sábado, 20 de outubro de 2012

Intervenção no banco BVA é a terceira do BC em quatro meses 20/10/2012

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SHEILA D'AMORIM
DE BRASÍLIA
Depois de uma onda de fortes saques nos últimos dias, o Banco Central decidiu intervir no banco BVA, instituição financeira com sede no Rio de Janeiro e foco em empréstimos para empresas.


Foi a terceira intervenção do BC nos últimos quatro meses no segmento de bancos pequenos e médios. Os bancos Cruzeiro do Sul e Prosper, que também eram administrados pelo governo, foram liquidados em setembro.
Segundo a Folha apurou, o BVA vinha tentando negociar a venda desde o início do ano depois que o BC pressionou por uma capitalização.
Editoria de Arte/Folhapress
Os acionistas precisavam injetar cerca de R$ 1 bilhão para provisões contra calotes que não haviam sido feitas ou estavam registradas irregularmente.
As negociações incluíram o FGC (Fundo Garantidor de Créditos), que nos últimos anos vem servindo de tábua de salvação para muitas instituições com problemas de caixa. No entanto, as conversas não foram adiante.
Os boatos sobre a situação do banco só aumentavam no mercado. Na última semana, os saques dispararam e o banco começou a perder dinheiro que tinha em caixa, o que no jargão de mercado é chamado de liquidez. Foi a senha para a intervenção da área de fiscalização do BC.
Os fiscais já tinham detectado que a instituição estava fragilizada porque adotou uma estratégia agressiva de crescimento nos últimos anos, que resultou numa combinação infeliz.
A dificuldade de captar dinheiro pesou nos custos do banco e, do outro lado, o acúmulo de créditos não pagos ou atrasados minguaram as receitas.
Nas últimas inspeções foram encontradas irregularidades na contabilidade. Ao contrário do Cruzeiro do Sul, onde alguns empréstimos eram fictícios, no BVA isso ainda não foi detectado. Essa possibilidade, no entanto, não está descartada.
Um novo pente-fino em todas as operações de crédito permitirá ao BC mensurar o tamanho exato do rombo na instituição e eventuais fraudes cometidas pela gestão.
BANCOS PEQUENOS
O caso do BVA retoma a discussão sobre a situação dos bancos pequenos e médios desde a crise de 2008.
Alguns foram vendidos, como o PanAmericano, comprado pela Caixa Econômica Federal, e o Votarantim, pelo Banco do Brasil.
Com apenas sete agências no Rio, São Paulo e Minas, e apenas 0,17% do total de ativos do sistema financeiro, o BVA não é considerado um risco ao mercado.
No entanto, a intervenção é emblemática por ser mais um banco que financiava um setor importante, as pequenas e médias empresas.
O interventor terá 60 dias para apresentar seu relatório. Nesse período, o banco pode até ser negociado. No entanto, a avaliação é que será difícil encontrar um interessado. Com isso, o destino do BVA pode ser a liquidação, como a do Cruzeiro do Sul.

Editoria de Arte/Folhapress

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