segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

O século XXI será a época dos superestados? 04/02/2013

Voz da Rússia






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Os peritos afirmam que o século XXI será uma época de novas alianças de países. Já no fim desta década, no Extremo Oriente pode formar-se uma confederação, encabeçada pela China. A União Europeia deixará de ser uma "associação interestatal difusa" para se transformar em uma poderosa federação com meio bilhão de habitantes. Poderá esta previsão se tornar realidade? Se for, qual poderá ser a reação da Rússia?

O mundo do futuro é o mundo de grandes sujeitos econômicos, – dizem os cientistas políticos. Os países pequenos não estarão em condições de resistir aos gigantes como os EUA ou a China.
Os EUA e a China estão empenhados em criar os seus blocos. Pode-se considerar que o protótipo da "aliança americana" é o Acordo Norte-Americano sobre o Comércio Livre. O Extremo Oriente quer pôr-se a salvo das consequências da crise através da unificação dos países-membros da ACEAN, - a Associação dos Países do Sudeste da Ásia, - com a China. Entre eles já existe um acordo comercial. O vice-diretor do Instituto do Extremo Oriente Andrei Ostrovski comenta mais detalhadamente os objetivos desta aliança.
"O primeiro objetivo é pôr-se a salvo da situação crítica no mundo. Tenho em vista a União Europeia e os EUA, cujas dívidas estatais são praticamente iguais aos seus PIB. Na zona do euro, a situação também se agrava e o ritmo de crescimento do PIB tanto na União Europeia, como nos EUA é inferior a 2%. Ao mesmo tempo, o ritmo de desenvolvimento dos Estados do Leste é muito mais alto. Nesta situação é natural a tentativa de evitar os parceiros, cujo ritmo de avanço é muito mais lento".
Nesta situação a Rússia praticamente não tem alternativas à formação do seu próprio bloco, por exemplo, à aliança euroasiática, – diz o cientista político Pavel Svaitnekov. Segundo ele, o principal critério do êxito deste projeto é a incorporação da Ucrânia.
"A Ucrânia é um país grande, com 45 milhões de habitantes. Muita coisa depende não somente do tamanho da economia mas também do número de habitantes. Quanto maior é a população de um país, tanto maior é o volume do mercado potencial. A Rússia, juntamente com o Cazaquistão e a Bielorrússia têm cerca de 150 milhões de habitantes, enquanto que a aliança com a Ucrânia faria este número crescer para cerca de 200 milhões. É evidente que esta aliança será um fator bastante ponderável. Apesar de todas as manobras em torno dos países da Ásia Central, o principal prêmio não são eles mas, sim, a Ucrânia".
Mas muitos políticos ucranianos e, numa certa medida, os seus colegas bielorussos, cujos olhares estão concentrados na Europa Oriental, receiam a segunda parte da palavra "euroasiático".
Aliás, os problemas não faltam a todos que os querem formar uma união. O Reino Unido impede volta e meia os processos de integração na União Europeia. As conversações no Extremo Oriente são freadas por um jogo de atritos políticos e econômicos entre os parceiros-chave.
As atuais estruturas supra-estatais enfrentam, elas próprias, uma crise e por isso são incapazes de resolver os problemas com que alguns países se deparam. O futuro não pertence a alianças mas, sim, a alguns estados concretos, - assevera Boris Kagarlitski, diretor do Instituto de Globalização de Movimentos Sociais.
"Antes do surgimento de novas formações, irão ocorrer abalos sérios dentro dos próprios estados-chave. O desfecho destes abalos é que vai determinar a forma das novas associações interestatais ou, inclusive, se elas irão surgir ou não. Creio que agora estamos na época de estados nacionais. Por outro lado, a própria configuração de estados nacionais e as suas relações irão mudar muito".
O perito afirma que na história moderna semelhantes fenômenos já ocorreram mais de uma vez. No século XVII, o sistema global criado pelo capital financeiro-comercial desmoronou-se em economias industriais nacionais. Hoje estamos precisamente na fase de crise do sistema financeiro mundial. Portanto, a história tem chances de se repetir.

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