Governo russo diz que Ancara colocou em risco a vida dos passageiros
Agência Efe (10/10/12)
Avião de companhia síria foi forçado a aterrizar em aeroporto de Ancara, onde passa por verificações
A Rússia pediu explicações nesta quinta-feira (11/10) às autoridades turcas sobre a interceptação de avião civil de companhia síria que levava passageiros para Moscou, o que elevou ainda mais a tensão na região. O embaixador russo na Turquia foi convidado para uma reunião no Ministério de Relações Exteriores, mas ainda não foram divulgadas outras informações.
A Turquia bombardeia alvos no país de Bashar al Assad, em retaliação a projeteis lançados do território sírio e que deixaram cinco civis mortos na fronteira bilateral, desde a semana passada (03/10). Nesta quarta-feira (10/10), o serviço de inteligência turco obrigou a aeronave síria a aterrissar no aeroporto de Ancara por suspeitas de carregar armamento militar.
Segundo Moscou, a Turquia colocou em risco a vida dos russos que estavam a bordo e lhes negou direitos. “As vidas e a segurança dos passageiros foi ameaçada”, disse em um comunicado o Ministério de Relações Exteriores. A Rússia ainda afirmou que não foi permitido aos 17 cidadãos de seu país o acesso a diplomatas.
Um dos principais aliados do regime de Assad, Moscou vetou três resoluções no Conselho de Segurança das Nações Unidas que permitiam a intervenção militar na Síria. A Rússia também é acusada de enviar armamento para o governo sírio por aviões.
As autoridades sírias também protestaram contra o episódio e descreveram a interceptação como um “ato de pirataria aérea”.
O avião já foi liberado pelas autoridades turcas que anunciaram a apreensão de carga "não-civil", mas não deram mais detalhes.
O ministro de Relações Exteriores da Turquia, Ahmet Davutoglu, disse, no entanto, que a Turquia agiu dentro do direito internacional. De acordo com ele, a lei internacional prevê a possibilidade de investigar aeronaves civis suspeitas de carregarem armamentos e outros materiais militares.
Davutoglu acrescentou que a Turquia esta determinada a impedir a transferência de armas para o governo sírio, que luta há 18 meses contra forças da oposição. Os grupos rebeldes querem destituir o regime comandado pelo presidente Bashar al Assad.
A Turquia, que já foi aliada do presidente Bashar al Assad, exerce papel cada vez mais importante no conflito sírio. Além de receber pelo menos 100 mil refugiados do país vizinho, o governo turco oferece apoio financeiro e militar para os grupos da oposição. Os recentes acontecimentos elevaram ainda mais a tensão entre os países e Ancara parece se preparar para o conflito.
O Parlamento turco aprovou o envio de tropas militares para países estrangeiros pelo período de um ano. O premiê do país, Recep Tayyip Erdogan, disse que a Turquia pode estar próxima de entrar em conflito contra a Síria. “Nós não estamos interessados em guerra, mas não estamos longe dela também”, afirmou ele.
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