UPPs completam três anos e homicídios caem até 70% 19/12/2011

Após receber 18 unidades, Rio passou a ter três mortes a menos a cada dia

 

Marcelo Bastos, do R7 | 19/12/2011 às 10h01

Marcos de Paula/AE

Morro Santa Marta foi a primeira favela a receber uma UPP

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Nesta segunda-feira (19), a implantação da política de UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) completa três anos. Desde a inauguração da primeira unidade, no morro Santa Marta, em Botafogo, na zona sul do Rio, os principais índices de criminalidade estão em queda. Segundo análise feita por região da capital com base em dados do ISP (Instituto de Segurança Pública), os homicídios dolosos (com intenção de matar) diminuíram até 71% (área da Grande Tijuca) e os autos de resistência (mortes em confronto com a polícia) foram a zero.
Entretanto, considerando toda a cidade, onde 18 UPPs foram instaladas, a redução dos homicídios foi menor: queda de 26% entre janeiro e julho de 2008 (1.180 casos) e o mesmo período deste ano (878). Os autos de resistência tiveram diminuição de 60%. Foram 509 mortes em confronto com a polícia nos primeiros sete meses de 2008 contra 201 casos no mesmo período deste ano. Ou seja, em sete meses, houve menos 610 mortes na capital, três a menos a cada dia.
Outros crimes também tiveram menor incidência no Rio. O roubo a pedestres registrou redução de 25% (6.088 casos a menos). Entre 2008 e 2011, houve 4.778 roubos de veículos a menos, redução de 47%.
Para o coronel Rogério Seabra, desde outubro à frente da Coordenadoria de Polícia Pacificadora, a maior conquista da pacificação é a confiança no trabalho da polícia. Como maior desafio a ser enfrentado, o oficial elegeu a conquista dos jovens.
- A polícia busca atender a demandas da população, ser um elo das demandas das comunidades e as possíveis ofertas. A sociedade começa a compreender o papel da polícia na defesa da vida e das liberdades. Conquistar os jovens, de 15 a 29 anos, é um grande desafio. A polícia exerce o papel de limitador e os jovens são contrários à questão da ordem. É natural.

Entre as regiões onde as UPPs foram implantadas, a que registrou maior redução dos principais crimes foi a da Grande Tijuca, que inclui os bairros do Maracanã, Vila Isabel, Praça da Bandeira, Grajaú, Andaraí e Alto da Boa Vista, onde vivem 365 mil pessoas. A região recebeu seis UPPs: Borel, Andaraí, Formiga, Salgueiro, Turano e Macacos, entre junho e novembro de 2010. Grande Tijuca tem a maior redução
A região cercada por favelas registrou queda de 71% nos homicídios (de 41 casos para 12), diminuição de 68% nos roubos a pedestres (menos 1.369 casos), redução de 90% nos roubos de veículos, de 1.003 para 98 (menos 905 casos), e queda de 95% nos autos de resistência, que passaram de 21 para apenas um.
Para a comparação, o R7 usou o período entre janeiro e julho deste ano, que é o mais recente divulgado pelo ISP, e o mesmo período de 2008, ano em que foi implantada a primeira UPP. Os tipos de crime analisados foram escolhidos pela gravidade e porque a redução deles é considerada estratégica pela Secretaria de Segurança Pública.
A região de Jacarepaguá, na zona oeste do Rio, onde vivem aproximadamente 610 mil pessoas, também teve quedas acentuadas de criminalidade. Os homicídios passaram de 74 para 31 (-58%), os roubos a pedestres, de 1.135 para 658 (-42%), os roubos de veículos, de 607 para 129 (-79%), e os autos de resistência, de 24 para 2 (-92%). A UPP Cidade de Deus foi implantada em fevereiro de 2009.
Copacabana: polícia mata 90% menos
Com índices considerados baixos na comparação com outras regiões da cidade, os bairros de Copacabana e Leme, onde vivem 136 mil pessoas, receberam três UPPs entre junho de 2009 e janeiro de 2010. Com isso, o índice de roubo a pedestres caiu 64% (menos 459 casos), o de roubo de veículos caiu 83% (menos 29 casos) e os autos de resistência saíram de dez para apenas um, queda de 90%.
Para José Marcelo, diretor do programa UPP Social, é preciso persistência para, além de reduzir crimes, melhorar a vida de quem vive nas comunidades pacificadas.
- Mais do que em projetos pontuais, é preciso investir em equipamentos e serviços regulares e de qualidade. Mas, para isso, há o desafio de reconhecer as diferenças entre cada área. Não há uma receita de bolo. A agenda de atuação tem que ser desenhada a partir das especificidades locais. A prefeitura aprendeu que, para conseguir uma cidade integrada, é preciso fazer diferente em áreas diferentes.
No bairro de Botafogo e adjacências, onde fica o morro Santa Marta, os homicídios se mantiveram estáveis, com 11 casos em cada período analisado. Os roubos a pedestres caíram 24% (menos 253 casos), roubos de veículos diminuíram 22% (menos 211 casos) e os autos de resistência saíram de quatro para apenas um. A comunidade recebeu a primeira UPP do programa de segurança pública.
Centro: menos crimes
Para análise dos índices na região do Estácio, Santa Teresa e Catumbi, onde ficam as UPPs dos morros São Carlos, Coroa, Fallet e Fogueteiro e Prazeres e Escondidinho, foi preciso considerar toda a região do centro, o que inclui o morro da Providência, comunidade também pacificada.
Como a maior parte dessas comunidades foi pacificada neste ano, o R7 comparou o período entre janeiro e julho de 2010 e de 2011. Os homicídios diminuíram 35%, de 76 para 50, os roubos a pedestre caíram 20% e os roubos de veículos e autos de resistência reduziram-se em 25%.
Colaborou Gabriela Pacheco, do R7