"CHAMA O SECRETÁRIO E OS PREFEITOS QUE EU TRABALHEI. ELES TINHAM CIÊNCIA" 08/11/2013
Frase foi dita pelo suposto chefe da máfia dos fiscais de São Paulo, Ronilson Bezerra Rodrigues; sim, suposto, porque a fala indica que talvez houvesse gente graúda acima dele; o fiscal trabalhou com o secretário Mauro Ricardo, indicado por José Serra para comandar as finanças da capital paulista; em outra gravação, Ronilson foi ameaçado pelo fiscal Luis Alexandre Cardoso Magalhães; "eu não vou sozinho nessa porra... eu te dei muito dinheiro... não vou ser bode expiatório"; grampos indicam que o escândalo ainda irá muito mais longe
7 DE NOVEMBRO DE 2013 ÀS 21:18
247 - Conversas gravadas entre os fiscais envolvidos no ninho de corrupção da prefeitura de São Paulo, que desviou mais de R$ 500 milhões dos cofres públicos revelam grande tensão entre eles ao tomar conhecimento de que a Controladoria do Município estava investigando as fraudes. Os principais áudios foram divulgados nesta quinta-feira (7) no Jornal Nacional. Em um deles, o fiscal Ronilson Bezerra Rodrigues, chefe da máfia, faz uma afirmação extremamente grave: “Chama o secretário e os prefeitos com que eu trabalhei. Eles tinham ciência de tudo”. Ele disse isso na conversa com Paula Sayuri Nagamati, a chefe de gabinete da secretaria de Assistência Social que era amiga do fiscal.
Em outra troca de conversa entre os fiscais Luis Alexandre, Di Lallo e Ronilson, eles se acusam e um deles afirma que não irá assumir a culpa sozinho. "Eu não vou sozinho nessa porra. Eu te dei muito dinheiro”, afirma. Em depoimentos dados à polícia, eles negaram participação na máfia. Eles conversam, em um clima de muita tensão, sobre dinheiro - e sobre as possíveis consequências da investigação da Prefeitura. Foi no apartamento do fiscal Luís Alexandre Magalhães que os investigadores descobriram a prova mais importante até agora contra Ronilson Bezerra Rodrigues, ex-chefe de Luis Alexandre e ex-subsecretário da Receita Municipal, responsável por zelar pela arrecadação de impostos. Ronilson foi flagrado em uma conversa, gravada pelo próprio Luis Alexandre. Um encontro entre os dois e o fiscal Carlos Augusto di Lallo Amaral, também investigado por cobrança de propina. Não se sabe ainda onde se deu essa reunião entre os três fiscais.
Segundo os promotores, foi depois de março deste ano, quando o grupo descobriu que a Controladoria da Prefeitura de São Paulo estava investigando todos eles por suspeita de enriquecimento ilícito. Luis Alexandre sentiu que poderia sobrar só para ele e começou a gravar reuniões do grupo e fazer cópias do material para se proteger. O Ministério Público confirmou que as vozes são de Luiz Alexandre Magalhães e Ronilson Bezerra Rodrigues.
Abaixo trecho completo da conversa:
Luis Alexandre - Eu não tava nessa sozinho. Eu tenho todos - todos - os números de certificado. Eu não vou ser bode expiatório.
Ronilson - Isso aí pra mim é uma ameaça.
Luis Alexandre - Não, é um aviso. Eu não vou sozinho nessa porra.
Ronilson - Não vai. Porque eu vou estar contigo.
Luis Alexandre - Eu, o Lallo e o Barcellos não vamos pagar o pato nessa porra toda.
Di Lallo - Não vai, não vai.
Ronilson - Você não vai precisar me entregar. Sabe por quê?
Luis Alexandre - Eu levo a secretaria inteira. Vai todo mundo comigo. Eu te dei muito dinheiro. Te dei muito dinheiro.
Ronilson - Você sabe por que que você me deu dinheiro? Você sabe por quê? Porque eu te deixei lá.
Luis Alexandre - Isso. Então tá todo mundo junto.
Ligados à Secretária de Finanças na gestão do prefeito Gilberto Kassab e do secretário Mauro Ricardo, oriundo da equipe do prefeito anterior José Serra, os fiscais são acusados de fazer parte de uma quadrilha que pode ter desviado mais de R$ 500 milhões dos cofres municipais por meio do abatimento irregular de dívidas de ISS – Imposto Sobre Serviço, o principal tributo do município.
Segundo investigação com origem em março na Controladoria Geral do Município, criada pelo atual prefeito Fernando Haddad, o grupo concedia "habite-se" para grandes construtoras de imóveis por meio de recebimentos pessoais por fora dos meios normais. Num dos casos apurados, uma construtora com dívida de R$ 480 mil de ISS conseguiu liberar a construção e entrega de um prédio recolhendo apenas R$ 12 mil aos cofres públicos. No dia anterior à concessão do documento liberatório, um dos presos hoje recebeu depósito de R$ 407 mil em sua própria conta corrente.
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