O jovem que mandou Cavaco Silva ir trabalhar e
acabou detido pela polícia em frente aos filhos no passado domingo em
Elvas, foi condenado a pagar 1300 euros de multa por difamação. Não
aceita que queiram fazer dele um exemplo "para mais ninguém protestar" e
diz que vai recorrer da decisão.
Enquanto espera
pela acusação da PGR a Miguel Sousa Tavares, Cavaco Silva viu o Tribunal
de Elvas fixar em 200 dias de multa o castigo por difamá-lo. Foto
europanostra/Flickr
A sentença do Tribunal de Elvas, lida esta quarta-feira, condenou a 200
dias de multa o réu de 25 anos, residente em Campo Maior, que se tinha
deslocado a Elvas para assistir com a família à exposição de material
militar, integrada nas comemorações do 10 de junho.
Ouvido pelo jornal Público, Carlos Costal nega a versão dada em
tribunal pela polícia, que garantiu tê-lo ouvido a chamar "chulo" e
"malandro" ao Presidente da República, que se deslocava com a sua
comitiva e um enorme aparato de segurança. “Vai trabalhar mas é!
Sinto-me roubado todos os dias”, foram as frases que admitiu em tribunal
ter lançado à passagem de Cavaco Silva, garantindo que as expressões
usadas pelos agentes "não são sequer palavras que me assistam, que eu
use no dia-a-dia”.
“É uma situação que não lembra ao diabo, numa altura em que há
protestos de norte a sul do país. Devem querer fazer de mim exemplo,
para mais ninguém protestar”, acrescentou o jovem ao Público,
insatisfeito com a condenação a pagar uma multa que é superior ao seu
salário mensal, mas também com a vergonha que passou ao ser detido em
frente aos filhos e levado para a esquadra de Elvas. “Vivemos num país
democrático e exerci o direito que assiste a qualquer cidadão, de
liberdade de expressão”, prosseguiu Costal, sublinhando que agiu
"espontaneamente, não foi com maldade”.
Em vez de ser identificado no local, como aconteceu ao estudante do
ISCSP que em setembro insultou Passos Coelho no interior da
Universidade, Carlos Costal garante que só foi informado que iria a
julgamento após consulta dos agentes da esquadra de Elvas aos serviços
da Presidência. Agora, pretende lutar nos tribunais para conseguir
justiça, recorrendo da decisão do Tribunal de Elvas.
Há três semanas, Cavaco Silva pediu à Procuradoria-Geral da República
para analisar as declarações do cronista Miguel Sousa Tavares numa
entrevista ao Jornal de Negócios, tendo em vista a instauração de um
processo por difamação. Na altura, respondendo a uma pergunta
relacionada com o político comediante italiano Beppe Grillo, Sousa
Tavares terá respondido: “Nós já temos um palhaço. Chama-se Cavaco
Silva. Muito pior do que isso é difícil.”
Página de Cavaco no Facebook inundada por protestos semelhantes ao de Elvas
A notícia da sentença que condenou o jovem de Campo Maior está a
provocar uma onda de indignação nas redes sociais, com muitas centenas
de comentários deixados a partir da tarde de quarta-feira na página do Presidente da República
no Facebook. A expressão "vai trabalhar malandro" é de longe a mais
repetida, mas podem ler-se outras frases de protesto como o "sinto-me
roubado todos os dias", também proferido pelo jovem condenado, ou
simplesmente "queremos os subsídios", numa referência ao anúncio do
Governo de que o Presidente da República irá assinar em breve uma lei
que adia o pagamento do subsídio de férias dos funcionários públicos
para novembro.
Palhaçada...
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