- Jornal Ciência
- Qui, 18 de Julho de 2013 10:20
- Andressa Guimarães
Cientistas russos identificaram um novo tipo de micróbio em um lago enterrado sob o gelo da Antártida.
A descoberta vai ajudar pesquisadores a entender melhor sobre a região.
As bactérias foram retiradas do lago Vostok, que fica embaixo de quase 4
km de gelo. Na amostra de água do lago, foram identificadas bactérias
86% semelhantes a outros tipos conhecidos. Os cientistas verificaram a
composição das bactérias através de uma base de dados global, mas não
encontraram qualquer coisa semelhante ao seu tipo. Não descobriram nem
sequer os possíveis descendentes das bactérias.
Os pesquisadores russos conseguiram as amostras de água em 2012, quando
perfuraram o lago. A água “fresca” permaneceu enterrada, inalterada,
sob o gelo, nos últimos milhões de anos.
“Estamos chamando esta forma de vida de não-classificada e não-identificada" diz Sergey Bulat, geneticista do Instituto de Física Nuclear de São Petersburgo.
Ambiente
A pesquisa em torno dessa nova forma de vida na Antártida vai ajudar
pesquisadores a entender como é que esses microrganismos minúsculos
vivem no lago Vostok. Já sabemos que as formas de vida são moldadas
pelo ambiente em que vivem e, muitas vezes, esses seres dão forma
também ao seu habitat.
"O estudo de olhar para os organismos e seu ambiente é realmente o estudo da ecologia",
disse Alison Murray, professor associado de pesquisa no Instituto de
Pesquisa Deserto (um grupo de pesquisa ambiental com sede em Nevada),
que também faz pesquisas na Antártida.
Compreender melhor a vida bacteriana na Terra é uma direção para
iniciar pesquisas para encontrar vida em outros planetas, incluindo
Marte. O fato de o organismo encontrado ter a similaridade de 86%
indica um novo tipo de bactéria. Na vida terrestre, tudo está
relacionado entre si, encontrar alguma forma de vida abaixo de 80%
atrairia preocupação, diz Murray.
Peter Doran, microbiologista da Universidade lllinois, em Chicago,
pediu um pouco de cautela sobre a descoberta, pedindo mais informações
para que seja realmente comprovada a existência de um novo organismo. “Se isso é real, é muito emocionante” disse.
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