração de emprego, não pode levar a um maior investimento e com base nisso a maior criação de postos de trabalho.

John Maynard Keynes, embora uma vítima do "fetichismo da mercadoria" no sentido descrito por Marx, isto é, utilizando a linguagem dos "factores de produção" ao invés das relações sociais subjacentes, esteve livre do obscurecimento adicional que o ilusionismo da finança introduz numa economia capitalista. As posições acima não surpreendentemente teriam despertado a ira mesmo de Keynes.

O que é notável no mundo contemporâneo, incluindo a Índia, é a prevalência de noções absurdas que implicam uma inversão da razão, de que as três proposições acima mencionadas são ilustrações. Isto natural é indicativo dos esforços assíduos do capital financeiro, através da propaganda nos media e da mercantilização e destruição da educação, para hegemonizar o pensamento. A luta contra a sua hegemonia social requer acima de tudo uma luta contra esta hegemonia intelectual.

22/Novembro/2015 [*] Economista, indiano, ver Wikipedia

O original encontra-se em peoplesdemocracy.in/2015/1122_pd/inversion-reason . Tradução de JF.

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/





http://resistir.info/patnaik/patnaik_22nov15.html

Shutdown em Pindorama; Brasil executa procedimento comum nos EUA 01/12/2015


ELUCIDANDO O DECRETO DE PARALISAÇÃO -

Diogo Costa

O governo federal editou ontem o Decreto 8.580, que contingencia R$ 11,2 bilhões de despesas discricionárias do orçamento do Poder Executivo. Deste valor, R$ 0,5 bilhão é de emendas impositivas e R$ 10,7 bilhões das demais programações.

Pelo que se lê aqui e alhures, principalmente na mídia marrom, o cenário do decreto de contingenciamento, feito em função da não aprovação da nova meta fiscal pelo Congresso Nacional, se aproxima de algo entre o purgatório e o inferno. Nada mais falso.

A paralisação do governo federal a partir de hoje, 1º de dezembro, até que se modifique a meta fiscal do ano de 2015 - enviada pela União em agosto - é algo que acontece regularmente, por exemplo, nos Estados Unidos.

O "government shutdown in the United States" (paralisação do governo nos Estados Unidos) ocorre sempre que o limite da dívida extrapola o teto votado e aprovado naquele país. Quando isso sucede o parlamento precisa validar um aumento no limite de endividamento.

Enquanto o Congresso não subscreve este novo limite entra em vigor o government shutdown, obrigando o presidente da república a contingenciar gastos por tempo indeterminado. De 1976 para cá a situação já se passou 18 vezes na terra do Tio Sam.

A maior paralisação do governo dos EUA durou 21 dias, entre dezembro de 1995 e janeiro de 1996, no primeiro mandato de Bill Clinton (no total, em duas oportunidades, houve 26 dias de paralisação no primeiro mandato de Bill Clinton).

No governo de Ronald Reagan, recordista na matéria, houve 08 paralisações que somaram 14 dias. No primeiro e único mandato do ex presidente Jimmy Carter houve 05 paralisações que totalizaram 57 dias (recorde em número de dias de paralisação).

A última paralisação do governo dos EUA é bem recente. Teve lugar no segundo mandato de Barack Obama e persistiu por 16 dias em outubro de 2013.

A paralisação governamental que iniciará hoje não é novidade nenhuma em termos de administração pública. Pode ser para nós, evidentemente. Mas não é em outros países, com especial destaque, como vimos, para os Estados Unidos da América.

O que se vê presentemente é uma disputa ferrenha pelo controle dos fundos públicos no Congresso Nacional. Cedo ou tarde os parlamentares terão de aprovar a matéria e, como diz o outro, 'segue o baile'.

Não resta a menor dúvida de que a "grande mídia" e a oposição, entre golpista e fracassada, tentarão criar um clima de fim de mundo em função deste tema. É até normal e bem previsível. Mas é, a bem da verdade, tudo uma grandiosíssima bobagem ou, se preferirem, uma burlesca encenação.

Os oposicionistas farão de tudo para paralisar o governo federal pelo maior tempo possível e se possível bloqueando a mudança da meta fiscal. Não é crível que consigam bloqueá-la, em que pese o fato de que talvez consigam adiar por alguns dias a sua aprovação.

http://jornalggn.com.br/noticia/fora-de-pauta-800#comments