Ao constituir uma empresa com fins lucrativos nos
Estados Unidos, em maio do ano passado, para obter benefícios fiscais na
compra de um apartamento avaliado em R$ 1 milhão em Miami, o presidente
do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, assumiu o risco de viver
perigosamente; o Estatuto dos Servidores Públicos da União, em seu
artigo 117, inciso X, veda a todos aqueles que exerçam carreiras de
estado "participar de gerência ou administração de sociedade privada,
personificada ou não personificada"; de acordo com os registros da Assas
JB Corp, Barbosa é o presidente da sua offshore
247 - A compra de um imóvel avaliado em R$ 1
milhão por Joaquim Barbosa em Miami, feita através de uma empresa
offshore criada na Flórida com a finalidade de se obter benefícios
fiscais (leia mais
aqui),
pode trazer outros problemas para o presidente do Supremo Tribunal
Federal. Embora Barbosa tenha dito, em nota, que a aquisição do imóvel
foi feita "em conformidade" com a lei norte-americana, os problemas
podem estar no Brasil. Isso porque a lei de número 8.112/90, do chamado
Estatuto dos Servidores Públicos Civis da União, prescreve de forma
clara, em seu artigo 117, inciso X, que "ao servidor é proibido (...)
participar de gerência ou administração de sociedade privada,
personificada ou não personificada" (leia
aqui o texto da lei).
Ainda que a empresa tenha como única finalidade gerir seus bens no
exterior e evitar o pagamento de impostos numa eventual transmissão a
herdeiros, Joaquim Barbosa está registrado, nos documentos da empresa,
que podem ser consultados publicamente na Flórida (confira
aqui), como seu próprio presidente. Ou seja: ele é o sócio-gerente da Assas JB Corp, contrariando o que determina a Lei 8.112/90.
Também no Supremo Tribunal Federal, o ministro Gilmar Mendes é um dos
sócios do IDP – Instituto Brasiliense de Direito Público. Mas a lei
brasileira tem a figura do sócio não-gerente, o que cria brechas para
que servidores tenham participações em sociedades.
Nos Estados Unidos, Barbosa disse ter criado sua empresa por
orientação de um advogado. Consta dos registros da Assas JB Corp que a
firma que prestou assessoria à empresa foi a Nobile Law Firm, localizada
na Brickell Avenue, em Miami. Esta empresa pertence a uma ex-executiva
do Citibank e do Bank of America, chamada Diane Nobile, que hoje presta
consultoria financeira e advocatícia a endinheirados latino-americanos
interessados em adquirir propriedades na Flórida.
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