EPA
Em
2010, na cúpula do G20 de Seul, foi aprovado o pacote de reformas do
FMI. Ele previa que as quotas dos países em desenvolvimento deveriam ser
aumentadas. Para os BRICS, por exemplo, a quota aumentaria dos 10 para
os 14%, a China ocuparia o terceiro lugar depois dos EUA, que ficariam
com 17%, e do Japão com os seus 6%. A parte da Rússia seria de 2,7%, no
nono lugar. Entretanto, os EUA, o Japão, a Alemanha, a França e o Reino
Unido teriam de ceder as suas representações e os países europeus teriam
mesmo de perder dois lugares em oito detidos no conselho de
administração do FMI.
Os
poderes decisórios dos países no FMI sempre foram distribuídos
proporcionalmente ao seu peso na economia mundial. Neste momento, a
desproporção é evidente, como explica a necessidade de uma ratificação
da reforma o economista Anatoli Bajan:
"Visto
que o potencial econômico dos países em desenvolvimento está em franco
crescimento, também a capacidade de influenciar as decisões do FMI
deverá aumentar. Só que isso não ocorre por os EUA e os outros países da
"região dourada" não quererem perder poder nessa importante
organização. A quantidade de votos dos EUA e dos outros países tem um
peso muito superior ao dos países em desenvolvimento. Eles mantêm essa
posição graças à maioria dos votos que já não correspondem à correlação
das forças econômicas entre as diferentes regiões do globo."
No
ano passado, os membros do G20 declararam a intenção de resolver a
questão até janeiro de 2013, mas os seus líderes não conseguiram avançar
nas negociações deviso à posição dos EUA que iriam, com a reforma,
perder uns simbólicos 0,3% da sua quota. O mais provável é o lado
norte-americano não poder decidir a sua tomada de posição antes de
outubro, no início do ano financeiro nos EUA, considera o vice-ministro
das Finanças da Rússia Serguei Storchak:
"Nós
partimos do princípio que os EUA estão finalmente preparados para
ratificar o novo sistema de quotas e votos no G20 e que isso será
refletido no novo orçamento estadunidense. Nós partimos do princípio
que, como grupo de países, como um clube, entendemos a posição dos
nossos parceiros do G20 e estamos a aguardar por uma solução favorável
dentro dos Estados Unidos. Em qualquer caso, atualmente o Fundo
Monetário Internacional não tem uma necessidade urgente de recursos. O
próprio G20 já decidiu, confirmando-o na cúpula, a possibilidade de
dispensar recursos financeiros adicionais ao Fundo Monetário
Internacional."
O
FMI aceitaria de bom grado uma ajuda suplementar. As atuais reservas do
fundo são de apenas 400 biliões de dólares. Para termos uma ideia, as
reservas da Rússia são superiores a 500 biliões de dólares e as da China
são de 3 triliões. Com essas reservas de divisas, já os países em
desenvolvimento poderão se tornar em dadores de um órgão, cujo objetivo
de partida era a concessão de empréstimos aos países que o
necessitassem, dizem os peritos. É possível que a necessidade da
existência de um FMI acabe por desaparecer naturalmente.
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