quarta-feira, 20 de março de 2013

A história de Almirante Tamandaré, o patrono da Marinha 20/03/2013


Por lordstrahler

Marquis of tamandare 1873.jpgDia 20 de março é a data de falecimento de um dos maiores heróis da História brasileira: Joaquim Marques Lisboa, mais conhecido como Almirante Tamandaré.
Tamandaré participou dos mais importantes conflitos que solidificaram nosso território, começando pelas batalhas decorridas da Independência, em 1823, quando tinha apenas 15 anos. Esteve na Guerra da Cisplatina, na Confederação do Equador, nos conflitos do período regencial e na Guerra do Paraguai, vindo a falecer em 1897. Como a senadora Emília Fernandes (PT-RS) falou, em discurso que o homenageava, o Brasil não é grande devido à generosidade de outros países.
Abaixo, em sua carta testamento é possível ver uma personalidade humilde, que se confraterniza com os escravos libertos pela Lei Áurea, além de deixar transparecer a grande admiração que sentia por D. Pedro II e a Princesa Isabel. Almirante Tamandaré é, com justiça, o patrono da Marinha brasileira, e um dos grandes da nossa História.
Carta Testamento do Almirante Tamandaré
"Não havendo a Nação Brasileira prestado honras fúnebres de espécie alguma por ocasião do falecimento do imperador, o senhor D. Pedro II, o mais distinto filho desta terra, tanto por sua moralidade, alta posição, virtudes, ilustração, como pela dedicação no constante empenho ao serviço da Pátria durante quase 50 anos que presidiu a direção do Estado, creio que a nenhum homem de seu tempo se poderá prestar honras de tal natureza, sem que se repute ser isso um sarcasmo cuspido sobre os restos mortais de tal indivíduo pelo pouco valor dele em relação ao elevadíssimo merecimento do grande imperador.
Não quero pois, que por minha morte que me prestem honras militares, tanto em casa como em acompanhamento para sepultura.
Exijo que meu corpo seja vestido somente com camisa,  ceroula e coberto com um lençol,   metido  em um   caixão forrado de  baeta,  tendo uma cruz na mesma fazenda, branca, e sobre ela colocada a âncora verde que me ofereceu a Escola Naval em 13 de Dezembro   de 1892, devendo-se colocar no lugar que faz cruz a haste e o  cepo um coração imitando o de Jesus, para que assim ornado signifique a âncora-cruz, o emblema da fé, esperança e caridade, que procurei conservar sempre como timbre dos meus  sentimentos.  Sobre   o  caixão não desejo que se coloque coroas,  flores  nem  enfeites  de qualquer  espécie, e só a comenda do cruzeiro que ornava o peito do Sr. D. Pedro II em Uruguaiana, quando compareceu como  primeiro dos voluntários da pátria para libertar aquela possessão brasileira do jugo dos paraguaios que a aviltavam com sua pressão; e como tributo de gratidão e benevolência com que sempre me honrou e  da  lealdade que constantemente a S. M. I tributei, desejo que essa comenda relíquia  esteja sobre meu corpo até que baixe à sepultura.
Exijo que não se façam anúncios e nem convites para o enterro de meus restos mortais, que desejo sejam conduzidos de casa ao carro e deste à cova por meus irmãos em Jesus o Cristo que hajam  obtido o fórum de cidadãos pela  Lei de 13 de Maio.  Isto  prescrevo  como prova de consideração a essa classe de cidadãos em reparação a falta de atenção que com eles se teve pelo que sofreram durante o estado de escravidão; e  reverente   homenagem à grande Isabel Redentora, benemérita da pátria e da humanidade, que se imortalizou  libertando-os.
Exijo mais, que meu corpo seja conduzido em carrocinha de última classe,  enterrado em sepultura  rasa  até  poder ser exumado, e meus ossos colocados com os de meus pais, irmãos e parentes, no jazigo da família Marques Lisboa.
Como homenagem à Marinha, minha dileta carreira, em que tive a fortuna de servir a minha pátria  e prestar alguns serviços à humanidade,  peço que sobre  a pedra  que cobrir  minha  sepultura se escreva:
"Aqui jaz o velho marinheiro".
                                          Almirante Joaquim Marques Lisboa

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