quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Brasil se prepara para entrar na mineração submarina 24/10/2012

Do O Globo

Acordo entre governo, Vale e Petrobras prevê compra de novo navio de pesquisas oceânica

RIO - O Brasil se prepara para entrar no promissor campo da mineração submarina. O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), a Petrobras, a Marinha e a Vale assinaram acordo de cooperação para aquisição de um navio de pesquisas oceanográficas no valor de R$ 162 milhões. A embarcação, considerada uma das mais modernas do tipo no mundo, está em construção em um estaleiro de Cingapura e permitirá o levantamento de informações detalhadas sobre os recursos minerais e biológicos da chamada Amazônia Azul, a zona econômica exclusiva do mar territorial brasileiro que cobre 3,6 milhões de quilômetros quadrados.
Nos últimos anos, tem crescido o interesse de países e empresas ao redor do mundo nos vastos depósitos de metais preciosos e outros minérios no leito dos oceanos. Graças a avanços nos conhecimentos sobre a geologia marinha, centenas de veios de ouro, prata, cobre, cobalto, chumbo e zinco avaliados em trilhões de dólares já foram identificados no fundo do mar.
— A aquisição desse navio vai oferecer instrumentos para a mais detalhada análise do potencial da costa atlântica do país em relação aos recursos minerais — destacou Murilo Ferreira, presidente da Vale, na cerimônia de assinatura do acordo. — Este trabalho em parceria com o MCTI, Marinha e Petrobras permite compartilhar custos, riscos e estabelecer uma ação estratégica para todos os envolvidos.
Segundo a coordenadora-geral para Mar e Antártica do ministério, Janice Trotte, atualmente os pesquisadores brasileiros precisam atuar em navios estrangeiros no Atlântico Sul pela falta de uma plataforma de pesquisa adequada e a nova embarcação vai permitir que o país faça explorações mais aprofundadas do leito oceânico em busca de metais e materiais preciosos.
— Nos mantínhamos em um patamar atrás por não dispor de uma plataforma de infraestrutura embarcada para chegar a esse tipo de exploração — contou. — Já temos conhecimento de rochas cobaltíferas e fosforitas e diversos outros recursos minerais muito valorizados no mercado internacional. Temos esta fronteira a desbravar, jamais desenvolvida em nosso país.
Hoje, o Brasil conta com apenas dois navios para pesquisas oceanográficas de longo alcance: o Cruzeiro do Sul, vinculado à Marinha; e o Alpha Crucis, da USP. A nova embarcação de 78 metros de comprimento poderá acomodar 146 pessoas, sendo de 40 a 60 pesquisadores, terá três laboratórios e um robô com capacidade de coletar amostras no leito oceânico a até cinco mil metros de profundidade. Seu custo será dividido entre o MCTI e a Marinha (R$ 27 milhões cada), Vale (R$ 38 milhões) e Petrobras (R$ 70 milhões).

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