sábado, 10 de agosto de 2013

Governo e FARC iniciam acordos sobre participação política na Colômbia 10/08/2013

Opera Mundi

"Nunca se tinha chegado tão longe", declarou o chefe da delegação governista

O governo colombiano e as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) anunciaram neste sábado (10/08) em Havana que já iniciaram a “construção de acordos” sobre a participação política da guerrilha quando alcançarem a paz, segundo tema da agenda geral de negociações.

"Nunca se tinha chegado tão longe", declarou hoje à imprensa na capital cubana o chefe da equipe negociadora do governo, o ex-vice-presidente Humberto de la Calle, durante o fechamento do 12º ciclo das conversas.

As duas partes emitiram neste sábado um comunicado conjunto no qual afirmam ter iniciado a "construção de acordos sobre 'direitos e garantias para o exercício da oposição política em geral, e em particular para os novos movimentos que surjam depois da assinatura do Acordo Final".


De la Calle lembrou que todos esses temas têm "direta relação com o fim do conflito", mas advertiu que não se trata só de dar "garantias" à guerrilha. "Discutimos a participação política porque esperamos que, a partir da assinatura do acordo deixem suas armas e se incorporem à democracia", declarou.

Agência Efe

O ex-vice-presidente colombiano Humberto de la Calle, após o encerramento do 12º ciclo de diálogos com as FARC

Outro ponto sobre o qual o governo e a guerrilha chegaram a um acordo, segundo o ex-vice-presidente, é o desenvolvimento rural integral, primeiro tema da agenda do diálogo iniciado em novembro do ano passado. Ele disse também que essa e as conquistas sobre a participação política devem “revigorar” a democracia da Colômbia no contexto regional.

"Passo a passo esperamos conseguir este acordo para o fim do conflito. passo a passo estamos dando uma oportunidade à paz", sustentou De la Calle.

As FARC, por meio de seu porta-voz, Iván Márquez, considerou hoje que existem "avanços significativos" para um acordo sobre participação política e declararam ter apresentado 10 propostas para alcançar a paz na Colômbia, depois de muitas décadas de conflito armado.

Márquez afirmou que “o conflito tem causas estruturais” e também que “a paz deve ser política do Estado para que os acordos perdurem”. Ele acrescentou ainda que o país deve “buscar um modelo inclusivo de democracia que não acabe com o confronto de ideias, mas nos tire da guerra”.

O porta-voz também mencionou a importância de se convocar uma Assembleia Nacional Constituinte e se referiu à participação dos EUA no processo de resolução do conflito, declarando que esta deve se dar “sem interferências externas, soberanamente entre os colombianos”.

O guerrilheiro Rodrigo Granda, membro da delegação de paz, afirmou hoje que entre as garantias que as FARC exigem para incorporar-se à vida política em primeiro lugar está "que não matem as pessoas" porque "na Colômbia não se pode fazer oposição política aberta".

Granda, considerado o "chanceler" dessa guerrilha, respondeu a jornalistas que também pediram "questões que permitam" uma reforma política e eleitoral, durante uma entrevista coletiva das FARC organizada hoje a propósito do fim do ciclo de negociações.

As duas partes informaram que esperam continuar construindo acordos sobre estes temas na próxima rodada de conversas, que deve começar em Havana no dia 19 de agosto.

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