terça-feira, 8 de maio de 2012

Petrolíferas esperavam mais da abertura da Líbia 08/05/2012


Algumas grandes petrolíferas esperavam que o fim da ditadura na Líbia, e uma sensação de abertura política em outros países do Oriente Médio e do Norte da África, aliviariam alguns dos termos desfavoráveis das parcerias com petrolíferas estatais que elas tiveram de aceitar para atuar nesses países.
Mas isso não aconteceu.

ARABOIL
Reuters
Instalações da refinaria de petróleo de Zawiya, na Líbia, a 56 quilômetros de Trípoli.
Enquanto o ditador líbio Muammar Gadhafi era derrubado ano passado com a ajuda dos países ricos do Ocidente e um governo interino assumia o poder, algumas petrolíferas alimentaram a esperança de receber novos incentivos tributários e uma fatia melhor da produção dos campos em acordos atuais e futuros.
Mas o governo interino da Líbia, bem como o de outros países, planeja principalmente manter os mesmos termos mais duros para a maioria dos campos convencionais, já que essas novas autoridades não querem aparentar que estão vendendo barato as riquezas do país.
As novas oportunidades estão principalmente nos chamados projetos não-convencionais, que são especialmente caros ou exigem alta tecnologia para serem desenvolvidos. Para esses projetos compensarem o investimento, é preciso que o preço do petróleo suba mais, o que os torna mais arriscados e menos lucrativos que os projetos concedidos às petrolíferas estatais.
Para projetos como esses na Líbia, as condições de investimento "podem ser melhoradas", disse recentemente o ministro do Petróleo, Abdulrahman Benyezza.
Durante décadas, muitas empresas europeias desfrutaram de acordos que garantiam metade do petróleo de alta qualidade produzido nos campos líbios. Algumas petrolíferas de grande porte esperavam que o país se abrisse mais para o investimento estrangeiro depois que as sanções americanas foram retiradas, em 2004, e as gigantes americanas voltaram ao país norte-africano.
Mas, nos anos seguintes, o regime de Gaddafi reduziu a fatia da produção das empresas em cada campo de cerca de 50% para até 12%. A estatal National Oil Co. continua recebendo a maior parte dos barris produzidos em sociedade com grandes petrolíferas multinacionais.
Pouco depois da queda do regime líbio, várias petrolíferas internacionais manifestaram a esperança de que conseguiriam melhorar os termos contratuais no país, ou assinar contratos mais atraentes no futuro. Entre as empresas incluídas nesse grupo estão a francesa Total SA e a anglo-holandesa Royal Dutch Shell PLC.
"Enxergamos a Líbia sob um novo governo como uma grande oportunidade", disse ao Wall Street Journal em novembro Sara Akbar, diretora-presidente da Kuwait Energy Co., de capital fechado. "Quando Gaddafi estava no poder, [o país] estava fora do radar" por causa de seus "termos muito duros", disse Akbar, cuja empresa não tem licença para operar na Líbia.
Os termos dos contratos "determinam que tipo de investimento você receberá", disse Martin Bachmann, que na época era diretor executivo de exploração e produção da empresa alemã Wintershall Holding GmbH. "Cabe aos novos líderes entender isso."
As autoridades petrolíferas da Líbia dizem que manterão os pagamentos acertados nos contratos já assinados, que cobrem produção e exploração convencionais de petróleo. Elas disseram também que nenhum novo contrato será assinado até as eleições, marcadas para junho.
Depois de impedir que as grandes petrolíferas participassem de um grande projeto convencional nos anos 90, o Kwait também está negociando com a Total e a Exxon Mobil Corp. a exploração de seus campos de petróleo pesado — que é mais espesso e difícil de extrair. A maioria dos campos convencionais de fácil exploração do Kwait está fora das negociações.
Enquanto a produção convencional no Oriente Médio precisa de um preço entre US$ 5 e US$ 25 o barril para se pagar, os ativos não-convencionais geralmente exigem um preço de US$ 50 a US$ 113 o barril, segundo a Agência Internacional de Energia. A maioria dos países produtores acha que pode continuar produzindo mesmo sem a ajuda dos estrangeiros, mas prefere contar com a assistência deles para projetos mais ambiciosos, que podem evitar o declínio da produção no longo prazo.
A AIE alertou ano passado que, se o Oriente Médio e o Norte da África não investirem o suficiente em suas reservas de petróleo e gás, os preços podem saltar para US$ 150 o barril. Entre os fatores que podem elevar a cotação a esse nível, a agência citou "restrições à entrada de investimentos devido ao fortalecimento do nacionalismo sobre os recursos naturais, especialmente em regimes que tentam prevenir o surgimento de levantes populares".
WSJ

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