Milton Lourenço (*)
Apesar
da crise econômica global, não se pode dizer que o comércio exterior do
Brasil está em crise. Há problemas, é verdade, como a queda acentuada
nas exportações do agronegócio, que vinha sendo responsável pela
esmagadora maioria das vendas externas, seguido pelo setor de minérios,
mas ainda há tempo para se iniciar uma recuperação.
Também é certo que entre os
Brics, grupo do qual faz parte ao lado de Rússia, Índia e China, o
Brasil é o que tem tido neste ano um crescimento menos significativo.
Sem contar que o comércio exterior brasileiro continua residual, ou
seja, em 2011, as exportações nacionais representaram 1,44% das vendas
mundiais, enquanto as importações ficaram em 1,29%, o que equivale a uma
corrente de comércio de 1,33%.
A pouca representatividade
brasileira pode ser avaliada por outros números: enquanto o comércio
exterior da China representa 50% do Produto Interno Bruto (PIB) daquele
país, o brasileiro equivale a 20% do PIB nacional. Mais: enquanto a
China dobra o seu crescimento econômico a cada período de sete anos, o
Brasil o faz apenas a cada sete décadas.
Apesar de tudo isso, não se
pode dizer que o comércio exterior do País não tenha crescido. Afinal,
triplicou na primeira década do século XXI, saindo de US$ 111 bilhões em
2000 para US$ 482 bilhões em 2011. Sem contar que a olho nu é possível
constatar os efeitos desse crescimento no Porto de Santos, responsável
por 32% da movimentação do comércio exterior brasileiro.
Ali estão em fase de conclusão os terminais da BTP e da Embraport que, dotados de portêineres e transtêineires post panamax,
movimentarão juntos a partir de 2013 mais de 3,2 milhões de TEUs -
unidade equivalente um contêiner de 20 pés - e 3,4 milhões de metros
cúbicos de granel líquido, além de granel sólido. Em Guarujá, até o
final de 2013, entrará em operação o Aeroporto Civil Metropolitano da
Baixada Santista. E estão em licitação pelo governo do Estado obras que
deverão eliminar o gargalo no trevo de Cubatão que hoje tumultua a
circulação de caminhões entre a via Anchieta e os terminais de Guarujá.
Para que esse ímpeto de
crescimento não se arrefeça, é urgente que o governo federal tome
medidas para aumentar a presença de produtos de maior valor agregado nas
vendas brasileiras, o que passa pela adoção de políticas de desoneração
e incentivo. Só assim será possível restabelecer equilíbrio na pauta de
exportações e preparar o País para uma possível redução nas vendas de
produtos primários para a China, em função da desaceleração da economia
mundial.
Antes de tudo, porém, será
necessário reduzir a atual carga tributária - a maior do mundo em termos
relativos -, além de reverter uma taxa de juros que alcança níveis
escorchantes.
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(*) Milton Lourenço é
presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos
Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São
Paulo (Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários de
Despachos, Agentes de Cargas e Logística (ACTC). Site: www.fiorde.com.br E-mail: fiorde@fiorde.com.br
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