quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Os dez anos da falência da Enron 20/10/2011


Por raquel_

Do Wall Street Journal/Valor

Dez anos depois, sombra do escândalo Enron ainda persiste
Por JEAN EAGLESHAM
O começo do fim para a Enron Corp. aconteceu há exatamente uma década. Ainda assim, o grande colapso da gigante de energia lança uma enorme sombra sobre os esforços do governo para punir os erros cometidos durante a crise financeira.
Em outubro de 2001, a companhia de Houston, no Texas, chocou os investidores com um prejuízo enorme. Menos de dois meses depois, a Enron estava falida, e o escândalo gerou 42 ações civis por reguladores de valores mobiliários e processos criminais contra 33 pessoas e o auditor da companhia, segundo os cálculos do escritório de advocacia Davis Polk & Wardwell LLP.
Mais de uma dúzia de pessoas se declararam culpadas. O ex-diretor-presidente da Enron, Jeffrey Skilling, hoje com 57 anos, está cumprindo pena de 24 anos na prisão federal do Colorado, seguindo sua condenação por fraude em 2006.
Algumas pessoas que ajudaram a esclarecer o escândalo da Enron dizem que os resultados mostram como os reguladores e os promotores estão falhando na hora de trabalhar em casos ligados à crise financeira. Até agora, nenhum alto executivo foi mandado para a prisão por algum crime relacionado à crise.
"Simplesmente não houve um esforço máximo, um esforço dirigido do Departamento de Justiça para lidar com a crise do sistema de poupança e empréstimo e fraude corporativa epidêmica liderada pela Enron, WorldCom e centenas de casos que vieram depois", disse Chris Swecker, um ex-diretor assistente do FBI, a polícia federal americana, que agora dirige a empresa de consultoria em segurança em Charlotte, no estado da Carolina do Norte.
Phil Angelides, presidente da Comissão de Inquérito da Crise Financeira, criada pelo congresso para investigar a crise, reclama que as "lições dos escândalos do começo dos anos 2000 foram rapidamente esquecidas."
Uma porta-voz do Departamento de Justiça diz que é injusto comparar a Enron a companhias engolidas pela crise. "Nossa resposta à recente crise financeira tem envolvido investigações agressivas e completas – em Wall Street e por todo o país – e nós continuaremos a perseguir condutas criminais onde nós as encontrarmos", disse a porta-voz. A agência "prendeu centenas de pessoas responsáveis criminalmente por suas condutas durante a crise financeira", acrescentou ela.
John Hueston, promotor responsável pelo julgamento de Skilling e do ex-presidente do conselho da Enron, Kenneth Lay, diz que ninguém deveria ficar surpreso com o longo tempo que está levando para promotores federais desvendarem os casos criminosos dignos de manchete de jornal.
"Nós cavamos fundo para mostrar as mentiras encobertas e ações em benefício próprio, trabalhando desde as bases", disse Hueston, hoje sócio do escritório de advocacia Irell & Manella LLP. "O que descobrimos com a Enron, e não tenho certeza que as lições tenham sido aprendidas com a crise, é que não existem atalhos fáceis no esclarecimento de casos que envolvem circunstâncias financeiras complexas."
Lay foi condenado, mas logo depois morreu de ataque cardíaco. A condenação dele foi anulada.
Apenas sete das 13 pessoas que foram a julgamento no caso Enron foram condenadas, e quatro das condenações foram revertidas em instâncias superiores, de acordo com Davis Polk.
Como resultado, os resultados do governal em geral são "mistos", disse Linda Thomsen, ex-chefe de fiscalização da SEC (comissão de valores mobiliários dos Estados Unidos) e agora sócia na firma de advocacia Davis Polk.
Em março, o ex-executivo da Enron Rex Shelby declarou-se culpado pela acusação de uso de informações privilegiadas relacionadas a supostos exageros sobre a unidade de telecomunicações da Enron em 2000.
Shelby, indiciado em 2003, foi condenado a dois anos de prisão condicional.
"A vida dele foi paralisada por oito anos", disse Ed Tomko, advogado de Shelby.

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