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A Rússia apresentou sua concepção da participação na quinta cúpula do grupo BRICS, que se celebrará nos dias 26 e 27 de março, na África do Sul.
Os
planos de Moscou prevêem converter o BRICS num novo centro de
influência euro-atlântico. É precisamente por isso que os debates da
cúpula deverão cingir-se a problemas de remodelação do sistema
financeiro e de divisas, o eixo principal das reuniões do fórum.
“Propomos
a nossos parceiros transformar gradualmente o BRICS de um espaço de
diálogo e de coordenação de uma lista limitada de questões num genuíno
mecanismo de interação estratégica que permita procurarmos juntos as
vias de solução para os problemas-chave da política mundial”, declarou o
presidente da Federação da Rússia, Vladimir Putin, numa entrevista à
agência ITAR-TASS. A direção russa vê sua tarefa principal em
implementar um plano muito ambicioso e promissor em matéria de finanças,
mais exatamente, criar o Banco de Fomento. Este projeto é atrativo para
a Rússia não só por proporcionar novas oportunidades de investimento,
mas também – o que é muito mais importante – pela possibilidade de
apresentar uma nova óptica no espaço econômico mundial, comenta Viktoria
Panova, integrante do Conselho Científico do BRICS:
“A
criação de semelhante banco apresenta grande interesse para a Rússia.
Em Durban deverá ser anunciado sobre sua formação, ao menos, como centro
de recolha de informação e análise da situação econômica existente, um
centro que possa apresentar relatórios alternativos aos do Banco Mundial
e Fundo Monetário Internacional, expressando outras ópticas”.
Analistas
ressaltam que a probabilidade de a iniciativa programada se tornar
realidade é bastante alta. Para tal, poderá contribuir inclusive o fato
de a cúpula ser acolhida pela África do Sul, onde as atitudes em relação
à Rússia são mais do que positivas, continua a especialista Viktoria
Panova:
“Os
sul-africanos apreciam a opinião da Rússia e apercebem de uma maneira
muito positiva o papel que ela joga. Se falarmos na possibilidade de
influir nos temas da agenda, a Rússia tem todas as chances para fazer
valer seus interesses, inclusive no que toca à instituição de uma
agência de avaliação de risco e também no domínio de cooperação
política, consolidando a inter-relação a todos os níveis”.
A
diplomacia russa joga um dos papéis mais importantes no concerto do
BRICS. Precisamente a Rússia esteve entre os pioneiros da formação do
BRICS: a primeira cúpula do grupo se realizou, em 2009, na cidade russa
de Ekaterinburgo. A Rússia é um dos geradores de ideias para o BRICS,
assinala o vice-presidente da Câmara de Comércio e Indústria, Gueorgui
Petrov:
“O
acrônimo BRICS soa em inglês como tijolos, e nós, a Rússia, somos um
destes tijolos, uma das pedras angulares de sua arquitetura. Não é por
acaso. O prestígio da Rússia nos assuntos internacionais segue crescendo
sem cessar. Dentre todos os países do BRICS, só a Rússia integra o G8. A
Rússia tem sua própria posição e pode dizer sua própria palavra sobre
todos os pontos da agenda global. Portanto, acredito eu, a delegação
russa irá ser o fator aglutinador e – o que é o mais importante – o
motor deste agrupamento nada simples”.
A
posição russa no fórum do BRICS é ainda mais relevante porque este
antecede outra reunião não menos importante, nomeadamente a cúpula do
G20, acrescenta o vice-presidente da Câmara de Comércio e Indústria,
Gueorgui Petrov:
“O
fórum do BRICS vai realizar-se na véspera da reunião do G20 em São
Petersburgo, onde a Rússia retomará a presidência do Grupo. É de suma
importância para os líderes poderem sincronizar os relógios e
intercambiarem pontos de vista em relação à ordem do dia do G20”.
Na
cúpula de Durban será abordada também a possibilidade de formar um
Conselho Empresarial do BRICS. A ideia foi proposta pela Rússia ainda em
2011, na reunião dos líderes do BRICS na cidade de Sanya (República
Popular da China). Segundo analistas, este mecanismo, como canal de
comunicação, facilitaria contatos entre a empresa e os organismos de
Estado.
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