Fundo Innova, que tem como sócios Jorge
Paulo Lemann, o homem mais rico do País, e Verônica Serra, filha de
José Serra, fez aporte de R$ 100 milhões na compra de 20% da sorveteria
Diletto, avaliada em R$ 500 milhões; ligações entre Lemann e o círculo
serrista vêm desde a década de 90, quando o empresário bancou os estudos
da filha de um provável presidente em Harvard
247 - Depois de adquirir uma das
principais empresas de alimentos dos Estados Unidos, a Heinz, o
empresário Jorge Paulo Lemann, dono da Ambev e do Burger King, decidiu
realizar um novo investimento também no Brasil. Por meio do fundo
Innova, que tem como sócia Verônica Serra, filha de José Serra, ele
decidiu investir R$ 100 milhões na compra de 20% da sorveteria Diletto,
uma empresa que faturou R$ 30 milhões no ano passado e que foi avaliada,
portanto, em R$ 500 milhões.
Fundada pelo empreendedor Leandro Scabin, a Diletto é uma
sorveteria premium, que tem planos de se transformar numa espécie de
Haagen-Dazs. Hoje, a empresa conta com 3 mil pontos de venda e, em 2011,
investiu numa marca própria.
Um dos aspectos curiosos da operação é a associação com
Verônica Serra, protagonista do livro "Privataria Tucana", de Amaury
Ribeiro Júnior. Em meados da década de 90, ela era funcionária da
Editora Abril, mas ganhou uma bolsa da Fundação Educar, de Lemann, para
estudar em Harvard, nos Estados Unidos. Naquele momento, Serra era o
mais provável candidato à sucessão de Fernando Henrique Cardoso, em cujo
governo se deu a aprovação, pelo Conselho Administrativo de Defesa
Econômica, da compra da Antarctica pela Brahma, que garantiu à Ambev
praticamente um monopólio no Brasil. E foi justamente esse quase
monopólio que deu ao grupo de Lemann poder de fogo para sufocar
concorrentes no Brasil e se expandir internacionalmente.
Depois da polêmica aprovação pelo Cade da fusão, Gesner
Oliveira, que era o braço direito de José Serra e havia sido presidente
do "xerife antitruste", se tornou presidente da estatal paulista Sabesp.
Verônica Serra, por sua vez, passou a atuar no mercado financeiro e em
fundos como o Innova. Milton Seligman, que era também um dos mais
próximos colaboradores do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, se
tornou diretor de relações institucionais da Ambev, posição que ocupa
até hoje.
Na era Lula, as ligações de Lemann com o círculo serrista
permaneceram discretas até a operação anunciada ontem, na compra de 20%
de uma sorveteria por R$ 100 milhões.
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