domingo, 30 de junho de 2013

Por um novo Egito: Greve geral 30/06/2013

Por Maged El Gebaly
A greve geral já começou em todo o Egito. Ocupações massivas dos movimentos sociais avançam para ocupar os centros do governo. Famílias das lideranças da Irmandade Muçulmana e da elite militar do antigo regime, que entregou o poder para a Irmandade, saíram semana passada do Egito com sua família para Bruxelas.
O povo egípcio (90 milhões) decide sair para as ruas contra 300 mil militantes (número da composição da Organização Internacional da Irmandade Muçulmana). A oposição secular egípcia (Frente de Salvação do Egito) reuniu 23 milhões de procurações, que reivindicam impeachment de Morsi e uma constituição para um estado secular para todos os egípcios e não somente para os islamistas. Essa oposição afirma que não perdeu a eleição porque, simplesmente, nunca houve eleições justas, porque as eleições foram boicotadas pelo povo por conta do assassinato sistemático da militância juvenil egípcia nas praças durante os dias de votação. A metade dos membros da atual câmara, chamada legislativa, foi nomeada por Morsi e a outra metade ganhou em eleições boicotadas, nas quais participou só 6% do eleitorado.

O Egito quer eleições justas antecipadas com supervisão dos juízes egípcios, ONGs e a ONU, após uma constituição com base em uma cidadania igual. Os egípcios saem para as praças e as ruas protestar contra a perseguição da oposição, e contra o projeto neoconservador de querer acabar com as instituições egípcias modernas e substituí-las por um estado religioso apoiado em milícias terroristas.

A Frente de Salvação do Egito (Rebelião) está bem organizada para retirar Morsi e a Irmandade Muçulmana do poder a partir do dia 30 de junho. A oposição está preparada também para ganhar as próximas eleições, e conta com uma lista eleitoral única, com um aparelho organizado para a observação das eleições, e um aparelho mediático pronto para a propaganda eleitoral. Cada bairro sabe por quem vai votar após a queda de Morsi. A oposição egípcia conta com um plano econômico misto para um desenvolvimento autônomo no período pós-Morsi. Esse plano foi acordado entre os diferentes partidos seculares egípcios num congresso nacional aberto.


Enquanto isso, Morsi apela a milícias vestidas de policiais e militares do HAMAS, braço armado da Irmandade Muçulmana na palestina, para fazerem oposição às Forças Armadas Egípcias e para assassinar os ativistas da juventude egípcia, por isso houve acordo entre a oposição e as Forças Armadas Egípcias para apoiar a movimentação dos jovens da REBELIÃO e os milhões que vão para as ruas. Também foi comprovado por uma sentença de um tribunal egípcio que Hamas participou da opressão da revolução dos secularistas egípcios em 2011 e tentou criar intrigas entre as forças seculares e os militares egípcios, para favorecer o projeto religioso de Morsi e seu grupo.

Jovens da polícia criaram sindicatos ligados a oposição e estão nas ruas para defender os manifestantes contra qualquer violência por parte dos islamistas. A Juventude dos Policias está a favor da mudança democrática e começou a deter muitos militares islamistas e confiscar seus armamentos. Nessa situação a oposição secular conta com o apoio de setores das forças armadas, sindicato dos policiais, grupos de black block, comissões de defesa civil para garantir a participação massiva do povo. O núcleo sólido do Estado Egípcio (As Forças Armadas Egípcias, a polícia, e o judiciário) se posicionou a favor da REBELIÃO. O ministro de defesa do Egito se comprometeu a apoiar as mobilizações das massas nas ruas.

Além dos cristãos egípcios que apoiam a oposição secular, Al Azhar, a maior instituição religiosa islâmica se posicionou contra a Irmandade Muçulmana. Os Xiitas estão com raiva pelo assassinato de um líder deles no Egito a semana passada pela Irmandade. O assassinato foi um novo fenômeno no Egito que produziu indignação até entre os sunitas contra a intolerância do Estado da Irmandade.

Manifestações massivas celebraram nas ruas a sentença do Tribunal Constitucional Egípcio que declarou a semana passada o cargo do presidente do Egito vago e pediu eleições antecipadas e a detenção do presidente com 11 membros da Irmandade por espionagem com Estados Unidos. A sentença afirma que Morsi se reuniu em 2007 com oficias da CIA e combinou com eles manter as contratações de gases e petróleo sem impostos e estar a serviço da geoestratégia descontrolada do GRANDE ORIENTE MÉDIO, que quer reorganizar o mapa da região em estados sectários para poder controlar melhor os povos com a religião. Para isso, Morsi colocou o aparelho de comunicações do povo egípcio do centro do Cairo a serviço da CIA. A Irmandade no Egito fez atos terroristas de sequestros de oficiais, juízes e seus familiares. Egito vive sem sua gasolina, que sai todos os dias em barcos americanos abençoados pela Irmandade.

A semana passada o novo príncipe do Qatar expulsou os líderes da Irmandade Muçulmana e fechou seus escritórios. Ainda falta tempo para ele conseguir superar a velha guarda do governo. Na estratégia americana, elaborada por elites religiosas militares conservadores, que não contemplou as novas gerações, a Arábia Saudita e a Irmandade (Forças sunitas) têm que estar a serviço de um plano americano de enfrentar os xiitas do Irã. Porém, a crise dessa estratégia é a nova juventude liberal que emerge nos países do Golfo e que é como o príncipe de Qatar, uma revolução geracional simpatizante da juventude egípcia, e que está aguardando o momento oportuno para explodir novas mudanças seculares nos países do Golfo.

Manifestações em frente a Casa Branca nos Estados Unidos apelam para o povo americano pressionar seu governo a não violar os direitos dos outros povos de viver dignamente como seres humanos. A administração americana gastou um bilhão e quinhentos milhões de dólares para financiar a Irmandade Muçulmana.

O Povo egípcio se sente indignado por causa do apoio da administração americana ao regime da Irmandade Muçulmana com tropas americanas que estão próximas do litoral mediterrâneo do Egito. A oposição nacional secular entendeu a mensagem da administração americana como uma ameaça, que caso caia a Irmandade Muçulmana, os EUA vão fazer uma intervenção militar para manter o sistema econômico neo-liberal intacto. Por isso, setores da oposição egípcia combinaram com tropas de jovens do exército egípcio preparadas para a proteção das fronteiras do Egito. Esta semana, oficiais egípcios ligados a oposição egípcia pediram aos diplomatas da Embaixada Americana para fiarem nas suas casas no Egito até que os jovens terminem seu plano de mudança do regime. Nesse cenário, Putin se manifestou contra o governo de Morsi, e congelou os acordos com seu governo.

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