quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Europa investiga juros interbancários 20/10/2011


Por raquel_

Do Wall Street Journal/Valor

Investigação sobre juros interbancários é ampliada
Por JEAN EAGLESHAM e DAVID ENRICH
A Comissão Europeia confiscou documentos de vários grandes bancos na terça-feira, marcando uma escalada na investigação policial internacional sobre como as principais taxas de juros são definidas, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto.
Autoridades europeias estão examinando uma taxa de juros chamada de Taxa Ofertada no Interbancário Europeu, ou Euribor, disseram pessoas a par do assunto. A Euribor, fixada por mais de 40 bancos, é um referencial usado para se determinar os juros sobre trilhões de euros em empréstimos e títulos de dívida expressos em euros.
A investigação da Euribor é uma consequência de uma investigação mais ampla sendo executada há mais de um ano por promotores e autoridades regulatórias nos Estados Unidos, Europa e Japão. Essa investigação quer saber se bancos formaram um cartel para manipular uma taxa muito mais usada, a Libor, ou taxa ofertada no interbancário de Londres. A Libor influencia o custo de trilhões de dólares em empréstimos e derivativos.
O comitê que estabelece a taxa Euribor inclui alguns dos maiores bancos da Europa. Não foi informada a lista de firmas financeiras que sofreram a busca na terça pela Comissão Europeia, que é o braço executivo da União Europeia. Mas entre os alvos estão um grande banco francês e um grande banco alemão, disseram pessoas a par da situação. As buscas foram coordenadas e ocorreram em Londres e outras cidades europeias, disseram essas pessoas.
Uma porta-voz da Comissão Europeia não quis comentar na terça-feira. "Foi mais uma visita do que uma busca", disse um executivo de um banco em Londres onde autoridades da Comissão Europeia apareceram sem aviso prévio. Elas pediram informações e entraram no banco acompanhadas.
Autoridades da Comissão Europeia têm poderes de entrar em prédios e confiscar documentos em investigações de suspeitas envolvendo a legislação de defesa da concorrência. As visitas surpresas, conhecidas como buscas do amanhecer, provavelmente fazem parte de um esforço de autoridades europeias para entender melhor a mecânica da Euribor, de acordo com pessoas a par do assunto.
Cedric Quemener, diretor da Euribor EBF, o grupo em Bruxelas que administra a taxa de juros Euribor, disse que não está preocupado com a investigação porque a Euribor se baseia em informações coletadas de muitos bancos. Isso torna a taxa de juros referencial mais difícil de manipular do que a Libor, que é determinada por 15 bancos, observou. "Não estou com medo disso", disse Quemener na terça, referindo-se à investigação europeia.
Como parte da investigação internacional sobre a Libor, autoridades americanas entregaram intimações a vários bancos. A investigação nos EUA inclui o Departamento de Justiça, ministério que acumula funções de procuradoria, autoridades civis e investidores que moveram cerca de 20 processos relacionados a acusações de manipulação de taxa de juros. Os bancos estão contestando os processos.
Autoridades japonesas estão examinando o processo de fixação dos juros da taxa ofertada no interbancário de Tóquio, ou Tibor. O inquérito feito pela Comissão Europeia está sendo conduzido pela agência de defesa da concorrência, dirigida por Joaquín Almunia.
Entre outras coisas, os investigadores estão examinando se os bancos divulgaram com precisão os custos dos empréstimos que contraem. A Libor foi objeto de muita crítica durante a crise financeira, quando surgiram evidências de que os bancos podem ter subavaliado os custos dos empréstimos contraídos, possivelmente para evitar dar pistas aos concorrentes e a investidores de que estavam sendo percebidos como mais arriscados do que outros bancos.
A investigação também examina se operadores especularam com movimentos futuros do câmbio e combinaram com a tesouraria de bancos para mexer nos juros de uma maneira que pudesse assegurar que as apostas dessem certo, de acordo com pessoas a par do assunto.
Em julho, o UBS afirmou que recebeu imunidade parcial em troca de continuar cooperando com o inquérito. O banco suíço afirmou que recebeu "leniência condicional ou imunidade condicional" da divisão anticartel do Departamento de Justiça e outros reguladores relacionada à participação do UBS na Libor e Tibor.
O Barclays foi um de vários bancos a revelar em informes oficiais este ano que estavam sendo investigados como parte do inquérito sobre a Libor. O Departamento de Justiça americano e outras autoridades estão examinando "contribuições feitas pelo Barclays e outros membros do comitê" em relação à Libor, informou o banco britânico num informe semestral. E acrescentou: "O Barclays está cooperando com as investigações relevantes e está mantendo as autoridades regulatórias informadas."
(Colaborou Stephen Fidler.)

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