segunda-feira, 14 de maio de 2012

Grécia: Cada vez mais próxima de uma saída à Argentina 14/05/2012

publicado em 13 de maio de 2012

Cresce o medo de que a Grécia deixe o euro

por Ralph Atkins em Frankfurt, no Financial Times
Banqueiros centrais da zona do euro falam publicamente pela primeira vez sobre o gerenciamento da possível saída da Grécia da união monetária no momento em que persiste o impasse na formação de um governo de coalizão, o que aumenta a perspectiva da Grécia rejeitar os termos do seu pacote de resgate internacional.
Os comentários feitos por membros do conselho do Banco Central Europeu indicam que o risco de uma fragmentação da zona do euro está sendo levado crescentemente a sério pelos definidores de políticas públicas da região.
Eles marcam uma mudança significativa no BCE, que previamente argumentava que os tratados europeus não permitiam a saída e que o rompimento da zona do euro causaria danos econômicos incalculáveis.
“Presumo que um divórcio amigável — se for necessário — seria possível, mas eu ainda o veria com pesar”, disse Luc Coene, presidente do Banco Central da Bélgica, ao Financial Times.
Patrick Honohan, presidente do Banco Central irlandês, disse numa conferência na Estônia, no fim de semana: “Podem acontecer coisas que não foram imaginadas nos tratados… Tecnicamente, [a saída de Grécia] pode ser gerenciada. Não é necessariamente fatal, mas não é atraente”.
Junto com outros políticos da zona do euro, o BCE aumentou a pressão na Grécia para que o país cumpra o programa de resgate internacional — e advertiu que o não cumprimento levaria ao corte de ajuda financeira externa.
Jens Weidmann, presidente do Bundesbank, que também integra o conselho do BCE [Nota do Viomundo: Quem manda!], advertiu numa entrevista à mídia alemã, no fim de semana: “As consequências para a Grécia [de uma saída do euro] seriam mais sérias para o país do que para o resto da zona do euro”.
Vince Cable, secretário de comércio britânico, disse que o Reino Unido “tem esperanças” de que as paredes de fogo da zona do euro sejam suficientemente fortes para evitar o contágio da Itália e Espanha se a crise se espalhar a partir da Grécia e de Chipre. [Nota do Viomundo: Vejam só a linguagem, como se os gregos fossem uma doença contagiosa]. Caso contrário, ele disse que haveria um “impacto maciço” no comércio britânico.
Contrastando com os comentários do fim de semana, em dezembro passado o presidente do BCE, Mario Draghi, disse ao FT que uma saída da zona do euro resultaria em “uma quebra substancial dos tratados existentes”, de consequências incalculáveis para o bloco.
Na noite do domingo a Grécia parecia a caminho de novas eleições nacionais depois de discussões sobre uma coalizão lideradas pelo presidente do país terem terminado com acusações mútuas entre líderes conservadores, socialistas e da esquerda.
Antonis Samaras, líder do centro-direitista Partido da Nova Democracia, disse que a coalizão radical esquerdista [Nota do Viomundo: Ops! Parece a Folha] Syriza tinha bloqueado as tentativas de superar os obstáculos, mesmo depois de uma carta do primeiro-ministro Lucas Papademos ter circulado no encontro, demonstrando a deterioração da posição fiscal grega.
O presidente Karolos Papoulias se reunia no domingo com líderes de quatro partidos menores, que também conquistaram vagas no Parlamento.
Analistas deram opiniões conflitantes sobre o que vai acontecer em seguida. Um observador conservador disse que ainda era possível que alguns dos eleitos pelos Gregos Independentes, um grupo de direita, poderiam retornar ao Nova Democracia, dando aos dois partidos pró-euro maioria por pequena margem.
Mas um importante socialista disse que Evangelos Venizelos, líder do Pasok [socialista], se nega a servir em um governo que não inclua o Syriza ou a Esquerda Democrática, um pequeno partido de esquerda que já fez coalizão com o Syriza. “Estamos claramente a caminho de outra eleição”, ele disse.
PS do Viomundo: Ao propor claramente o rompimento com os termos do resgate internacional, o Syriza se qualifica para vencer as eleições na Grécia. Na Alemanha, a coalizão de Angela Merkel perdeu mais uma eleição regional neste domingo. Existe outro caminho para a Grécia?  Sim, embora a mídia nacional e internacional tenha medo de falar naquele país que começa com a letra A. Ah, e quando dizem que a presidente Dilma Rousseff enfrentou corajosamente os bancos no Brasil, como se fosse um ato de vontade pessoal, a gente pergunta: Tinha outra saída?

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