Vermelho
Inspirada a partir de uma nova conjuntura política, em que o nacionalismo guiava os rumos do Brasil, assim nasceu a Petrobras, que nesta quinta-feira (3) completa 60 anos, nos quais acumulou conquistas e desafios e se consolidou como uma líder mundial em tecnologia para exploração de petróleo em águas profundas.
Joanne Mota, do Portal Vermelho com agências
Serão investidos R$ 21,2 bilhões no período de 2013 a 2017 em tecnologia e segurança.
A brasileira nasceu no dia 3 de outubro de 1953, quando o então presidente Getúlio Vargas assinou a Lei 2.004 que criou a Petrobras. Na época, Getúlio afirmou que "é com satisfação e orgulho patriótico que hoje sancionei o texto de lei aprovada pelo Poder Legislativo, que constitui novo marco da nossa independência econômica”.
Com a criação da Petrobras, o governo Vargas soube investir na matéria-prima da nascente indústria: o petróleo. Produto funadamental para o fomento da industrialização do Brasil, que já ensaiava seus primeiros passos com a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). É bom lembrar que o mundo vivia o pós-guerra e o setor industrial tornou-se a motivação de muitos governos, de modo que a Petrobras é fruto desse sentimento, uma política de Estado, que alçou estratégicos voos e conquistou o mundo.
Em artigo publicado no Vermelho, Haroldo Lima (foto abaixo), ex-diretor geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis e membro do Comitê Central e da Comissão Política Nacional do PCdoB, lembrou que a estatal nasce da luta pela defesa do petróleo nacional, que foi encabeçada pelo movimento popular e ficou conhecida como a campanha “O Petróleo é nosso!”, iniciada em 1946.
“A Petrobras surgiu no bojo de um grande movimento nacionalista, em que a esquerda e os comunistas tiveram enorme importância, num tempo em que o setor de petróleo no mundo era dominado por algumas grandes companhias, destacadamente um grupo chamado de “sete irmãs”, há 60 anos.
Segundo ele, atualmente essas sete irmãs são quatro e as sete maiores empresas do mundo são todas estatais. “Para se ver como as coisas mudam. Mas, naquela época, se não fosse o monopólio estatal do petróleo, a Petrobras não sobreviveria. O povo brasileiro pagou caro, e pagou certo, para ter uma grande companhia do petróleo. Deu a essa empresa o seu território e o seu mercado de combustíveis. Cobrou-lhe baixos royalties e não cobrava royalties no mar. Tudo isso para que a empresa se pusesse de pé. E ela se pôs”.
Em declaração à Agência Brasil, o historiador Américo Freire, do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC), da Fundação Getulio Vargas (FGV), acrescenta que “enquanto geólogos internacionais não corroboravam essa posição de que havia grande potencialidade de produção de petróleo no Brasil, o então governo queria prospectar, queria pesquisar, porque havia um forte óbice à ideia de que o Brasil produzisse petróleo em seu subsolo e no mar”.
E acrescenta: “É uma das principais empresas do mundo e a principal empresa brasileira. E isso nós devemos àquele momento, àquela conjuntura e àquele personagem que foi Getúlio Vargas”.
Ofensiva da oposição
Mesmo com uma saúde de causar inveja a Petrobras é atacada diariamente pela oposição. Ao longo de 2013 – e com certeza nesta semana de comemoração – a oposição, representada pelos jornalões, difunde manchetes aterrorizantes e fala de uma Petrobras com índices assustadores de queda em seu lucro líquido e no valor de mercado da empresa.
Na opinião do jornalista José Carlos Ruy, publicada no Vermelho, a realidade é outra. “Na contramão dessas advertências catastróficas, os investidores preferiram ouvir outras fontes. Como, por exemplo, a agência Standard & Poor´s (S&P), de Nova York, que, em relatório recente, deu a nota mais alta (“strong”, forte) para a gestão da Petrobras (as outras são “satisfactory”, satisfatória; “fair”, moderada”, e “weak”, fraca).
Ele acrescentou que "entre as 310 empresas avaliadas, apenas 7 receberam a classificação 'strong'. Isso significa que a Petrobras faz parte do seleto clube das melhores do mundo. No conjunto, a S&P analisa 3.868 empresas no quesito Gestão e Governança, entre as quais apenas 8% recebem a nota 'strong', a mais alta. A empresa que recebe esta nota, como a Petrobras, é classificada como grau de investimento, a mais alta indicação de segurança para os investidores, e também da saúde financeira das empresas".
De vento em popa
Em entrevista à imprensa, a presidenta Graça Foster destacou alguns números acumulados pela estatal no último ano. No que se refere ao quesito tecnologia e segurança, serão investidos na Petrobras R$ 21,2 bilhões no período de 2013 a 2017.
Em 2013, a empresa foi eleita a melhor no setor “Combustíveis, Óleo e Gás”. A alta no lucro líquido no 1º semestre de 2013 subiu 77%, atingindo R$ 13,894 bilhões. Ainda em 2013, a brasileira foi selecionada para a lista que reúne as 500 maiores companhias do mundo por faturamento e alcançou o 25º lugar, com receitas de US$ 144 bilhões e lucro de US$ 11 bilhões. É importante dizer que, entre as brasileiras, a Petrobras ocupa o 1º lugar.
Outro ganho que precisa ser lembrado é que, também em 2013, a estatal bateu recorde de produção no pré-sal, com 322 mil e 100 barris de petróleo por dia (bpd). O volume foi 11 mil barris por dia, maior que o recorde anterior, alcançado em 17 de abril, quando a produção atingiu a marca de 311 mil e 500 bpd.
Somando a esses resultados, a estatal anunciou, nesta quinta-feira (3), que tem como meta dobrar a atual produção de petróleo até 2020, chegando a 4,2 milhões de barris por dia (bpd). Só em 2013, nove plataformas, com capacidade de produção somada de 1 milhão de bpd, serão entregues à Petrobras. A empresa tem contratadas 28 sondas de perfuração marítima para águas ultraprofundas. Esses equipamentos estão sendo, pela primeira vez, construídos no Brasil, e começarão a ser entregues em 2015. Para transportar o petróleo até a costa, 49 navios de transporte foram encomendados, cinco deles já entregues.
É interessante destacar que a Petrobras é dona da maior carteira de investimentos da indústria petrolífera mundial para os próximos cinco anos, com cifras que alcançam a marca de US$ 236,7 bilhões no período de 2013 a 2017. Ao todo, são mais de 900 projetos em carteira nos próximos cinco anos. Tudo isso para que a estatal duplique a produção até 2020, alcançando 4,2 milhões de barris de petróleo/dia. Mais que o dobro dos cerca de 2 milhões de barris/dia produzidos atualmente. Para tanto, a maior parte do volume de investimentos tem endereço certo: Exploração & Produção (E&P). A área responderá por US$ 147,5 bilhões do total previsto até 2017.
Petrobrax: para não esquecermos
A história mostra que ao longo da trajetória da Petrobras um momento causou muita comoção no país. Em 1995, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, foram dados os primeiros passos que levaram à quebra do monopólio estatal no setor de petróleo. Em maio daquele ano, a Comissão Especial do Petróleo da Câmara Federal aprovou o texto para flexibilizar o monopólio. A emenda constitucional só foi aprovada, em segundo turno, no dia 20 de junho.
No entanto, de acordo com informações do CPDOC, em agosto de 1997, a Lei 9.478 foi promulgada, após a garantia dada pelo presidente do Senado, José Sarney, de que a Petrobras não seria privatizada. Essa lei reafirmava o monopólio da União sobre os depósitos de petróleo, gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos, mas abria o mercado para outras empresas competirem com a Petrobras.
Em 2000, o governo tentou alterar o nome da empresa para Petrobrax. O argumento utilizado foi que o novo nome se adequaria melhor ao crescimento da estatal no mercado internacional. A reação política, no entanto, foi forte o suficiente para que Fernando Henrique abandonasse a proposta.
O Congresso Nacional realizará, no próximo dia 7, às 11h, Sessão Especial em comemoração aos 60 anos de fundação da Petrobras. A homenagem, proposta pelo senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) e subscrita pelo deputado federal Luiz Alberto (PT-BA), contará com a presença da presidenta da instituição, Graça Foster. Com o mote “Gente. É o que inspira a gente”, uma exposição também será montada no espaço Cultural Evandro Cunha Lima, no Senado Federal.
Em pronunciamento no Senado, Inácio Arruda falou do símbolo de ousadia e inovação que a petroleira conquistou. “A Petrobras é sinônimo de ousadia, inovação tecnológica, talento do nosso povo. Lutar em defesa da Petrobras, hoje num cenário de flexibilização do monopólio estatal do petróleo, é lutar por uma empresa, genuinamente brasileira, patrimônio econômico e social do povo brasileiro. Comemorar os 60 anos do petróleo brasileiro significa reverenciar uma história construída e reconstruída por muitos. Pelo governo brasileiro de então, pelos operários desta companhia, aposentados e na ativa, que sofrem com a precarização das relações de trabalho empregadas no mundo e em nosso país nos últimos anos de um projeto neoliberal que agora chega ao fim”, defendeu o senador comunista.
*Colaborou Vanessa Silva e Fernando Garcia.
Campanha "O Petróleo é nosso!"
Acervo da Fundação Maurício Grabois
Acervo da Fundação Maurício Grabois
Em declaração à Agência Brasil, o historiador Américo Freire, do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC), da Fundação Getulio Vargas (FGV), acrescenta que “enquanto geólogos internacionais não corroboravam essa posição de que havia grande potencialidade de produção de petróleo no Brasil, o então governo queria prospectar, queria pesquisar, porque havia um forte óbice à ideia de que o Brasil produzisse petróleo em seu subsolo e no mar”.
E acrescenta: “É uma das principais empresas do mundo e a principal empresa brasileira. E isso nós devemos àquele momento, àquela conjuntura e àquele personagem que foi Getúlio Vargas”.
Ofensiva da oposição
Mesmo com uma saúde de causar inveja a Petrobras é atacada diariamente pela oposição. Ao longo de 2013 – e com certeza nesta semana de comemoração – a oposição, representada pelos jornalões, difunde manchetes aterrorizantes e fala de uma Petrobras com índices assustadores de queda em seu lucro líquido e no valor de mercado da empresa.
Na opinião do jornalista José Carlos Ruy, publicada no Vermelho, a realidade é outra. “Na contramão dessas advertências catastróficas, os investidores preferiram ouvir outras fontes. Como, por exemplo, a agência Standard & Poor´s (S&P), de Nova York, que, em relatório recente, deu a nota mais alta (“strong”, forte) para a gestão da Petrobras (as outras são “satisfactory”, satisfatória; “fair”, moderada”, e “weak”, fraca).
Ele acrescentou que "entre as 310 empresas avaliadas, apenas 7 receberam a classificação 'strong'. Isso significa que a Petrobras faz parte do seleto clube das melhores do mundo. No conjunto, a S&P analisa 3.868 empresas no quesito Gestão e Governança, entre as quais apenas 8% recebem a nota 'strong', a mais alta. A empresa que recebe esta nota, como a Petrobras, é classificada como grau de investimento, a mais alta indicação de segurança para os investidores, e também da saúde financeira das empresas".
De vento em popa
Em entrevista à imprensa, a presidenta Graça Foster destacou alguns números acumulados pela estatal no último ano. No que se refere ao quesito tecnologia e segurança, serão investidos na Petrobras R$ 21,2 bilhões no período de 2013 a 2017.
Em 2013, a empresa foi eleita a melhor no setor “Combustíveis, Óleo e Gás”. A alta no lucro líquido no 1º semestre de 2013 subiu 77%, atingindo R$ 13,894 bilhões. Ainda em 2013, a brasileira foi selecionada para a lista que reúne as 500 maiores companhias do mundo por faturamento e alcançou o 25º lugar, com receitas de US$ 144 bilhões e lucro de US$ 11 bilhões. É importante dizer que, entre as brasileiras, a Petrobras ocupa o 1º lugar.
Outro ganho que precisa ser lembrado é que, também em 2013, a estatal bateu recorde de produção no pré-sal, com 322 mil e 100 barris de petróleo por dia (bpd). O volume foi 11 mil barris por dia, maior que o recorde anterior, alcançado em 17 de abril, quando a produção atingiu a marca de 311 mil e 500 bpd.
Somando a esses resultados, a estatal anunciou, nesta quinta-feira (3), que tem como meta dobrar a atual produção de petróleo até 2020, chegando a 4,2 milhões de barris por dia (bpd). Só em 2013, nove plataformas, com capacidade de produção somada de 1 milhão de bpd, serão entregues à Petrobras. A empresa tem contratadas 28 sondas de perfuração marítima para águas ultraprofundas. Esses equipamentos estão sendo, pela primeira vez, construídos no Brasil, e começarão a ser entregues em 2015. Para transportar o petróleo até a costa, 49 navios de transporte foram encomendados, cinco deles já entregues.
É interessante destacar que a Petrobras é dona da maior carteira de investimentos da indústria petrolífera mundial para os próximos cinco anos, com cifras que alcançam a marca de US$ 236,7 bilhões no período de 2013 a 2017. Ao todo, são mais de 900 projetos em carteira nos próximos cinco anos. Tudo isso para que a estatal duplique a produção até 2020, alcançando 4,2 milhões de barris de petróleo/dia. Mais que o dobro dos cerca de 2 milhões de barris/dia produzidos atualmente. Para tanto, a maior parte do volume de investimentos tem endereço certo: Exploração & Produção (E&P). A área responderá por US$ 147,5 bilhões do total previsto até 2017.
Petrobrax: para não esquecermos
A história mostra que ao longo da trajetória da Petrobras um momento causou muita comoção no país. Em 1995, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, foram dados os primeiros passos que levaram à quebra do monopólio estatal no setor de petróleo. Em maio daquele ano, a Comissão Especial do Petróleo da Câmara Federal aprovou o texto para flexibilizar o monopólio. A emenda constitucional só foi aprovada, em segundo turno, no dia 20 de junho.
No entanto, de acordo com informações do CPDOC, em agosto de 1997, a Lei 9.478 foi promulgada, após a garantia dada pelo presidente do Senado, José Sarney, de que a Petrobras não seria privatizada. Essa lei reafirmava o monopólio da União sobre os depósitos de petróleo, gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos, mas abria o mercado para outras empresas competirem com a Petrobras.
Em 2000, o governo tentou alterar o nome da empresa para Petrobrax. O argumento utilizado foi que o novo nome se adequaria melhor ao crescimento da estatal no mercado internacional. A reação política, no entanto, foi forte o suficiente para que Fernando Henrique abandonasse a proposta.
Campanha "O Petróleo é nosso!"
Acervo da Fundação Maurício Grabois
Acervo da Fundação Maurício Grabois
Homenagem no Senado
O Congresso Nacional realizará, no próximo dia 7, às 11h, Sessão Especial em comemoração aos 60 anos de fundação da Petrobras. A homenagem, proposta pelo senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) e subscrita pelo deputado federal Luiz Alberto (PT-BA), contará com a presença da presidenta da instituição, Graça Foster. Com o mote “Gente. É o que inspira a gente”, uma exposição também será montada no espaço Cultural Evandro Cunha Lima, no Senado Federal.
Em pronunciamento no Senado, Inácio Arruda falou do símbolo de ousadia e inovação que a petroleira conquistou. “A Petrobras é sinônimo de ousadia, inovação tecnológica, talento do nosso povo. Lutar em defesa da Petrobras, hoje num cenário de flexibilização do monopólio estatal do petróleo, é lutar por uma empresa, genuinamente brasileira, patrimônio econômico e social do povo brasileiro. Comemorar os 60 anos do petróleo brasileiro significa reverenciar uma história construída e reconstruída por muitos. Pelo governo brasileiro de então, pelos operários desta companhia, aposentados e na ativa, que sofrem com a precarização das relações de trabalho empregadas no mundo e em nosso país nos últimos anos de um projeto neoliberal que agora chega ao fim”, defendeu o senador comunista.
*Colaborou Vanessa Silva e Fernando Garcia.
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