31/10/2012, David Sirota,
Salon
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
Se você é político
norte-americano, deseja começar guerra contra o Irã e também deseja ser
reeleito, você tem problemas. Depois de mais uma década de guerras, pesquisas
mostram [1] que dos dois lados, entre
Republicanos e Democratas, os eleitores querem menos intervenção militar
em terras
distantes. Contudo, também há pesquisas que mostram
[2] que uma mínima maioria
consideraria a ideia de apoiar uma guerra contra o Irã se se descobrisse que o
país estivesse construindo armas nucleares.
Essa deve ser a explicação para
ainda haver tanta gente [3] favorável a mais guerras,
políticos e jornalistas, [4]que não se
cansam de repetir que o país está(ria) cansado de saber que, sim, o Irã
está(ria) construindo armas nucleares. E, por causa dessa martelação incansável,
há pesquisas que mostram que muitos norte-americanos creem piamente que, sim, o
Irã está(ria) construindo as tais armas.
Nada, contudo, mais longe da
verdade. Apesar de matéria, semana passada, no New York Times [5] sobre a usina Fordo, no Irã,
insistir ainda em criar o fantasma de um Irã nuclear, a verdade é que: (a) a Agência Internacional de Energia
Atômica [6] e (b) todo o aparato de inteligência dos
EUA já disseram que não há prova alguma, até agora, de que o Irã esteja
construindo armas nucleares.
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| Mapa aerofotogramétrico de instalações nucleares do Irã |
O
próprio Times [7] informava, há alguns
meses, sob a manchete “Agências da inteligência dos EUA não veem qualquer
movimento na direção de o Irã construir armas nucleares”; e o jornal também
informava que “avaliação feita pelas agências de espionagem dos EUA confirmam
amplamente informes de 2007, segundo os quais o Irã abandonou, já, há anos, seu
programa de armas nucleares”. Na sequência, o mesmo Times acrescentava
que “essa avaliação foi amplamente reafirmada num [documento] 2010 National Intelligence Estimate; e
permanece como avaliação consensual das 16 agências de inteligência dos EUA”.
Nos
meses vindouros, à medida em que a ideia de guerra plena contra o Irã vai-se
tornando mais real e mais central na política dos EUA, essas informações de
inteligência provavelmente serão desmentidas. Simultaneamente, muitos começarão
a perguntar-se por que os EUA estarão iniciando mais uma guerra “preventiva” no
Oriente Médio, se os espiões norte-americanos são tão incompetentes e nossa
inteligência tão trapalhona.
O
debate, se chegar a esse ponto, conseguirá, provavelmente, corroer ainda mais o
já menos que morno apoio que tem hoje a guerra com o Irã. O que nos levará de
volta ao problema inicial dos políticos pró-guerra – como conseguirão continuar
a defender a ideia de mais guerra?
Como já apareceu em recente
entrevista com um dos principais congressistas da Comissão de Segurança
Nacional, a resposta é: eles farão o diabo para convencer o país de que guerra
não é guerra, recurso sempre útil quando não há argumento que ajude a promover
guerra altamente impopular. É o que já se vê nesse vídeo da CNN, pouco
divulgado, de entrevista com o presidente (Republicano) da Comissão de
Inteligência da Câmara de Deputados Mike Rogers. [8]
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| Mike Rogers |
Como ThinkProgress alerta
[9], a única notícia, naquele vídeo,
é que Rogers começa a introduzir na discussão geral um argumento vicioso, a
saber: que bombardear o Irã nos levará “a um passo da guerra”.
Vê-se aí uma tendência
perturbadora, porque esse linguajar orwelliano é assustadoramente semelhante ao
usado pelo governo Obama, quando tentava convencer a nação de que a guerra da
Líbia não seria guerra. Daquela vez, a palavra-golpe foi “ação militar cinética”
[10]; agora, passaríamos a viver “a um
passo da guerra”. Mas nos dois casos as palavras têm o significado que têm em
discursos à moda 1984 de Orwell: guerra é paz ou, no mínimo, não é
guerra-guerra-mesmo-prá valê.
O
motivo superevidente desse golpe de mão é conseguir capar completamente qualquer
participação democrática, nas decisões sobre segurança nacional – um dos ideais
sempre presentes entre os princípios fundantes da democracia norte-americana.
Afinal de contas, se a guerra já não está classificada como guerra... o
presidente fica dispensado até de fingir que precisa de autorização do Congresso
– que a Constituição exige – para envolver o país em conflitos militares.
A
exigência de que o Congresso autorize ou não o presidente a envolver o país em
guerras foi incluída na Constituição, desde o início, especificamente para
assegurar que haja, pelo menos, algum debate público, nas decisões sobre guerra
e paz. Mas... se já não se fala oficialmente de “guerra”, Washington pode fazer
o que dê na telha de alguém lá, sem sequer ser obrigada a perguntar se o país
quer o mesmo que Washington quer.
Notas de
rodapé
[1] 25/10/2012, Los Angeles Times, Paul Richter em: “Most
Americans want less foreign involvement, polls show”
[2] Idem Nota [1]
[3] 17/9/2012, ThinkProgress, Bem Ambruster em:
“Misinformation On Iran’s Nuclear
Program Pervades Sunday Talk Shows”
[4] 12/10/2012, The Guardian, Glenn Greenwald em: “Martha
Raddatz and the faux objectivity of journalists”
[5] 25/10/2012, New York Times, David E. Sanger e
William J. Broad em: “Iran
Said to Nearly Finish Nuclear Enrichment Plant”
[6] 23/3/2012, ThinkProgress, Eli Clifton em: “Reuters:
U.S. Intelligence Agencies Confident That Iran Hasn’t Restarted Nuclear Weapons
Program”
[7] 24/2/2012, New York Times, James Risen e Mark
Mazzetti em: “U.S.
Agencies See No Move by Iran to Build a Bomb”
[8] 24/10/2012, ThinkProgress, CNN vídeo a seguir:
[9] 24/10/2012, ThinkProgress, Bem Ambruster em: “GOP
Rep Says Strike On Iran’s Nuclear Facilities Would Not Be An Act Of
War”
[10] 24/3/2011, Político, Jonathan Allen, em: “Kinetic military
action” or “war”?








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