8/2/2012, Marwa Haidar, Al-Manar TV, Beirute
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
Sayyed Hasan Nasrallah, Secretário-Geral do Hezbollah |
O Secretário-Geral do Hezbollah, Sayyed Hasan Nasrallah disse hoje 3ª-feira (8/2/2012) que o verdadeiro alvo de nossos inimigos sempre foi a cúpula da resistência no Líbano e na Palestina. Sua Eminência disse também que EUA e Israel trabalham decididamente para tentar derrubar o governo sírio.
Em gigantesca manifestação, na cerimônia de comemoração do abençoado aniversário do Santo Profeta Maomé (que a paz esteja com ele), Sayyed Nasrallah destacou a importância da unidade de todos os islâmicos, descartando qualquer intenção de “xiitizar”, seja do governo do Irã ou de qualquer outro grupo.
Sua Eminência também disse que forças ocupantes e colonialistas fabricaram a oposição armada na Síria, depois que fracassou a guerra contra a República Islâmica.
O secretário-geral do Hezbollah disse claramente que o Hezbollah sempre recebeu as mais variadas formas de apoio da República Islâmica do Irã, e que esse apoio levou à importante vitória dos árabes do Hezbollah contra o exército de Israel.
A unidade islâmica exige cooperação
Sayyed Nasrallah destacou a importância da unidade islâmica; disse que o projeto de unidade “não visa a dissolver as muitas seitas islâmicas impondo uma única moldura a todas elas”.
A unidade islâmica exige “que todos os muçulmanos cooperem para alcançar os principais interesses de todos, sem ameaçar ou pôr em risco os detalhes baseados na fé de cada doutrina” – disse Sayyed Nasrallah, à multidão que o saudava no complexo Sayyed Shuhadaa, no subúrbio ao sul de Beirute.
Nesse contexto, Sayyed Nasrallah falou sobre o esforço empreendido pela República Islâmica do Irã para aproximar as várias seitas islâmicas, observando que a vitória da revolução no Irã “deu força e impulso ao projeto da unidade islâmica”.
Não há qualquer “maré xiita”
Sayyed Nasrallah repetiu que não tem qualquer fundamento as ideias de que estaria em processo uma chamada “maré xiita”: nem o Hezbollah nem o Irã jamais tiveram e não têm qualquer projeto de “xiitização”.
“Os ocupantes e os colonialistas não têm interesse em ver a aproximação de todas as diferentes escolas islâmicas nem a aproximação entre eles dos diferentes povos islâmicos. Para eles, melhor dividir para conquistar”, disse Sua Eminência.
Sobre alegações de que o Irã teria intenções de “xiitizar” os muçulmanos sunitas no Egito, Sayyed Nasrallah comentou: “Não consigo entender como o Irã conseguiria transformar em xiitas todo o povo do Egito!”
“Talvez haja casos individuais, mas não há nem “maré xiita” nem “maré sunita” – Sua Eminência completou.
“No aniversário do nascimento do Profeta (Que a Paz Esteja com Ele), nós somos os muçulmanos xiitas que cremos, como o Imã Jafar Sadiq, que outros muçulmanos, de outras crenças islâmicas também são muçulmanos. Temos o que eles têm e não há qualquer tipo de projeto de “xiitização”.”
O apoio do Irã nos enche de orgulho
Sayyed Nasrallah declarou sem meias palavras que o Hezbollah recebeu inúmeras formas de apoio da República Islâmica do Irã.
“O Hezbollah recebe do Irã apoio moral, político e financeiro, de todas as formas, desde 1982”.
“Esse apoio honra a República Islâmica, porque a Resistência alcançou a mais importante vitória árabe, até hoje, contra o inimigo” – disse Sayyed Nasrallah. “A vitória do Hezbollah contra Israel não teria sido possível sem o apoio do Irã, e a Síria também teve papel importante naquela vitória” – prosseguiu Sua Eminência.
Acusações de tráfico de drogas e lavagem de dinheiro
Sobre as acusações de que o dinheiro do Hezbollah seria produto de tráfico de drogas ou lavagem de dinheiro, Sayyed Nasrallah disse que não passam de mentiras; que o dinheiro que o Hezbollah recebe da República Islâmica é perfeitamente suficiente para cobrir todos os gastos do movimento.
“No campo financeiro, EUA e o ocidente têm dito que o Hezbollah obteria fundos de organizações relacionadas ao tráfico de drogas ou à lavagem de dinheiro”.
“Respondemos que o dinheiro que recebemos da República Islâmica do Irã é perfeitamente suficiente para cobrir todos os nossos gastos.” E completou: “O Hezbollah não está envolvido em nenhum tipo de negócio, nem dentro nem fora do Líbano.”
O verdadeiro alvo, na crise síria, é o Hezbollah
Sobre a questão síria, o secretário-geral do Hezbollah disse que o verdadeiro alvo nos incidentes na Síria sempre foi a Resistência. Disse também que o ocidente e alguns países árabes trabalham para derrubar o governo sírio, para poder substituí-lo por governo aliado do ocidente.
“Há consenso quase generalizado em Israel sobre a necessidade de derrubar o regime sírio, que se soma à decisão de derrubar o regime, já tomada pelos EUA, o governo de Israel, alguns estados árabes e o ocidente. E alguns líderes muçulmanos – sobretudo por causa da situação política em seus países – não estão tomando posição clara sobre o que está acontecendo na Região, e a questão síria e questão da mais alta importância.”
Sayyed Nasrallah também destacou a importância do diálogo, como etapa necessária para superar as dificuldades atuais: “Todos os que amam a Síria devem dispor-se a negociar sem pré-condições.”
Sua Eminência disse que há excesso de desinformações, que “visam a obter resultados específicos na questão síria, seja como for, por meios legais e ilegais.”
“Canais de televisão árabes disseram que o Hezbollah atacou a cidade de Zabadani com Katyushas” [1]. É exemplo do modo como parte da mídia árabe aborda os eventos na Síria”.
“É importante que todos procurem analisar o grande quadro, sem se deixar perder nos detalhes, para separar o certo do errado. Só assim se pode dar o justo peso aos detalhes, sem separá-los da paisagem estratégica mais ampla.”
Líbano: “Não é hora de derrubar governos.”
Quanto ao quadro libanês, Sayyed Nasrallah disse que seu partido confia na sobrevivência do Gabinete. “Confiamos que o governo libanês manterá sua palavra, e já temos comprovação de que assim deve ser. Portanto, se Deus quiser, logo superaremos a atual crise. Não cogitamos de novo governo no Líbano. Não é hora de derrubar governos.”
Nota dos tradutores
[1] “Katyusha” é um lançador de foguetes montado sobre caminhão; é uma antiga arma soviética.
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