Da RBA
Movimentos sociais, partidos políticos e entidades de classe se reuniram ontem (21) para discutir a conjuntura política da atualidade tendo em vista as manifestações das últimas semanas, organizadas pelo Movimento Passe Livre, e o desencadeamento de outros protestos, sem lideranças claras e pautas variadas.
No encontro, as organizações buscaram esboçar uma
agenda unificada. Para Luiz Gonzaga da Silva, o Gegê, da Central dos
Movimentos Populares, o consenso é difícil. No entanto, “tudo depende do
momento conjuntural, ele define o rumo das coisas. E nesse caso, o
nosso rumo foi definido por essa conjuntura, que não é de se brincar. É
uma conjuntura pesada, em que o povo está levado a ir para as ruas, está
receptivo a fazer suas lutas, e nós não podemos recuar”.
A Central Sindical e Popular (Conlutas) e a Central
Única dos Trabalhadores (CUT) participaram da reunião e destacaram o
compromisso com as demais centrais sindicais – com quem se encontram na
próxima terça-feira (25). Para Vagner Freitas, presidente da CUT, o
debate foi importante para reunir as esquerdas. “Temos muitas
divergências e dificuldades entre nós, mas a unificação é importante. A
CUT não sai daqui com nenhuma proposta. Tratamos de construir um fórum
que consiga unificar e discutir os nossos problemas”.
Representantes de diversos movimentos apresentaram
ideias de como pautar os militantes para os novos protestos marcados
para esta semana, além de combater de forma ideológica as iniciativas
reacionárias que têm se mostrado crescentes nas últimas mobilizações de
rua. A constatação é de que muitas das pautas progressistas apresentadas
por muitos manifestantes são reivindicações antigas dos movimentos
sociais. Por isso, aproveitar o momento para reforçar o coro e construir
um diálogo com o poder público é fundamental para novas conquistas.
A presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE),
Vic Barros, fez um balanço positivo da reunião e apontou duas pautas
presentes em várias falas durante a noite. “Essa reunião demonstrou que o
povo unido em luta no Brasil, por meio das ações do movimentos sociais,
tem muita unidade a construir em torno de pautas que possibilitem nosso
país a avançar no caminho das mudanças. Como é o caso de uma reforma
política que garanta mais participações populares nas decisões da
política brasileira, que garanta financiamento público de campanha, e
principalmente, nesta pauta educacional, que hoje se manifesta através
da luta dos 10% do PIB para a educação”.
Ontem, durante pronunciamento em cadeia de rádio e televisão, a presidenta Dilma Rousseff afirmou que vai procurar os líderes dos outros poderes constitucionais para
propor a aprovação de uma reforma política, e reforçou a promessa de
destinar 100% dos royalties dos novos blocos de exploração do pré-sal
para a educação.
João Pedro Stédile, presidente do MST, movimento que
teve a iniciativa do encontro, resumiu algumas pautas apresentadas e
consideradas essenciais. Para ele, é preciso levar adiante a
apresentação de um projeto de lei pela democratização dos meios de
comunicação, debater a reforma do Poder Judiciário, garantir a redução
da jornada de trabalho para 40 horas semanais, cobrar a destinação de
mais recursos para educação, saúde e transporte público, suspender os
leilões do petróleo e promover uma reforma urbana.
A reunião foi interrompida para acompanhar o
pronunciamento da presidenta Dilma Rousseff. O anúncio de que ela se
reunirá com lideranças de movimentos populares foi ovacionado. Stédile
admitiu surpresa: “Foi uma fala boa, política, e revela que ela ouviu as
vozes das ruas. Agora, como tudo na vida, a gente tem que ser um pouco
São Tomé, só acreditar vendo. Então eu espero que ela dê concretude às
propostas políticas que anunciou.”
As mais de 30 entidades que participaram na reunião devem se
encontrar novamente na próxima semana para definir as propostas
concretas.http://www.sul21.com.br/jornal/2013/06/movimentos-cobram-uniao-da-esquerda-em-conjuntura-pesada/
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