terça-feira, 9 de outubro de 2012

Chávez afirma que vai aprofundar o socialismo na Venezuela 09/10/2012


Presidente reeleito pediu que oposição contribua com o próximo plano de governo


Em sua primeira entrevista coletiva realizada após a vitória na eleição venezuelana, o presidente Hugo Chávez afirmou nesta terça-feira (09/10) que é necessário “aprofundar o socialismo” no país. Segundo o líder, já no dia 10 de janeiro, quando será juramentado para o próximo mandato, vai entregar o Plano Socialista da Nação para o período entre 2013 a 2019.

Animado, o presidente reeleito também pediu que a oposição faça parte do processo e sugira aportes ao texto. “O novo governo de Chávez começa, porque vamos fechar este ciclo e abrir um novo”. Essa é a segunda vez em que Chávez sinaliza uma aproximação com o bloco opositor, pois já havia feito esse apelo publicamente em seu discurso de vitória no Balcão do Povo, no Palácio Mirafllores.

Agência Efe

O presidente venezuelano, Hugo Chávez, durante entrevista coletiva em Caracas, no Palácio Miraflores

O líder socialista, que ocupa a Presidência desde 1999, obteve 55% dos votos na eleição de domingo contra 44% de seu principal adversário, Henrique Capriles, com um expressivo comparecimento de 81% do eleitorado. O resultado foi prontamente aceito pela oposição.

Aproximação

Na coletiva, Chávez evitou chamar seus opositores de "majunches" ou "esquálitos" (em tradução livre, "falsificados" ou "pouca coisa"). Ao contrário, disse que sua conversa com Henrique Capriles, candidato derrotado nas urnas nesse último domingo, foi "amena e positiva".

Ele já havia confirmado o teor amistoso da conversa através do microblog Twitter na última segunda-feira (08), quando postou: “Acreditem: tive uma agradável conversa telefônica com Henrique Capriles! Convidei (a oposição) à união nacional, respeitando nossas diferenças!”.

O chamado ao diálogo promovido pelo presidente tem provocado resultados. Horas mais cedo, o presidente da Fedecámara [principal associação empresarial do país e tradicional opositora de Chávez], Jorge Botti, disse que os empresários do país tomam como suas as palavras do presidente. “Reconhecemos que estamos frente a um novo período constitucional e uma vez superado o cenário eleitoral, comemoramos o clima de diálogo que Chávez tem chamado”, disse.
Por outro lado, ele também pediu um debate "franco" com a oposição, pedindo que esta abandone a visão “catastrofista” e reconheça as conquistas de seu governo. “Nós certamente temos que mudar algumas coisas, mas a oposição tem uma visão catastrófica do país. Eles rejeitam quase tudo o que o governo faz", afirmou.

Chávez também negou que o país esteja dividido. Disse que venceu em 20 dos 22 Estados do país (incluindo Miranda, governada até pouco tempo por Capriles) e em 82% dos centros de votação. “Sempre vem isto de que a Venezuela está dividida. Há 20 anos, aqui o diálogo era praticamente a chumbo”, afirmou, lembrando que, antes de sua chegada ao poder a classe política havia se acostumado ao “Pacto de Punto Fijo”, que estabeleceu em 1958 um revezamento no poder dos partidos Ação Democrática e Copei, que “impunham as posições burguesas ao povo”.

Para ele, a imprensa não questiona quando governos europeus vencem por margens apertadas. “Se a Venezuela está dividida, os Estados Unidos, onde ‘meu candidato Obama’ está empatado com a direita, também está dividido”, disse, arrancando risos dos presentes.

O chefe de Estado foi novamente perguntado se haveria falta de democracia na Venezuela, no que respondeu enfaticamente: “Parte da mídia continua falando na ditadura da Venezuela, no tirano Chávez”, disse. “Bom, temos uma democracia aqui, e isso voltou a ser reafirmado e ratificado, um sistema totalmente transparente, rápido e eficiente . Se você quiser ver uma democracia vigorosa e sólida, venha à Venezuela. Foi um dia perfeito [o da eleição]”.

“Por que é tão difícil dizer para o mundo que aqui é uma democracia?”, perguntou, citando citou uma frase do ex-presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, que afirmou na Venezuela haver "excesso de democracia".

Sobre seus primeiros projetos anunciados será a fusão entre o Ministério do Despacho com um outro ainda não definido para acompanhamento e seguimento de projetos. Segundo Chávez, o grande problema do seu governo hoje é "dar segmento a projetos". A fusão, em sua opinião, “elevaria a eficiência do nosso estado”.

Cenário internacional

Chávez defendeu o Mercosul, afirmando que existe um conjunto de projetos que deve ser relançado com o objetivo de impulsionar o país no bloco econômico. Chávez afirmou que os presidentes do Equador, Rafael Correa e da Bolívia, Evo Morales, por várias vezes demonstraram interesse de incorporarem esses países ao bloco.

O presidente também afirmou que continuará a apoiar o governo do presidente Bashar al Assad, na Síria. “Como não apoiar o governo de Bashar al Assad se é o governo legítimo da Síria? Quem apoiar, os terroristas, que pedem um conselho de transição enquanto andam matando gente por todos os lados? (...) "Não sei como países europeus recebem terroristas para reuniões", questionou.

Sobre a crise alimentar mundial, Chávez citou um exemplo de uma ajuda internacional da Venezuela a Moçambique, cujo aporte de cinco milhões de dólares teria, segundo ele, mudado  a realidade de uma comunidade local. "Foram construídos dois poços para tirar água em benefício da alimentação e do crescimento da população", disse. "Quanto poderiam fazer os Estados Unidos e os países mais ricos do mundo através da cooperação para produzir alimentos?", questionou.

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