segunda-feira, 2 de abril de 2012

Japonesa Mitsubishi adquire 20% da plantação de café da Ipanema, diz jornal 02/04/2012

Trading irá desembolsar 'bilhões de ienes' para adquirir parte de uma das maiores plantações de café do mundo, situada a 300 km da cidade de São Paulo


José Roberto Gomes, da Agência Estado
TÓQUIO - A trading Mitsubishi irá adquirir 20% de participação em uma das maiores plantações de café do mundo, localizada no Brasil, com a intenção de garantir o fornecimento de produto de qualidade ao Japão. A informação foi publicada na edição de terça-feira do jornal The Nikkei.
Situada a 300 km da cidade de São Paulo, a área pertence à família que fundou a Ipanema Coffees. Pela negociação, a Mitsubishi irá desembolsar "bilhões de ienes" e comprar ações já existentes, dividindo o controle acionário com duas companhias de processamento de café, uma alemã (16%) e outra norueguesa (15%), além da própria Ipanema.
A plantação de 60 quilômetros quadrados (6 mil hectares) produz 9,2 mil toneladas de grãos de café por ano, sendo certificada como ecologicamente correta pelos Estados Unidos e pela Europa.
Atualmente, a Mitsubishi já compra quase 3 mil toneladas de café da Ipanema. Após a transação, a empresa japonesa irá enviar um funcionário à plantação para adquirir conhecimento e aprimorar a automação e eficiência do local.

 As informações são da Dow Jones.

Dilma irá aos EUA atrás de know-how e inovação, não de dinheiro 02/04/2012


Por Pablo Uchoa
Sinal dos avanços e desafios do Brasil, a presidente Dilma Rousseff desembarcará nos Estados Unidos, na próxima semana, buscando “não dinheiro, e sim know-how e inovação”, nas palavras do presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Mauro Borges Lemos.
Em um seminário na capital americana, Washington, Borges Lemos transmitiu a mensagem de que o Brasil tem recursos para investir no seu próprio desenvolvimento – mas precisa de parceiros internacionais, como os EUA, para fazer maior progresso nas áreas de educação, pesquisa e desenvolvimento, cruciais para o crescimento sustentável.
“Nosso problema não é de financiamento e sim de tecnologia”, disse o executivo, apontando que o país pode contar com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da agência Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) para impulsionar projetos industriais.
De uma nação endividada que era há apenas algumas décadas, o Brasil conquistou o sexto lugar entre as maiores economias do mundo.
Entretanto, o país investe apenas cerca de 1% do seu PIB em pesquisa e desenvolvimento, segundo dados da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). É cerca da metade do que investem os países desenvolvidos.
Segundo Borges Lemos, o Brasil hoje tem cerca de 1,5 mil empresas “de classe mundial”, que podem ser um canal importante de aporte de know-how. Mas só a qualificação da mão-de-obra nacional permitirá um aumento da produtividade de forma sustentada.

Ênfase no conhecimento

Por isso, a questão dos intercâmbios – de pessoas e de ideias – será central na visita que a presidente Dilma Rousseff fará aos EUA nos próximos dias 9 e 10 de abril.
Mesmo com um calendário apertado, a presidente fez questão de manter sua visita à cidade de Boston, sede do MIT (Massachusetts Institute of Technology) e da Universidade de Harvard, ambas instituições de ensino mundialmente reconhecidas.
Dilma promoverá o programa Ciência Sem Fronteiras, que tem como meta conceder 75 mil bolsas de estudos até 2015, a grande maioria para alunos e pesquisadores brasileiros estudarem no exterior.
Serão destinados R$ 3,2 bilhões para o programa e o governo quer que a iniciativa privada conceda outras 26 mil bolsas de estudo, elevando o total para 101 mil.
Brasil e EUA já vêm realizando conjuntamente desde o governo anterior, sob Luiz Inácio Lula da Silva, uma série de oficinas voltadas para acelerar a troca de conhecimento e tecnologia entre empresas e universidades dos dois países, os chamados Laboratórios de Aprendizado em Inovação Brasil-EUA.
Treze já foram realizados, o último deles em novembro do ano passado, em Porto Alegre.

Gargalos

Borges Lemos falou durante um seminário promovido pelo Brazil Institute e o US-Brazil Business Council para discutir o Plano Brasil Maior, de incentivo à indústria nacional.
De 1995 para 2011, a participação da indústria na economia brasileira caiu de 16,25% para 12,44% do PIB, segundo os dados da ABDI, e o objetivo do Plano Brasil Maior é “oferecer um alívio para a indústria”, segundo Borges Lemos.
Anunciado em agosto do ano passado, o Plano Brasil Maior inclui medidas para desonerar o investimento e as exportações, incentivar as pequenas empresas, elevar o financiamento para a inovação e incentivar o consumo do produto made in Brazil, entre outros aspectos.
Entretanto, Borges Lemos reconheceu que o Brasil ainda tem muitos desafios estruturais para resolver a fim de melhorar a produtividade da indústria nacional e crescer de forma sustentada.
Entre estes desafios estão o peso das aposentadorias sobre os gastos do Estado, os altos custos trabalhistas, a carga tributária, hoje em mais de 35% do PIB, e as taxas de juros, que caíram de 26,5% em 2003 para 9,75% agora, mas ainda continuam entre as mais altas do mundo.

A era do homem endividado 02/04/2012

No Vermelho.org


A dívida tem uma moral própria, diferente e complementar à do trabalho. A dupla esforço-recompensa da ideologia do trabalho se vê passada para trás pela moral da promessa (honre sua dívida) e da culpa (de tê-la contraído). A campanha contra os gregos dá testemunho da violência da lógica que permeia a economia da dívida.
Por Maurizio Lazzarato*
A sucessão de crises financeiras levou ao aparecimento de uma figura subjetiva, que agora ocupa todo o espaço público: a do homem endividado. Pois o fenômeno da dívida não se reduz às suas manifestações econômicas. Ele constitui a pedra angular das relações sociais em regime neoliberal, operando uma tripla desapropriação: a desapropriação de um poder político já fraco, concedido pela democracia representativa; a desapropriação de uma parte cada vez maior da riqueza que as lutas passadas tinham arrancado da acumulação capitalista; e a desapropriação, principalmente, do futuro, quer dizer, da visão do tempo que permite escolhas, possibilidades. A relação credor-devedor intensifica de maneira transversal os mecanismos de exploração e dominação próprios do capitalismo. Pois a dívida não faz nenhuma distinção entre os trabalhadores e os desempregados, os consumidores e os produtores, os ativos e os inativos. Ela impõe uma mesma relação de poder a todos: até as pessoas mais desprovidas de acesso ao crédito particular participam do pagamento dos juros ligados à dívida pública. A sociedade inteira está endividada, o que não impede, mas exacerba, as desigualdades – que já é tempo de começar a qualificar como “diferenças de classe”.
Como revela sem ambiguidade a crise atual, uma das maiores questões políticas do neoliberalismo é a da propriedade: a relação credor-devedor exprime uma relação de força entre os proprietários e os não proprietários dos títulos do capital. Somas enormes são transferidas dos devedores (a maioria da população) para os credores (bancos, fundos de pensão, empresas, famílias mais ricas).
A dívida, inclusive, tem uma moral própria, ao mesmo tempo diferente e complementar à do trabalho. A dupla esforço-recompensa da ideologia do trabalho se vê passada para trás pela moral da promessa (a de honrar sua dívida) e da culpa (de tê-la contraído). A campanha da imprensa alemã contra os “parasitas gregos” dá testemunho da violência da lógica que permeia a economia da dívida. As mídias, os políticos e os economistas parecem só ter uma mensagem a transmitir para Atenas: “A culpa é sua”. Em suma, os gregos ficaram ao sol, enquanto os protestantes alemães são os burros de carga pelo bem da Europa. Essa apresentação da realidade não diverge da que transforma os desempregados em assistidos ou o Estado-Providência em uma “mamma estatal”.
O poder da dívida se apresenta como se não fosse exercido nem pela repressão nem pela ideologia. “Livre”, o devedor não tem, no entanto, outra escolha a não ser inscrever suas ações, suas escolhas no caminho definido pelo reembolso da dívida que contraiu. Você só é livre na medida em que seu modo de vida permite que você esteja “em dia com seus compromissos”. Nos Estados Unidos, por exemplo, 80% dos estudantes que terminam um mestrado em direito acumulam uma dívida média de US$ 77 mil se frequentaram uma escola particular ou de US$ 50 mil se estiveram numa universidade pública. Um estudante testemunhava recentemente no site do movimento Ocupar Wall Street, nos Estados Unidos: “Meu empréstimo é de cerca de US$ 75 mil. Logo não poderei mais pagá-lo. Meu pai, que tinha aceitado ser fiador, vai ser obrigado a pagar minha dívida. Logo mais será ele que não poderá mais pagá-la. Arruinei minha família ao tentar subir de classe”.1
O mecanismo também vale para as populações. Algumas semanas antes de seu falecimento, o antigo ministro das Finanças irlandês Brian Lenihan declarou: “Desde minha nomeação, em maio de 2008, eu tive o sentimento de que nossas dificuldades – ligadas ao setor bancário e às nossas finanças públicas – eram tais que nós praticamente tínhamos perdido nossa soberania”. Pedindo ajuda à União Europeia e ao FMI, continuava ele, “a Irlanda abdicava oficialmente de sua capacidade de decidir sobre seu próprio destino” (The Irish Times, 25 abr. 2011). O modo como o devedor se encontra “nas mãos” do credor lembra a última definição de poder de Foucault: ação que mantém como “súdito livre” aquele sobre quem ela é exercida.2 O poder da dívida o deixa livre, mas o incita – insistentemente! – a agir com o único propósito de honrar suas dívidas (mesmo que a utilização que a Europa e o FMI fazem da dívida leve a enfraquecer os “devedores” por meio da imposição de políticas econômicas que favorecem a “recessão”).

Gerações endividadas
Mas a relação credor-devedor não concerne somente à população atual. Enquanto sua redução não passar pelo aumento do fisco sobre os altos salários e as empresas – quer dizer, pela inversão da relação de forças entre as classes que levou à sua aparição –, as modalidades de sua gestão comprometerão as gerações por vir. Conduzindo os governos a prometer honrar suas dívidas, o capitalismo se apodera do futuro. Ele pode assim prever, calcular, medir e estabelecer equivalências entre os comportamentos atuais e os comportamentos futuros, enfim, criar uma ponte entre o presente e o futuro. Assim, o sistema capitalista reduz o que será ao que é, o futuro e suas possibilidades às relações de poder atuais. A estranha sensação de viver em uma sociedade sem tempo, sem possibilidades, sem ruptura possível – os “indignados” denunciam outra coisa? – encontra na dívida uma de suas principais explicações.
A relação entre tempo e dívida, empréstimo de dinheiro e apropriação do tempo pelo que empresta é conhecida há séculos. Se na Idade Média a distinção entre usura e lucro não estava bem estabelecida – a primeira sendo considerada apenas um excesso do segundo (ah! a sabedoria dos antigos!) –, via-se, por outro lado, muito bem o que “roubava” aquele que emprestava o dinheiro e em que consistia seu erro: ele vendia tempo, algo que não lhe pertencia e cujo único proprietário era Deus. Para Karl Marx, a importância histórica do empréstimo usurário deve-se ao fato de que, contrariamente à riqueza consumidora, este representa um processo gerador assimilável ao (e precursor do) capital, quer dizer, dinheiro que cria dinheiro.
As finanças velam para que as únicas escolhas e as únicas decisões possíveis sejam as da tautologia do dinheiro que cria dinheiro, da produção pela produção. Enquanto nas sociedades industriais ainda subsistia um tempo “aberto” – sob a forma do progresso ou da revolução –, hoje, o futuro e suas possibilidades, esmagados sob as somas espantosas mobilizadas pelas finanças e destinadas a reproduzir as relações de poder capitalista, parecem bloqueados, pois a dívida neutraliza o tempo, o tempo como criação de novas possibilidades, quer dizer, a matéria-prima de toda mudança política, social ou estética.

Notas:
(1) Citado por Tim Mark em “Unpaid student loans top $1 trillion” [Empréstimos não pagos de estudantes atingem US$ 1 trilhão], 19 out. 2011. Disponível em: .
(2) Michel Foucault, “Le sujet et le pouvoir” [O sujeito e o poder]. In: Dits et écrits [Ditos e escritos], volume IV, Gallimard, Paris, 2001.
* Maurizio Lazzarato é sociólogo e filósofo.
** Publicado originalmente no site Diplomatique.

Combatentes sírios da oposição serão 'pagos' 02/04/2012

Da BBC Brasil


Rebeldes lutando contra o governo do presidente Bashar Al-Assad na Síria receberão salários, segundo o Conselho Nacional da Síria (CNS), principal grupo de oposição.
Neste domingo, durante um encontro dos "Amigos da Síria", que reuniu mais de 70 países ocidentais e árabes na Turquia, o CNS anunciou que pagará os soldados que deixarem as forças do governo para se juntarem à oposição.
Delegados da conferência afirmaram que os países árabes ricos do Golfo contribuiriam com milhões de dólares a cada mês para o fundo do Conselho Nacional. Na reunião, os ministros de Relações Exteriores dos países também, reconheceram o CNS como um "representante legítimo" dos sírios.
Damascos chamou o encontro de "inimigos da Síria" e países como a Rússia, a China e o Irã não compareceram.
Em uma coletiva de imprensa, o ministro das Relações Exteriores turco Ahmet Davutoglu afirmou que o plano de paz de seis pontos proposto por Kofi Annan - com o qual Damasco concordou em princípio - "não é sem limites fixos".

Os comentários de Davutoglu foram ecoados pela secretária de Estado americana Hillary Clinton que disse que "não há mais tempo para desculpas e atrasos" do governo de Assad. "É a hora da verdade", disse ela.
Compromisso
"O CNS vai se encarregar dos pagamentos dos salários fixos de todos os oficiais, soldados e outros que são membros do Exército Livre Sírio", disse o presidente do Conselho, Burhan Ghalioun, na conferência.
O correspondente da BBC em Istambul, Jonathan Head, diz que a decisão de pagar os combatentes rebeldes é um passo significante do Conselho Nacional Sírio em reconhecer o papel central que a insurgência armada tem na campanha para tirar Assad do poder.
Uma das líderes da oposição disse à BBC que esperava que mais financiamentos substanciais ajudem a unir as unidades dispersas do Exército Livre Sírio em uma força de combate mais coerente e encorajar outros soldados a deixarem as forças de segurança do governo.
Alguns países presentes na conferência - especialmente a Arábia Saudita - vem pedindo abertamente que os rebeldes sírios recebam armas.
No entanto, Estados Unidos e Turquia estão entre os que se opõem à ideia, temendo que a entrada de armas no país leve a uma guerra civil sectária.
De acordo com Head, a decisão de aumentar a ajuda não-letal aos rebeldes pagando salários para os combatentes é um compromisso.
Disputas
O correspondente diz ainda que nem todos os grupos de oposição ficarão satisfeitos com a decisão da cúpula de países de canalizar a ajuda financeira pelo CNS e reconhecê-lo como representante legítimo.
"Muitos ativistas acreditam que a liderança do CNS está sendo muito ineficiente e tem que ser substituída", diz Head.
O aspecto de unidade sustentado pelo grupo de países "Amigos da Síria" foi prejudicado pela notável ausência de China e Rússia, que repetidamente rejeitaram quaisquer resoluções internacionais que exigissem a renúncia de Bashar Al-Assad.
O Iraque, que havia sugerido que poderia não ir ao encontro, acabou comparecendo. No entanto, o primeiro-ministro Nouri Al-Maliki deixou claro antes da reunião que se opõe ao envio de armas à oposição e que acredita que o regime sírio sobreviverá.
O governo da Síria afirmou no último sábado que está perto de acabar completamente com o levante popular.
O porta-voz do ministério das Relações Exteriores do país, Jihad Al-Makdisse, afirmou à TV Síria que "a batalha para derrubar o governo acabou".
Os conflitos continuam neste domingo, com relatos de mais de 10 pessoas mortas, um dia depois da morte de outras 60 em todo o país.
No último episódio de violência, ativistas relataram ataques de forças de segurança em áreas próximas à fronteira com o Iraque no leste do país e à fronteira com a Jordânia, no sul.
A ONU afirma que mais de 9.000 pessoas foram mortas desde o início do levante contra o regime do presidente Bashar al-Assad, há um ano.

domingo, 1 de abril de 2012

China Já trabalha no seu futuro porta aviões Nuclear 01/04/2012



Informações: Re Dragon para o Plano Brasil
Tradução e adaptação: E.M.Pinto
Numa declaração extra oficial aos participantes da Expo Defense security em Bangkok  2012, Um alto oficial do exército popular da china confirmou os rumores de que a  China já começou a trabalhar no seu primeiro porta-aviões  projetado e construido localmente.
A confirmação veio seguida de informações já levantadas pelo Woshington Times  em agosto  passado de que provavelmente o país provavelmente, irá desenvolver dois ou mais, outros navios desta classe que everão se juntar ao navio navio  Hsi Lang (ex-Varyag) que encontra-se em fase de testes .
” Pretendemos produzir entre dois ou mais navios da classe que se juntarão ao Hsi Lang por volta de 2020.”
Detalhes técnicos do navio levantados na feira , dão conta de um modelo muito maior que o Hsi Lang, e de propulsão nucçlear, capaz de transportar cerca de 100 aeronaves dos mais variados tipos e equipados com sistemas de catapultas para lançamento de aeronaves, e não utilizará o  Sky Jump como é o caso do Hsi Lang.
As declarações foram feitas em meio as controversas alegações de especialistas ocidentais que questionam as reais capacidades chinesas de projetar e desenvolver um navio desta magnitude.
Quando confrontado com estas tais alegações, a autoridade em questão, foi categórica:
” Três anos atrás, estas mesmas autoridades diziam que o Varyag jamais sairia da doca, em 2012 ele encerrá os seus testes de mar”…

Exigências para entrada de espanhóis no País começam a valer na segunda-feira 31/03/2012

Controle migratório passará a exigir a apresentação de bilhete aéreo de volta, com data de retorno marcada, e comprovação de meios econômicos suficientes para manutenção no Brasil


Agência Estado
Começam a valer a partir da próxima segunda-feira as novas exigências fixadas pelo governo brasileiro para os espanhóis conseguirem a autorização de entrada no País. Segundo o Ministério das Relações Exteriores, a decisão é baseada no chamado princípio diplomático da reciprocidade.

De acordo com a Polícia Federal, o controle migratório passará a exigir dos turistas espanhóis para o ingresso em território nacional, além das previsões legais ordinárias, a apresentação de bilhete aéreo de volta, com data de retorno marcada, comprovação de meios econômicos suficientes para manutenção durante período de permanência no País e documento comprovando o endereço de estadia ou carta-convite de residente no Brasil.
Em 2010, 1,6 mil brasileiros foram barrados na Espanha, sob a alegação de que estavam tentando entrar ilegalmente para trabalhar sem visto. No ano passado, o ministro das Relações Exteriores, Antonio de Aguiar Patriota, admitiu que as discussões com o governo espanhol não estavam avançando e havia casos inaceitáveis. Apesar de ter caído o número de brasileiros barrados, a média ainda era de 140 pessoas por mês.

Com a crise na Europa, mafiosos oferecem crédito 31/03/2012

Organizações criminosas substituem bancos na Itália, enquanto a Grécia ressuscita o escambo e Portugal e Espanha ampliam a informalidade 



Jamil Chade, de O Estado de S. Paulo
MILÃO - Na Itália, a Máfia ocupa o espaço deixado por bancos - que hesitam em voltar a emprestar - e fornece créditos a empresários. Na Grécia, associações criam moedas paralelas ao euro, enquanto em Portugal a informalidade explode e, na Espanha, o número de trabalhadores sem carteira assinada bate recordes.
Entrando em seu quinto ano consecutivo de crise, a Europa vê o ressurgimento da economia subterrânea em vários países, principalmente aqueles afetados por duras medidas de austeridade e por uma proliferação de novos impostos.
Segundo um levantamento realizado pela organização italiana SOS Impresa, com sede em Palermo, os diferentes grupos mafiosos italianos movimentam hoje cerca de 140 bilhões na economia local.
"Com uma liquidez de 65 bilhões, a realidade é que a Máfia se transformou no maior banco da Itália", estima a instituição, criada para denunciar as práticas mafiosas de grupos criminosos.
De acordo com a entidade, antes mesmo da crise iniciada em 2008, após a quebra do banco americano Lehman Brothers, os grupos como Cosa Nostra, Camorra e ‘Ndrangheta controlavam 7% do Produto Interno Bruto (PIB) italiano.
Há algumas semanas, uma operação da polícia italiana mostrou os atuais tentáculos da Máfia, com o envolvimento de magistrados e funcionários públicos.
O problema é que, com a chegada da crise e a decisão dos bancos tradicionais de fechar suas torneiras, pequenos empresários estão numa situação de fragilidade, o que permite à Máfia desembarcar oferecendo créditos e ajuda, em troca de favores e do silêncio absoluto dos envolvidos.
"As vítimas são normalmente pessoas que trabalham no tradicional setor do comércio, seja com alimentos, roupas, floriculturas ou lojas de móveis", afirma o relatório. "Essas são categorias que, como muitas outras, estão pagando o preço da crise econômica."
Escambo. Se na Itália a crise se traduz no fortalecimento de grupos criminosos, na Grécia o fenômeno da economia subterrânea ganha outra dimensão.
Algumas cidades decidiram criar seus próprios mercados informais, enquanto outros grupos estabeleceram até mesmo moedas alternativas ao euro, para escapar ao fato de que muitas famílias simplesmente não têm o mesmo volume de dinheiro que há quatro anos.
Pela Grécia, existem pelo menos uma dúzia de esquemas alternativos criados por associações de bairro e pequenas cidades, para garantir o fornecimento de serviços e bens entre a população, sem necessariamente usar a moeda única europeia.
O mais notório deles é o TEM, sigla em grego para Unidade Alternativa Local, uma espécie de moeda virtual. Um dos locais que mais têm usado o esquema é a cidade de Volos, onde 20% da população encontra-se desempregada.
Mas, com a população ainda mantendo suas técnicas e capacidades profissionais, a opção foi criar um esquema para trocar serviços, sem necessariamente o uso de euros.
Para fazer parte do esquema, um profissional se registra em um site e ganha créditos quanto mais serviços prestar à comunidade. Com esses créditos, pode trocar por outros serviços. Até mesmo uma espécie de cheque foi criado para permitir o pagamento por bens e serviços.
Professores, eletricistas, barbeiros, técnicos e veterinários têm usado amplamente o serviço, além de padarias e pequenos supermercados. Na cidade, a nova moeda ganhou tal dimensão que comerciantes passaram a aceitar tanto euros como os TEMs.
Informalidade. Tanto o caso grego como italiano escancaram o fato de que, depois de 30 anos de retração, a economia informal europeia volta a se expandir.
Na Espanha, esse crescimento foi de 30% entre 2008 e 2010, o auge da crise. No caso da economia espanhola, a constatação foi a explosão do número de trabalhadores sem carteira assinada.
O desemprego no país superou a marca de 20%, e muitos optaram por aceitar trabalhar por salários mais baixos e sem proteção social, mas pelo menos mantendo seus empregos.
Em Portugal, outro país afetado pela crise e pelas medidas de austeridade, dados oficiais revelam que a economia paralela já chega a 24,5% do PIB do país em 2011. Em três anos, a elevação foi de 4 pontos porcentuais.
Segundo um estudo da Universidade do Porto, US$ 52,6 bilhões já são movimentados na economia paralela do país, metade de todo o dinheiro emprestado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e pela União Europeia para resgatar o país.
A constatação dos economistas é de que, se impostos fossem cobrados da economia paralela, o déficit fiscal português poderia cair dos atuais 9,1% do PIB para apenas 2,9% do PIB, recolocando o país dentro das regras de estabilidade do euro.
Tanto Portugal quanto Grécia e Itália passaram nos últimos anos a liderar o ranking das maiores economias paralelas entre os países ricos, onde a média é de 18% do PIB em esquemas informais. Há 20 anos, a economia paralela de Portugal era de apenas 9,3% do PIB.