quarta-feira, 3 de outubro de 2012

"Nunca vão aceitar que o operário tomou o poder" 03/10/2012

247 – A descrição do evento foi feita pela colunista Monica Bergamo, da Folha de S. Paulo. Num jantar de desagravo oferecido pelo jornalista e escritor Fernando Morais, José Dirceu apareceu mais magro, e de cabelos mais longos.
Lá esteve dias antes de começar a ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal. Nesta quarta, o relator da Ação Penal 470, Joaquim Barbosa, deve propor sua condenação por corrupção ativa e formação de quadrilha. No discurso que antecipou seu voto da última segunda-feira, o ministro Celso de Mello, do STF, bradou contra o que chamou de “marginais do poder”.
No evento na casa de Fernando Morais, dois diplomatas fizeram discurso em favor de Dirceu. Primeiro, o embaixador da Venezuela no Brasil, Maximilien Arvelaiz. Depois,o ex-secretário-geral do Itamaraty, Samuel Pinheiro Guimarães. Fernando Morais apresentou Samuel Pinheiro Guimarães aos convivas como figura central do governo Lula “num tempo em que, como dizia Chico Buarque, o Brasil deixou de falar grosso com os vizinhos e de falar fino com os EUA”.
Samuel Pinheiro Guimarães faz então uma homenagem a José Dirceu. “Sinto-me emocionado. No entanto, entre nós aqui há quem tenha lutado com mais vigor e com mais sofrimento para diminuir as nossas inaceitáveis desigualdades. Sofreram. E ainda sofrem. Não preciso citar nomes.”
A plateia, que teve convidados como a atriz Letícia Sabatella e o cineasta Luiz Carlos Barreto, se virou na direção de Dirceu, que esboçou um sorriso. “As classes tradicionais – ou, se preferirem, retrógradas, reacionárias – nunca vão aceitar que um nordestino tenha se transformado em um líder respeitado e reconhecido internacionalmente. É disso que se trata. É isso o que estamos vendo”, disse o embaixador. “Nunca vão aceitar que esse operário tomou o poder”, diz o diplomata. “Ou melhor, tomou uma parte do poder do Estado. Não todo. Não tenhamos ilusão. Vivemos numa plutocracia, que precisa virar uma verdadeira democracia.”
Dirceu deve ser condenado não em função das provas nos autos, mas por ter sido uma espécie de “capitão do time” do ex-presidente Lula. Assim, o governo do presidente mais popular da história do País, poupado na denúncia de Roberto Gurgel, ganharia do STF uma condenação e uma mácula, a ser explorada por seus oposicionistas.

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