domingo, 29 de janeiro de 2012

Estrangeiro no Brasil ‘exporta’ dólares 28/01/2012

País deixa de ser apenas receptor de dinheiro de quem está fora do País pois cresce remessa por estrangeiros que trabalham no Brasil 


Fernando Nakagawa, de O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA - A recente evolução da economia brasileira pode ser medida de muitas maneiras. Dos grandes números da produção aos bilhões do comércio exterior, muitos dados têm mostrado avanço, fato que chama atenção do mundo. Mas uma cifra pequena, que muitas vezes não chega à casa do milhar, revela uma mudança econômica radical: as remessas feitas por trabalhadores mostram que o Brasil deixou de ser um mero receptor de dólares enviados por brasileiros espalhados pelo mundo. Agora, o País também é fonte de dinheiro para milhares de famílias estrangeiras no exterior.

Há menos de 20 anos, em 1995, o Brasil era um típico receptor de remessas: a entrada de dólares era quase 25 vezes maior que o envio de dinheiro feito por estrangeiros que trabalhavam no País. Dados do Banco Central mostram que a diferença diminuiu gradualmente ao longo do tempo. Em 2008, com o estouro da crise nos Estados Unidos, o movimento se acelerou. Até que no ano passado estrangeiros que trabalham no Brasil enviaram US$ 1 para cada US$ 2,43 que entraram no País, a menor diferença da história.
O recente crescimento da economia brasileira e a pior crise sofrida pelos países ricos nas últimas décadas explicam o fenômeno.
Conexão Brás. Em bairros paulistanos como o Bom Retiro e o Brás, é possível ver o poder de atração de um país em crescimento: nessas regiões, existem muitos empregos considerados bons por trabalhadores de países vizinhos como a Bolívia, Peru e Paraguai. Muitas dessas vagas são precárias e ilegais.
Ao mesmo tempo, a depressão vivida pelos Estados Unidos, Europa e Japão reduziu salários, colocou milhares de brasileiros nas ruas e tem feito com que cada vez mais pessoas façam o caminho de volta para casa, deixando para trás sonhos do lado de lá da fronteira.
Até 2007, o Brasil ocupava um tímido nono lugar no ranking das maiores fontes de remessas feitas por bolivianos pelo mundo. Na época, estava atrás de vizinhos como Peru e Paraguai. No ano passado, a situação era completamente diferente: transferências vindas do Brasil já somavam o quarto maior volume, atrás apenas da Espanha, Estados Unidos e Argentina, segundo dados do Banco Central da Bolívia.
Pior resultado. Já os brasileiros que trabalham ao redor do mundo perdem a capacidade de enviar dinheiro. No ano passado, as remessas vindas dos Estados Unidos somaram US$ 603 milhões, valor 53% menor que o visto em 2008, ano do estouro da crise passada, e o pior resultado desde 2001.
Do Japão, a queda é ainda mais expressiva: 60% em três anos. Em 2011, dekasseguis enviaram US$ 289 milhões ao Brasil, menor valor da série histórica iniciada em 1995.

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