segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Para quem acha que Libra é tudo, vem aí Franco… 04/11/2013



Tijolaço

Preste atenção neste trecho da entrevista da presidenta da Petrobras, Graça Foster, aoEstadão, no final de semana:

A área de Franco, pelo que se comenta, está muito próxima do tamanho de Libra (8-12 bilhões, segundo a ANP). E Franco é só uma das áreas da cessão onerosa. Se tiver 8 bilhões de barris, por exemplo, a Petrobrás explora até 5 bilhões? Como funciona?

O contrato é esse (5 bilhões de barris de óleo equivalente). Tudo além de cinco, se é cinco num campo, se a gente vai desenvolver aqui também, ali… Essa é uma das etapas mais importantes dessa discussão.

Seria mais viável focar em um campo apenas?

O que é mais razoável, mais adequado, para uma empresa de petróleo não necessariamente é para a União. Há que se olhar os dois lados e a palavra final é da União. O petróleo é dela, pertence a ela. Aquilo que é mais razoável para uma empresa de petróleo nem sempre é o mais adequado para a União. Por isso, é uma discussão importante e rica.

A Petrobrás pode devolver algumas áreas para a União?

Essa é a discussão que vamos fazer. Já estamos prontos. Em 2010, assinamos contrato, já estamos perto de 2014, está na hora de sentar para organizar, montar um cronograma de atividades, (avaliar) todos os itens que precisam ser discutidos, passo a passo, o timing para cada um e fazer um trabalho técnico e econômico.

Deu para entender o que a gente vinha dizendo aqui?

Franco é apenas uma das seis áreas entregues por contrato diretamente à Petrobras, durante o processo de capitalização da empresa. Foi com essa operação que o Brasil conseguiu recuperar uma parte do capital da Petrobras que Fernando Henrique espalhou na Bolsa de Nova York.

Aliás, outro Franco, não o campo de petróleo, mas diretor e depois

presidente do Banco Central do governo tucano, queria vender a Petrobras, o que em parte foi feito com a entrega das ações aos

americanos.

Veja aí ao lado como o Estado brasileiro recuperou quase 10% da empresa naquela operação.

Pelo menos em relação a Franco, estão praticamente prontos os estudos de avaliação e eles indicaram reservas muito superiores aos 3,5 bilhões de óleo recuperável – a previsão inicial, de 2009 – e aos próprios 5 bilhões de barris contratados com a União.

Também estão neste ponto os trabalhos em Florim, cuja estimativa original, de meio bilhão de barris, com poços que revelaram reservatórios de grande dimensão vertical, embora a área seja bem menor que Franco.
Ainda há quatro áreas “bloqueadas” para a Petrobras, no contrato de cessão onerosa: entorno de Iara, Tupi Sul e Tupi Nordeste , além de Peroba, esta incluída na condição de “reserva” para o caso de não se alcançarem os 5 bilhões de barris, o que não vai acontecer, é evidente agora.
Uma avaliação superior ao volume contratado vai ser, provavelmente, objeto de adjudicação direta – como permite a lei de partilha – a Petrobras, que renegociará os valores a serem pagos à União por este excedente.
Será que os que achavam que Libra deveria ter ficado exclusivamente a cargo da Petrobras, sem captação de recursos de parceiros para a exploração se dão conta de que isso implicaria – já de início – em abandonar os investimentos nestas áreas da cessão onerosa, as quais, além de estar contratualmente obrigada a perfurar e produzir, o petróleo é tão garantido e de boa qualidade quanto em Libra?
E mais: tudo indica que, somadas, as áreas já parcialmente adjudicadas à Petrobras, provavelmente, vão superar as reservas de Libra.
Se esgotarmos a Petrobras em imprudências, mesmo que com generosas razões, eu garanto a você que a tal “falta de interesse dos investidores estrangeiros” vira num instante apetite de formigas por mel.
Por: Fernando Brito

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