segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Reino Unido vai cortar 10 bilhões de libras em benefícios sociais 08/10/2012

Governo do premiê David Cameron anunciou que a próxima medida será taxar os mais ricos

Em mais uma rodada de ajustes na economia britânica, que passa por um longo período de recessão, o ministro das Finanças, George Osborne, braço direito do premiê conservador David Cameron, fechou um acordo para cortar 10 bilhões de libras esterlinas (R$ 32 bilhões) em benefícios sociais, atingindo auxílio-moradia para menores de 25 anos e renda extra para pais desempregados.

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Mesmo com os cortes, o Reino Unido não conseguirá zerar o déficit estrutural nesta legislatura, que vai até 2015. Osborne já admitiu que a empreitada é impossível, mas decidiu negociar as medidas de austeridade com os Liberais Democratas - membros da coalizão que sustenta o governo conservador - garantindo que os britânicos mais ricos serão os próximos a pagar mais impostos.

[George Osborne, ministro britânico das Finanças, anunciou novos cortes nesta segunda-feira]

“Vamos tomar novas atitudes para fazer com que as pessoas mais ricas do país paguem uma justa fatia pela redução do déficit”, disse o premiê David Cameron à rede estatal BBC. Por outro lado, ele deixou claro que não adotará o imposto para mansões avaliadas em mais de 2 milhões de libras esterlinas (R$ 6,4 milhões), pleiteado pelos liberais democratas.

“Eu não acredito que devemos ser um país em que se você trabalha duro, você poupa, você compra uma casa...Eu não quero um país que vem atrás de você com um imposto enorme, então isso não vai acontecer...sempre seremos justos e seremos vistos como justos”, afirmou Cameron.
 
O aperto nas contas deve durar até 2018, segundo o jornal Financial Times, estendendo em cinco anos o prazo inicial de austeridade alardeado pelo governo conservador quando fez seus primeiros cortes. Segundo avaliação de economistas da financeira Morgan Stanley, o déficit britânico para 2013-2014 estaria na casa das 126 bilhões de libras esterlinas (R$ 385 bilhões), ou 7,8% do PIB.

Imigração na mira

Lado a lado com os cortes em benefícios sociais, o governo conservador implementa uma política para frear a migração de trabalhadores da União Europeia para o Reino Unido. A ministra da Casa Civil, Theresa May, anunciou na convenção do Partido Conservador, em Birmingham, que pode buscar apoio da Holanda para mudar a legislação e reduzir a entrada de cidadãos europeus.

Atualmente, qualquer cidadão da União Europeia pode pedir auxílio ao governo britânico em caso de desemprego, desde que passe por uma prova de residência no Reino Unido. Um primeiro passo ventilado por May para impedir o acesso ao benefício seria o de bloquear o acesso de dependentes de cidadãos europeus às ilhas britânicas, e outro o de cortar diretamente o auxílio financeiro do governo britânico.

A Casa Civil tem como objetivo reduzir para 100 mil o número de imigrantes no Reino Unido. Em estimativa de março do ano passado, havia 2 milhões de europeus em território britânico - um número que pode crescer significativamente a partir do ano que vem, quando Romênia e Bulgária ganham livre acesso aos países membros da União Europeia.

Os acenos de Theresa May, que incluem um esforço especial para bloquear a entrada de gregos vítimas da crise, são um afago à ala eurocética do governo conservador de David Cameron. O grupo é o mesmo que vibrou quando o Reino Unido decidiu rechaçar as regulações financeiras propostas pela dupla Angela Merkel e Nicolas Sarkozy no início deste ano ano.

O mesmo discurso anti-imigração, no entanto, atravessa o espectro partidário britânico. Até mesmo o líder da oposição, o trabalhista Ed Milliband, disse recentemente que as ondas de imigração europeia tiram o emprego de jovens britânicos, jogando salários para baixo. No total, 27% dos imigrantes no Reino Unido são europeus - boa parte do leste do continente.


Opera Mundi

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