sábado, 23 de março de 2013

Planos russos para o BRICS 23/03/2013




brics, cúpula

EPA

A Rússia apresentou sua concepção da participação na quinta cúpula do grupo BRICS, que se celebrará nos dias 26 e 27 de março, na África do Sul.

Os planos de Moscou prevêem converter o BRICS num novo centro de influência euro-atlântico. É precisamente por isso que os debates da cúpula deverão cingir-se a problemas de remodelação do sistema financeiro e de divisas, o eixo principal das reuniões do fórum.
 “Propomos a nossos parceiros transformar gradualmente o BRICS de um espaço de diálogo e de coordenação de uma lista limitada de questões num genuíno mecanismo de interação estratégica que permita procurarmos juntos as vias de solução para os problemas-chave da política mundial”, declarou o presidente da Federação da Rússia, Vladimir Putin, numa entrevista à agência ITAR-TASS. A direção russa vê sua tarefa principal em implementar um plano muito ambicioso e promissor em matéria de finanças, mais exatamente, criar o Banco de Fomento. Este projeto é atrativo para a Rússia não só por proporcionar novas oportunidades de investimento, mas também – o que é muito mais importante – pela possibilidade de apresentar uma nova óptica no espaço econômico mundial, comenta Viktoria Panova, integrante do Conselho Científico do BRICS:
“A criação de semelhante banco apresenta grande interesse para a Rússia. Em Durban deverá ser anunciado sobre sua formação, ao menos, como centro de recolha de informação e análise da situação econômica existente, um centro que possa apresentar relatórios alternativos aos do Banco Mundial e Fundo Monetário Internacional, expressando outras ópticas”.
Analistas ressaltam que a probabilidade de a iniciativa programada se tornar realidade é bastante alta. Para tal, poderá contribuir inclusive o fato de a cúpula ser acolhida pela África do Sul, onde as atitudes em relação à Rússia são mais do que positivas, continua a especialista Viktoria Panova:
“Os sul-africanos apreciam a opinião da Rússia e apercebem de uma maneira muito positiva o papel que ela joga. Se falarmos na possibilidade de influir nos temas da agenda, a Rússia tem todas as chances para fazer valer seus interesses, inclusive no que toca à instituição de uma agência de avaliação de risco e também no domínio de cooperação política, consolidando a inter-relação a todos os níveis”.
A diplomacia russa joga um dos papéis mais importantes no concerto do BRICS. Precisamente a Rússia esteve entre os pioneiros da formação do BRICS: a primeira cúpula do grupo se realizou, em 2009, na cidade russa de Ekaterinburgo. A Rússia é um dos geradores de ideias para o BRICS, assinala o vice-presidente da Câmara de Comércio e Indústria, Gueorgui Petrov:
“O acrônimo BRICS soa em inglês como tijolos, e nós, a Rússia, somos um destes tijolos, uma das pedras angulares de sua arquitetura. Não é por acaso. O prestígio da Rússia nos assuntos internacionais segue crescendo sem cessar. Dentre todos os países do BRICS, só a Rússia integra o G8. A Rússia tem sua própria posição e pode dizer sua própria palavra sobre todos os pontos da agenda global. Portanto, acredito eu, a delegação russa irá ser o fator aglutinador e – o que é o mais importante – o motor deste agrupamento nada simples”.
A posição russa no fórum do BRICS é ainda mais relevante porque este antecede outra reunião não menos importante, nomeadamente a cúpula do G20, acrescenta o vice-presidente da Câmara de Comércio e Indústria, Gueorgui Petrov:
“O fórum do BRICS vai realizar-se na véspera da reunião do G20 em São Petersburgo, onde a Rússia retomará a presidência do Grupo. É de suma importância para os líderes poderem sincronizar os relógios e intercambiarem pontos de vista em relação à ordem do dia do G20”.
Na cúpula de Durban será abordada também a possibilidade de formar um Conselho Empresarial do BRICS. A ideia foi proposta pela Rússia ainda em 2011, na reunião dos líderes do BRICS na cidade de Sanya (República Popular da China). Segundo analistas, este mecanismo, como canal de comunicação, facilitaria contatos entre a empresa e os organismos de Estado.

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