Do Opera Mundi
Em evento comemorativo de seus 20 anos, autoridades afirmam necessidade de diminuir barreiras
Thassio BorgesO Mercosul tem a possibilidade de tirar proveito da crise econômica que atinge a União Europeia e os Estados Unidos. Ao contrário dos países desenvolvidos, os quatro países integrantes do bloco (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai) e o restante da América Latina estão em processo de crescimento e inclusão social. Mas para aproveitar essa oportunidade, será necessário diminuir os entraves comerciais entre os vizinhos do Cone Sul.
Essa foi a tônica do primeiro dia do 3º Encomex (Encontro de Comércio Exterior) Mercosul, em Curitiba, promovido pelo MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior). O evento, que teve início nesta quinta-feira (01/12) tem o objetivo de ampliar ainda mais as relações comerciais entre os integrantes do bloco. O evento também comemora o vigésimo aniversário do Mercosul, formado em 1991.
As alternativas para facilitar o comércio internacional na região estiveram entre as principais preocupações dos participantes, que não economizaram críticas à lentidão do bloco para melhorar suas relações institucionais. “Hoje em dia está muito mais fácil exportar para os demais países do mundo do que dentro do Mercosul”, reclamou Sebastian Bogado, adido comercial do Paraguai no Brasil, em entrevista ao Opera Mundi logo após a abertura do evento.
Sebastian Bogado reconheceu o crescimento e os benefícios que o grupo conseguiu nas últimas duas décadas, mas apontou também a necessidade de se melhorar a relação entre os países no que diz respeito às transações comerciais.
“É necessário corrigir as assimetrias entre os países da região por meio de investimentos, aumentando o volume da economia paraguaia com sócios do Mercosul. Existem ainda barreiras comerciais que os países impõem entre si e isso não pode acontecer. Elas precisam desaparecer e é muito difícil dizer se isso está próximo ou não de acontecer”, concluiu.
Contexto favorável
Mais do apontar os problemas, as autoridades presentes preferiram destacar o cenário de oportunidades. “O cenário internacional para os próximos anos é de incerteza. O crescimento econômico da América do Sul contribuirá para incentivar a economia mundial. Temos certeza que o comércio exterior dos países da região será beneficiado”, destacou Tatiana Prazeres, secretária de Comércio Exterior do MDIC.
“As economias em desenvolvimento serão os motores do desenvolvimento mundial. É este o objetivo do comércio no Mercosul: voltar as nossas atenções para oportunidades que ainda não foram exploradas”, completou durante o discurso de abertura do evento.
Para Horácio Roura, secretário de Pequena e Média Empresa e Desenvolvimento Regional da Argentina, a união comercial do bloco não pode ser o único foco do encontro. “É necessário avançar o progresso de integração de toda a América Latina. Não apenas no ramo comercial, mas também na política, nas sociedades destes países”, apontou. “As dificuldades que temos nesses processos é menor do que tudo o que já conquistamos nesses 20 anos”, conclui.
Duas décadas
“O Mercosul passa por um novo momento e, inserido na economia internacional, passou por várias crises. No entanto, o saldo é extremamente positivo. Há uma década, o Brasil, assim como o Mercosul, tinha uma pauta tímida e fraca em seu comércio exterior”, afirmou Alessandro Teixeira, secretário executivo do MDIC.
Segundo ele, quando se compara o bloco latino com a União Europeia, cujo processo de integração já dura mais tempo, conclui-se que a formação do Mercosul e sua situação após 20 anos são positivas para os países-membros e para a região.
“Em duas décadas, o comércio intrabloco obteve um aumento de mais de 800%. Além disso, foi possível observar um fortalecimento dos países da região. A América Latina é hoje a segunda região em crescimento econômico e inclusão social no mundo”, concluiu.
Incentivo
Outro objetivo do encontro, que terminará nesta sexta-feira (02/11), é incentivar a participação do empresariado brasileiro no comércio da região. Para isso, foram organizadas palestras, debates e encontro de negócios para que os empresários brasileiros pudessem tirar suas dúvidas a respeito do tema.
“O principal objetivo é fomentar a inclusão de pequenas e médias empresas no comércio exterior da região”, explicou Tatiana. Críticas à parte, os representantes dos países membros do bloco foram unânimes em destacar a importância do evento. “Esse tipo de encontro fortalece muito as relações entre os quatro países”, finalizou Bogado.
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