quarta-feira, 3 de junho de 2015

Globalização Neoliberal: Há uma alternativa ao saqueio da Terra? 03/06/2015

25/5/2015 e 19/4/2011, [*] Prof. Claudia von Werlhof Global Research
Traduzido por Emerx
O texto abaixo é uma versão preliminar de um capítulo do livro de Claudia von Werlhof “The Global Economic Crisis: The Great Depression of the XXI Century” (2009).
Há uma alternativa ao saqueio da Terra?
Há uma alternativa à guerra?
Há uma alternativa à destruição do planeta?
Ninguém faz essas perguntas porque elas parecem absurdas, ainda que incontornáveis. Até a arremetida da crise econômica global, o refrão do chamado “neoliberalismo” era NHA: “Não Há Alternativa!”.
Não haveria alternativa à “globalização neoliberal”?
Não haveria alternativa à desenfreada “economia de livre mercado”?
O que é a “Globalização Neoliberal”?
Primeiramente vamos esclarecer o que são globalização e neoliberalismo, de onde vêm, quem os dirige, o que afirmam, o que fazem, porque seus efeitos são tão fatais, porque eles vão fracassar e porque apesar de tudo as pessoas se agarram a eles. Em seguida, vejamos as respostas daqueles que não são – ou não serão – capazes de lidar com as consequências da globalização e do neoliberalismo.
Aí começa a dificuldade. Há uns bons vinte anos, disseram-nos que não havia alternativa à globalização neoliberal e que, ainda por cima, sequer tal alternativa seria necessária. E uma vez mais fomos confrontados ao conceito NHA: “Não há alternativa!” A “dama de ferro”, Margaret Thatcher, era uma das pessoas que reiterava incessantemente essa crença.
O conceito NHA proíbe qualquer reflexão. Trata-se de uma análise racional segundo a qual não há sentido em discutir neoliberalismo e a chamada globalização porque são inevitáveis. Nosso consentimento não importa frente ao inelutável. Pra que entender? Sendo assim, vamos nessa: é matar ou ser morto!
Alguns vão ao ponto de sugerir que a globalização – ou seja, um sistema econômico desenvolvido sob condições históricas e sociais específicas – nada mais é do que uma lei natural. Por sua vez, a “natureza humana” estaria supostamente refletida no caráter dos atores do sistema econômico: egoístas, cruéis, gananciosos e frios. Esse funcionamento, disseram-nos, é para o benefício de todos.
A questão permanece: por que a “mão invisível” de Adam Smith se tornou o “punho visível”? Enquanto uma ínfima minoria colhe enormes benefícios do neoliberalismo atual (nenhum deles vai sobrar, é claro), a vasta maioria da população mundial passa por dificuldades ao ponto de ter sua existência em perigo. O estrago feito parece irreversível.
Em todo o mundo, os canais midiáticos – especialmente as estações de televisão- evitam tratar do problema. Uma desculpa comum para tal é que isso não pode se explicado. [1] A verdadeira razão é, obviamente, o controle corporativo da mídia.
A "mão invisível" do mercado

O que é Neoliberalismo?
Enquanto agenda política e econômica, o neoliberalismo nasce no Chile em 1973. Ele começa com um golpe de Estado organizado pelos Estados Unidos contra um presidente socialista democraticamente eleito e pela instalação de uma sangrenta ditadura militar conhecida por suas torturas sistemáticas. Era o único meio para tornar realidade o modelo dos chamados “Chicago Boys” sob a liderança de Milton Friedman, um discípulo de Friedrich Von Hayek.
O predecessor do modelo neoliberal é o liberalismo econômico dos séculos XVIII e XIX e sua noção de “livre comércio”. Algo que Goethe assim avaliava em seu tempo: “Livre mercado, pirataria, guerra – um trio inseparável!”. [2]
Eis o que reside no coração do antigo e do novo liberalismo econômico:
Interesse pessoal e individualismo; separação entre princípios éticos e negócios, em outras palavras: um processo de “descolamento” entre economia e sociedade; a racionalidade econômica é vista apenas como um cálculo de custo-benefício e maximização do lucro; a competição é vista como a principal força motriz do crescimento e do progresso; especialização e substituição de uma economia de subsistência com um comércio exterior orientado para o lucro (vantagem comparativa de custos); e a proscrição da interferência do setor público (do Estado) nas forças do mercado. [3]
Mas o novo liberalismo econômico supera o antigo em seu apelo global. Hoje em dia, o liberalismo econômico funciona como modelo para todos: todos os setores da economia, todos os setores da sociedade, da vida e da própria natureza. Como consequência, uma vez “descolada” da sociedade, a economia agora pretende “colar” em tudo, inclusive no poder político. Além disso, emerge uma reformatada “ética econômica” (e com ela certa ideia de “natureza humana”) que desdenha de tudo, dos caridosos bem-intencionados e equivocados, passando pelos altruístas, pela ajuda desinteressada no cuidado com o próximo até a noção de responsabilidade. [4]
Isso vai ao ponto de proclamar que o bem comum depende inteiramente do egoísmo descontrolado dos indivíduos e, especialmente, da prosperidade das corporações transnacionais. A tão alegadamente necessária “liberdade” da economia – a qual, paradoxalmente, significa apenas liberdade para as corporações – consiste assim na liberdade de não ter nenhuma responsabilidade e nenhum engajamento em relação à sociedade.
A maximização do próprio lucro deve acontecer no menor prazo possível; isso significa, preferencialmente, através da especulação e da “valorização de ações”, com tanto menos obstáculos quanto possível.
Hoje em dia, os interesses econômicos globais prevalecem não apenas sobre preocupações extraeconômicas, mas também sobre considerações econômicas nacionais, visto que as corporações de hoje se veem acima das comunidades e das nações. [5]
Um âmbito de “igualdade de oportunidades” é criado para oferecer aos jogadores globais as melhores condições possíveis. Esse âmbito de jogo não conhece “barreiras” legais, sociais, ecológicas, culturais ou nacionais. [6] Como resultado, a competição econômica se dá num mercado livre de influências protecionistas ou extraeconômicas alheias ao mercado, a menos que estas sirvam aos interesses dos maiores jogadores (as corporações), é claro. Os interesses das corporações – seu progresso e crescimento máximo- assumem a total prioridade. Isso é racionalizado pela alegação de que o bem-estar das corporações significa igualmente bem-estar para as empresas pequenas e artesanais.
A diferença entre o novo e o velho liberalismo econômico pode primeiramente ser articulada em termos quantitativos: depois que o capitalismo passou por uma série de rupturas e desafios – causados pelo “sistema econômico competitivo”, a crise do capitalismo, o “keynesianismo” do pós-guerra tendendo para o estado de bem-estar social, demanda interna de consumo de massa (o chamado fordismo), e o objetivo do pleno emprego no Norte. As metas econômicas liberais do passado agora não apenas ressuscitaram euforicamente, mas também se globalizaram.
A principal razão é certamente que a competição entre sistemas econômicos alternativos já era. No entanto, concluir que isso confirma a vitória do capitalismo e do “ocidente dourado” sobre o “sombrio socialismo” é apenar fazer uma interpretação possível. Outra interpretação – oposta a esta – consiste em ver que o “sistema mundo moderno” (o qual contém capitalismo e socialismo) vive uma crise geral que dá lugar a uma competição impiedosa pelos recursos globais ao nivelar o caminho para oportunidades de investimento, ou seja, a valorização do capital. [7]

A globalização em curso do neoliberalismo demonstra qual a interpretação correta. Notadamente porque as diferenças entre o velho e o novo liberalismo econômico podem ser articuladas em termos quantitativos, mas também em termos qualitativos. O que estamos testemunhando é um fenômeno completamente novo: em vez de uma democrática “competição total” entre várias pequenas empresas que gozariam da liberdade de mercado, apenas vencem as grandes corporações.
Por sua vez, elas criam novos mercados monopolizados ou oligopolizados de dimensões previamente desconhecidas. Assim, o mercado só fica livre para elas, enquanto se torna proibitivo para todos os outros, que são condenados a uma existência dependente (como produtores forçados, trabalhadores e consumidores) ou são completamente excluídos do mercado (se não tiverem nada para vender ou comprar). Cerca de 50% da população mundial pertence hoje a este grupo crescente. [8]
As leis antitruste perderam sua eficácia desde que as corporações transnacionais passaram a ditar as normas. São as corporações – não “o mercado” como um mecanismo anônimo ou uma “mão invisível” – que determinam hoje as regras do comércio, por exemplo, preços e regulações legais. Isso acontece fora de qualquer controle político. A especulação com uma média de 20% de margem de lucro elimina os produtores honestos, que se tornam “improfícuos”. [9]
O dinheiro tornou-se por demais precioso frente a projetos de longo prazo não rentáveis, ou projetos que apenas servem – quanta audácia! – para viver bem. Em vez disso, o dinheiro “viaja para crescer” e desaparece. O capital financeiro determina cada vez mais o que os mercados são e fazem. [10] Ao se desvincular o dólar do preço do ouro, a criação de moeda perdeu sua relação com a produção. [11] Além disso, atualmente muitos de nós temos – exatamente como os governos – dívidas. É o capital financeiro quem tem o dinheiro – nós não temos dinheiro algum. [12]
Pequenas, médias e até grandes empresas são expulsas do mercado, forçadas a se retirar ou tragadas por corporações transnacionais porque seus desempenhos estão abaixo da média dos ganhos especulativos. Eu diria até “espéculo-ativos”.
O setor público, historicamente definido como um setor não destinado ao lucro econômico, e a administração, está sendo fatiado e suas partes “lucrativas” (“as joias da coroa”) passam para as corporações, sendo privatizadas.
Em consequência, serviços sociais essenciais a nossa existência desaparecem. Pequenos e médios negócios, que empregavam até pouco mais de 80% da força de trabalho em condições normais, são agora afetados da mesma forma por esses desenvolvimentos. A alegada correlação entre crescimento econômico e segurança no emprego é falsa. Quando o crescimento econômico é acompanhado por fusões de empresas perdem-se empregos. [13]
Quando há novos empregos, estes são precários, ou seja, são temporários e mal pagos. Torna-se impossível viver de um só emprego. [14] Isso significa que as condições de trabalho no Norte tornam-se parecidas com aquelas do Sul, bem como as condições de trabalho dos homens tornam-se semelhantes àquelas das mulheres – uma tendência diametralmente oposta àquilo que nos foi dito. As corporações hoje em dia partem para o Sul ou para o Leste para usar mão de obra barata – amiúde feminina – e não sindicalizada.
Isso já vem acontecendo desde os anos 70 nas “Zonas Francas Industriais” (ZFI, “fábricas do mercado mundial” ou “maquiladoras”), em que é produzida a maior parte dos chips de computador, tênis, roupas e utensílios eletrônicos. As ZFI ficam em áreas em que o velho capitalista colonial secular e as condições autoritárias patriarcais garantem a disponibilidade da mão de obra barata. [16] O recente deslocamento das oportunidades de negócio da produção de bens de consumo para o armamento constitui um desenvolvimento particularmente preocupante. [17]
- Quero uma luta honesta, OK?!

Não só a produção de commodities é “terceirizada” e deslocalizada em ZFIs, mas também a indústria de serviços. É o resultado da Terceira Revolução Industrial, ou seja, do desenvolvimento de novas tecnologias da informação e da comunicação. Muitos empregos desapareceram completamente com a informatização, inclusive na seara administrativa. [18]
A combinação de princípios de “alta tecnologia” e “baixos salários”/ “nenhum salário” (sempre negada pelos entusiastas do “progresso”) garante uma “vantagem de custo comparativo” no comércio exterior. Isso levará finalmente a implantação de “salários chineses” no Ocidente. Uma potencial perda de consumidores ocidentais não parece ser uma ameaça. A economia corporativa não quer saber se os consumidores são europeus, chineses ou indianos.
Os meios de produção tornam-se concentrados em cada vez menos mãos, especialmente desde que o capital financeiro – ele mesmo precarizado – passou a controlar os valores dos ativos de maneira cada vez mais agressiva. Novas formas de propriedade privada são criadas, notadamente através da “liquidação” da propriedade pública e da transformação de indústrias e serviços privados de pequena escala em setores de negócio corporativos. Isso concerne principalmente aos campos que estiveram durante muito tempo (pelo menos parcialmente) excluídos da lógica do lucro – por exemplo, a educação, a saúde, a energia ou o fornecimento de água.
Novas formas dos chamados cercados emergem da presente e total comercialização de serviços e indústrias públicas ou do pequeno setor privado, bem como dos recursos naturais como oceanos, florestas tropicais, regiões de diversidade genética ou de interesse geopolítico (por exemplo, potenciais rotas de oleodutos), etc.. [19] Tão longe quanto possam alcançar novos espaços virtuais e redes de comunicação, testemunhamos frenéticos esforços para submeter estes setores ao controle privado. [20]
Todas essas novas formas de propriedade privada são essencialmente criadas, em maior ou menor intensidade, por formas predatórias de apropriação. Neste sentido, elas são a continuação da história da chamada acumulação original que se expandiu globalmente, segundo o lema: “Crescer via expropriação!” [21]
Cada vez menos pessoas têm acesso aos meios de produção, o que as torna mais dependentes de empregos raros e mal pagos. A destruição do estado de bem-estar social destrói a ideia de que indivíduos podem se apoiar na comunidade em períodos de necessidade. Nossa existência se apoia exclusivamente no privado, ou seja, em serviços caros amiúde de qualidade inferior e menos confiáveis que aqueles do setor público. (A qualidade superior do setor privado frente ao setor público não passa de um mito).
O que ora vivemos é uma insuficiência antes conhecida apenas pelo Sul colonial. A velha crença de que o Sul acabaria por se transformar em algo como o Norte mostrou-se errônea. É antes o Norte que está se transformando em algo como o Sul. Estamos testemunhando a última forma de “desenvolvimento”, para ser expresso, um sistema mundial de subdesenvolvimento. [22] Desenvolvimento e subdesenvolvimento vão de par. [23] Talvez tenhamos em breve trabalhadores na “ajuda ao desenvolvimento” por aqui.
As mulheres são geralmente convocadas para contrabalançar o subdesenvolvimento com o aumento de sua carga de trabalho (“provisão de serviços”) no lar. Como resultado, a carga de trabalho feminino subpago assume horrendas dimensões: elas fazem trabalho não pago em casa e trabalho mal pago fora de casa. [24] No entanto, a comercialização não para nem na porta de casa. Mesmo o trabalho doméstico é comercialmente cooptado (“a nova questão doméstica”), e raramente as mulheres que fazem este trabalho têm vantagens financeiras. [25]

Isso não é estranho ao fato de que as mulheres são cada vez mais coagidas à prostituição, atualmente uma das maiores indústrias globais. [26]
Isso ilustra duas coisas:
a) a “emancipação” feminina pouco contribui à “paridade” com o homem; e
b) o “desenvolvimento capitalista” não implica mais “liberdade” nas relações de trabalho assalariado, como acreditou a esquerda durante muito tempo. [27]
Se fosse o caso, o neoliberalismo teria significado o fim voluntário do capitalismo, uma vez que este atingisse sua extensão máxima. Isso, no entanto, não parece provável.
Hoje em dia, centenas de milhões de quase escravos (nunca houve tantos) atuam no “sistema mundo”. O modelo autoritário das Zonas Francas Industriais está conquistando o Leste e ameaçando o Norte. A redistribuição de riquezas se dá cada vez mais e cada vez mais rapidamente em detrimento dos mais pobres e em favor do que estão no topo da pirâmide. A diferença entre ricos e pobres nunca foi tão grande. As classes médias estão desaparecendo. Esta é a situação que enfrentamos.
Isso se torna tão óbvio que o neoliberalismo instaura não o fim do colonialismo, mas, muito pelo contrário, a colonização do Norte. Esta nova “colonização do mundo” [29] aponta para os primórdios do “moderno sistema mundo” no “longo século XVI”, quando a conquista das Américas, sua exploração e transformação colonial permitiu o “desenvolvimento” da Europa. [30] As chamadas “doenças infantis” da modernidade continuam assombrando, mesmo as pessoas de idade mais avançada. Elas são, na verdade, a principal característica do último estágio da modernidade. Elas estão se expandindo ao invés de desaparecer.
Onde não há Sul, não há Norte; onde não há periferia, não há centro; onde não há colônias, não há – em todo caso no “Ocidente” – civilização. [31]
A Áustria também faz parte do sistema mundo. Ela está se tornando cada vez mais uma colônia corporativa (particularmente das corporações alemãs). O que não a impede de ser ela mesma um colonizador ativo, sobretudo no Leste. [32]
As considerações sociais, culturais e o respeito às tradições são abandonados para dar lugar a uma mentalidade de saqueio. Todos os recursos globais que ainda temos – recursos naturais, florestas, água, bolsões genéticos – têm se tornado utilitários. A consequência é uma rápida destruição ecológica por esgotamento. Se alguém tem mais lucro cortando árvores ao invés de plantá-las, não há razão para não continuar o desmatamento. [33]
Nem o público nem o Estado intervêm, apesar do aquecimento global e da obviedade de que acabar com as poucas florestas restantes destruirá irreversivelmente o clima terrestre – sem falar de outros efeitos negativos dessas ações. [34] O clima, os animais, as plantas, os direitos ecológicos e humanos em geral, nada disso tem valor em comparação com os interesses das corporações. Que importa que floresta tropical não seja um recurso renovável e que todo o ecossistema terrestre dela dependa? Se a cobiça, economicamente reforçada pelo racionalismo, realmente fosse realmente um traço antropológico inerente, nunca teríamos chegado ao dia de hoje.

A comandante da Space Shuttle que circundou o planeta em 2005 observou que “o centro da África está queimando”. Ela quis dizer o Congo, onde se localiza a maior floresta tropical do continente. Sem ela, não haverá mais nuvens sobre as cabeceiras do Nilo. No entanto, ela deve desaparecer para que as corporações tenham livre acesso aos recursos naturais do Congo, razão das guerras que afetam aquela região. Afinal de contas, é preciso diamante e coltan para os telefones celulares.
Hoje em dia, tudo na Terra é transformado em commodity, ou seja, cada coisa se torna um objeto de “comércio”, o que significa liquidação, transformação dessa coisa em dinheiro líquido. Em sua fase neoliberal, não basta ao capitalismo buscar globalmente menores custos qualificados e preferencialmente a produção de commodities sem pagamento de salário. O objetivo é transformar cada um e cada coisa em commodity, inclusive a própria vida. [35] Estamos rumando cegamente para uma conclusão violenta e absoluta desse “modo de produção”. Trata-se, para ser específico, de uma total capitalização/ liquidação pela “monetarização” . [36]
Testemunhamos não apenas um perpétuo louvor ao Mercado – estamos testemunhando o que pode ser descrito como um “fundamentalismo de Mercado”. As pessoas acreditam no mercado como antes se acreditava em Deus. Parece haver o sentimento de que nada poderia sequer acontecer sem isso. A acumulação maximizada mundial de dinheiro/ capital em forma de riqueza abstrata se tornou o único objetivo da atividade econômica. Um mercado mundial “livre” deve ser estabelecido – um mercado mundial que funciona segundo os interesses das corporações e do capitalismo financeiro. A instalação de tal mercado avança com espantosa rapidez. Isso cria novas possibilidades de lucro onde eles ainda não haviam existido, por exemplo, no Iraque, na Europa do Leste ou na China.
Algo permanece geralmente desconsiderado: a riqueza abstrata criada pela acumulação implica a destruição da natureza como riqueza concreta. O resultado é um “buraco no chão” e ao lado deste um monte de lixo com commodities imprestáveis, maquinário obsoleto e dinheiro sem valor. [37] No entanto, uma vez que toda a riqueza concreta (a qual consiste hoje principalmente nos últimos recursos naturais) tiver desaparecido, a riqueza abstrata vai desaparecer do mesmo jeito. Nas palavras de Marx, ela vai “evaporar”.
O fato de que a riqueza abstrata não seja real vai se tornar óbvio, como óbvia será a resposta à questão sobre que riqueza tem sido realmente criada pela atividade econômica hodierna. No final, isso não é nada mais que riqueza monetária (e até esta só existe principalmente no plano virtual e em contas) e constitui uma monocultura controlada por uma minúscula minoria. A diversidade está sendo sufocada em milhões de pessoas estão se perguntando como sobreviver. De fato, como sobreviver sem recursos, meios de produção ou dinheiro?
O niilismo de nosso sistema econômico é evidente. O mundo inteiro vai ser transformado em dinheiro – e depois vai sumir. Afinal de contas, não se pode comer dinheiro. O que ninguém parece levar em conta é que é impossível retransformar commodities, dinheiro, capital e maquinário em natureza ou riqueza concreta. Ao que parece, é subjacente a todo “desenvolvimento econômico” a ideia de que os “recursos”, as “fontes da riqueza”, [38] são renováveis e duradouros – como o seriam o “crescimento” resultante de sua exploração. [39]

O neoliberalismo e seu “totalitarismo monetarista” provam que a ideia segundo a qual capitalismo e democracia são uma só coisa não passa de um mito. [40]
A primazia da política sobre a economia foi perdida, abandonada por políticos de todos os partidos. A política é ditada pelas corporações. Onde os interesses corporativos estão em jogo não há lugar para convenções democráticas ou controle comunitário. O espaço público desaparece. A Res Pública se torna uma Res Privada ou – como ora podemos dizer – uma Res Privada Transnacional (privare, do latim, “despojar”). Só os que estão no poder têm direitos. Eles se dão a si mesmos as licenças de que necessitam, da “licença para saquear” à “licença para matar”. [41]
Aqueles que se interpõem às corporações ou desafiam seus “direitos” são aviltados, criminalizados e cada vez mais definidos como “terroristas” ou, quando se trata de governos recalcitrantes, de “estados falidos” – uma etiqueta que implica geralmente ameaças ou verdadeiros ataques militares, como se pôde ver na Iugoslávia, no Afeganistão e no Iraque, talvez futuramente na Síria e no Irã. O presidente Bush chegou a falar da possibilidade de ataques nucleares “preventivos” caso os Estados Unidos se sentissem ameaçados por armas de destruição em massa. [42] A União Europeia não fez nenhuma objeção. [43]
Guerra e neoliberalismo são duas faces da mesma moeda. [44] Livre comércio, pirataria e guerra são ainda um “inseparável trio” – talvez hoje mais do que nunca. A guerra não é apenas algo “bom para a economia”, mas é efetivamente sua força motriz e pode ser entendida como a “continuação da economia por outros meios”. [45] Guerra e economia se tornaram quase indistinguíveis. [46] As guerras por recursos naturais – especialmente petróleo e água – já começaram. [47] As guerras do Golfo são o mais óbvio exemplo disso. Outra vez o militarismo aparece como o “executor da acumulação do capital” – potencialmente em qualquer parte e de maneira duradoura. [48]
Os direitos humanos e os direitos de soberania foram transferidos do povo, das comunidades e dos governos para as corporações. [49] A noção de povo como um corpo soberano foi praticamente abolida. Temos sido testemunhas desse tipo de golpe. Dissolvem-se cada vez mais os sistemas políticos do Ocidente e o estado nação como garantia e expressão da divisão internacional do trabalho no sistema mundo atual. [50]
Estados nação desenvolvem-se como “estados periféricos”, segundo o papel inferior que eles desempenham na proto-despótica “Nova Ordem Mundial”. [51] A democracia parece algo obsoleto. Afinal de contas, democracia “atrapalha os negócios”. [52]
A “Nova Ordem Mundial” implica uma nova divisão do trabalho que não faz mais distinção entre o Norte e o Sul, entre o Leste e o Oeste; hoje em dia, o mundo todo é o Sul. Uma lei internacional é estabelecida em consonância com isso para atuar nos estratos inferiores e eliminar todos os direitos locais, regionais ou comunais. E a coisa não para por aí: muitos destes direitos são retroativamente invalidados e suas eventuais restaurações são proibidas. [53]
A lógica do neoliberalismo enquanto forma de neomercantilismo totalitário reza que todos os recursos, todos os mercados, todo o dinheiro, todos os lucros, todos os meios de produção, todas as “oportunidades de investimento”, todos os direitos e todo o poder pertencem apenas e tão somente às corporações. Parafraseando Ricahrd Sennett: “Tudo para as Corporações!” [54] Já se pode acrescentar: “Já”!

As corporações são livres para fazer o que bem entenderem com o aquilo de que dispuserem. Ninguém tem o direito de interferir. Ironicamente, dependemos supostamente delas para sair da crise em que estamos imersos. Isso põe a terra inteira em risco, já que responsabilidade é algo que as corporações não têm e não conhecem. O tempo do contrato social já passou. [55] Com efeito, acusar somente a crise tornou-se um crime e toda crítica em breve será definida como “terrorismo” e castigada como tal. [56]
A medicina econômica do FMI
Desde 1980, o neoliberalismo é aplicado principalmente pelo Programa de Ajustamento Estrutural do Banco Mundial e pelo Fundo Monetário Internacional. Esses programas são impostos a países do Sul passíveis de extorsão devido a suas dívidas. Enquanto isso, várias intervenções militares e guerras ajudam a tomar o controle de ativos que ainda restam, proteger recursos, instalar o neoliberalismo como política econômica global, esmagar movimentos de resistência (que têm sido ironicamente etiquetados como “sublevações contra o FMI”) e facilitar o lucrativo negócio das reconstruções. [57]
Nos anos 80, Ronald Reagan e Margaret Thatcher introduziram o neoliberalismo no mundo anglo-americano. Em 1989, o chamado “consenso de Washington” foi formulado. Ele pretendia conduzir à liberdade global, à prosperidade e ao crescimento econômico através da “desregulamentação, da liberalização e da privatização”. Isso se tornou o credo e a promessa dos neoliberais. Sabemos hoje que esta promessa tornou-se verdade apenas para as corporações – e para ninguém mais.
No Oriente Médio, o apoio ocidental a Saddam Hussein durante a Guerra entre Iraque e Irã nos anos 1980s, e a guerra do Golfo no começo dos anos 1990s, marcou o começo da presença permanente dos Estados Unidos na mais contestada região petrolífera do mundo.
Na Europa continental, o neoliberalismo começou com a crise na Iugoslávia causada pelo Programa de Ajustamento Estrutural do Banco Mundial e do FMI. O país foi duramente explorado, destruído e finalmente assaltado por uma guerra civil por recursos remanescentes. [58] Desde a guerra da OTAN em 1999, os Bálcãs estão fragmentados, ocupados e submetidos geopoliticamente ao controle neoliberal. [59]
A região é de primordial interesse estratégico para o transporte futuro de gás e petróleo do Cáucaso para o Ocidente (veja-se por exemplo o oleoduto “Nabucco”, que deve, em princípio, começar a operar a partir do Mar Cáspio, passando pela Turquia e pelos Bálcãs em 2011. [Até hoje esse oleoduto não teve suas obras iniciadas. Sequer o projeto foi terminado. (Nrc)].
Todos os governos aceitam isso, sejam eles de esquerda, de direita, liberais ou verdes. Não há análise sobre a conexão entre as políticas do neoliberalismo, sua história, seu histórico e seus efeitos na Europa e em outras partes do mundo. Da mesma forma, não há análise sobre suas conexões com o novo militarismo.
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NOTAS
[1] Maria Mies and Claudia von Werlhof (Hg), Lizenz zum Plündern. Das Multilaterale Abkommen über Investitionen MAI. Globalisierung der Konzernherrschaft – und was wir dagegen tun können, Hamburg, EVA, 2003 (1998), p. 23, 36.
[2] Johann Wolfgang von Goethe, Faust: Part Two, New York, Oxford University Press, 1999.
[3] Maria Mies, Krieg ohne Grenzen. Die neue Kolonisierung der Welt, Köln, PapyRossa, 2005, p. 34.
[4] Arno Gruen, Der Verlust des Mitgefühls. Über die Politik der Gleichgültigkeit, München, 1997, dtv.
[5] Sassen Saskia, “Wohin führt die Globalisierung?,” Machtbeben, 2000, Stuttgart-München, DVA.
[6] Maria Mies and Claudia von Werlhof (Hg), Lizenz zum Plündern. Das Multilaterale Abkommen über Investitionen MAI. Globalisierung der Konzernherrschaft – und was wir dagegen tun können, Hamburg, EVA, 2003 (1998), p. 24.
[7] Immanuel Wallerstein, Aufstieg und künftiger Niedergang des kapitalistischen Weltsystems, in Senghaas, Dieter: Kapitalistische Weltökonomie. Kontroversen über ihren Ursprung und ihre Entwicklungsdynamik, Frankfurt, 1979, Suhrkamp; Immanuel Wallerstein (Hg), The Modern World-System in the Longue Durée, Boulder/ London; Paradigm Publishers, 2004.
[8] Susan George, im Vortrag, Treffen von Gegnern und Befürwortern der Globalisierung im Rahmen der Tagung des WEF (World Economic Forum), Salzburg, 2001.
[9] Elmar Altvater, Das Ende des Kapitalismus, wie wir ihn kennen, Münster, Westfälisches Dampfboot, 2005.
[10] Elmar Altvater and Birgit Mahnkopf, Grenzen der Globalisierung. Ökonomie, Ökologie und Politik in der Weltgesellschaft, Münster, Westfälisches Dampfboot, 1996.
[11] Bernard Lietaer, Jenseits von Gier und Knappheit, Interview mit Sarah van Gelder, 2006,; Margrit Kennedy, Geld ohne Zinsen und Inflation, Steyerberg, Permakultur, 1990.
[12] Helmut Creutz, Das Geldsyndrom. Wege zur krisenfreien Marktwirtschaft, Frankfurt, Ullstein, 1995.
[13] Maria Mies and Claudia von Werlhof (Hg), Lizenz zum Plündern. Das Multilaterale Abkommen über Investitionen MAI. Globalisierung der Konzernherrschaft – und was wir dagegen tun können, Hamburg, EVA, 2003 (1998), p. 7.
[14] Barbara Ehrenreich, Arbeit poor. Unterwegs in der Dienstleistungsgesellschaft, München, Kunstmann, 2001.
[15] Folker Fröbel, Jürgen Heinrichs, and Otto Kreye, Die neue internationale Arbeitsteilung. Strukturelle Arbeitslosigkeit in den Industrieländern und die Industrialisierung der Entwicklungsländer, Reinbek, Rowohlt, 1977.
[16] Veronika Bennholdt-Thomsen, Maria Mies, and Claudia von Werlhof, Women, The Last Colony, London/ New Delhi, Zed Books, 1988.
[17] Michel Chossudovsky, War and Globalization. The Truth Behind September 11th, Oro, Ontario, Global Outlook, 2003.
[18] Folker Fröbel, Jürgen Heinrichs, and Otto Kreye, Die neue internationale Arbeitsteilung. Strukturelle Arbeitslosigkeit in den Industrieländern und die Industrialisierung der Entwicklungsländer, Reinbek, Rowohlt, 1977.
[19] Ana Isla, The Tragedy of the Enclosures: An Eco-Feminist Perspective on Selling Oxygen and Prostitution in Costa Rica, Man., Brock Univ., Sociology Dpt., St. Catherines, Ontario, Canada, 2005.
[20] John Hepburn, Die Rückeroberung von Allmenden – von alten und von neuen, übers. Vortrag bei, Other Worlds Conference; Univ. of Pennsylvania; 28./29.4, 2005.
[21] Claudia von Werlhof, Was haben die Hühner mit dem Dollar zu tun? Frauen und Ökonomie, München, Frauenoffensive, 1991; Claudia von Werlhof, MAInopoly: Aus Spiel wird Ernst, in Mies/Werlhof, 2003, p. 148-192.
[22] Andre Gunder Frank, Die Entwicklung der Unterentwicklung, in ders. u.a., Kritik des bürgerlichen Antiimperialismus, Berlin, Wagenbach, 1969.
[23] Maria Mies, Krieg ohne Grenzen, Die neue Kolonisierung der Welt, Köln, PapyRossa, 2005.
[24] Veronika Bennholdt-Thomsen, Maria Mies, and Claudia von Werlhof, Women, the Last Colony, London/New Delhi, Zed Books, 1988.
[25] Claudia von Werlhof, Frauen und Ökonomie. Reden, Vorträge 2002-2004, Themen GATS, Globalisierung, Mechernich, Gerda-Weiler-Stiftung, 2004.
[26] Ana Isla, “Women and Biodiversity as Capital Accumulation: An Eco-Feminist View,” Socialist Bulletin, Vol. 69, Winter, 2003, p. 21-34; Ana Isla, The Tragedy of the Enclosures: An Eco-Feminist Perspective on Selling Oxygen and Prostitution in Costa Rica, Man., Brock Univ., Sociology Department, St. Catherines, Ontario, Canada, 2005.
[27] Immanuel Wallerstein, Aufstieg und künftiger Niedergang des kapitalistischen Weltsystems, in Senghaas, Dieter: Kapitalistische Weltökonomie. Kontroversen über ihren Ursprung und ihre Entwicklungsdynamik, Frankfurt, Suhrkamp, 1979.
[28] Kevin Bales, Die neue Sklaverei, München, Kunstmann, 2001.
[29] Maria Mies, Krieg ohne Grenzen, Die neue Kolonisierung der Welt, Köln, PapyRossa, 2005.
[30] Immanuel Wallerstein, Aufstieg und künftiger Niedergang des kapitalistischen Weltsystems, in Senghaas, Dieter: Kapitalistische Weltökonomie. Kontroversen über ihren Ursprung und ihre Entwicklungsdynamik, Frankfurt, Suhrkamp, 1979; Andre Gunder Frank, Orientierung im Weltsystem, Von der Neuen Welt zum Reich der Mitte, Wien, Promedia, 2005; Maria Mies, Patriarchy and Accumulation on a World Scale, Women in the International Division of Labour, London, Zed Books, 1986.
[31] Claudia von Werlhof, “Questions to Ramona,” in Corinne Kumar (Ed.), Asking, We Walk. The South as New Political Imaginary, Vol. 2, Bangalore, Streelekha, 2007, p. 214-268.
[32] Hannes Hofbauer, Osterweiterung. Vom Drang nach Osten zur peripheren EU-Integration, Wien, Promedia, 2003; Andrea Salzburger, Zurück in die Zukunft des Kapitalismus, Kommerz und Verelendung in Polen, Frankfurt – New York, Peter Lang Verlag, 2006.
[33] Bernard Lietaer, Jenseits von Gier und Knappheit, Interview mit Sarah van Gelder, 2006.
[34] August Raggam, Klimawandel, Biomasse als Chance gegen Klimakollaps und globale Erwärmung, Graz, Gerhard Erker, 2004.
[35] Immanuel Wallerstein, Aufstieg und künftiger Niedergang des kapitalistischen Weltsystems, in Senghaas, Dieter: Kapitalistische Weltökonomie. Kontroversen über ihren Ursprung und ihre Entwicklungsdynamik, Frankfurt, Suhrkamp, 1979.
[36] Renate Genth, Die Bedrohung der Demokratie durch die Ökonomisierung der Politik, feature für den Saarländischen Rundfunk am 4.3., 2006.
[37] Johan Galtung, Eurotopia, Die Zukunft eines Kontinents, Wien, Promedia, 1993.
[38] Karl Marx, Capital, New York, Vintage, 1976.
[39] Claudia von Werlhof, Loosing Faith in Progress: Capitalist Patriarchy as an “Alchemical System,” in Bennholdt-Thomsen et.al.(Eds.), There is an Alternative, 2001, p. 15-40.
[40] Renate Genth, Die Bedrohung der Demokratie durch die Ökonomisierung der Politik, feature für den Saarländischen Rundfunk am 4.3., 2006.
[41] Maria Mies and Claudia von Werlhof (Hg), Lizenz zum Plündern. Das Multilaterale Abkommen über Investitionen MAI. Globalisierung der Konzernherrschaft – und was wir dagegen tun können, Hamburg, EVA, 2003 (1998), p. 7; Maria Mies, Krieg ohne Grenzen, Die neue Kolonisierung der Welt, Köln, PapyRossa, 2005.
[42] Michel Chossudovsky, America’s “War on Terrorism,” Montreal, Global Research, 2005.
[43] Michel Chossudovsky, “Nuclear War Against Iran,” Global Research, Center for Research on Globalization, Ottawa 13.1, 2006.
[44] Altvater, Chossudovsky, Roy, Serfati, Globalisierung und Krieg, Sand im Getriebe 17, Internationaler deutschsprachiger Rundbrief der ATTAC – Bewegung, Sonderausgabe zu den Anti-Kriegs-Demonstrationen am 15.2., 2003; Maria Mies, Krieg ohne Grenzen, Die neue Kolonisierung der Welt, Köln, PapyRossa, 2005.
[45] Hazel Hendersen, Building a Win-Win World. Life Beyond Global Economic Warfare, San Francisco, 1996.
[46] Claudia von Werlhof, Vom Wirtschaftskrieg zur Kriegswirtschaft. Die Waffen der, Neuen-Welt-Ordnung, in Mies 2005, p. 40-48.
[47] Michael T. Klare, Resource Wars. The New Landscape of Global Conflict, New York, Henry Holt and Company, 2001.
[48] Rosa Luxemburg, Die Akkumulation des Kapitals, Frankfurt, 1970.
[49] Tony Clarke, Der Angriff auf demokratische Rechte und Freiheiten, in Mies/Werlhof, 2003, p. 80-94.
[50] Sassen Saskia, Machtbeben. Wohin führt die Globalisierung?, Stuttgart-München, DVA, 2000.
[51] Michael Hardt and Antonio Negri, Empire, Cambridge, Harvard Univ. Press, 2001; Noam Chomsky, Hybris. Die endgültige Sicherstellung der globalen –Vormachtstellung der USA, Hamburg-Wien, Europaverlag, 2003.
[52] Claudia von Werlhof, Speed Kills!, in Dimmel/Schmee, 2005, p. 284-292
[53] See the “roll back” and “stand still” clauses in the WTO agreements in Maria Mies and Claudia von Werlhof (Hg), Lizenz zum Plündern. Das Multilaterale Abkommen über Investitionen MAI. Globalisierung der Konzernherrschaft – und was wir dagegen tun können, Hamburg, EVA, 2003.
[54] Richard Sennett, zit. “In Einladung zu den Wiener Vorlesungen,” 21.11.2005: Alternativen zur neoliberalen Globalisierung, 2005.
[55] Claudia von Werlhof, MAInopoly: Aus Spiel wird Ernst, in Mies/Werlhof, 2003, p. 148-192.
[56] Michel Chossudovsky, America’s “War on Terrorism,” Montreal, Global Research, 2005.
[57] Michel Chossudovsky, Global Brutal. Der entfesselte Welthandel, die Armut, der Krieg, Frankfurt, Zweitausendeins, 2002; Maria Mies, Krieg ohne Grenzen. Die neue Kolonisierung der Welt, Köln, PapyRossa, 2005; Bennholdt-Thomsen/Faraclas/Werlhof 2001.
[58] Michel Chossudovsky, Global Brutal. Der entfesselte Welthandel, die Armut, der Krieg, Frankfurt, Zweitausendeins, 2002.
[59] Wolfgang Richter, Elmar Schmähling, and Eckart Spoo (Hg), Die Wahrheit über den NATO-Krieg gegen Jugoslawien, Schkeuditz, Schkeuditzer Buchverlag, 2000; Wolfgang Richter, Elmar Schmähling, and Eckart Spoo (Hg), Die deutsche Verantwortung für den NATO-Krieg gegen Jugoslawien, Schkeuditz, Schkeuditzer Buchverlag, 2000.
[60] Bernard Lietaer, Jenseits von Gier und Knappheit, Interview with Sarah van Gelder, 2006.
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[*] Claudia von Werlhof (n. 17/5/1943) é professora emérita do Instituto de Ciência Política da Universidade de Innsbruck . É criadora da “Teoria Crítica da Patriarcado” e está trabalhando numa nova teoria social do patriarcado e as alternativas a ela. Viveu e trabalhou por muitos anos em países em desenvolvimento , particularmente na América Latina.
Terminou o curso fundamental em 1963 em Colônia e graduou-se em 1968 em Economia e Sociologia também em Colônia e depois em Hamburgo. Obteve bolsa de estudos de doutorado da Fundação Friedrich Ebert seguindo para trabalhar em El Salvador e Costa Rica. A partir de 1974 fcursou doutorado em Sociologia e tornou-se professora-assistente na Faculdade de Ciências Sociais da Universidade de Frankfurt am Main partindo daí para pesquisas na Venezuela onde permaneceu de 1977 a 1979.
Na volta à Alemanha engajou-se na Universidade de Bielefeld como pesquisadora de Política de Desenvolvimento da Propriedade Privada até 1984.
Atualmente é conferencista e pesquisadora em várias universidades da Europa, mas seu local fixo de trabalho é Instituto de Ciência Política da Faculdade de Ciências Sociais e Econômicas na (o chamado Departamento de Estudos da Mulher) da Universidade de Innsbruck.
É fundadora da associação FIPAZ (Instituto de Pesquisa de crítica do patriarcado e civilizações alternativos).



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