quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Brasil quer lançar satélite com foguete nacional até 2021 14/02/2013

Da Agência Brasil

Karine Melo
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Assistir à televisão, conferir a previsão do tempo, falar ao telefone e até receber alertas por causa de chuva são atividades comuns que se tornaram possíveis graças aos satélites. Os três últimos colocados em órbita pelo Brasil - chamados Cbers, Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres, do inglês China-Brazil Earth-Resources Satellite - foram lançados de base chinesa.
No ano em que o acidente na Base de Alcântara completa 10 anos, o país divulga o seu quarto programa espacial. O  desafio é lançar até 2021 um satélite desenvolvido no Brasil, acoplado a um foguete nacional, a partir de um centro de lançamento próprio.
Enquanto o plano ainda não for possível, o Brasil se prepara para colocar em órbita mais um satélite de uma base chinesa, o Cbers-3. O lançamento estava programado para o fim do ano passado, mas foi adiado para o primeiro semestre deste ano porque conversores comprados nos Estados Unidos apresentaram falhas nos testes finais.
O Cbers-3 será o primeiro da família de satélites sino-brasileiros a integrar uma câmera para satélite 100% desenvolvida e produzida no Brasil. A câmera vai registrar imagens para o monitoramento de recursos terrestres. Já foram lançados os Cbers 1, 2 e 2-B.
Brasil e China são parceiros na área espacial desde 1988, quando iniciaram a cooperação para o desenvolvimento do Programa Cbers. O objetivo é implantar um sistema completo de sensoriamento remoto de nível internacional, no qual satélites sejam responsáveis pelo monitoramento de desmatamentos, da expansão urbana e da agropecuária.
Para fortalecer o Programa Espacial Brasileiro, em 2013, haverá mais ações voltadas para a formação de pessoas na área aeroespacial, entre elas, enviar estudantes brasileiros, por meio do Programa Ciência sem Fronteiras, para se especializarem em países já desenvolvidos na área espacial e, também, trazer especialistas desses países para o Brasil.
“Dessa forma, um dos grandes gargalos de nosso programa espacial, a falta de mão de obra especializada, começará a ser sanado”, explicou o presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), José Raimundo Coelho.
Edição: Davi Oliveira
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Do blog Democracia e Política
trazido por Marco Antonio L.
COMPLEMENTAÇÃO

[OBS DESTE BLOG ‘DEMOCRACIAPOLÍTICA’: sobre satélites brasileiros e seus lançadores em órbita, este blog relembra, por oportuno, alguns fatos aqui já postados.
O Brasil, na loucura “neoliberal” dos anos 90, fez algo surpreendente e inédito no mundo, sendo por isso ‘muito elogiado’ pelos governos das grandes potências estrangeiras, e enaltecido como "moderno" por muitos aqui também... O governo FHC/PSDB desprezou a Segurança Nacional e passou (por valores bondosamente baixos) 100% da propriedade e controle de todos os serviços de telecomunicações de longa distância do país (EMBRATEL/Telebras etc) para somente uma empresa norte-americana! A presenteada foi a pré-concordatária MCI, ex-WorldCom, que veio a ser famosa no mundo pelas gigantescas fraudes contábeis em seus balanços. Depois, a MCI, já com outro nome [Verizon], vendeu a ex-nossa EMBRATEL/Telebras para a mexicana Telmex, sem consultar ou dar satisfação ao governo brasileiro.
Assim, graças a FHC/PSDB, toda comunicação de longa distância no Brasil (militar, diplomática, comercial, particular), desde então dependem de satélites "estrangeiros" que eram da Embratel/Telebras (B1, B2, B3, B4 e outros mais ). São de propriedade de um investidor do México (o Carlos Slim). O México, ressalta-se, é país fortemente dependente dos EUA (NAFTA etc). É muito aliado e submisso aos interesses norte-americanos.
Ressalto que o problema maior para nos livramos dessa inaceitável situação é que, sem lançador nacional para colocar em órbita novos satélites, o Brasil depende de ser autorizado para usar foguetes estrangeiros (geralmente, dos EUA e da França). Além disso, esses países nunca lançariam satélite brasileiro para fins militares.
Para os lançamentos já feitos, todos a partir de território norte-americano, francês e chinês(os pequenos e simples satélites SCD de coleta de dados feitos no INPE, assim como os Cbers e os maiores, de comunicações), os países lançadores nos cobraram preços elevadíssimos e com exigências abusivas.
O desenvolvimento e exploração de foguetes espaciais para colocar satélites em órbita é atividade altamente lucrativa para o país lançador, pelo seu altíssimo valor agregado e pelo espraiamento de tecnologia por toda a indústria nacional (spin off), com elevada multiplicação do valor investido, especialmente pelas inovações em produtos civis.
Os EUA e demais países que detêm essa tecnologia, logicamente, não admitem perder para novos competidores negócios tão importantes e lucrativos. Assim, há dezenas de anos utilizam todos os pretextos, meios lícitos, ilícitos, acusações, estranhos acidentes, para impedir a capacitação e o acesso do Brasil a esse mercado. Toleram que façamos apenas simples satélites no INPE, mas permitem somente que sejamos cliente pagante para eles de seus bilionários lançamentos. Assim tem sido há décadas com os nossos satélites de telecomunicações e com os pequenos e simples do INPE, todos lançados no Exterior por valores nababescos e condições draconianas.

Como sempre, muitos brasileiros e a nossa grande mídia se solidarizam com os interesses das grandes potências, especialmente os interesses norte-americanos, acima até dos nacionais. Assim, nos anos FHC/PSDB/PFL, o programa nacional de desenvolvimento de lançadores de satélites (VLS) foi gradativa e fortemente desmantelado pelo próprio governo, estrangulado em recursos financeiros e humanos, chegando quase a zero em 1999.


VLS
É isso mesmo. Desde o início dos anos 90, as autoridades brasileiras, simpáticas, dóceis e vulneráveis às pressões e ameaças dos EUA, nem ousaram pensar em aplicar em projeto de lançador nacional montantes pelo menos semelhantes aos que pagamos regiamente lá fora para lançar nossos satélites. Ao contrário, tentaram matar o VLS, asfixiando-o até o último suspiro. E até hoje muitos ainda ridicularizam, na nossa “grande” imprensa, os normais insucessos iniciais em lançamentos de protótipos nacionais. Lançamentos esses feitos impressionantemente sem recursos financeiros e humanos, pois estes foram cortados e novas admissões foram proibidas. Os poucos lançamentos que ocorreram foram por conta do surpreendente e despojado esforço de nossos poucos cientistas (os que restaram da grande evasão de mais de um milhar imposta naquela década de 90).

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