É um sistema semelhante ao que existe há décadas na Petrobras e no Banco do Brasil. Não é uma previdência privada, como se vem falando, onde a acumulação seja apenas do empregado: haverá contrapartida do Estado, até certo limite.
Primeiro, nada muda para a imensa maioria dos servidores, que recebe menos de R$ 4 mil mensais. Ou seja, não mexe com o nosso “barnabé”.
Mais: não atinge o direito à aposentadoria integral a ninguém que já tenha ingressado no serviço público. Não fere, portanto, direito e nem mesmo expectativa de direito de quem quer que seja. Só vale para quem entrar, a partir de agora.
Terá, como os fundos de pensão, administração pública e compartilhada, entre representantes do Estado e dos servidores, estes últimos eleitos. Portanto, não é como a previdência privada dos bancos, entregue à gestão privada. É claro que ela pode operar através dos bancos públicos, mas estes não participam das decisões sobre como e onde investir. Estas são do conselho e da direção paritáriamente constituidas entre o Estado e ospróprios servidores.
Estamos tentando aplicar, ainda a obrigatoriedade de cálculos atuariais, como forma de dar maior segurança aos servidores.
Mas é preciso que se veja, exatamente, do que se está falando aqui. E, pra isso, vou usar o texto que retirei do blog de um economista e servidor público, Mansueto Almeida Jr:

Por exemplo, o salário final das carreiras do grupo de gestão (analista de finanças e controle, analista de planejamento e orçamento, analista de comercio exterior, especialista em políticas públicas e gestão governamental, técnico de finanças e controle, técnico de planejamento e orçamento) do governo federal, no início de 2008, era de R$ 11.775,69. Ao se aposentar, esse funcionário teria seu rendimento reduzido para R$ 8.846,74. Como seria o mesmo caso hoje? Bom, hoje essa gratificação por desempenho foi incorporada ao salário para as carreiras de gestão; o que significa que esse mesmo funcionário se aposentaria hoje com o seu salario de final de carreira que passou para R$ 18.478,45 sem nenhuma perda. Ou seja, o beneficio previdenciário de 2008 para 2011 para os funcionários do grupo de gestão (estou neste grupo) teve um aumento de 108,9%.
Segundo, ao longo dos próximos quatro anos há uma janela aberta na qual 252 mil servidores públicos civis poderão se aposentar. Vamos ser conservadores e trabalhar com a hipótese que apenas metade desses funcionários vão exercer efetivamente o direito de se aposentar, ou seja, apenas 126 mil funcionários. Isso daria uma média anual de 31.500; mais do que triplo da média dos últimos anos e semelhante ao boom de aposentadorias que correu nos três anos que seguiram ao Plano Real, quando muitos ficaram receosos da reforma da previdência e da perda de direitos que decorreria de tal reforma.
O gráfico abaixo mostra na linha vermelha o corte de 30 mil servidores aposentados no ano, uma linha que só foi ultrapassada desde o Plano Real, em 1995 e 1996, e agora temos o risco de, mais uma vez, ultrapassar essa linha.
Bem, deu para perceber que algo tinha de ser feito. Sobretudo porque é insustentável o preço que se paga, com o dinheiro público, para as carreiras típicas de Estado, no Judiciário e fora dele. Fora deste regime estão apenas os parlamentares -deputados e senadores – e ocupantes de cargos comissionados não-funcionários, cuja contribuição e limite de proventos são hoje iguais aos dos trabalhadores da iniciativa privada.Porque o Estado precisa crescer, ampliar-se, contratar mais e pagar adequadamente a seus servidores. Nas contas aí de cima, só para repor o pessoal que está em condições de aposentar-se, teríamos 130 mil contratações em quatro anos.
Embora a Funpresp não vá trazer alívios no curto prazo para o caixa do Governo – nem deste, nem dos próximos – previne um horizonte em que o Estado terá de deixar de cumprir suas missões para, apenas, bancar a aposentadoria dos serrvidores.
E vai, capitalizada com as contribuições de um quadro crescente de servidores e desonerada, por muitos anos, de arcar com o pagamento de proventos, ser uma ferramenta – importante e lucrativa – para financiar investimentos estruturais que o Brasil precisa.
Por isso, meu voto foi sim.
http://www.tijolaco.com/
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