quarta-feira, 7 de agosto de 2013

PF prende vereador de Araraquara, por suspeita de desvio de verba pública 07/08/2013

Do G1
Vereador de Araraquara é detido por suspeita de desvio de verba pública
Felipe Turioni
Pelo menos cinco pessoas foram detidas emAraraquara (SP), entre elas o vereador Ronaldo Napeloso (DEM), em uma ação da Polícia Federal e do Ministério Público Estadual, na manhã desta terça-feira (6). A Operação Schistosoma revela um suposto desvio de verbas da Secretaria Municipal de Agricultura e da Secretaria de Ciência, Tecnologia, Turismo e Desenvolvimento Sustentável. Napeloso é ex-secretário da Agricultura. O advogado dele não foi encontrado para comentar o assunto. A Prefeitura informou que já afastou os funcionários envolvidos.
A PF e o MP cumprem cinco mandados de prisão temporária, 13 mandados de busca e apreensão e seis conduções coercitivas, que obrigam os envolvidos a prestar depoimento no mesmo dia, além de outras medidas cautelares, entre as quais, o afastamento de servidores de cargos públicos.
Ex-presidente da Câmara, Napeloso voltou a ocupar a cadeira no Legislativo no dia 31 de julho, após ficar dois meses afastado. Ele já era investigado pela PF e o processo corria em segredo de Justiça. Na manhã desta terça, o Juiz Eleitoral de Araraquara, Marco Aurélio Bortolin, determinou o afastamento do vereador por 90 dias.
A Prefeitura informou, por meio de nota enviada pela assessoria de imprensa, que acatou a sugestão da Justiça Eleitoral de afastar três servidores do serviço público, sendo que dois deles já haviam sido exonerados, a pedido, na última semana. O afastamento do terceiro funcionário será publicado nos atos oficiais nesta quarta-feira (7).
Ainda segundo o Executivo, os titulares das Pastas de Agricultura e de Ciência e Tecnologia pediram o afastamento de suas funções. O coordenador Célio Dória e o secretário José Roberto Cardozo comunicaram o afastamento ao prefeito Marcelo Barbieri no final da manhã.
Investigação
A operação teve início no mês de dezembro de 2012 com a notícia de que um vereador da cidade ostentaria patrimônio maior que o declarado ao Juízo eleitoral. Segundo a PF, as investigações constataram que vários imóveis eram suprimidos das declarações ou apontados valores de aquisição muito inferiores ao de mercado.
A operação verificou ainda que o referido patrimônio é incompatível com as atividades lícitas que o investigado desempenhou no período. A busca pela origem do numerário trouxe à tona fatos ligados ao crime eleitoral e que indicam fonte ilícita de rendimentos.
As investigações permitiram colher elementos de prova que revelam indícios de práticas ilícitas no âmbito da Secretaria de Ciência, Tecnologia, Turismo e Desenvolvimento Sustentável e da Secretaria de Agricultura.
Práticas ilegais
A PF informou que na Secretaria de Ciência, Tecnologia, Turismo e Desenvolvimento Sustentável os indícios apontam para a cobrança de valores como condição para a concessão de áreas públicas a empresários para fins de instalação de plantas industriais e, em alguns casos, como condição para concessão de autorização para funcionamento de estabelecimentos comerciais.
Na Secretaria de Agricultura, foram encontrados fortes indícios de fraude em programa do Governo Federal destinado ao estímulo da produção familiar, com utilização de Declarações de Aptidão ao Pronaf (DAPs) compradas ou cedidas por terceiros, as quais são utilizadas por um pequeno grupo de produtores ou comerciantes que acabam fornecendo com exclusividade para a Prefeitura Municipal, em detrimento de outros agricultores familiares.
O problema, segundo a PF, é que o Governo Federal estabeleceu um limite para a compra direta de alimentos por Unidade Familiar (atualmente, R$ 5,5 mil por ano) de modo a beneficiar o maior número possível de agricultores familiares.
Parte das DAPs apresentadas na Secretaria de Agricultura se referem a falsos fornecedores, sendo que, na realidade, um único fornecedor acaba por receber valores muito superiores ao limite estabelecido pelo programa do Governo Federal.
Mandados
Os mandados de prisão temporária são destinados aos principais colaboradores e operadores dos esquemas investigados. Os mandados de condução coercitiva se dirigem a empresários que teriam se beneficiado do esquema ilícito montado na Secretaria de Ciência, Tecnologia, Turismo e Desenvolvimento Sustentável.
Os elementos de prova colhidos nesta investigação servirão tanto ao inquérito policial quanto a ações cíveis decorrentes dos atos de improbidade administrativa.

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