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Em resposta ao chamado de Mursi ao diálogo
nacional e seu reconhecimento de que no seu primeiro ano de trabalho no
cargo de presidente foram cometidos erros, que ele está disposto a
corrigir, os partidários da oposição declararam que não aceitarão
compromisso. Eles ameaçam levantar o povo e repetir a história de dois
anos atrás. Como declarou à Voz da Rússia o secretário geral do partido
socialista do Egito, Ahmed Shaaban:
"Em essência agora
decorre a segunda onda da revolução egípcia, que começou no início de
2011. Aqueles acontecimentos levaram a que, como resultado, o poder foi
tomado pela Irmandade Muçulmana. Falando figuradamente, uns começaram a
revolução e outros aproveitaram-se de seus frutos. Tal viragem dos
acontecimentos ocorreu em conseqüência de conspiração entre a Irmandade
Muçulmana e o Conselho Militar supremo do país, com a proteção dos
Estados Unidos. Este regime não deu conta da situação e nem resolveu as
questões, pelas quais foi derrubado Mubarak. A Irmandade Muçulmana
começou a conduzir uma política de islamização do país, colocando seus
homens em todos os órgãos estatais, sendo que eles não conseguiram tirar
o país da crise econômica e não resolveram muitos problemas sociais e
políticos."
Apesar de, formalmente, Mohamed Mursi ter
deixado as fileiras da Irmandade Muçulmana, como antes relacionam seu
nome com os islamistas. Na segunda-feira a sede da Irmandade Muçulmana
no Cairo foi atacada por partidários da oposição. Justamente entre os
islamistas encontram-se o maior número de partidário de Mursi. Eles
qualificam os oposicionistas de "inimigos da revolução" e à crítica às
autoridades vigentes respondem que o presidente está no cargo há apenas
um ano – e neste período é impossível mudar totalmente a situação, é
preciso apenas esperar, mas o povo egípcio já não acredita em promessas
de que tudo ficará bem – assinala o analista do Instituto Russo de
avaliações estratégicas e análise, Serguei Demidenko.
"No
Egito é tão complexa a situação sócio-econômica, tão grande a
quantidade de problemas de diferentes gêneros – 50% da população vive
abaixo do limite da pobreza. Pode-se falar muito e longamente que em um
ano não se pode fazer nada, mas eles esperavam do novo poder a melhoria
de sua situação. Mas o novo poder não está em condições de fazê-lo. O
problema é que o Partido da Liberdade e Justiça, se analisarmos seu
programa, não prevê quaisquer possibilidades de melhoria da vida da
população. Este programa é puro populismo."
Como
resultado, no ano que passou Mohammed Mursi começou a perder
partidários. O movimento oposicionista da juventude Tamarod ("motim" em
árabe) em curto prazo conseguiu coletar 22 milhões de assinaturas de
apoio à iniciativa de realização de eleição antecipada do chefe de
estado. Quase duas vezes a mais do que o número de votos dados a Mursi
nas eleições. Sua vitória então não foi convincente – salienta a
professora da cátedra de Estudos Orientais do Instituto Estatal
Moscovita de Relações Internacionais, Marina Sapronova:
"O
principal problema consiste em que o atual presidente do Egito, Mohamed
Mursi, desde o início, não recebeu crédito de confiança suficientemente
grande para conduzir sua política. Ele venceu as eleições obtendo
apenas pouco mais de 50% dos votos. Isto é, a sociedade egípcia
dividiu-se ao meio entre os que apoiam Mursi e os que são contra ele."
Na
situação criada são perfeitamente fundados os receios de que o
derramamento de sangue no Egito continuará. O exército mantém a
neutralidade por enquanto. Entretanto, na opinião dos especialistas, se o
poder e a oposição não conseguirem se entender em breve, os generais
terão de interferir nesse diálogo, e eles, como se sabe, não são de
falar muito.
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